Um novo relatório, publicado na The Lancet, uma das
revistas científicas mais prestigiadas do mundo, tentou quantificar o
custo humano da gestão da pandemia de covid-19 pela Administração Trump.
O tempo do Presidente Trump no cargo trouxe infortúnio para os
Estados Unidos e para o planeta”, lê-se na introdução do artigo
científico, que refere que, entre as mais de 450 mil mortes por covid-19
no país, cerca de 40% poderiam ter sido evitadas.
O relatório, publicado no dia 10 de fevereiro na The Lancet,
critica a minimização da doença por parte do então Presidente dos
Estados Unidos, o aumento de tratamentos não comprovados como a
hidroxicloroquina e a redução da ênfase da Administração Trump na saúde
pública, que inclui a eliminação de uma unidade pandémica do Conselho de
Segurança Nacional em 2018, menos de dois anos antes da pandemia
atingir o país.
A Vice escreve que a falha em responder com eficácia à pandemia afetou desproporcionalmente as pessoas de cor,
aumentando a diferença da expectativa de vida entre negros e brancos em
mais de 50%. As taxas de mortalidade por covid-19 são 3,6 vezes maiores
para pessoas de cor do que para brancos não hispânicos, segundo o
estudo.
A difícil implementação do plano de vacinação também
consta na lista de críticas apontadas no artigo, com os especialistas a
afirmarem que o planeamento teria evitado o “desperdício” e a
“confusão”.
O relatório publicado na The Lancet alega ainda que o impacto de Donald Trump na saúde pública foi desastroso mesmo antes da pandemia:
22.000 mortes extras relacionadas com fatores ambientais e ocupacionais
em 2019, em comparação com o último ano da presidência de Barack Obama.
No entanto, o problema vai muito além de Donald Trump. Steffie Woolhandler, uma das autoras do estudo, disse à Vice
que os investigadores chegaram à conclusão “que se passaram quatro
décadas de falhas constantes do Governo em relação ao apoio de políticas
de saúde”.
Desta forma, sugerem uma reforma na infraestrutura de saúde pública do país para resolver o problema. Além de dar ao CDC (Centers for Disease Control and Prevention) mais ferramentas para combater o racismo sistémico, os investigadores recomendam a transição para um sistema Medicare for All, como o defendido pelo senador Bernie Sanders.
“Precisamos, no mínimo, de um programa de saúde universal”, disse David Himmelstein, outro autor do artigo científico.
As autoridades de saúde de França mostraram este sábado
preocupação com a gravidade de uma reinfeção com a estirpe sul-africana
do novo coronavírus, num doente em cuidados intensivos, diferenciando-se
da maioria das reinfeções que tinham sido leves.
O doente “está em estado grave e ligado a um ventilador”, informou em
comunicado a entidade que agrupa os hospitais de Paris (APHP). O
paciente, que tinha estado infetado com covid-19 em setembro, sofre
também de asma, divulgou a agência EFE, sublinhando a sua sensibilidade a quaisquer problemas respiratórios adicionais.
“O que nos preocupa é a gravidade desta segunda infeção
com uma nova variante do vírus”, disse o chefe de emergências de outro
hospital de Paris e especialista no caso, Frédéric Adnet, a um canal de
televisão local.
Professor de Medicina Intensiva do hospital Colombes, onde o paciente
está internado há três semanas, Jean-Damien Ricard, recusou alarmismos
considerando tratar-se de “uma situação excecional, a primeira que foi descrita“.
O mesmo responsável sublinhou que existem várias hipóteses para explicar a gravidade do caso, desde uma possível deficiência imunológica do paciente, até uma geração insuficiente de anticorpos após a primeira infeção, ou ainda a possibilidade de a nova infeção ser de estirpe mais agressiva, como a sul-africana 501Y.V2, que tem consequências mais graves.
O epidemiologista Yves Buisson, presidente do Grupo Covid da Academia Nacional de Medicina, citado pela EFE, confirmou tratar-se de um caso que “deve ser estudado”.
Buisson clarificou que seria necessário saber se os anticorpos que o
paciente desenvolveu durante a sua primeira infeção eram capazes de
neutralizar a variante sul-africana, e se ela “escapa parcialmente a uma imunidade adquirida por uma infeção anterior”.
O caso foi publicado esta semana na revista científica Clinical Infectious Diseases.
Auckland começa novo confinamento
A cidade de Auckland, na Nova Zelândia, começa este domingo um
confinamento de três dias depois de ter sido detetado um novo foco de
contaminação pelo novo coronavírus em membros da mesma família, adiantou
a AFP.
Segundo a agência de notícias francesa, a ordem de confinamento, dada pela primeira-ministra, Jacinda Ardern, vai obrigar quase dois milhões de pessoas a ficar em casa a partir da meia-noite, com escolas e empresas a fechar, com exceção de empresas consideradas “essenciais”.
A causa do confinamento está no teste positivo ao novo coronavírus em
três membros de uma família no fim de semana, que “causou grande
preocupação num país que tem sido aclamado internacionalmente por sua
forma altamente eficaz no tratamento da pandemia”.
A primeira-ministra explicou que este é um confinamento ordenado como “precaução,
caso a variante detetada seja uma das mais transmissíveis”. “A
principal coisa que pedimos às pessoas em Auckland é para ficar em casa
para evitar qualquer risco de propagação”, cita a AFP.
As autoridades estão agora a tentar descobrir a origem da contaminação
daquelas três pessoas – pai, mãe e filha. A mulher contaminada trabalha
para uma empresa que fornece roupas e refeições para voos
internacionais, sendo que, por isso, refere a AFP, a empresa foi o ponto de partida para a investigação “por causa de sua conexão óbvia com o exterior”.
O confinamento vai isolar Auckland do resto do país, passando as
entradas e saídas a serem “severamente restritas”, sendo que o
arquipélago passa para o nível 2 do alerta de saúde, que obriga ao uso
de máscara nos transportes públicos e à proibição de aglomeração de mais
de 100 pessoas.
A Nova Zelândia registou vários casos de covid-19 há três semanas, pondo fim a mais de dois meses sem casos de contaminação.
Martas com estirpe que passa entre animais e humanos
De acordo com a agência Reuters, uma estirpe do novo coronavírus descoberta numa quinta no norte da Polónia pode ser transmitida a humanos e vice-versa, disse o Ministério da Agricultura este sábado.
No final do mês passado, foi detetado o SARS-CoV-2 numa marta no
condado de Kartuzy,no que as autoridades agrícolas disseram ser o primeiro caso na Polónia, levantando temores de abates caros numa indústria que conta com mais de 350 quintas.
“Os dados obtidos da inspeção sanitária chefe e as experiências do ano passado na Dinamarca e na Holanda indicam claramente que também na Polónia, este vírus se pode espalhar da marta para os humanos e vice-versa”, disse o ministério em comunicado.
Após a descoberta da covid-19 na quintas no condado de Kartuzy, as
autoridades polacas disseram que todas as martas serão abatidos.
Todas as cerca de 17 milhões de martas, numa das maiores quintas do
mundo, foram condenado ao abate no início de novembro, depois de
centenas de quintas terem sofrido surtos de coronavírus e as autoridades
terem encontrado estirpes mutantes do vírus entre as pessoas.
Em agosto, os Países Baixos decidiram ordenar o encerramento de mais
de 100 quintas de martas depois de vários membros do staff terem
contraído covid-19.
O Egito acredita que um muro de betão e arame, com cerca de
36 quilómetros, construído à volta de Sharm el-Sheikh, vai ajudar a
proteger o turismo no resort do Mar Vermelho, no extremo sul da península do Sinai.
A cidade turística Sharm El Sheikh tem vindo a perder turistas devido à falta de segurança nos últimos 15 anos.
Em julho de 2005, um grupo de terroristas atacou o resort,
num ataque que fez 88 mortos, um dos mais mortais do Egito. Em 2011, os
protestos no Cairo trouxeram instabilidade ao país e, mais recentemente,
a pandemia de covid-19 afastou muitos visitantes.
Recentemente, avança a CNN, Sharm El Sheikh construiu um muro com 36 quilómetros de extensão com o objetivo de tornar o resort mais seguro. A barreira separa o resort do deserto e algumas das placas espalhadas têm símbolos de paz.
O muro, equipado com câmaras de vigilância e quatro portões monitorizados,
tem como objetivo ser uma barreira de proteção. Quem entra na cidade
por via rodoviária precisa de passar por um dos quatro portões e ser
revistado.
