A maior frota naval montada pela Grã-Bretanha nos últimos anos irá partir, em maio, para uma longa viagem de meses pelo Pacífico, anunciou o Ministério da Defesa do país, esta segunda-feira.
“Quando o Carrier Strike Group (CSG) começar a navegar no próximo mês, irá hastear a bandeira da Grã-Bretanha Global – projetando a nossa influência, sinalizando o nosso poder, interagindo com os nossos amigos e reafirmando o nosso compromisso em enfrentar os desafios de segurança de hoje e de amanhã”, observou Ben Wallace, secretário de Defesa do Reino Unido.
O grupo de ataque será liderado pelo porta-aviões HMS Queen Elizabeth, no que será a sua primeira missão oficial. O navio, um dos dois porta-aviões do Reino Unido, é o maior navio de guerra que o Reino Unido já lançou ao mar.
Ao porta-aviões irão juntar-se dois contratorpedeiros, duas fragatas anti-submarino, um submarino e dois navios auxiliares de abastecimento, revelou um comunicado do ministério, ao qual a CNN teve acesso.
O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos afirma que o grupo de ataque de porta-aviões do Reino Unido “será a frota mais capaz já lançada por uma única marinha europeia nos últimos anos”.
As movimentações britânicas não são surpreendentes, uma vez que em março o país divulgou uma ampla revisão da sua política militar e externa.
Segurança e diplomacia
No anúncio de segunda-feira, o Ministério da Defesa afirmou que a implantação visa conceder ao Reino Unido, um papel mais profundo de segurança na região, com exercícios planeados ao lado da Índia, Japão e Coreia do Sul, bem como com as forças dos EUA.
Como parte da viagem ao Pacífico, o grupo de ataque irá visitar cerca de 40 países, referiu o Governo britânico. A rota, que verá o grupo de ataque atravessar o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico a caminho do Pacífico, irá cobrir quase 48.280 quilómetros.
Para já, a Grã-Bretanha não divulgou a rota exata do grupo de ataque no Indo-Pacífico, mas uma visita a Singapura é tida como certa na passagem pelo Mar da China Meridional.
A China reivindica quase todo o Mar da China Meridional como seu território soberano e denunciou a presença de navios de guerra estrangeiros como a raiz das tensões na região.
Em março, quando questionado sobre a implantação britânica no Mar da China Meridional, o Ministério da Defesa da China disse que Pequim “se opõe firmemente a qualquer país que interfira nos assuntos regionais sob o pretexto de liberdade de navegação e que prejudique os interesses comuns da região de países”.
O grupo de porta-aviões do Reino Unido também deve passar pelo leste de Taiwan – a ilha autónoma que a China também reivindica como parte do seu território.
Na sua revisão de defesa, o governo britânico destacou os desafios apresentados por Pequim.
“O poder crescente da China e sua assertividade internacional provavelmente serão o fator geopolítico mais significativo da década de 2020”, disse a revisão, descrevendo o país asiático como “a maior ameaça estatal à segurança económica do Reino Unido”.
Acrescentou ainda que o país planeia aumentar a sua presença militar, não só nesta região, como em todo o mundo.
“À medida que a nossa nação redefine o seu lugar no mundo pós-Brexit, esta é a personificação natural da agenda do governo Grã-Bretanha Global. E num cenário de crescente instabilidade e competição, isso reflete o compromisso contínuo do Reino Unido com a segurança global”, diz Steve Moorhouse, comandante do grupo de ataque, em comunicado.
Por outro lado, o Japão deu as boas-vindas ao anúncio do Reino Unido, afirmando que a visita do grupo de ataque aos porta-aviões irá elevar o relacionamento de longa data entre Tóquio e Londres a um “novo nível”.
https://zap.aeiou.pt/reino-unido-maior-navio-guerra-pacifico-398280