Segundo dados do Centro Europeu de Controlo e Prevenção das Doenças, 4.849.752 das 6.134.707 doses entregues pela AstraZeneca não estão a ser administradas nos países da União Europeia.
Isto significa que quatro em cada cinco das vacinas da AstraZeneca fornecidas à União Europeia não estão a ser utilizadas, revela o The Guardian.
Depois de uma análise aos dados disponibilizados pelo Centro Europeu de Controlo e Prevenção das Doenças, verificou-se que 4.849.752 das 6.134.707 doses que foram distribuídas pelos 27 Estados-membros ainda não foram administradas à população.
No caso da Bélgica, o país usou apenas 9832 das 201.600 doses que recebeu, o que corresponde a uma utilização de 4%. Já na Alemanha foram usadas 13% das vacinas da AstraZeneca, enquanto Itália recorreu a 19% do stock.
França não apresentou dados sobre quantas doses da vacina da Oxford administrou, mas os números fornecidos pelo site Covidtracker.fr estimam que tenham sido apenas 125.859 doses (11%).
Em comparação com a administração da vacina da Pfizer, a clivagem é grande: a Alemanha já administrou 82% das doses que recebeu desta farmacêutica, seguida pela Bélgica com uma taxa de 81% de utilização e pela Itália com 80%.
Isso pode ser explicado pelas orientações das autoridades francesas, alemãs, polacas e italianas, que recomendam a vacina da AstraZeneca apenas para pessoas com menos de 65 anos, uma vez que os ensaios clínicos efetuados obtiveram poucos dados sobre os efeitos provocados na população sénior.
Angela Merkel admitiu, durante uma entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, que a vacina está a ser rejeitada por aqueles que estão preocupados com a sua eficácia e segurança. “Há, atualmente, um problema de aceitação da vacina da AstraZeneca”, apontou Merkel.
“A vacina da AstraZeneca, aprovada pela Agência Europeia do Medicamento, é confiável, eficaz, segura e recomendada na Alemanha até aos 65 anos de idade”, frisa a chanceler alemã, acrescentando: “Tendo em conta que as vacinas são agora tão escassas, não estamos em altura para escolher qual das vacinas vamos administrar”.
Questionada se estaria disponível para tomar essa vacina, Merkel contornou a pergunta: “Tenho 66 anos e não pertenço ao grupo recomendado para tomar a vacina da AstraZeneca”.
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que aceitaria de bom grado tomar a vacina da AstraZeneca, caso esta fosse oferecida quando chegar a sua vez de ser inoculado.
“Tendo em conta os estudos científicos mais recentes, a eficácia da vacina AstraZeneca foi comprovada”, sublinhou Macron. “A minha vez irá chegar, mas tenho tempo. Se esta for a vacina que me será oferecida, vou tomá-la, é claro”.
No mês passado, Macron causou alguma controvérsia ao sugerir, sem qualquer rigor científico, que a vacina da Oxford era “quase ineficaz” em pessoas com mais de 65 anos.
June Raine, diretora-executiva da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido, defendeu que a vacina deveria ser aprovada em todas as idades, observando que “as evidências atuais não sugerem nenhuma falta de proteção contra a covid-19 em pessoas com mais de 65 anos”.
Bulgária suspende “corredores de vacinação” e culpa AstraZeneca
O Governo búlgaro suspendeu esta quinta-feira os chamados “corredores verdes”, abertos há seis dias para quem quisesse ser vacinado, devido ao fornecimento insuficiente de vacinas, responsabilizando a farmacêutica AstraZeneca por não cumprir a entrega das doses encomendadas.
De acordo com o ministro, há uma semana a farmacêutica sueco-britânica havia informado Sofia, a capital do país, que antes do final de fevereiro iria realizar a entrega de dois carregamentos de vacinas contra a covid-19, um de 87 mil e outro de 54 mil doses.
“Posteriormente, soubemos que não receberemos nenhum dos dois suprimentos, o que significa que a AstraZeneca não cumprirá o seu compromisso de entregar 142.437 doses até ao final de fevereiro. Na quarta-feira, ficamos surpresos ao saber que a Bulgária receberá 52.800 doses até 1 de março”, disse Angelov, após condenar o não cumprimento de compromissos por parte da empresa.
A Bulgária, com uma população de sete milhões de habitantes, optou sobretudo por este medicamento, encomendando mais de 4,5 milhões de doses, e agora vê todo o processo de imunização da população em risco.
O Ministério da Saúde da Bulgária enviou uma carta à AstraZeneca na quarta-feira expressando a sua “indignação e descontentamento”, confirmou o ministro.
https://zap.aeiou.pt/vacinas-astrazeneca-nao-usadas-ue-383640
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