sábado, 6 de novembro de 2021

Brexit - Reino Unido não pesca acordo com a França e protocolo da Irlanda pode causar guerra comercial com a UE !


O Brexit continua a dar dores de cabeça à União Europeia e ao Reino Unido. A França voltou a negociar a questão das pescas e os britânicos estão a ponderar activar o artigo 16 no protocolo da Irlanda do Norte, que suspende partes do acordo unilateralmenteSobre a pesca com a França, continua tudo em águas de bacalhau. Já a novela com a União Europeia por causa do protocolo da Irlanda do Norte pode estar prestes a conhecer novos capítulos importantes. Por estes dias, o Brexit está a causar muitas dores de cabeça em Downing Street.

Começando pela disputa com a França devido à pesca, a reunião entre os representantes dos dois países acabou sem acordo. Na quinta-feira, o Ministro do Brexit, Lord Frost, passou cerca de 90 minutos a conversar com o Ministro da Europa francês, Clément Beaune, em Paris.

Um porta-voz de Boris Johnson revelou que os britânicos não acreditavam que a França ia avançar com as ameaças feitas. No entanto, apesar de se mostrar aberto ao diálogo, Beaune não descartou a “opção de medidas de retaliação”.

Em causa está o período de transição até Junho de 2026, com a redução gradual das quotas de pesca do Reino Unido em águas da União Europeia e vice-versa. A França tem acusado os britânicos de já estarem a cortar o acesso das traineiras francesas às suas águas através da emissão de poucas licenças para os pescadores. A tensão cresceu na semana passada, com a França a apreender uma embarcação britânica e a multar uma outra por não terem autorização para pescar nas suas águas.

Paris chegou também a fazer um ultimato a Londres na quinta-feira: ou há mais licenças para os barcos franceses ou começariam já a proibir as embarcações inglesas de levarem frutos do mar aos seus portos. A mexida no fornecimento de energia à ilha de Jersey também foi posta em cima da mesa, com a França a afirmar que o Reino Unido “só entende a linguagem da força.

O Reino Unido respondeu dizendo que as licenças ao barco apreendido tinha sido retirado por motivos desconhecidos e que já emitiu 1700 licenças, considerando as ameaças da França “desapontantes e desprorporcionadas“.

A troca de galhardetes ameaçava continuar a subir de tom, até Emmanuel Macron ter apelado à calma e a mais negociações esta segunda-feira. Segundo o The Guardian, um porta-voz do governo britânico adiantou que Frost e Beaune “discutiram um leque de dificuldades que surgiram da aplicação dos acordos entre o Reino Unido e a União Europeia. Ambos os lados expuseram as suas posições e preocupações”.

Depois da reunião, o Ministro francês revelou aos jornalistas que a França estava descontente com a metodologia britânica. “Consideramos que as suas exigências são suplementares àquelas no acordo pós-Brexit. O que queremos agora é um espírito positivo dos britânicos, boa vontade para aceitaram as provas que demos. Queremos voltar ao espírito do acordo“, atirou.

Apesar de considerar que o encontro foi positivo, Beaune sublinhou que os ingleses tinham “novamente pedidos adicionais àquilo que está no acordo”. Para poderem pescar na área na zona entre seis a 12 milhas náuticas da costa das Ilhas Britânicas, os barcos franceses têm de provar que já tinham pescado na área no passado. Os ingleses justificam o número reduzido de licenças com o facto de muitas candidaturas não conterem essas provas.

“Não têm havido candidaturas feitas sem provas de actividade anterior, frequentemente até muito detalhadas. Não estamos a pedir algo em troca de nada“, refutou Beaune.

O Reino Unido mostra-se agora aberto a receber mais provas que demonstrem a actividade anterior, além dos registos de GPS, que alguns barcos mais pequenos não têm. Os diários de bordo e registos de atracamento vão agora ser incluídos, mas Londres continua a dizer que alguns barcos não apresentaram quaisquer provas. Beaune e Frost vão voltar a falar na próxima semana, provavelmente por telefone.

Reino Unido pondera activar artigo 16 do protocolo da Irlanda do Norte

A saga entre a União Europeia e o Reino Unido também ameaça causar uma guerra comercial. A imprensa britânica avança que o governo está a ponderar activar o artigo 16 do protocolo da Irlanda do Norte, o que pode romper de vez as negociações já complicadas com UE. O artigo prevê que partes do acordo seja suspensas unilateralmente caso estejam a causar dificuldades e obriga a novas negociações.

Em Julho, o governo britânico já estava a avisar que o limiar para a activação do artigo tinha sido alcançado e essa activação pode mesmo acontecer nas próximas semanas. O Reino Unido terá de provar que o protocolo está a causar “dificuldades económicas, sociais ou ambientais sérias” para poder avançar com a decisão.

“Não vamos entrar neste caminho gratuitamente ou com algum prazer em particular”, declarou Lord Frost em Outubro. O Ministro do Brexit defende que a obstrução das trocas comerciais entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte já é razão suficiente para justificar a suspensão do protocolo.

Na quarta-feira, o taiosech da Irlanda, Micheál Martin — cargo que corresponde ao primeiro-ministro — reagiu aos rumores, dizendo que seria “irresponsável e imprudente” o Reino Unido activar o artigo 16 e que a decisão teria “consequências vastas” e que não concordaria “com o espírito de parceria que guiou o processo de paz”.

As alíneas específicas que podem estar em causa não foram definidas, mas devem ser proporcionais e correspondentes aos danos causados e é provável que, neste caso, mexam com a suspensão das verificações dos bens trocados entre as ilhas.

No entanto, segundo o The Guardian, o impacto na práctica não deve ser muito, já que muitas das verificações já tinham sido unilateralmente suspensas pelo Reino Unido. Mas o receio é de que com o eventual processo de disputa com activação do artigo, o país vá mais longe e crie uma lei interna que remova o papel do Tribunal Europeu de Justiça na mediação do processo, algo que o artigo 16 em si não prevê.

Em Setembro de 2020, o governo já tinha admitido que ia “quebrar a lei internacional” numa “forma específica e limitada”, mas a ideia foi depois abandonada. Uma fonte de Whitehall também já tinha afirmado que Frost está “à procura de uma máquina do tempo” para reverter a decisão de Theresa May de 2017, que envolveu o Tribunal Europeu de Justiça no acordo do Brexit.

Esta acção também pode desencadear uma guerra comercial. A UE também já antecipa vários cenários e há quem equipare o uso de uma lei nacional afastar o Tribunal como equivalente ao rasgar do acordo, estando tudo ainda em aberto.

A ameaça da União Europeia em Janeiro de activar o artigo 16 durante as complicações com o fornecimento das vacinas já deu a entender que o protocolo do Brexit relativo à Irlanda do Norte pode ser usado como arma de arremesso noutros conflitos.

