Acessível, seguro e reversível. Estas foram as três palavras-chave que levaram uma equipa de investigadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a trabalhar num novo contraceptivo para os homens e que passa por sujeitar os testículos a algumas doses de ultra-sons que reduzem para níveis mínimos a quantidade de espermatozóides libertados em cada ejaculação.
De acordo com um estudo que acaba de ser publicado no jornal científico Reproductive Biology and Endocrinology, um grupo de cientistas estudou em ratinhos uma forma comercializável de reduzir o número de espermatozóides contido no esperma dos homens para níveis considerados de “infertilidade”.
A equipa da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte recorreu aos ultra-sons semelhantes aos que se usam para tratar lesões desportivas. Desde há 40 anos que se conhecem os benefícios desta técnica de aquecimento. No entanto, os equipamentos que tinham sido utilizados nos outros estudos já estão obsoletos e foram detectados alguns efeitos secundários que não permitiam que a técnica chegasse ao mercado.
Aliás, os antigos egípcios foram os primeiros a descobrir que o calor contraria a acção fertilizadora dos espermatozóides, utilizando por isso pedras quentes sobre os testículos. Mesmo um aumento da temperatura nos testículos devido a uma febre prolongada ou exposição a calor pode comprometer tanto a quantidade como a mobilidade dos espermatozóides, sendo a formação do esperma mais eficiente a 34º Celsius. Os testículos, devido à sua localização no escroto, conseguem precisamente manter-se a temperaturas mais baixas que o corpo humano.
Os investigadores, liderados por James Tsuruta, confirmaram agora algumas das ideias publicadas num ensaio em 2010: os testículos sujeitos a sessões breves de ultra-sons de onda curta a uma frequência de 3MHz reduzem de forma uniforme a concentração de células reprodutoras. E falam mesmo num “promissor candidato” a método contraceptivo masculino.
Os melhores resultados foram registados quando foram feitas duas sessões de 15 minutos separadas por dois dias, sendo que em todos os casos foi utilizada uma solução salina para servir de condutor entre o aparelho e o testículo, sujeito a temperaturas de 37º Celsius. O tratamento precisaria de ser repetido a cada seis meses, mas James Tsuruta alerta que são necessários mais estudos para se conhecer a duração do efeito e as eventuais consequências de múltiplas sessões de ultra-sons a longo prazo.
Segundo o estudo, patrocinado pela Fundação Bill e Melinda Gates, com estas duas sessões a concentração e mobilidade dos espermatozóides descia para níveis considerados de “zero”, ou seja, para valores inferiores a três milhões de espermatozóides por mililitro. Em condições normais um homem produz mais de 100 milhões de espermatozóides em cada ejaculação e, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, fala-se em oligospermia ou oligozoospermia (diminuição acentuada dos espermatozóides) quando os valores são inferiores a 15 milhões por mililitro.
Fonte: http://www.publico.pt/Ciências/submeter-testiculos-a-ultrasons-pode-ser-o-proximo-contraceptivo-dos-homens-1531365
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