Sharm el-Sheikh localiza-se a cerca de 360 quilómetros a sul da costa
mediterrânea do norte do Sinai. Foi inaugurado um museu de artefactos
egípcios antigos na cidade-resort, num esforço para
diversificar as atividades turísticas. No ano passado, foi também
inaugurada uma universidade, com o nome do rei Salman da Arábia Saudita.
A cidade turística atrai principalmente visitantes por causa das suas praias e proximidade com o Mar Vermelho. O resort é também popular pela prática de mergulho com snorkel.
Desde que o assassinato de George Floyd por um grupo de
polícias de Minneapolis desencadeou protestos internacionais no verão
passado, cidades em todo o mundo começaram a procurar novas formas de
lidar com episódios de saúde mental, dependência e pobreza que não
envolvem a presença da polícia.
Em Toronto, esta conversa tornou-se especialmente pessoal após a
morte de Regis Korchinski-Paquet – uma mulher negra de 29 anos que caiu
24 andares de uma varanda depois de a polícia de Toronto ter entrado no
apartamento da sua família durante uma verificação de bem-estar – e Ejaz
Chaudry – um paquistanês canadiana de 62 anos que foi morto a tiro pela
polícia durante um exame de saúde.
Ambos os incidentes, ocorridos semanas após o assassinato do Floyd, juntaram-se a uma longa lista de casos em que negros e indígenas canadianos foram mortos pela polícia ou morreram na sua presença durante um episódio de saúde mental.
Na semana passada, de acordo com o Vice, o conselho municipal de Toronto votou para aprovar o lançamento de um programa que veria os polícias substituídos por equipas lideradas por civis especializadas em saúde mentale dependência para chamadas não violentas para o 911 (número de emergência equivalente ao 112 em Portugal).
A medida ocorre semanas depois de a polícia de Toronto – em resposta
aos protestos em toda a cidade no verão passado a pedir o reembolso da
agência policial – ter apresentado um orçamento de 1,076 mil milhões de
dólares, um aumento de 0% em relação ao ano anterior.
“No ano passado, vimos e ouvimos falar de um número recorde de pessoas que desejam ver um serviço policial reformado, modernizado e eficiente”, disse o chefe de polícia interino James Ramer ao Conselho de Polícia de Toronto. “Esta é uma prioridade que partilhamos em conjunto.”
Embora os detalhes exatos do programa, incluindo o financiamento, permaneçam ocultos, um teste-piloto está programado para ser lançado em 2022,
com a implementação total do programa prometido até 2025. Isso
significaria que já no próximo ano, algumas ligações relacionadas com a
saúde mental, sem-abrigos e/ou vício podem não envolver polícias.
Asante Haughton, cofundador da Reach Out Response,
organização que defende soluções alternativas para o policiamento,
considerou a decisão da cidade uma mudança bem-vinda de direção e
expressou otimismo de que tanto os políticos como a polícia estão a
começar a aceitar a ideia de que uma resposta policial não é adequada
para um grande número de situações de emergência.
“A nossa principal preocupação é destacar que uma emergência de saúde
mental não é um crime, portanto, precisamos de pessoas equipadas com as
ferramentas para responder a emergências de saúde mental, que não são a polícia.”
Nos meses que se seguiram aos protestos do Floyd, políticos e
defensores de todos os lados do corredor argumentaram que a polícia não está devidamente equipada para lidar com pessoas em crise.
Há inúmeras razões para essa crença, mas todas se resumem ao facto de
os polícias receberem pouco ou nenhum treino em saúde mental e ao
relacionamento historicamente tenso entre a polícia e as comunidades
marginalizadas.
Rachel Bromberg, co-fundadora da Reach Out Response Network,
trabalhou com grupos nos Estados Unidos que já lançaram ou estão em
vias de lançar programas semelhantes. A maioria dos programas é baseada
no sistema CAHOOTS, que significa Assistência à Crise Ajudando Nas Ruas,
e foi projetado em 1989 pela Clínica White Bird em Eugene, Oregon.
O CAHOOTS fornece “intervenção móvel em crise”, enviando equipas de
médicos especialistas (de paramédicos a enfermeiras) e trabalhadores de
crise (que são treinados para comunicar com pessoas em crise) para
chamadas de emergência que são consideradas pelo 911 de natureza não
violenta. Isso inclui desde a prevenção do suicídio ao abuso de
substâncias, violência doméstica, sem-abrigos e outros serviços baseados
na pobreza, como fornecimento de acesso a transporte, alimentação e
moradia.
Em Olympia, Washington, onde uma equipa inspirada no CAHOOTS está ativa há quase dois anos, os resultados têm sido nada menos que “notáveis”, de acordo com a coordenadora Anne Larsen.
Em Portland, por exemplo, a poucos passos de distância do local de
nascimento de CAHOOTS, a iniciativa vai ser lançada em 16 de fevereiro.
O antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi
absolvido este sábado da acusação de “incitamento à insurreição” no
julgamento de impeachment de que foi alvo após o ataque ao Capitólio no passado dia 6 de janeiro.
De acordo com o Financial Times, Donald Trump foi absolvido de incitar uma insurreição no ataque ao Capitólio dos Estados Unidos.
Depois de um julgamento de seis dias, o Senado votou 57 a favor e 43 contra
este sábado sobre se Trump era culpado de incitar uma insurreição. Sete
republicanos juntaram-se a todos os democratas na votação para condenar
o presidente.
Porém, Trump só seria condenado se dois terços dos senadores — 67 dos 100 — votasseem nesse sentido – o que não aconteceu.
Os democratas esperavam condenar o ex-presidente e realizar uma votação por maioria simples para impedi-lo de ocupar um futuro cargo público. Trump não descartou a candidatura à presidência novamente em 2024.
No entanto, com a absolvição de Donald Trump, o Senado não pôde prosseguir para a votação subsequente que, com uma maioria simples, poderia impedi-lo de se voltar a candidatar à Presidência.
A absolvição de Trump era esperada, uma vez que apenas seis dos 50 senadores republicanos votaram a favor de uma moção que afirmava que Trump ainda poderia ser julgado, embora já não estivesse no cargo.
Os republicanos que votaram a favor da condenação de Trump foram
Richard Burr, Bill Cassidy, Susan Collins, Lisa Murkowski, Ben Sasse,
Mitt Romney e Pat Toomey.
“O movimento histórico, patriótico e belo só começou”
O antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, banido do Twitter,
já fez sair um comunicado com a sua reação à absolvição. “Esta foi mais
uma fase da maior caça às bruxas da história do nosso País. Nenhum
presidente jamais passou por algo semelhante”, escreveu Trump. “O nosso
movimento histórico, patriótico e belo ainda só começou”.
O Senado norte-americano aprovou
com os votos dos senadores democratas e de alguns republicanos, a
continuação do processo judicial de destituição do ex-Presidente.
Trump é o primeiro Presidente dos Estados Unidos a ser sujeito duas vezes a um processo de destituição no mesmo mandato e o único a ser julgado politicamente depois de já ter abandonado o cargo.
O primeiro impeachment foi aprovado pela Câmara dos
Representantes, em dezembro de 2019, por abuso de poder e obstrução do
Congresso, ao ter pressionado a Ucrânia a lançar uma investigação contra
Joe Biden, agora Presidente, e o seu filho Hunter. O Senado acabou por
absolver Trump em fevereiro do ano passado.
O ministro federal dos Transportes alemão, Andreas Scheuer,
pretende manter a obrigatoriedade de usar máscaras, mesmo depois de a
covid-19 evoluir para uma doença com tratamento de prevenção.
De acordo com o jornal alemão SaarbrückerZeitung, o
governo alemão já pensa num futuro pós-pandemia – e a posição do
ministro federal dos Transportes, Andreas Scheuer, passar por manter a obrigatoriedade de utilização de máscaras.
A publicação refere que, num futuro próximo, os condutores vão ser obrigados a transportar no carro duas máscaras e gel desinfetante, sendo que estes artigos serão tão obrigatórios como o colete refletor, que todos os veículos têm de possuir.
Para Andreas Scheuer, a solução passará por integrar na legislação do
tráfego rodoviário a obrigação de ter a bordo máscaras, tal como
triângulo de sinalização, colete refletor e kit de primeiros socorros.