Apesar de haver receios de que a UE corte completamente o acordo comercial, Catherine Barnard, professora de Direito da UE, afirma que o bloco tem o poder para aumentar as tarifas nos produtos britânicos, como o salmão escocês e o whiskey.

Mesmo com as críticas de Frost, a decisão final está nas mãos de Boris Johnson. A disputa com a França já deu a entender o poder que um corte no comércio com a UE tem nos consumidores e nas redes de fornecimento, o que deve pesar na decisão do primeiro-ministro britânico.

https://zap.aeiou.pt/brexit-reino-unido-acordo-franca-irlanda-442809


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Emissões de C02 já estão em níveis semelhantes aos do período pré-pandemia !


Investigadores ligados ao clima ficaram surpreendidos pela velocidade com que as emissões regressaram aos níveis pré-pandemia, com o crescimento a ser maior ao expectável.

Antes da pandemia da covid-19 se iniciar, o volume de concentração de dióxido de carbono na atmosfera situava-se nos 415 ppm (concentração de moléculas de CO2 na atmosfera), valor que desceu ligeiramente (414 ppm) como consequência da paragem quase total da economia quando a propagação da SARS-CoV-2 atingiu níveis planetários. A descida teve tanto de ligeira como de rápida, já que esta semana a concentração voltou ao valor inicial, anulando, assim, a queda.

A rapidez com que a recuperação aconteceu surpreendeu os investigadores que, ainda assim, estavam a contar com ela. Ao jornal Público, Glen Peters, investigador do Centro para a Investigação Internacional do Clima em Oslo, revelou que a comunidade científica contava “com algum crescimento, mas o que verificámos é que ele é maior do que grande parte de nós esperava“. “O que esperávamos é que o ritmo de recuperação fosse semelhante ao da mobilidade/transportes, que ainda deve demorar mais um ou dois anos. Que tenhamos tido este pico já em 2021, que tenha acontecido tão rapidamente, é uma surpresa“.

Uma das possíveis justificações para esta recuperação são os pacotes de estímulos atribuídos desenhados pelos vários países, como forma de desencadear uma retoma mais rápida e robusta da economia. Na opinião do investigador, esta necessidade poderá ter levado algumas economias a regressar a formas antigas de produção, assentes no carvão, por exemplo, poder ler-se no 16.º relatório do Global Carbon Project

A China, de acordo com o relatório, terá tido um crescimento nas emissões na ordem dos 5,5% (números de 2021 em comparação com os de 2019), enquanto na Índia o crescimento terá sido de 4,4% — nos mesmos períodos de tempo usados como referência. Os Estados Unidos da América e a Europa — segundo e terceiro maior emissor, respetivamente — mantiveram as suas emissões abaixo dos valores de 2019.

No que respeita à origem das emissões de CO2, o relatório revela que o uso do carvão e do gás deve crescer mais em 2021 do que diminuiu em 2020. O petróleo deverá manter-se abaixo dos níveis de 2019, mas esta previsão poderá mudar caso as tendências no que concerne à mobilidade nacional e internacional se alterem.

No sentido oposto, as emissões resultantes da alteração do uso dos solos, as quais estabilizaram nas últimas décadas. Mesmo assim, os cientistas alertam, novamente, que esta previsão também poderá sofrer alterações.

https://zap.aeiou.pt/emissoes-c02-niveis-pre-pandemia-442569


Nos anos 90, a Suíça derrotou uso descontrolado de heroína facilitando acesso à droga !


Na década de 1990, a Suíça decidiu combater uma das piores epidemias de drogas da Europa testando uma política radical e controversa, que incluía oferecer heroína pura e salas de consumo a dependentes.

Assolado por uma grande epidemia de heroína, o Governo suíço decidiu agir com repressão policial e tratamentos focados apenas na abstinência, mas a estratégia insistia em não dar frutos.

No final dos anos 80, alguns governos locais do país decidiram tolerar o consumo de drogas em determinados espaços públicos, como parques, numa tentativa de recuperar algum tipo de controlo sobre a situação.

Estes lugares ficaram conhecidos needle parks (“parques das agulhas”), sendo o Platzspitz Park, em Zurique, um dos mais famosos.

O médico suíço Andre Seidenberg, que trabalhou com dependentes químicos durante várias décadas, contou, em entrevista à BBC, que decidiu integrar a comunidade de profissionais de saúde que desafiava a política oficial.

Estes médicos ofereceram aos dependentes acesso a abrigos e serviços médicos, além de agulhas esterilizadas. A iniciativa foi particularmente significativa quando o HIV começou a espalhar-se na década de 1980.

O diário escreve que, no final dos anos 80 e início dos anos 90, a Suíça tinha a maior taxa de infeção por HIV na Europa Ocidental, em parte devido à partilha de seringas. Uma das nações mais ricas do mundo viu-se, assim, mergulhada numa crise que, aparentemente, não fazia distinção de classes.

Para Seidenberg, era evidente que a política vigente não estava a funcionar.

Quando a ex-Presidente Ruth Dreifuss se tornou ministra da Saúde, no início da década de 1990, as vozes de reformistas como Seidenberg chamavam cada vez mais à atenção, acabando por captar a da própria governante.

“Eu, como ministra federal da Saúde, tinha que facilitar a inovação”, disse Dreifuss, em declarações à cadeia britânica.

Foi então que, em 1991, o Governo suíço elaborou uma nova política nacional, que combinava uma linha dura em relação à criminalidade e uma abordagem de saúde pública para os dependentes, que ficou conhecida como “estratégia dos quatro pilares“.

Um dos pilares era a aplicação da lei. Mas os outros três — prevenção, redução de danos e tratamento — baseavam-se em tratar os consumidores de drogas de forma mais humana.

Como a Suíça é altamente descentralizada, sendo as decisões frequentemente tomadas através de referendos, cada região teve que ser convencida a experimentar algumas das novas ideias desta política pública de vanguarda.

A BBC lembra que um dos elementos mais controversos do plano era testar o “tratamento assistido com heroína” (HAT, na sigla em inglês). A abordagem consistia em oferecer aos dependentes heroína pura sob prescrição médica, a ser injetada com segurança em clínicas especializadas.

O programa HAT foi concebido como uma investigação científica e os resultados preliminares pareciam promissores. Com o tempo, os dados começaram a provar-se conclusivos.

Segundo a BBC, a estratégia suíça reduziu drasticamente o número de overdoses (caindo para metade, entre 1991 e 2010), de infeções por HIV (uma redução de 65%) e de novos consumidores (menos 80%).

