A vacinação de crianças e adolescentes pode ser a chave para controlar a pandemia, apontaram especialistas, à medida que os ensaios clínicos permitem estudar os efeitos das vacinas contra a covid-19 nestas faixas etárias.
Embora a covid-19 tenha uma incidência menor na mortalidade de jovens e as evidências indiquem que as crianças têm menos probabilidade de contrair a infeção, o papel que estas desempenham na transmissão do vírus não é claro, de acordo com o Royal College of Paediatrics and Child Health, citado esta segunda-feira pelo The Guardian.
O vírus pode causar infeções assintomáticas em todas as faixas etárias. Nessa lógica, a imunização das crianças permite proteger os idosos, indicou Stanley Plotkin, que participou na criação das vacinas contra a rubéola e o rotavírus e ajudou a desenvolver outras, incluindo para a poliomielite e para a raiva.
“Não consigo imaginar como podemos ter esperança de erradicar o vírus, a menos que estejamos dispostos a imunizar a maioria da população”, afirmou.
Os pesquisadores da Oxford/AstraZeneca lançaram um estudo para testar a sua vacina contra a covid-19 em crianças e jovens, entre os seis e os 17 anos. Outros fabricantes seguem o mesmo caminho. A Pfizer/BioNTech espera partilhar os dados do seu estudo com jovens entre os 12 e os 15 anos nos próximos meses e iniciar outro com crianças entre os cinco a 11 anos.
Os dados sobre a segurança e eficácia das diferentes vacinas nos mais jovens devem começar a chegar no verão. Para já há indícios de que algumas vacinas estão a reduzir a propagação do vírus, mas os dados ainda não são conclusivos, alertaram os cientistas.
Se for comprovado que estas têm um efeito significativo na transmissão, com todos os adultos imunizados ao longo deste ano, os grupos etários que impulsionarão a disseminação da doença serão os jovens, destacou Rinn Song, pediatra e clínico-cientista do Oxford Vaccine Group.
Paul Heath, professor de doenças infeciosas pediátricas da Universidade de Londres, e principal investigador do braço britânico dos testes da vacina Novavax Covid-19, indicou que a infeção contínua em crianças poderia servir como um reservatório de infeção para adultos e idosos não vacinados.
“Ainda pode ser uma estratégia razoável, portanto, vacinar as crianças para que não transmitam [a doença] a esses adultos suscetíveis”, referiu.
Outra razão para vacinar crianças é a segurança dos estabelecimentos de ensino, apontou Adam Finn, professor de pediatria no Bristol Children’s Vaccine Center. No entanto, advertiu, quando se trata de doenças infeciosas, geralmente é possível controlar os surtos sem imunizar toda a população.
Finn afirmou, contudo, que ainda não se sabe até que ponto o programa de vacinação deve ir para haver controlo da doença. “É provável que até o final deste ano estejamos” a vacinar “menores de 18 anos. Não é uma certeza, é uma probabilidade”, frisou, acrescentando que a decisão de imunizar crianças deve ser baseada na necessidade.
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