O ministro quer ainda impor umamulta – cerca de 15 euros – para que os condutores não se esqueçam dos novos objetos obrigatórios.
O automóvel clube alemão (ADAC) avisou que as obrigações só fazem
sentido se os destinatários entenderem a sua necessidade, defendendo que
a obrigatoriedade das máscaras será difícil de aceitar quando a
covid-19 passar a estar controlada.
Covid-19 será “como uma gripe”
O secretário de Estado da saúde britânico, Matt Hancock, afirmou este sábado, numa entrevista ao jornal britânicoDaily Telegraph, que as vacinas e os tratamentos antivirais podem fazer com que, no fim de 2021, a covid-19 seja uma “doença tratável” que será “como uma gripe”.
Os novos tratamentos “significam tornar a covid-19 de uma pandemia
que afeta as nossas vidas numa outra doença com a qual temos de viver,
como a gripe”, disse Hancock. Os medicamento – e vacinas – representam o
“nosso caminho para a liberdade”.
O responsável pretende concluir a vacinação de todos os adultos
no seu país ainda antes de setembro, um dos pontos essenciais da
estratégia denominada “zero covid” da qual está à frente e cujo objetivo
é eliminar totalmente o vírus do Reino Unido.
Segundo a BBC,
os cientistas têm vindo a alertar sobre os efeitos nocivos de equiparar
a covid-19 com uma simples gripe. “Não é um tipo de gripe. Não é o
mesmo tipo de vírus. Não causa o mesmo tipo de doença — é muito, muito má.”
Steven Riley, membro do grupo de modelagem Spi-M, disse que o lançamento da vacinação não significa que o controlo da covid-19 pode ser abandonado,
acrescentando que a Grã-Bretanha pode enfrentar uma onda tão grande
como a atual se as restrições de confinamento forem suspensas. “Nenhuma
vacina é perfeita. Certamente estaremos numa situação em que possamos
permitir mais infecções na comunidade, mas há um limite”, disse.
“As mutações, as variações que estamos a ver estão a tornar-se mais
infecciosas, não menos infecciosas e um pouco mais perigosas, não menos
perigosas”, alertou.
Já Richard Horton, editor-chefe da revista médico Lancet,
disse que é provável que o Reino Unido veja outro aumento nos casos de
covid-19 no próximo inverno e sugeriu que demoraria dois, três ou quatro
anos para construir níveis suficientes de imunidade.
“Mesmo se tivermos altos níveis de imunidade populacional, as nossas fronteiras não estarão seguras – e não podemos continuar a trancar pessoas em hotéis pelos próximos cinco anos”, disse Horton.
O Parlamento da República Checa, um dos países com maior taxa
de contágios de covid-19 na Europa, recusou o pedido do Governo de
coligação minoritária para alargar o atual estado de emergência.
A República Checa é um dos países com maior taxa de contágios com o
vírus que provoca a covid-19 na Europa, mas o Parlamento recusou o
pedido do Governo liderado pelo magnata e populista liberal Andrej Babis
para alargar o atual estado de emergência, necessário para implementar
restrições e outras medidas contra a pandemia a nível nacional.
“O estado de emergência não resolve a qualidade de vida
no país nem a eficácia das medidas. É um cheque em branco que permite
ao Governo mudar os padrões de comportamento social de uma hora para a
outra. Isto afeta 10 milhões de pessoas”, disse o líder da oposição Ivan
Bartos, do Partido Pirata.
A decisão significa que as medidas nacionais, tais como o
encerramento de lojas e locais de entretenimento não essenciais, bem
como as restrições à circulação de pessoas, incluindo o atual recolher
obrigatório noturno, deixarão de ser aplicáveis a partir da meia-noite de domingo para segunda-feira.
Além disso, a distribuição de vacinas e a sua logística serão entregues às regiões,
cujos governos poderão declarar um estado de risco nos seus
territórios, habilitando-as a tomar medidas locais para aliviar a
situação crítica nos respetivos hospitais.
“Estamos a combater outro tipo de vírus e agora estamos a retirar a arma do Governo
para o combater”, apelou o Ministro do Interior Jan Hamacek à Câmara,
numa referência às mutações do Sars-CoV-2, que são 40% mais resistentes.
Os comunistas, cujo apoio permitiu à coligação de liberais populistas
e sociais-democratas prolongar o estado de emergência em cinco
ocasiões, não ofereceram agora o seu apoio ao Executivo, depois de não terem visto cumpridas as suas exigências para a abertura de escolas e estâncias de esqui.
No país da Europa Central, onde o estado de emergência está em vigor
desde 5 de outubro, cerca de 10 mil casos continuam a ser comunicados
diariamente, com quase 100 mil contágios ativos, cerca de 20 vezes mais
do que na vizinha Áustria, que tem uma população semelhante. Cerca de
5.800 pessoas estão hospitalizadas, incluindo mais de mil em estado
grave.
Segundo os últimos dados, a taxa de contágio acumulada nas últimas duas semanas é de 914 por 100 mil habitantes, a segunda mais alta da Europa depois de Portugal, enquanto a taxa de mortalidade é de 176 por milhão de habitantes, apenas atrás de Portugal e da Eslováquia.
Foram decretados encerramentos de perímetro de três províncias no
norte do país, com incidências entre três a quatro vezes acima da média
do país: duas fronteiriças com a Alemanha e outra com a Polónia, devido à
elevada incidência.
Presidente da Guiné-Bissau “quase morreu”
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, revelou que esteve infetado pelo novo Coronavírus e que “quase morreu” da doença, que o deixou com sequelas, embora esteja neste momento de “boa saúde”.
Umaro Sissoco Embaló fez a revelação ao chegar ao Aeroporto
Internacional Osvaldo Vieira, de Bissau, vindo de Dacar, no Senegal,
para onde se tinha deslocado para controlo médico.
“Há um ano passei o coronavírus, que é uma doença que não se deve
esconder, é normal”, afirmou o chefe de Estado, acrescentando que sofreu
um acidente vascular “pulmonar”. “Foi uma coisa muito séria, podia ter morrido, ainda há sequelas, mas não há nada de inquietante pois tudo está normal comigo”.
O Presidente guineense afirmou que desde aquela altura se que tem
deslocado ao estrangeiro para controlo de rotina, o que fazia em França,
mas ultimamente decidiu passar a fazer no Senegal.
Foi a primeira vez que Umaro Sissoco Embaló abordou
perante a comunicação social o facto de ter estado infetado pelo novo
coronavírus, ainda que regulamente apareça em campanhas de
sensibilização, através da Televisão da Guiné-Bissau, a exortar a
população sobre as formas de evitar o contágio da doença.
A Guiné-Bissau registou um total acumulado de 2.869 casos,
incluindo 46 vítimas mortais devido à covid-19. Na sequência do aumento
de casos que se tem registado desde o início do ano, o governo
guineense decidiu decretar o estado de calamidade até 23 de fevereiro,
encerrar os estabelecimentos escolares e cancelar as celebrações do
carnaval.
A acusação de fraude contra o professor Glen Snyman por
marcar a opção “sul-africano” numa candidatura para um emprego em 2017
pôs a descoberto o problema atual da África do Sul com a classificação
racial.
O professor sul-africano Glen Snyman foi intimado para uma audiência
disciplinar, acusado de fraude, por se identificar como “africano” numa
candidatura para uma vaga de emprego. Snyman tinha sido definido pelo
Governo como “mestiço” (que significa “herança racial mista”).
A Lei de Registo da População, a pedra angular da política de
apartheid que legalizou a discriminação introduzida no país em 1950,
dividiu os sul-africanos em quatro grandes grupos: brancos, africanos, negros e indianos. Estes termos foram escolhidos para fazer cumprir a política de segregação racial.
A classificação foi revogada em 1991, quando o país passou a mover-se
rumo à governança democrática, o que ocorreu em 1994. Porém, esta
classificação continua a ser uma parte importante da esfera de debate no
país, embora seja contestada por ativistas.
O governo ainda usa a terminologia do apartheid para colher dados que ajudem a corrigir os desequilíbrios flagrantes de rendimentos e de oportunidades económicas, que são um legado do racismo oficial do passado.
Porém, muitos no país, incluindo Snyman, que fundou a organização
“People Against Racial Classification” em 2010, acreditam que o uso das
categorias não tem lugar numa África do Sul democrática.