O teste final do projeto foi político: em 2008, a Suíça realizou um referendo nacional, no qual 68% da população votou pela incorporação permanente da política dos quatro pilares à lei federal.

https://zap.aeiou.pt/suica-derrotou-uso-descontrolado-heroina-442459


Pela primeira vez, Japão concedeu um Certificado de Segurança a um carro voador !

O Ministério da Terra, Infraestruturas, Transporte e Turismo do Japão concedeu à SkyDrive um certificado de segurança para o seu carro voador.

A SkyDrive, uma startup sediada em Tóquio e que criou recentemente um novo conceito de carro voador elétrico, revelou que recebeu um certificado de segurança do Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão para seu novo veículo.

O anúncio foi avançado pela empresa através de um comunicado à imprensa.

Segundo o Interesting Engineering, o certificado garante que o design, a estrutura, a resistência e o desempenho do veículo atendem aos requisitos de segurança e ambientais exigidos pelo Governo japonês.

A empresa, que está satisfeita por ter obtido o certificado, vai continuar a trabalhar em parceria com o Governo e o Ministério da Terra, Infraestruturas, Transporte e Turismo do Japão para concluir o desenvolvimento de um carro voador totalmente seguro e confiável.

Esta é a primeira vez que o Governo japonês concede este certificado a um carro voador.

O SD-03 da SkyDrive tem oito hélices – duas na extremidade de um braço em cada esquina – e atinge uma velocidade máxima de 48 km/h para viagens de até 10 minutos.

A empresa quer utilizar o veículo num serviço de táxis voadores, num projeto que deverá iniciar até 2025.

https://zap.aeiou.pt/certificado-de-seguranca-a-carro-voador-442547


Cientistas chineses alegam ter criado uma arma que explode satélites inimigos !


Uma equipa de cientistas chineses criou um dispositivo que utiliza explosivos para destruir satélites inimigos.

A arma pode ser inserida dentro do tubo de escape de um satélite e, ao detonar, cria uma “explosão constante e controlada no tempo“.

O mais surpreendente é que a arma deixa o satélite intacto após a explosão, danificando em apenas o interior da sonda. Segundo o The South China Morning Post, quando a explosão está parcialmente contida, pode ser confundida com um “percalço” do motor.

Apesar de não estar totalmente claro como é que o dispositivo seria inserido num satélite, o método apresenta uma nova forma de incapacitar sondas inimigas sem o uso de lasers ou mísseis. Ambos têm a desvantagem de ser facilmente detetáveis.

A nova arma, descrita num artigo publicado na Electronic Technology & Software Engineering, é o primeiro passo para um futuro em que uma nave espacial envolve a sabotagem de satélites ativos em órbita.

A China tem vindo a aumentar o seu arsenal de armamento anti-satélites, alimentando o receio em Washington de um ataque a uma nave espacial norte-americana em órbita.

O Pentágono já está a liderar esforços para construir o seu próprio arsenal de armas anti-satélites, assim como a Rússia, que também começou a investigar as suas próprias armas espaciais.
Pentágono avisa que China está a reforçar o arsenal militar nuclear

Na quarta-feira, o Pentágono disse acreditar que a China está a acelerar o desenvolvimento do seu arsenal nuclear, tendo já capacidade para lançar mísseis balísticos armados com ogivas nucleares a partir de terra, mar e ar.

“A aceleração da expansão nuclear da China poderá permitir que o país tenha 700 ogivas nucleares até 2027”, revela o relatório anual do Departamento de Defesa dos Estados Unidos sobre as capacidades militares do país asiático.

“É provável que Pequim pretenda adquirir pelo menos 1.000 ogivas nucleares até 2030, o que é mais do que a taxa e o volume estimados em 2020”, pode ler-se no relatório hoje divulgado.

Na edição anterior deste relatório enviado anualmente ao Congresso — e que foi publicado em 1 de setembro de 2020 – o Pentágono estimava que a China teria cerca de 200 ogivas nucleares, mas dizia já acreditar que esse número duplicaria nos 10 anos seguintes.

Com 700 ogivas nucleares em 2027 e 1.000 em 2030, as projeções das autoridades norte-americanas mostram uma forte aceleração das atividades nucleares de Pequim.

“A China provavelmente já estabeleceu uma ‘tríade nuclear’, ou seja, a capacidade de lançar mísseis balísticos nucleares a partir de mar, terra e ar”, revela o documento hoje divulgado pelo Departamento de Estado.

Para chegar a estes números, os autores do relatório basearam-se em declarações de autoridades chinesas nos media oficiais e em imagens de satélite que mostram a construção de um número significativo de silos nucleares.

As projeções incluem mísseis balísticos submarinos e outros lançados por aviões bombardeiros, bem como a “força de mísseis móvel”, que permite o lançamento de mísseis a partir de camiões.

O relatório não sugere a hipótese de um conflito aberto com a China, mas encaixa-se numa narrativa emergente nos EUA sobre o reforço do Exército de Libertação do Povo, como a China chama aos seus serviços militares, com a intenção de desafiar os Estados Unidos em todos os domínios da guerra – ar, terra, mar, espaço e ciberespaço.

O documento alerta para a ameaça crescente do poderio militar chinês, apoiando a tese de necessidade de uma maior presença norte-americana no Indo-Pacífico, em que se insere o plano de Defesa em articulação com o Reino Unido e a Austrália para essa região.

O relatório fala mesmo na existência de uma rede de bases chinesas fora de fronteiras, que “poderá interferir” nas operações militares norte-americanas e apoiar operações da China contra os Estados Unidos.

Recentemente, o Presidente chinês, Xi Jinping, declarou publicamente que a China planeia tornar-se uma potência militar global até 2049.
China acusa EUA de “manipulação”

A China denunciou o que classificou de “manipulação” por parte dos Estados Unidos, após a publicação do relatório do Pentágono. Wang Wenbin, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, acusou os Estados Unidos de tentar “puxar” pela tese da ameaça chinesa.

“O relatório, divulgado pelo Pentágono, como os anteriores, ignora os factos e está cheio de preconceitos”, disse Wang aos jornalistas, criticando Washington por “manipulação”.

https://zap.aeiou.pt/arma-que-explode-satelites-inimigos-442669


Pentágono conclui que imagens mostraram crianças na área do ataque com drone que matou civis em Cabul !


O Departamento de Defesa dos Estados Unidos reconhece que havia imagens que provavam a presença de civis, mas considera que o ataque com drone de Agosto em Cabul não violou a lei internacional.

Segundo o Pentágono, o ataque com drone que matou 10 civis afegãos em Agosto, em Cabul, não violou a lei internacional e foi um “erro honesto”.

