Cinco nações decidiram retirar-se do Fórum das Ilhas do Pacífico, alegando que não foi respeitado o acordo informal segundo o qual o novo secretário-geral deveria ser um candidato da Micronésia.
Micronésia, Nauru, Kiribati, Ilhas Marshall e Palau anunciaram ter iniciado o processo de saída do Fórum das Ilhas do Pacífico, o que, segundo o canal estatal russo RT, está a ser visto como uma das maiores crises deste organismo nos seus 50 anos de história.
Todos os anos, os 18 Estados-membros reúnem-se no território de um destes para discutir os problemas mais importantes da região e, a cada três anos, é escolhido um novo secretário-geral com base numa rotação sub-regional.
Este ano, devido à pandemia de covid-19, os líderes das 18 nações reuniram-se através de uma videoconferência no Zoom, na qual, além de discutir os temas acertados, foi necessário escolher o novo secretário-geral.
Segundo o acordo rotativo, este ano a posição deveria recair sobre o candidato da Micronésia, nação que nomeou o embaixador das Ilhas Marshall nos Estados Unidos, Gerald Zackious. No entanto, na votação, este perdeu para o ex-primeiro-ministro das Ilhas Cook, Henry Puna, que obteve mais um voto. E foi este resultado que motivou a revolta.
Numa declaração conjunta, os dirigentes dos cinco países explicaram a sua decisão, dizendo que não foi respeitado o acordo informal para eleger como novo secretário-geral o candidato desta sub-região.
“Não adianta participar numa organização que não respeita os acordos estabelecidos, inclusive o acordo de cavalheiros sobre a rotação sub-regional”, pode ler-se no comunicado, que também indica que, embora os cinco países iniciem o processo de retirada, a decisão final sobre como proceder será tomada pelos respetivos Governos.
“O que vimos é um fracasso da rota do Pacífico”, disse o presidente dos Estados Federados da Micronésia, David Panuelo, à televisão estatal australiana ABC. “O que vimos é que o Pacífico Sul despreza o Pacífico Norte e achámos isso profundamente infeliz. (…) É uma grande fratura na unidade e no espírito de cooperação”, acrescentou.
Por sua vez, Henry Puna, o vencedor da votação para o cargo, argumentou que a crise provocada pelo novo coronavírus significa que o acordo de cavalheiros deve ser ignorado em favor de uma boa liderança, posição esta que também foi apoiada pelo presidente do Fórum.
“Puna assume o cargo de secretário-geral num momento crítico da história da região e deve guiá-la através da recuperação da covid-19”, disse Kausea Natano à agência France-Presse, descrevendo ainda a escolha como uma “decisão de consenso”.
O Fórum das Ilhas do Pacífico foi fundado em 1971 e é composto por 18 membros: Austrália, Nova Zelândia, Nova Caledónia, Estados Federados da Micronésia, Fiji, Ilhas Cook, Ilhas Salomão, Ilhas Marshall, Papua Nova Guiné, Polinésia Francesa, Samoa, Tonga, Niue, Tuvalu, Vanuatu, Kiribati, Nauru e Palau.
https://zap.aeiou.pt/conferencia-zoom-crise-politica-pacifico-380891
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