“A remoção da Lei de Registo da População retira dos funcionários de
recrutamento de mão de obra e de qualquer Governo ou sistema privado o
direito legal de classificar os sul-africanos por raça”, escreveu
Snyman, numa apresentação à Comissão de Direitos Humanos do país.
Embora Snyman reconheça que ainda existam enormes desequilíbrios que
precisam de ser corrigidos, o professor sugere que o Governo use uma
medida de rendimento para substituir a classificação racial.
“O Governo não precisa de saber a identidade das pessoas por grupos,
precisa de conhecer as pessoas que precisam de serviços, empregos ou o
que for necessário”, explicou. “O Governo e o setor privado devem
entregar a todos os sul-africanos igualmente e não discriminar com base
na sua identidade”.
As leis do apartheid privilegiavam os brancos e separavam os sul-africanos por raça.
Atualmente, a agência oficial de estatística da África do Sul aponta
que a população do país, de 57,7 milhões de pessoas, é composta por
80,9% de negros, 8,8% de mestiços, 7,8% de brancos e 2,5% de indianos.
“Consideramo-nos negros”
Durante a década de 1970, quando a luta contra o apartheid estava a
ganhar força — inspirada pelo Movimento da Consciência Negra, liderado
pelo famoso ativista Steve Biko e pela Organização de Estudantes da
África do Sul —, muitas das pessoas marginalizadas do país identificaram-se como negros numa declaração de solidariedade com a luta pela derrubada do regime do apartheid.
E é nesse sentido que Snyman recebeu o apoio do maior sindicato de professores do país, o Democratic Teachers Union of South Africa, quando se autodeclarou como “sul-africano”.
“Muitos de nós tomamos uma decisão consciente de não nos
identificarmos com a classificação racial prescrita pelo regime do
apartheid. Consideramo-nos negros, africanos, sul-africanos“, disse Jonavon Rustin, porta-voz do sindicato dos professores de Cabo Ocidental.
Alguns, entretanto, fazem uma distinção entre uma identidade política ou cultural e a necessidade de lidar com os desequilíbrios criados pelo apartheid.
Zodwa Ntuli, comissária do Broad Based Black Economic Empowerment,
argumenta que, embora a classificação racial seja uma anomalia num país
que se tenta afastar do seu passado baseado em raça, os reguladores e o
governo só conseguem medir o progresso social e económico da população
através de estatísticas de acordo com as velhas categorias.
O impacto da discriminação do apartheid contra negros, africanos e indianos foi tão generalizado que os brancos continuam a dominar a economia em termos de propriedade e poder de decisão.
No entanto, ressalta, “ninguém na África do Sul está autorizado a
usar a classificação racial ou de género para excluir qualquer cidadão
do gozo dos direitos no país, isso seria ilegal”.
Kganki Matabane, que chefia o Conselho Empresarial Negro, disse que, embora o Governo democrático tenha quase 27 anos, ainda é cedo para abandonar as velhas categorias.
“Precisamos de perguntar: conseguimos corrigir esses desequilíbrios?
Se não, como é o caso, se se olharmos para as 100 maiores empresas
listadas na Bolsa de Valores de Joanesburgo, 75% ou mais dos CEOs são
homens brancos”, disse. “Só podemos ter uma cláusula de caducidade [da
classificação racial] quando a economia refletir a demografia do país”.
Saths Cooper, psicólogo, argumenta que a imposição de uma classificação racial impediu a formação de uma identidade verdadeiramente comum. “Não
aprendemos primeiro que somos seres humanos”, disse. “Colocamos sempre
uma cor, colocamos atributos externos e colocamos talvez a linguagem e a
crença e isso permite mais divisão. Essa narrativa é então perpetuada”.
“Não demos às pessoas motivos suficientes para dizer que nos identificamos como sul-africanos”, lamentou.
Enquanto isso, Snyman, através de Parc, continua a luta para
banir a classificação racial do apartheid. “Tomaremos todas as medidas,
inclusive as legais, para livrar a África do Sul deste flagelo que mais
uma vez gerou discriminação contra aqueles que não atendem aos
critérios preferenciais do atual governo”, rematou.
Dinamarca e Alemanha afirmaram esta sexta-feira que impediram
um possível atentado terrorista islamita no âmbito de uma operação
conjunta que desencadeou mais de uma dezena de detenções nos dois
países, esclarecendo, porém, que o potencial ataque não estaria
iminente.
Numa conferência de imprensa conjunta realizada na sede dos serviços
de informações dinamarqueses (PET), a equipa de investigação
dinamarquesa afirmou acreditar que o potencial ataque teria como alvo a Dinamarca ou a Alemanha.
Componentes e produtos para fabricar explosivos, bem como armas,
foram encontrados durante buscas ocorridas no âmbito da operação
policial conjunta, segundo explicou o chefe das operações dos serviços
de informações da polícia dinamarquesa, Flemming Dreyer, que esclareceu
ainda que os elementos encontrados, nomeadamente os químicos, não tinham
sido ainda manuseados, o que sugere que o ataque não estaria iminente.
“Encontrámos os ingredientes para fazer uma bomba.
Acreditamos que não houve uma ameaça imediata, nada tinha sido montado
ou misturado. Mas não somos ingénuos e não estamos a excluir nada”,
afirmou o investigador dinamarquês.
Na quinta-feira, o Ministério Público da região alemã da
Saxónia-Anhalt divulgou que três irmãos sírios, suspeitos de preparar um
atentado terrorista com explosivos, tinham sido detidos nos últimos dias na Alemanha e na Dinamarca.
Segundo as autoridades alemãs, dois deles foram detidos no passado
fim de semana na Dinamarca e o terceiro em Hesse (região centro da
Alemanha).
Os três homens, com idades compreendidas entre os 33 anos e os 40 anos, são suspeitos de preparar “um ato de grave violência que coloca o Estado em perigo”, referiram ainda as autoridades da Saxónia-Anhalt.
“Os nossos serviços de segurança evitaram novamente um ataque terrorista
islâmico”, disse hoje o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer,
declarando ainda que os três irmãos detidos “estavam a preparar
presumivelmente um ataque na Europa”.
Segundo o Ministério Público alemão, as forças policiais conseguiram localizar os três irmãos sírios através de encomendas online, realizadas em janeiro, de produtos químicos que podem ser utilizados na composição de um explosivo.
A polícia também realizou buscas domiciliárias, incluindo numa casa na cidade alemã de Dessau, onde foram encontrados “10 quilos de pólvora negra”.
Por sua vez, os serviços de informações dinamarqueses confirmaram a detenção de 13 pessoas, oito homens e cinco mulheres, durante uma operação conduzida no último fim de semana num grande subúrbio da capital dinamarquesa, Copenhaga.
“A operação teve lugar devido a suspeitas de preparação de um ataque
terrorista motivado pelo islamismo militante”, confirmaram esta
sexta-feira os serviços de informações dinamarqueses.
Uma bandeira do grupo autoproclamado Estado Islâmico (EI)
foi encontrada durante as buscas no território dinamarquês, de acordo
com as autoridades locais. Esta informação já tinha sido avançada na
quinta-feira pelo título alemão Der Spiegel.
Na Dinamarca, sete pessoas foram colocadas em prisão preventiva por suspeita “de planeamento de um ou de mais ataques terroristas
ou de participação numa tentativa de ato terrorista”. As restantes seis
pessoas foram detidas por motivos ainda não especificados.
Segundo a imprensa local, o grupo de detidos é composto por homens e por mulheres.
As autoridades da Alemanha continuam em estado de alerta em relação à ameaça islamita no país, nomeadamente desde um ataque ocorrido em Berlim em dezembro de 2016,
que fez 12 mortos, que foi reivindicado pelo grupo extremista EI. Foi o
ataque jihadista mais mortífero cometido em solo alemão.
Desde 2009, as autoridades alemãs já impediram 17 tentativas de atentados terroristas, a maioria desde o ataque de 2016, de acordo com o Ministério do Interior alemão.
Após dois dias a ouvirem os argumentos da acusação, os
advogados de Donald Trump gastaram apenas três horas a apresentar os
argumentos da defesa do ex-presidente dos Estados Unidos no julgamento
de impeachment.
O advogado Michael Van der Veen classificou a acusação como “um ato de vingança política, injusto e descaradamente inconstitucional“.