O ataque em questão surgiu depois da explosão nas imediações do aeroporto da capital afegã levada a cabo pelo ISIS-K — o braço do Estado Islâmico no Afeganistão —, onde na altura milhares de pessoas estavam a tentar fugir do país depois da saída das tropas da NATO e da reconquista do país por parte dos talibãs. Mais de 170 pessoas morreram.

Os EUA responderam com um ataque com drone contra uma carrinha onde alegaram estar terroristas que estavam a preparar um novo ataque contra o aeroporto. Os serviços de inteligência norte-americanos tinham a informação de que um membro do ISIS-K ia usar um Toyota Corolla branco para cometer um segundo atentado no aeroporto. O ataque com drone avançou quando a equipa detectou um veículo parecido nas imediações de um conhecido local de reunião dos terroristas e uma mala de transporte de computadores – o mesmo objecto usado pelo militante do ISIS-K no aeroporto.

“Como se viria a constatar, e podemos afirmar agora, tratava-se apenas uma mala de computador. Não começámos a perseguir o Toyota Corolla que devíamos ter perseguido”, afirmou o tenente-coronel Sami Said, que é também inspector-geral da Força Aérea norte-americana.

No entanto, os relatos da imprensa local e uma investigação do The New York Times concluíram que, na verdade, as 10 vítimas foram todas civis, incluindo sete crianças.

Depois da imprensa ter denunciado o caso, o Pentágono voltou atrás e confessou que os mortos não eram terroristas, mas sim civis, com o General Frank McKenzie a falar num “erro trágico“.  

Agora, a investigação do Departamento de Defesa dos EUA concluiu que as imagens de vídeo mostravam que pelo menos uma criança estava presente na área do ataque dois minutos antes deste ser lançado, segundo o tenente-coronel Sami Said, que é também inspector-geral da Força Aérea norte-americana.

O relatório apontou também vários erros de execução, uma interpretação irresponsável sobre os factos e falhas da comunicação que levaram ao ataque, isto depois da CNN ter avançado que a CIA terá alertado para a presença de civis na área antes do drone ter avançado.

“A avaliação dos indivíduos na área do alvo antes do ataque era errada”, lê-se num documento divulgado na quarta-feira.

Apesar destas falhas, Said reitera que o ataque “não foi uma acção criminosa, nem resultou de negligência” e que os “indivíduos envolvidos no ataque acreditaram na altura que estavam a neutralizar uma ameaça iminente”. “Não ficamos indiferentes à severidade do resultado e ao facto de termos matado 10 civis afegãos”, sublinhou.

Said também não recomendou sanções para os responsáveis, mas os comandantes, que receberam o relatório na totalidade na segunda-feira, têm a opção de decidir sobre qualquer acção disciplinar que queiram adoptar. O relatório na totalidade não foi divulgado publicamente.

“Apesar desta investigação ter tido a vantagem de ter tempo considerável para avaliar a informação disponível durante o ataque, aqueles que o executaram não a tiveram. O que é claro agora é que compreensivelmente menos óbvio no momento”, lembrou o inspector-geral da Força Aérea.

O relatório também deixa recomendações sobre o que fazer para prevenir erros no futuro em ataques de drone de “auto-defesa” semelhantes, em circunstâncias em que as provas recolhidas exigem uma decisão rápida, de forma a evitar-se interpretações precipitadas, aumentar-se a consciência situacional entre a equipa que coordena o drone e outras equipas e também revisões aos procedimentos usados para se verificar a presença de civis.

https://zap.aeiou.pt/pentagono-imagens-criancas-drone-cabul-442585


Bala disparada por Alec Baldwin pode ter sido “sabotagem” !

Alec Baldwin
Advogado que representa a responsável pela arma disparada pelo ator Alec Baldwin, e que levou à morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins, disse que o incidente pode ter sido um ato de “sabotagem” por parte de membros descontentes da equipa de filmagens de “Rust”.

Hannah Gutierrez-Reed era a responsável pelas armas usadas no estúdio do filme que estava a ser gravado no Novo México, onde Alec Baldwin disparou em direção à diretora de fotografia, após ser informado de que a arma era segura.

Esta quarta-feira, o advogado da responsável declarou ao programa “Today”, da NBC, que Gutierrez-Reed carregou a arma com munições de uma caixa de balas falsas ou inertes e que “não tem ideia” de onde veio a bala real que acabou por matar Halyna Hutchins.

“Presumimos que alguém colocou a bala real naquela caixa – e se pensar sobre isso, a pessoa que colocou a bala real na caixa de balas falsas tinha que ter como objetivo sabotar o estúdio”, disse Jason Bowles. “Não há outra razão para fazer isso”, sublinhou

Os promotores não apresentaram ainda nenhuma acusação criminal pela morte de Hutchins. O xerife de Santa Fé, Adan Mendoza, afirmou há alguns dias que parecia haver “alguma complacência no estúdio”.

Foram divulgados vários relatos de que alguns elementos da equipa de filmagens de “Rust” demitiram-se um dia antes da tragédia, em parte devido a preocupações com a segurança das armas de fogo e explosivos no estúdio. Tanto Baldwin quanto Gutierrez-Reed estão a cooperar com a investigação em curso.

Questionado sobre por que razão alguém sabotaria deliberadamente a produção camuflando balas reais com munições seguras, Bowles apontou para os trabalhadores “insatisfeitos” que partiram poucas horas antes do disparo.

“Temos pessoas que deixaram o estúdio, que saíram porque estavam infelizes”, respondeu Bowles, destacando as reclamações sobre as longas horas de trabalho e as instalações da equipa.

“Temos um período de tempo entre as 11h e 1h, aproximadamente, daquele dia em que as armas estiveram em alguns momentos sem supervisão. Então houve a oportunidade de manipular o cenário“, disse.

Questionado sobre por que razão Gutierrez-Reed deixou as armas sem supervisão, Bowles alegou que os produtores lhe tinham pedido para cumprir funções adicionais e que estava ocupada com outras tarefas no momneto do disparo fatal.

https://zap.aeiou.pt/bala-disparada-baldwin-sabotagem-442543


A covid-19 não acabou e o Natal pode ser duro, avisa especialista !


Jonathan Van-Tam, especialista em epidemiologia e vacinas britânico, alertou para o facto de o Natal ser uma altura complicada do ponto de vista pandémico e apelou à população para que tome a dose de reforço da vacina contra a covid-19.

A pandemia de covid-19 ainda não chegou ao fim e o Natal pode ser difícil, avisou esta quarta-feira o vice-diretor médico britânico, Jonathan Van-Tam, apelando aos cidadãos para terem cautela e tomarem a dose de reforço da vacina, no mesmo dia em que se registaram 293 mortes por covid-19 em Inglaterra — o número diário mais alto desde março.

O primeiro-ministro Boris Johnson declarou o levantamento das restrições em julho, afirmando confiar nas vacinas para controlar a pandemia durante o Inverno.

“Demasiadas pessoas acreditam que esta pandemia está agora terminada. Pessoalmente sinto que há alguns meses difíceis a chegar no Inverno e que ainda não acabou”, disse Jonathan Van-Tam à BBC TV, acrescentando que o comportamento dos cidadãos e a tomada de doses de reforço determinarão a gravidade.

“O Natal e, na verdade, todos os meses mais escuros de Inverno serão potencialmente problemáticos”, continuou o especialista em epidemiologia e vacinas.

Boris Johnson tem resistido aos apelos de alguns cientistas para ativar o “Plano B” das medidas de contenção, um plano de Outono e Inverno, traçado em conjunto com o Departamento de Saúde e Assistência Social e a Saúde Pública de Inglaterra.

“Não vemos nada nos dados que sugira que é necessária uma mudança para o Plano B”, disse o porta-voz do primeiro-ministro.

“Não somos de forma alguma complacentes, reconhecemos que os casos permanecem a um nível elevado e o cenário no NHS [serviço nacional de saúde britânico] é extremamente desafiante”, continuou.

Segundo a Reuters, Grupo Consultivo Científico para Emergências (SAGE, na sigla em inglês) considera que, se fossem tomadas medidas agora, poderia-se reduzir a necessidade de medidas mais duras mais tarde.

Jeremy Farrar, diretor da Wellcome, disse ter-se demitido da SAGE para se concentrar no seu trabalho na instituição de caridade para a saúde, mas acrescentou que a situação ainda é preocupante.

“A crise da covid-19 está muito longe de ter terminado”, considerou.

https://zap.aeiou.pt/covid-19-nao-acabou-natal-pode-ser-duro-442530


COP26 - Mais de 40 países comprometem-se com fim do uso do carvão !


Mais de 40 países comprometeram-se, esta quarta-feira, na cimeira do clima COP26, que está a decorrer em Glasgow, na Escócia, a eliminar gradualmente o uso do carvão como fonte de produção de energia.

De acordo com o jornal The Guardian, alguns dos principais países consumidores de carvão, como o Canadá, a Polónia, a Coreia do Sul, a Ucrânia, a Indonésia e Vietname, comprometeram-se a descontinuar o uso de carvão como fonte de produção de energia. As maiores economias mundiais traçaram o ano de 2030 como meta, enquanto os países menos desenvolvidos se ficaram por 2040.

Porém, alguns dos principais países dependentes do carvão, como os Estados Unidos, a China, a Índia e a Austrália, ficaram de fora deste acordo.

O acordo intermediado pelo Reino Unido para parar de financiar o uso do carvão inclui o compromisso não só de dezenas de países, mas também de mais de 100 instituições financeiras e outras organizações.

“O dia de hoje é um marco nos nossos esforços globais para enfrentar as alterações climáticas, com nações de todos os cantos do mundo unidas em Glasgow para declarar que o carvão não terá um papel na nossa futura produção de energia. Os compromissos ambiciosos de hoje feitos pelos nossos parceiros internacionais demonstram que o fim do carvão está próximo“, disse Kwasi Kwarteng, ministro da Energia britânico, citado pelo mesmo jornal.

Segundo o jornal Público, o responsável pela delegação da Grenpeace, Juan Pablo Osornio, considerou que este compromisso “ainda fica muito aquém das ambições para o fim do uso de combustíveis fósseis”.

“Apesar das manchetes otimistas, as letras pequenas [do acordo] dão aos países uma grande margem para decidirem o seu próprio ritmo no fim do uso do carvão”, disse ainda.

O carvão como fonte de produção de energia ainda representa mais de metade das emissões carbónicas provocadas pelo uso de combustíveis fósseis.

Neste terceiro dia da cimeira, escreve o semanário Expresso, saiu também o compromisso do setor privado, entre 450 empresas de 45 países, de investir 130 biliões de dólares, cerca de 112 biliões de euros, para descarbonizar a economia mundial.

https://zap.aeiou.pt/mais-40-paises-comprometem-fim-uso-carvao-442649


Reino Unido aprova primeiro comprimido contra a covid-19 - Chama-se Molnupiravir !


O Reino Unido tornou-se esta quinta-feira o primeiro país do mundo a emitir uma autorização de uso condicional de um comprimido antiviral contra a covid-19 desenvolvido pela empresa farmacêutica Merck, que estará disponível para os maiores de 18 anos.

Embora não se saiba com precisão quando é que o fármaco estará acessível ao público, o medicamento — designado molnupiravir — demonstrou eficácia assinalável nos estudos efetuados. Segundo os resultados preliminares anunciados pela companhia no mês passado e que carecem ainda de revisão por cientistas externos, a toma do medicamento reduziu para metade hospitalizações e óbitos entre doentes numa fase precoce dos sintomas de covid-19.

O molnupiravir destina-se a ser tomado duas vezes por dia durante cinco dias por pessoas que estejam em casa com covid-19 ligeira a moderada e que tenham pelo menos um fator de risco de poder desenvolver doença grave.

Por enquanto, a Merck não avançou detalhes sobre potenciais efeitos secundários, assegurando apenas que a sua ocorrência foi similar entre as pessoas que receberam o medicamento e as que receberam placebos. 

“Hoje é um dia histórico, pois o Reino Unido é o primeiro país do mundo a aprovar um antiviral que pode ser tomado em casa para a covid-19. Estamos a trabalhar em ritmo acelerado em todo o governo e com o NHS [Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido] para estabelecer planos para a distribuição de molnupiravir aos doentes através de um estudo nacional o mais rapidamente possível”, disse o secretário britânico da Saúde, Sajid Javid, em comunicado.

O fármaco aguarda ainda a avaliação dos reguladores de Estados Unidos – Food and Drug Administration (FDA) — e da União Europeia — Agência Europeia do Medicamento (EMA). No entanto, uma decisão sobre a sua eventual autorização em solo americano pode acontecer ainda no final deste mês, quando um painel de peritos independentes se reunir para examinar a segurança e eficácia do molnupiravir.

A companhia farmacêutica, que desenvolveu o tratamento em parceria com o laboratório Ridgeback Biotherapeutic, anunciou também que os fornecimentos iniciais serão limitados, uma vez que grande parte da capacidade de produção até ao final deste ano – estimada em 10 milhões de esquemas terapêuticos – já foi adquirida por diversos governos a nível mundial.

Inicialmente concebido como uma potencial terapia da gripe e com financiamento do governo americano, este medicamento foi reorientado em 2020 por investigadores da Universidade Emory, no estado da Geórgia, para um possível tratamento da covid-19, sendo então licenciado para desenvolvimento por Ridgeback Biotherapeutic e Merck.