Depois de a acusação ter recorrido à exibição de vídeos, os advogados de Trump usaram o mesmo método e mostraram aos senadores uma montagem com excertos de discursos de Trump a apelar à “lei e ordem” no país, argumentando que a paz foi sempre uma prioridade para Trump durante o seu mandato.
A defesa mostrou um vídeo de políticos democratas a usar a palavra
“lutar”. A montagem de mais de 10 minutos contou com a participação de
muitos senadores democratas, além do presidente Joe Biden e da
vice-presidente Kamala Harris quando estavam na campanha eleitoral de
2020, chamando à “luta” centenas de vezes em discursos e na televisão.
Van der Veen classificou o julgamento como um ato de aproveitamento político e disse que a acusação estava “errada nos factos”.
David Schoen, outro advogado de Trump, acusou os democratas de “fabricar” provas e exibiu uma fotografia publicada pelo The New York Times
onde é possível ver o congressista Jamie Raskin a olhar para dois
tweets de Trump, mostrados no Senado com a data de 3 de janeiro de 2020.
porém, Eram de 2021. Para Schoen, isto prova que os democratas não
exibiram os tweets reais, mas sim montagens.
Schoen disse ainda que grande parte dos argumentos da acusação baseavam-se em “relatos” da imprensa – e não em provas factuais.
O advogado acusou ainda de retirar grande parte do contexto necessário de certos vídeos para entender as palavras de Trump corretamente.
Outro dos argumentos em cima da mesa é o da liberdade de expressão. De acordo com a defesa, o discurso do ex-presidente está protegido pela 1.ª emenda da Constituição norte-americana.
“Sejamos claros: este julgamento é muito mais do que o presidente
Trump”, disse o advogado Bruce Castor, ao encerrar a argumentação da
defesa do ex-presidente dos Estados Unidos. “Trata-se de anular 75 milhões de eleitores de Trump
e penalizar opiniões políticas. É disso que trata este julgamento”,
afirmou. “O Senado deveria votar de forma rápida e decidida para
rejeitá-lo”, pediu.
O Senado norte-americano aprovou
com os votos dos senadores democratas e de alguns republicanos, a
continuação do processo judicial de destituição do ex-Presidente.
Apesar disto, a condenação de Trump não parece provável, uma vez que
seria necessária uma maioria de dois terços – 67 senadores. Para isso, 17 republicanos teriam de associar-se aos democratas. Na votação de terça-feira, só seis se dispuseram a fazê-lo.
Trump é o primeiro Presidente dos Estados Unidos a ser sujeito duas vezes a um processo de destituição no mesmo mandato e o único a ser julgado politicamente depois de já ter abandonado o cargo.
O primeiro impeachment foi aprovado pela Câmara dos
Representantes, em dezembro de 2019, por abuso de poder e obstrução do
Congresso, ao ter pressionado a Ucrânia a lançar uma investigação contra
Joe Biden, agora Presidente, e o seu filho Hunter. O Senado acabou por
absolver Trump em fevereiro do ano passado.
Seis anos depois de ter alertado para a possibilidade de uma
pandemia mundial, o co-fundador da Microsoft Bill Gates veio declarar o
que acredita que poderiam ser os próximos dois desastres mortais a
ameaçar a humanidade.
A TedTalk de 2015
de Bill Gates, intitulada “O próximo surto? Não estamos prontos”,
ganhou força em março de 2020, depois que de a pandemia de covid-19 ter
paralisado o mundo. Após a prevenção de um surto global do vírus do
ébola em 2014, Gates alertou as pessoas sobre uma futura pandemia e como o mundo deve estar bem equipado para enfrentá-la.
Em entrevista a Derek Muller, apresentador do canal do YouTube Veritasium,
o filantropo Bill Gates refletiu sobre a sua famosa previsão,
falou sobre como se sente sobre estar certo sobre a pandemia e adiantou o
que poderão ser os próximos dois desastres a ameaçar a humanidade: as alterações climáticas e o bioterrorismo.
“Não existe um sentimento bom em algo assim”, disse Bill Gates,
acrescentando que ocasionalmente olha para trás e questiona-se se
poderia ter sido mais persuasivo. Questionado sobre se previu um surto
global em 2015, Gates explicou que, com muitos vírus respiratórios
existentes no mundo, era inevitável que um vírus muito infeccioso causasse uma pandemia em algum ponto.
“Existem vários vírus respiratórios e, de tempos em tempos, um
aparecerá”, disse Gates. “As doenças respiratórias são muito
assustadoras porque ainda se anda numa avião ou num autocarro enquanto
infeccioso, ao contrário de algumas outras doenças como o ébola, onde se
está principalmente numa cama de hospital no momento em que a carga
viral infeta outras pessoas.”
Quando questionado sobre qual poderia ser o próximo desastre para o
qual não estamos preparados, Gates apontou dois que se encaixam no
projeto, expressando as suas preocupações sobre um possível futuro que
poderia ser ainda mais severo do que a atual pandemia.
“Um é a mudança climática. Todos os anos, isso
representaria um número de mortes ainda maior do que [o que] tivemos
nesta pandemia”, disse, acrescentando que a outra ameaça é o “bioterrorismo.
Quem quiser causar danos pode engendrar um vírus e isso significa o
custo e a hipótese de chegar a isto é maior do que epidemias de origem
natural como a atual”.
Questionado sobre se os humanos conseguiria deter a próxima pandemia
graças às lições aprendidas nesta, Gates foi categórico: “não”. “Haverá
mais pandemias”, disse Gates, acrescentado acreditar que outra pandemia
ainda poderia criar o caos, mas manteve a esperança de que, se as
pessoas aprendessem com a pandemia e se adaptassem, as coisas poderiam mudar para melhor.
Cientistas chineses recusaram-se a partilhar com a equipa de
especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) dados brutos sobre
os primeiros casos da covid-19.
De acordo com o jornal norte-americano Wall Street,
os investigadores da Organização Mundial de Saúde (OMS), que
recentemente voltaram de uma viagem à cidade chinesa de Wuhan, disseram
que as divergências sobre os registos dos pacientes e outras questões
eram tão tensas que, às vezes, explodiam em gritos entre os cientistas.
Segundo os cientistas, a resistência contínua da China em revelar informações sobre os primeiros dias do surto da covid-19 torna ainda mais difícil a missão de descobrir pistas importantes que poderiam ajudar a impedir futuros surtos de doenças tão perigosas.
Durante 27 dias em janeiro e fevereiro, a equipa de 14 especialistas
da OMS liderou a missão para rastrear as origens da pandemia. Vários
dizem que os colegas chineses ficavam frustrados com as questões e demandas persistentes da equipa por dados.
As autoridades chinesas instaram a equipa a abraçar a narrativa do
Governo sobre a origem do vírus, de acordo com vários membros da equipe.
Os cientistas responderam que se absteriam de fazer julgamentos sem
dados.
“Era a minha opinião sobre a toda a missão que era altamente geopolítica”,
disse Thea Kølsen Fischer, epidemiologista dinamarquesa. “Todo a gente
sabe quanta pressão existe sobre a China para ser aberta a uma
investigação e também quanta culpa pode estar associada a isso.”
No final da missão, os especialistas procuraram um acordo, elogiando a
transparência do governo chinês, mas pressionando por mais dados sobre
os primeiros dias do surto em Wuhan. Porém, ainda não é claro se o
acordo funcionará. As autoridades chinesas disseram que não tiveram tempo suficiente para compilar dados detalhados dos pacientes e apenas forneceram resumos.
O diretor da OMS, Thedros Ghebreyesus, disse esta sexta-feira que, após a missão de especialistas na China, todas as opções estão em aberto para explicar a origem do novo coronavírus.
“Quero confirmar que todas as hipóteses permanecem em aberto e
requerem mais análise e estudo”, disse Bhebreyesus, negando a mensagem
que tinha sido passada pelos especialistas, onde tinham descartado a
hipótese de o vírus ter tido origem num laboratório.
Essa hipótese tinha sido repetida várias vezes pelo ex-Presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, que atribuiu responsabilidades ao Governo
de Pequim pela incapacidade de travar a pandemia de covid-19 na sua
fase inicial .
Ghebreyesus disse que a recente missão de especialistas na China “não
encontrou todas as respostas, mas forneceu informações importantes” que
“aproximam do conhecimento da origem do vírus”.
O diretor da OMS explicou que a missão divulgará um relatório preliminar
da sua visita na próxima semana, que será ampliado nas próximas semanas
e explicado numa nova conferência de imprensa dada pela equipa de
especialistas.