A ação do molnupiravir visa uma enzima que o SARS-CoV-2 usa para se reproduzir, inserindo erros no seu código genético que retardam a capacidade de se espalhar e tomar conta de células humanas. Essa atividade genética levou peritos independentes a questionar se o fármaco poderia eventualmente causar mutações conducentes a defeitos de nascença ou tumores, mas a Merck frisou que o fármaco é seguro quando utilizado segundo as instruções.

A farmacêutica anunciou ainda na última semana a sua permissão para que outros fabricantes possam produzir o seu comprimido, numa tentativa de ajudar milhões de pessoas em países mais pobres e com pouco acesso às vacinas.

O Medicines Patent Pool, um grupo apoiado pelas Nações Unidas, revelou que a Merck não vai receber royalties por este acordo enquanto a covid-19 for considerada uma emergência global pela Organização Mundial da Saúde.

De acordo com os especialistas, um comprimido antiviral que reduz sintomas e acelera a recuperação pode revelar-se essencial no combate à pandemia, ao aliviar a sobrecarga dos hospitais e ajudar a travar surtos em países mais pobres e com sistemas de saúde frágeis.

https://zap.aeiou.pt/primeiro-comprimido-contra-covid-19-442628


Novo teste promete detetar sinais de Alzheimer em cinco minutos !


Investigadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, criaram um teste de rastreio para detetar sinais de demência precoce.

Após milhões de anos de evolução, o nosso cérebro herdou uma forte capacidade de reagir quando avistamos animais. Agora, cientistas ligados à Universidade de Cambridge, em Inglaterra, estão a usar esse instinto para detetar sinais de demência.

O Alzheimer é a forma mais comum de demência — que se caracteriza pela deterioração de funções cognitivas, como a memória e o aprendizado — e está por trás de 60 a 70% dos casos de demência que atingem 55 milhões de pessoas no planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 2050, de acordo com estimativas da OMS, este número deverá chegar a 139 milhões, escreve a BBC.

Criada por investigadores de Cambridge, a empresa Cognetivity Neurosciences desenvolveu um teste digital com duração de cinco minutos, baseado em inteligência artificial, que deteta sinais do declínio cognitivo a partir de imagens de animais mostradas num tablet.

Algumas fotos são menos óbvias do que outras e o objetivo do teste passa por confirmar se cada imagem corresponde a um animal, ou não. Depois, o aplicativo mostra uma pontuação, que pode ser um alerta do declínio cognitivo.

Os fundadores da Cognetivity, Sina Habibi e Seyed-Mahdi Khaligh-Razavi, contam no site da empresa que estavam a lidar com casos de demência na família quando começaram a procurar soluções para o seu diagnóstico porque os seus parentes “foram diagnosticados tarde demais para conter as consequências devastadoras da doença”.

Apesar de o teste não fazer um diagnóstico, tem a função de rastreio, o que significa que dá indícios de um possível problema, que deve então ser investigado por um especialista.

A Cognetivity obteve permissão da agência norte-americana, Food and Drug Administration (FDA), para comercializar o teste e também já obteve autorização do Reino Unido.

O valor de mercado da empresa pode chegar a 11,4 mil milhões de dólares até 2026.

Em entrevista à BBC News Brasil, Sina Habibi afirmou que a empresa está “ativamente à procura de parcerias” para entrar no mercado brasileiro.

Os investigadores defendem que o teste, chamado Integrated Cognitive Assessment (ICA), se diferencia de outros porque os testes de rastreio de demência são normalmente feitos com papel e caneta — é pedido aos pacientes que desenhem, deem nomes a objetos ilustrados e decifrem códigos de desenhos e números.

Além disso, tem potencial “global” por ser independente de idiomas, ultrapassando as barreiras linguísticas ou de diferentes níveis de educação, e por poder ser usado digitalmente por qualquer pessoa — não precisa de ser supervisionado por um médico.

“O ICA pode, certamente, ser usado para rastrear o comprometimento em pessoas que têm alguma preocupação sobre a sua cognição. Precisamos de incentivar o controlo de pessoas com fatores de risco (como casos na família), e o teste pode ser uma ferramenta valiosa para esse fim”, disse Habibi.

A equipa de investigadores envolvidos no projeto têm publicado, desde 2013, estudos sobre o método desenvolvido e os seus resultados em revistas científicas como a Scientific Reports e a BMC Neurology Journal.

No estudo mais recente, publicado em julho na Frontiers in Psychiatry, o método foi testado em 230 pessoas — 95 consideradas saudáveis e 135 que tinham Alzheimer ou declínio cognitivo suave.

Os resultados do ICA mostraram-se semelhantes aos de outros testes já comummente usados para verificar o declínio cognitivo, como a Avaliação Cognitiva de Montreal (MoCA, na sigla em inglês) e o Exame Cognitivo de Addenbrooke (ACE). Mas, de acordo com o artigo, a capacidade de detecção do ICA não depende do nível educacional.

Em 2019, um estudo publicado na Scientific Reports comparou o ICA com mais cinco testes cognitivos padrão e mostrou também a sua vantagem relativamente aos níveis de escolaridade.

“O teste ICA beneficia de milhões de anos de evolução humana — e da forte reação do cérebro humano aos estímulos de animais. Observadores humanos são muito bons em reconhecer se imagens rapidamente expostas, em flashes, contêm um animal”, diz um trecho do artigo científico.

Ainda que já esteja a ser comercializado em alguns países, o teste continua sob estudo. Atualmente, está a ser usado em centros de pesquisa do sistema público de saúde britânico, o National Health Service (NHS).

Para que o teste possa ser utilizado em locais com poucos recursos, Sina Habibi, da Cognetivity, afirmou que a empresa está a desenvolvee uma versão em formato de site, para pessoas e unidades de saúde que não tenham acesso a um tablet.

https://zap.aeiou.pt/teste-deteta-sinais-alzheimer-5-minutos-442307


Alemanha está a viver “pandemia de não vacinados” !


O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, alertou que “a pandemia está longe de acabar” e que a Alemanha enfrenta atualmente “uma pandemia de não vacinados”.

De acordo com o The Guardian, várias clínicas alemãs alertaram na semana passada para o aumento de internamentos devido à covid-19 e esta quarta-feira o país reportou 2200 doentes em cuidados intensivos, o número mais alto desde o início de junho.

Já nos últimos sete dias, a Alemanha registou 666 mortes por covid – um número superior ao mesmo período do ano passado, altura em ainda não tinha começado a campanha de vacinação.

Jens Spahn, ministro alemão da Saúde, e Lothar Wieler, presidente do Instituto Roberto Koch (RKI), a agência de controlo e prevenção de doenças do país, referiram que as baixas taxas de vacinação e a desobediência aos protocolos de saúde pública são os responsáveis pelo recente aumento de casos.

Lothar Wieler descreveu este aumento de infeções como “assustador” e advertiu que “a quarta vaga está a desenvolver-se exatamente da forma que temíamos porque poucas pessoas receberam a vacina”.

A taxa de população alemã totalmente vacinada contra a covid-19 situava-se em 66% no final de outubro, bastante abaixo de Portugal ou de outros países europeus como Espanha, Itália, França ou Reino Unido.

Os inquéritos entretanto realizados apontam como sendo improvável que os que não foram vacinados na Alemanha venham a mudar de ideias e várias personalidades no país têm feito saber que se recusam a tomar a vacina, como é o caso do jogador de futebol do Bayern de Munique Joshua Kimmich.

A Alemanha não tornou a vacinação obrigatória para profissionais de saúde que trabalham em lares de idosos e esta quarta-feira o ministro da saúde confirmou que não havia planos futuros neste sentido.

A Alemanha estuda agora uma terceira dose de reforço para pessoas que já tomaram as duas doses completas e, segundo Leif Erik Sander, médico do departamento de doenças infecciosas e medicina respiratória do Hospital Charité de Berlim, cerca de 30 milhões de pessoas estavam nestas condições – isto numa fase em que o país só está a vacinar a um ritmo de 150 mil por dia.

Nos últimos meses, a vida no país voltou, em grande parte, ao normal, devido ao alívio de restrições e à permissão para a realização de eventos de grande dimensão.

Isto foi possível através de regulamentações que exigem comprovação de vacinação ou de recuperação da doença, ou ainda a apresentação de testes com resultados negativos, em locais como discotecas, restaurantes, estádios e bares, escreve a Deutsche Welle.

No entanto, “se a situação nos hospitais se agravar […] poderá haver futuras restrições aos não vacinados”, afirmou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

https://zap.aeiou.pt/alemanha-pandemia-de-nao-vacinados-442501


“Vamos enterrar o inimigo com o nosso sangue”: Após um ano de guerra civil em Tigré, há receios de que a Etiópia se desintegre !


A recente escalada de tensões na guerra civil com o avanço dos tigrés na Etiópia tem causado receios de que a região do corno de África seja abalada. A ONU aponta crimes contra a humanidade cometidos por todos os lados.

Foi apenas há dois anos que Abiy Ahmed foi aplaudido como um defensor da paz por ter acabado com o conflito de décadas com a Eritreia, sendo até galardoado com o Nobel da Paz, mas o seu discurso mudou de tom no último ano. De achar que a “guerra é o epítome do inferno para todos os envolvidos”, o primeiro-ministro da Etiópia está a agora a disputar uma guerra civil na região de Tigré, no norte do país.

Milhares de militares e civis já perderam a vida desde o início do conflito há cerca de um ano e mais de 60 mil etíopes já procuraram asilo no vizinho Sudão, com as Nações Unidas a estimar que cerca de 350 mil tigrés estejam a passar fome, com cerca de 1.8 milhões de habitantes da região numa situação de emergência.

O conflito começou a 4 de Novembro de 2020, quando Ahmed ordenou uma ofensiva militar contra a Frente de Libertação do Povo Tigré (FLPT), como retaliação a um ataque numa base militar onde estavam tropas governamentais. 

No entanto, as raízes desta guerra civil já existem há décadas. Enquanto se expandia como império, a Etiópia acabou por ser um agregado de várias etnias e culturas diferentes, o que acabou por levar a tensões e conflito.

Até ao início da década de 90, a Frente da Libertação do Povo Eritreu (FLPE) era aliada dos tigrés na luta contra o governo militar etíope de Mengistu Haile Maria. Com a sua queda em 1991, a Eritreia conseguiu a independência, enquanto que a FLPT se tornou a força principal na coligação que dominou o país 2018.

Desde 1994 que a Etiópia está organizada num sistema federal, com diferentes grupos étnicos a controlar 10 regiões. A FLPT foi muito influente na criação deste sistema, o que levou a fim azedo da aliança com a Eritreia quando rebentou a guerra entre os dois países em 1998. Desde então que a Eritreia vê os tigrés como inimigos.

Os dois países odiavam-se e, apesar de terem chegado a um acordo em 2000, ficaram num estado de tensão armada durante quase 18 anos. A coligação que então governava a Etiópia deu autonomia às regiões do país, mas manteve um controlo apertado no governo central.

O descontentamento com esta situação levou a protestos e a que Abiy Ahmed, na altura do Partido Democrático Oromo, acabasse se tornar primeiro-ministro em 2018. Quando chegou ao poder, Ahmed prometeu fazer reformas políticas estruturais — e fê-las mesmo.

A principal mudança geopolítica veio com o fim oficial da guerra entre a Eritreia e a Etiópia e a conquista do Nobel da Paz. Agora aliado da Eritreia, Ahmed contava com o apoio dos antigos inimigos na luta contra os tigrés. O primeiro-ministro também dissolveu a coligação liderada pela FLPT em 2019 e afastou vários líderes tigrés acusados de corrupção do poder.

Ahmed criou um novo Partido da Prosperidade, mas a FLPT recusou integrá-lo. O novo partido de Ahmed venceu as eleições de Julho com uma larga maioria — que tinham sido adiadas devido à pandemia — conquistando 410 dos 436 lugares e um mandato de cinco anos. No entanto, a região de Tigré não votou e houve também acusações da oposição de que as eleições não foram limpas.

Berhanu Nega, do partido Cidadãos Etíopes pela Justiça Social, apresentou mais de 200 queixas, alegando que os observadores foram bloqueados por militares e responsáveis governamentais em várias regiões do país.

A guerra civil chegou a um ponto ainda mais tenso em Setembro de 2020, quando os tigrés desafiaram o governo central e decidiram organizar as suas próprias eleições regionais, algo que o executivo de Ahmed considerou ilegal. Ambos os lados acusam o outro de ser ilegítimo, com a FLPT a argumentar que o governo central não foi testado numa eleição nacional desde que Ahmed chegou ao poder em 2018, já que algumas regiões da Etiópia não votaram em Julho.

Os tigrés consideram também amizade de Ahmed com o Presidente da Eritreia, Isaias Afwerki, “sem princípios”. Afwerki enviou tropas para a região Tigré em apoio ao novo aliado.

Em Outubro de 2020, o governo central também suspendeu o financiamento e cortou as relações com a região, algo que a administração regional considerou uma “declaração de guerra”. A gota de água final para o início da guerra foi quando Ahmed acusou a FLPT de “cruzar uma linha vermelha” depois desta ter alegadamente atacado as bases militares do governo central para roubar armas.