Presente na conferência de imprensa esteve também Peter Embarek, que
chefiou a equipa de cientistas e que disse que a missão “conseguiu
muitos sucessos”. “Temos agora uma melhor compreensão do que aconteceu em 2019“, disse Embarek, salientando que esta iniciativa foi apenas “o início” do processo de investigações.
“Não é hora de nenhum país abrandar as medidas”
O diretor-geral da OMS afirmou ainda “não é hora de nenhum país
abrandar as medidas” de controlo da pandemia de covid-19, apesar da
redução global de infeções e mortes.
Ghebreyesus realçou a diminuição do número de infeções pela quarta
semana consecutiva e de mortes pela segunda semana consecutiva,
assinalando que os países estão a aplicar “medidas mais restritivas”.
Contudo, apesar das estatísticas que considerou encorajadoras, disse que “não é hora de nenhum país abrandar as medidas”. “A complacência é tão perigosa quanto o vírus”.
O dirigente da OMS renovou o apelo para a partilha de tecnologia para
acelerar a produção de vacinas contra a covid-19 e distribuí-las de
forma equitativa. “Nunca na história as vacinas foram desenvolvidas em
menos de um ano após o aparecimento de um vírus”, sublinhou Ghebreyesus.
Um hospital do Reino Unido emitiu novas diretrizes para
encorajas as parteiras a não usarem termos como “amamentação” e “leite
materno” num esforço para incluir mais pessoas transgénero e não
binárias.
De acordo com a Newsweek, o Brighton and Sussex University Hospitals NHS Trust (BSUH), um hospital universitário regional que trabalha em dois locais, está a pedir à sua equipa para usar frases como “pais que dão à luz” e “leite humano” em vez de uma linguagem que se dirige apenas às mulheres.
“Na BSUH, reconhecemos os desafios adicionais que a identidade de
género pode ter na gravidez, parto e alimentação infantil. Reconhecemos a
importância de fornecer cuidados perinatais inclusivos e respeitosos a
todas as grávidas e suas famílias”, disse o BSUH, em comunicado.
“Estamos orgulhosos de cuidar de pessoas transgénero e não binárias
(incluindo agender, bigender e genderqueer) como pais e co-pais que deram à luz e para celebrar e afirmar a sua jornada para a paternidade”.
De acordo com as novas diretrizes do hospital, a “assistência à maternidade” passou a ser chamada de “serviços perinatais”.
A nova linguagem também visa abranger famílias não tradicionais, expandindo os termos usados para se referir a elas.
A palavra “mulher” foi expandida para incluir “mulheres ou pessoa”, e
“mãe” para incluir “progenitor que deu à luz”. Em vez do termo “pai”,
serão agora usados os termos “pai”, “co-pai” ou “segundo pai biológico”,
de acordo com BSUH.
O departamento perinatal do hospital partilhou as diretrizes atualizadas no Twitter esta terça-feira, dizendo que a linguagem se destina a estimular a inclusão
sem diminuir o papel da mulher no parto. “A nossa abordagem foi
considerada cuidadosamente para incluir pessoas transgénero e não
binárias que deram à luz, sem excluir a linguagem das mulheres ou da
maternidade”.
Elizabeth Brandeis, vice-presidente da Associação Canadiana de Parteiras, disse, em declarações à agência de notícias canadiana CTV News,
que é importante para as parteiras e funcionários de hospitais
entenderem que “nem todas as grávidas se identificam como mulheres e nem
sempre o género em si é binário para as pessoas”.
Brandeis acrescentou que não reconhecer as diferentes identidades das pessoas grávidas pode fazer com que quem dá à luz se sinta desligado de si mesmo e dos seus filhos.
“A inclusão promove equidade e segurança para todos, não apenas para
as pessoas marginalizadas, mas fazendo com que todos se sintam
refletidos nas recomendações [de uma parteira] e de uma forma que
valorize os direitos humanos de todos”, disse Brandeis.
Nos Estados Unidos, os influencers do TikTok vão
passar a poder juntar-se a um dos maiores sindicatos do país, ficando
abrangidos por benefícios de saúde e reforma.
Hoje em dia, há cada vez mais influencers espalhados pela
internet. Alguns deles chegam mesmo a ter centenas de milhares de
seguidores nas redes sociais. Depois do Facebook, Instagram e Twitter, o TikTok é a nova tendência para estes influenciadores digitais.
Nos Estados Unidos, o National Board of the Screen Actors Guild-American Federal of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA), um dos maiores sindicatos do país, anunciou que os criadores de conteúdos nas redes sociais vão passar a poder ser membros.
“O conselho aprovou um acordo para cobrir conteúdo criado por certos
tipos de influenciadores quando eles são pagos para anunciar produtos ou
serviços”, lê-se no comunicado divulgado no site do sindicato.
“Facilitar a cobertura deste tipo de trabalho tem sido uma das principais prioridades
da nossa organização. Quero elogiar os esforços da nossa equipa na
criação de um acordo que beneficiará os membros atuais do SAG-AFTRA,
além de permitir a todos os criadores a oportunidade de se juntarem ao
sindicato. Conforme surgem novas formas de contar histórias, é imperativo que abracemos e levantemos estes artistas”, disse a presidente da SAG-AFTRA, Gabrielle Carteris.
Assim, aqueles que se façam membros do SAG-AFTRA passam a receber benefícios de saúde e reforma, escreve a VICE. O sindicato conta representa cerca de 160 mil artistas e trabalhadores dos media.
Ainda assim, continua a não haver um pagamento mínimo obrigatório, sendo que taxas ainda serão negociadas de forma independente entre o influenciador e o anunciante.
Qualquer pessoa que tenha um contrato assinado com um anunciante para
um acordo de conteúdo de marca pode beneficiar do acordo de
influenciador SAG-AFTRA.
A Casa Branca afirmou esta quinta-feira que irá iniciar
consultas para encerrar o centro de detenção na base norte-americana de
Guantanamo, sem fixar um prazo para conclusão do processo.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, o próximo passo será
uma revisão formal “robusta” que irá envolver os Departamentos de Defesa
e de Justiça além de agências do Governo, algumas das quais ainda não
têm responsáveis nomeados pelo novo presidente.
“Há muitos atores, de diferentes agências, que têm de ser parte desta
discussão política sobre os passos a dar”, adiantou Psaki a propósito
do encerramento do centro de detenção na base da Marinha norte-americana
no sul da ilha de Cuba, que no seu ponto alto, em 2003, chegou a ter 680 reclusos suspeitos de terrorismo, e hoje tem 40.
Alvo de diversas polémicas, sobretudo por maus-tratos
de detidos e detenções prolongadas sem acusação formada, o centro de
detenção teve o seu encerramento anunciado em 2009 pelo ex-presidente
democrata Barack Obama.
Mas o destino a dar aos detidos, todos com ligações ao terrorismo
internacional e a organizações como a Al-Qaeda e Estado Islâmico, e em
particular a sua possível transferência para prisões norte-americanas ou
países de origem, suscitou oposição interna e Obama terminou o mandato sem concretizar o objetivo, embora 197 detidos tenham sido repatriados durante os seus mandatos.
Donald Trump, o seu sucessor, adotou um discurso oposto, prometendo
até “encher” a prisão com “tipos maus”, mas na realidade durante o seu
mandato o número de detidos desceu de 41 para 40, depois de ter sido libertado um prisioneiro saudita num processo por crimes de guerra.
No seu testemunho de confirmação no Senado, o novo secretário da
Defesa Lloyd Austin afirmou que Guantanamo tem dado aos Estados Unidos
“a capacidade de utilizar detenções por lei marcial que mantêm inimigos
longe do campo de batalha”, mas que “é altura de fechar” o centro de
detenção.
O grupo de detidos em Guantanamo inclui 10 homens que aguardam julgamento
por uma comissão militar, dos quais cinco são acusados de participar no
planeamento e dar apoio aos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova
Iorque, mas o andamento dos processos tem sido lento.
Biden trava restrições de acesso ao Medicaid
O Presidente norte-americano, Joe Biden, dará este sábado instruções para que deixem de ser exigidos requisitos de trabalho, fomentados pelo seu antecessor, para pessoas de baixos rendimentos beneficiárias do programa de cuidados de saúde Medicaid.
A revogação das autorizações concedidas pela Administração de Donald
Trump à imposição de requisitos de trabalho no Medicaid, programa de
assistência médica avaliado em 600 mil milhões de dólares (495 mil
milhões de euros), será comunicada a 10 Estados pelo Governo federal,
segundo disse à AP um alto responsável do Governo Biden.
Numa altura em que os Estados Unidos lideram o número de casos e
vítimas mortais de covid-19 a nível mundial, o Governo federal irá
ainda, adiantou a mesma fonte, anular uma manifestação de
disponibilidade para que os Estados se candidatem à aprovação de
requisitos de trabalho no programa Medicaid, também política da anterior
Administração.
O programa Medicaid cobre atualmente cerca de 70 milhões de pessoas, incluindo grávidas, recém-nascidos e pessoas com deficiências e idosos.
A Lei dos Cuidados de Saúde Acessíveis da Administração Obama (“Obamacare”) deu aos Estados a possibilidade de alargar, pela primeira vez, a cobertura do Medicaid a adultos de baixos rendimentos, o que acrescentou 12 milhões de pessoas ao sistema.
A Administração Trump deu aos Estados o poder de exigir que beneficiários do Medicaid que sejam adultos “fisicamente aptos” tenham uma ocupação, seja trabalho, voluntariado ou estudo.
Antes da pandemia, quase 20 Estados tentaram implementar a medida,
mas alguns depararam-se com obstáculos judiciais, caso do Arkansas, New
Hampshire e Kentucky. O Estado do Arkansas foi o primeiro a implementar o
programa, e antes de a Justiça bloquear a implementação, retirou do
Medicaid 18 mil pessoas.
Outros dois Estados, Arizona e Indiana, bloquearam a implementação da medida devido ao potencial de litígio judicial.
No âmbito da reversão de políticas da Administração Trump para a
Saúde, no final de janeiro a Casa Branca informou que Biden assinará uma
ordem executiva para reabrir os mercados de seguros na área da saúde, que o Governo do ex-Presidente Donald Trump se tinha negado a realizar.
Biden prometeu basear-se na lei de saúde do ex-Presidente Barack Obama
para atingir a sua meta de cobertura de seguros de saúde para todos os
norte-americanos, ao mesmo tempo que rejeita o sistema governamental
único que o senador Bernie Sanders defendeu na sua proposta de fazer
chegar o programa Medicare a todas as pessoas.
Contudo, para tal, Biden precisará da aprovação do Congresso, uma
tarefa difícil, dada a oposição entre os republicanos aos planos de
saúde de Barack Obama.
Biden também deve reverter outras políticas de Trump na área da saúde,
nomeadamente as restrições ao aconselhamento sobre aborto e requisitos
de trabalho para pessoas com poucos rendimentos que recebem ajuda
através do programa Medicaid.
Embora o número de norte-americanos sem seguro tenha crescido nos
últimos meses, devido à perda de empregos na crise económica provocada
pela pandemia, o Governo de Trump resistiu sempre aos apelos para
reabrir os programas de mercados de seguro da era de Obama.
Amesterdão destituiu Londres para se tornar o maior centro de
negociação de ações da Europa, levando a negociação de volta para onde
tudo começou.
No início do século XVII, o centro financeiro do mundo não era
Londres, Nova Iorque nem Tóquio. Era um prédio de câmbio construído por
mercadores no rio Amstel, em Amesterdão. Foi a época da Idade de Ouro
holandesa, quando a sua ciência, cultura e comércio estavam entre os
mais celebrados do mundo.
Embora os certificados de ações tenham sido emitidos pela primeira vez em 1288, quando a empresa sueca de mineração de cobre Stora
concedeu ao bispo de Västerås a propriedade de 12,5%, não foi até o
início do século XVII que a negociação de ações organizada começou a
surgir.
Aconteceu pela primeira vez em Amesterdão, quando a
Companhia Holandesa das Índias Orientais emitiu ações ao público pela
primeira vez. Esta foi a primeira oferta pública inicial (IPO) do mundo e
forneceu o capital para alimentar o crescimento desta trading company para se tornar uma das maiores multinacionais da época.
No seu auge, a Companhia Holandesa das Índias Orientais valia mais do que a Apple, Google e Facebook juntos.
Dois fatores geográficos desempenharam um papel importante para que
Amesterdão se tornasse um importante centro financeiro. Uma parte
significativa da famosa planície da Holanda costumava ficar submersa, o
que significava que os holandeses costumavam emprestar dinheiro para financiar projetos de recuperação de terras.
A Holanda também foi fortemente urbanizada, com um grande número de pessoas disponíveis e dispostas a investir o seu dinheiro.
Os mercado de futuros, que permitem às pessoas apostar no preço
futuro de certos ativos, também surgiram em Amesterdão durante o século
XVII, refletindo a sofisticação crescente das atividades financeiras na
cidade.
A atividade mais notável centrava-se na tulipa, que
eram transportadas para países como a Turquia. À medida que os preços
de alguns bulbos de flores atingiam níveis extraordinariamente altos e
depois desabavam drasticamente, a “mania das tulipas” é geralmente
considerada a primeira bolha especulativa registada na História.
A ascensão de Londres
Apesar do domínio holandês inicial no comércio financeiro, o comércio de ações organizado tomou forma com o advento da Joint Stock Corporation Actno Reino Unido em 1844. Juntamente com a revolução industrial, isto estimulou o crescimento das atividades financeiras em Londres.
Os locais e os estrangeiros começaram a fazer investimentos, o que
permitiu ao Reino Unido atender às imensas necessidades de capital
durante a revolução industrial e foi parte integrante da produtividade
sustentada e das melhorias de bem-estar que se seguiram.
Mais tarde, outras cidades europeias também desenvolveram as suas próprias atividades financeiras, impulsionadas por uma incrível expansão do comércio multinacional.
O que realmente fez de Londres um íman para a atividade financeira
global foi o “Big Bang” de 1986. Até então, a bolsa de valores da cidade
estava limitada a parcerias relativamente pequenas de corretores de
ações, formadores de mercado e semelhantes. Porém, em 27 de outubro de
1986, reformas abrangentes aboliram várias restrições às transações
financeiras e à concorrência, abrindo o comércio a uma série de novos atores, incluindo estrangeiros.
A cidade de Londres tornou-se uma potência financeira global e cresceria cada vez mais nos 35 anos seguintes.
O efeito Brexit
O acordo comercial firmado entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) na véspera de Natal não cobria serviços financeiros. Por enquanto, os financiadores de Londres foram impedidos de certas atividades,
como a negociação de ações e títulos denominados em euros, que foram
transferidos principalmente para Amesterdão como resultado.
Amesterdão está a emergir como vencedor porque a cidade abriga a sede operacional da bolsa de valores Euronext. As origens da Euronext remontam à fundação da Bolsa de Valores de Amesterdão pela Companhia Holandesa das Índias Orientais, que já há algum tempo é a maior bolsa de valores da Europa.
Para continuar como uma potência global, a cidade de Londres espera que os reguladores do Reino Unido e da UE cheguem a um acordo sobre a “equivalência”,
que é um sistema que a UE usa para conceder acesso ao mercado doméstico
a empresas estrangeiras em certas áreas de serviços financeiros. Porém,
a perspetiva de um acordo parece pequena.
Embora os efeitos duradouros do Brexit em Londres provavelmente não
sejam conhecidos durante anos, o primeiro dia de negócios após a saída
do Reino Unido do mercado único foi um ponto de viragem simbólico.
Dados públicos de 1 de janeiro mostraram que Londres perdeu quase 45%
do volume normal. Além de ações e títulos, outros mercados afetados
incluem o comércio de carbono, com mil milhões de euros em volumes
diários a ser transferidos para a capital holandesa.
Quatrocentos anos após o início da primeira era da preeminência
financeira holandesa, Amesterdão volta a ser lar para o comércio de
ações do continente.
O governador do estado norte-americano do Nevada, Steve
Sisolak, anunciou planos para lançar Zonas de Inovação que permitiriam
às empresas de tecnologia formar os seus próprios governos locais.
De acordo com o jornal local Las Vegas Review-Journal,
Steve Sisolak revelou este novo conceito durante o seu discurso sobre o
Estado do Estado em 19 de janeiro, descrevendo as zonas como uma forma
de atrair empresas que estão na vanguarda de “tecnologias inovadoras”,
como blockchain, tecnologia autónoma, robótica, inteligência artificial, Internet das coisas, tecnologia wireless e energia renovável.
Segundo um rascunho da legislação proposta, as Zonas de Inovação
permitiriam que empresas de tecnologia formassem governos locais
separados do Nevada, que teriam a mesma autoridade de um condado,
incluindo a capacidade de cobrar impostos, formar distritos escolares e
tribunais de justiça e fornecer serviços governamentais.
Dentro das Zonas de Inovação, as empresas assumiriam as
responsabilidades dos municípios onde as zonas estão localizadas.
Tornar-se-iam órgãos governamentais independentes administrados por um conselho de supervisores de três membros, que poderiam ser indicados pela empresa.
A legislação estabelece que as Zonas de Inovação propostas deveriam
ter pelo menos 20.234 hectares de terras não desenvolvidas e desabitadas
e que as terras deveriam estar dentro de um único condado. O terreno
também deve ser separado de qualquer cidade, município ou área tributária atual.
A empresa de tecnologia precisaria de demonstrar um investimento
inicial de 250 milhões de dólares, além de fornecer um plano com um
investimento adicional de mil milhões num período de 10 anos.
A empresa seria obrigada a relatar o seu progresso legislativo a cada dois anos,
descrevendo os seus investimentos de capital, desenvolvimento de
infraestruturas, o número de pessoas empregadas e uma estimativa do
impacto económico da zona.
O texto preliminar da proposta refere que o modelo tradicional de governo local é “inadequado por si só
para fornecer a flexibilidade e os recursos conducentes a tornar o
Estado um líder na atração e retenção de novas formas e tipos de
negócios e na promoção do desenvolvimento económico em tecnologias
emergentes e indústrias inovadoras”.
Além disso, acrescenta a proposta, esta “forma alternativa de governo
local” é necessária para auxiliar o desenvolvimento económico dentro do
estado.
No início de 2016, a Tesla começou a produção dos seus motores
elétricos Tesla Model 3 e baterias e produtos de armazenamento de
energia Tesla nas instalações de Nevada.
Segundo o Electrek, a Tesla concluiu uma segunda instalação
ao lado da sua original que pode, de acordo com uma fonte, ser usada
para produzir o semicião totalmente elétrico da Tesla, o Tesla Semi.
Assim, o Interesting Engineering sugere que uma “cidade da
Tesla” poderia ser possivelmente uma das cidades instaladas graças a
este projeto de lei, se o mesmo for aprovado pelo estado do Nevada.
As cidades corporativas da América
A América tem uma longa história de cidades corporativas, locais onde
todas as residências e lojas pertencem a uma única empresa que também é
a principal empregadora.
Como as Zonas de Inovação propostas em Nevada, as cidades empresariais eram geralmente organizadas em torno de uma única indústria, como minas de carvão ou metal, madeira serrada ou produção de aço.
Pullman, por exemplo, foi desenvolvida durante a
década de 1880 nos arredores de Chicago para abrigar os seis mil
trabalhadores que construíam vagões ferroviários, vagões de carga,
carrinhos e vagões de comboio elevados, juntamente com os seus
dependentes.
Em 1893, quando a demanda por vagões caiu, George Pullman baixou os
salários dos funcionários e aumentou as horas de trabalho, mas não
reduziu o custo do aluguer ou das mercadorias na cidade. Isso levou à Greve Pullman de 1894, que encerrou o tráfego ferroviário a oeste de Chicago.
Para reprimir a greve, o presidente Grover Cleveland enviou tropas e,
em 7 de julho de 1894, guardas nacionais dispararam contra um grupo de
grevistas, matando 34 pessoas. Isto levou a uma investigação por uma
comissão presidencial e o Supremo Tribunal de Illinois forçou George
Pullman a desfazer-se da sua propriedade da cidade, que foi anexada pela cidade de Chicago.
Uma visão mais filantrópica da cidade-empresa foi oferecida por Milton Hershey, fundador da Hershey Chocolates. Em 1903, fundou a cidade agora conhecida como Hershey, na Pensilvânia.
Hershey abriu uma nova fábrica no local e fundou uma cidade modelo para
abrigar os trabalhadores da sua empresa. A cidade incluía um sistema de
carrinhos público; casas para trabalhadores com comodidades modernas,
como eletricidade, canalização interna e aquecimento central; escola
gratuita para os filhos dos funcionários; uma escola vocacional gratuita
para órfãos e carentes; e um parque de diversões, campos de golfe,
centro comunitário, hotel, jardim zoológico e área de desporto.
A ideia por trás da cidade era criar “uma cidade americana perfeita num cenário natural bucólico, onde trabalhadores saudáveis, de vida correta e bem pagos viviam em lares seguros e felizes”.
Apelidados pelas autoridades de “ladrões acrobatas”, o gangue
constituído por quatro elementos foi preso em Milão após suspeitas de
vigiar os movimentos de várias celebridades italianas através do
Instagram. O objetivo seria assaltar as casas.
Entre as vítimas deste esquema estão o jogador de futebol Achraf Hakimi, estrela do Inter de Milão, a apresentadora de televisão Diletta Leotta e a influencerEleonora Incardona.
De acordo com as autoridades italianas, o grupo usou o Instagram para
espiar os seus alvos meticulosamente, reconstruindo todos os seus
movimentos, para que fosse mais fácil ter acesso às suas habitações.
Segundo o The Guardian, os homens, com idades entre os 17 e 44 anos, tinham por hábito vestir-se de forma elegante e assim passar despercebidos ao frequentar os bairros de luxo.
Imagens da CCTV mostram um membro do gangue a observar o outro
enquanto este sobe um prédio e entra pela janela de um apartamento do
primeiro andar.
“O suspeito calçou luvas de látex e rapidamente subiu a um poste em
direção a uma janela no primeiro andar, forçou-a e entrou na casa”,
disse Francesca Crupi, da polícia de Milão
O ladrão abriu a porta da frente da casa para os dois cúmplices poderem entrar, e juntos conseguiram roubar alguns bens que transportaram dentro de uma mala. Este seria o método mais usual entre os ladrões.
A polícia italiana revelou que a série de roubos começou em junho do ano passado, quando cerca de 150.000 euros em mercadorias, incluindo joias, malas de marca e relógios Rolex, foram roubados de uma casa em Leotta.
Os “ladrões acrobatas“ também são suspeitos de estar por trás do
roubo de vários relógios pertencentes a Achraf Hakimi, que se transferiu
do Borussia Dortmund para o Inter de Milão em setembro, e que vivia
numa habitação temporária na altura do roubo, que ocorreu em novembro.
Em dezembro, o gangue também roubou nove malas de marca e peças de roupa de luxo da casa de Eleonora Incardona – uma influencer italiana que conta com quase 500 mil seguidores no Instagram. No entanto, a polícia conseguiu recuperar a maior parte dos bens.
O Governo da Dinamarca concordou em gastar pelo menos 200 milhões de dólares para melhorar a capacidade de defesa no Ártico.
O reforço financeiro de 1,5 mil milhões que a coroa
dinamarquesa irá disponibilizar, vai fazer com que o país tenha
capacidade de melhorar e aumentar a sua vigilância na região.
A emissora dinamarquesa TV 2 informou que o financiamento do Estado deverá incluir o uso de drones de longo alcance para que a zona possa ser facilmente monitorizada e controlada.
O serviço de televisão estatal também revelou que as várias
iniciativas estavam previstas para 2023, mas ainda assim pode demorar
alguns anos até que estas sejam totalmente implementadas.
A necessidade de aumentar o controlo na região do Ártico surge numa altura em que a Rússia também tem tentando fortalecer a sua presença económica e militar na região, ao mesmo tempo que compete pelo domínio com o Canadá, Estados Unidos, Noruega e China.
Em 2019, o país pôs em marcha um navio quebra-gelo movido a energia nuclear, com o objetivo de alcançar os seus ambiciosos planos: explorar a área comercial da região.
O envio do veículo fez parte de um programa criado pelo presidente russo, Vladimir Putin,
com o objetivo de aumentar o número de navios pesados da frota ártica
do país para 13 até 2035, sendo nove deles movidos a reatores nucleares.
Como recorda a Sky News,
em junho do ano passado, o líder russo foi forçado a declarar estado de
emergência depois de 20 mil toneladas de diesel serem derramadas num
rio dentro do círculo ártico.