“O governo federal é assim obrigado a entrar num confronto militar“, declarou o primeiro-ministro etíope. Desde o início do conflito militar a 4 de Novembro de 2020, mais de seis milhões de habitantes na região tigré tiveram de abandonar as suas casas. Segundo as estimativas de investigadores da Universidade de Ghent, já mais de 10 mil pessoas morreram e houve 230 massacres. O conflito também está a causar preocupação sobre a estabilidade da região do corno de África e sobre uma possível separação das regiões da Etiópia.

Crimes de guerra cometidos por ambos os lados, acusa ONU

Nas últimas semanas, as ameaças têm crescido ainda mais. Depois do conflito estar mais contido no norte do país, com um cerco das forças centrais aos tigrés, a guerra está agora a mover-se mais para sul do país. A FLPT tem conquistado diversas localidades estratégicas na região de Amhara e contam agora com o apoio do Exército de Libertação Oromo, uma facção rebelde da Frente de Libertação Oromo. Juntas, as forças têm ganhado terreno contra o governo central e querem chegar à capital, Adis Abeba.

Em resposta ao avanço, Abiy Ahmed declarou o estado de emergência na segunda-feira, argumentando que as forças tigrés representam “um perigo grave e iminente” para a existência da Etiópia. “Todos vão ser testados”, escreveu no Twitter, dizendo que a declaração foi feita para “encurtar o período de tribulação e dar tempo para se encontrar uma solução”.

O estado de emergência entra em vigor imediatamente e dura seis meses. O governo pode impor um recolher obrigatório, recrutar os cidadãos maiores de idade para o serviço militar, mobilizar tropas para as regiões do país, suspender as licenças dos meios de comunicação e romper os serviços de transporte e viagens.

O executivo poderá também deter por tempo indeterminado e sem ordem judicial qualquer pessoa suspeita de ter ligações com grupos terroristas. A FLPT é considerada um grupo terrorista pelo governo de Ahmed. As administrações locais podem ser dissolvidas e é proibida qualquer manifestação de oposição à declaração.

Num discurso perante as forças militares, Abiy Ahmed também deixou mais ameaças. “A cova que está a ser cavada vai ser muito funda, vai ser onde o inimigo será enterrado, não onde a Etiópia se vai desintegrar. Vamos enterrar este inimigo com o nosso sangue e ossos e elevar novamente alta a glória da Etiópia”, atirou.

Entretanto, um relatório das Nações Unidas fez um retrato da “brutalidade extrema” do conflito no país africano. A Alta Comissária para os Direitos Humanos fala em “crimes contra a humanidade” cometidos por ambos os lados.

“A gravidade das violações e dos abusos que identificamos ressaltam a necessidade de responsabilização dos responsáveis, independentemente do lado em que se encontrem”, disse Michelle Bachelet, em Genebra, na apresentação do relatório elaborado em conjunto com a Comissão dos Direitos Humanos da Etiópia, criada pelo governo etíope. “Existem razões para acreditar que todas as partes em conflito na região do Tigré cometeram, em vários níveis de gravidade, violações contra o direito internacional, direito humanitário e direito internacional dos refugiados, o que pode constituir crimes de guerra ou crimes contra a humanidade”, indica o documento.

Já Daniel Bekele, comissário da Comissão Etíope dos Direitos Humanos, acredita que o relatório “é uma oportunidade para todas as partes reconhecerem responsabilidades, para se empenharem em medidas concretas sobre responsabilidades, na reparação (dos crimes) junto das vítimas, e de encontrarem uma solução duradoura para porem um fim ao sofrimento de milhões de pessoas”.

O documento refere-se ao período entre o dia 3 de Novembro de 2020 – quando o primeiro-ministro e Prémio Nobel da Paz, Abiy Ahmed, desencadeou a ofensiva contra as autoridades dissidentes da região montanhosa do Tigré – e o passado dia 28 de Junho, data do cessar-fogo unilateral assumido por Adis Abeba.

O relatório tem como base 296 entrevistas confidenciais e reuniões com as autoridades locais e federais da Etiópia, organizações não-governamentais e equipas médicas.

Mesmo assim, a equipa que elaborou o documento conjunto encontrou vários obstáculos para efectuar as visitas a certos pontos do Tigray, sublinha a Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

A investigação também levantou dúvidas em relação à imparcialidade dos relatos porque um dos investigadores do Alto Comissariado foi expulso pelas autoridades juntamente com outros seis funcionários da ONU.

Antes da publicação do documento, o TPLF criticou os investigadores que acusou de estarem a aplicar uma “metodologia pouco eficiente e que mancha a reputação” do Alto Comissariado.

Por contrário, o Governo de Adis Abeba encarou a colaboração como uma “demonstração de seriedade” com que abordou as questões respeitantes aos direitos humanos.

O relatório denuncia, apoiado em depoimentos, “ataques indiscriminados” contra civis, execuções extrajudiciais, atos de tortura, sequestros e detenções arbitrárias, bem como violência sexual e saques.

Os investigadores encontraram sobreviventes, incluindo casos de violência sexual contra homens e relatam o caso de um jovem de 16 anos, violado por soldados eritreus, e que acabou por se suicidar.

A tortura é frequente sendo que as “vítimas são espancadas com cabos elétricos e barras de ferro e mantidas presas de forma incomunicável, ameaçadas com armas de fogo e privadas de comida ou água”.

O relatório refere-se igualmente a massacres de centenas de civis realçando que “todas as partes” envolvidas no conflito atacaram civis, e tiveram como alvos as escolas, hospitais e locais de culto religioso.

O documento frisa também o papel das tropas da Eritreia que apoiaram as forças do Governo e que forçaram os refugiados a regressarem à Etiópia.

Os autores do inquérito elaboraram uma série de recomendações em que, nomeadamente, pedem ao Governo a responsabilização dos autores dos crimes que foram cometidos.

António Guterres também já anunciou no Twitter que falou na quarta-feira com Ahmed para “oferecer os bons ofícios para criar as condições para o diálogo e para que a luta acabe”.

Os EUA também já tinham acusado o executivo etíope em Agosto de estar a agravar a crise humanitária ao bloquear o acesso a Tigré, algo que o governo de Adis Abeba negou fazer propositadamente.

https://zap.aeiou.pt/ano-guerra-civil-tigre-etiopia-se-desintegre-442503


quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Biden volta ao modo Obama no Irão com armas nucleares !

Os Estados Unidos retiraram as exigências para que o Irã interrompa o desenvolvimento de mísseis balísticos e a agressão de desestabilização regional da tentativa de renegociar um acordo nuclear com o Irã. Isso foi indicado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, na cúpula do G20 que ocorreu na semana passada em Roma. Ele meramente "prometeu" que "se os EUA retornarem ao acordo nuclear com o Irã, eles só sairão posteriormente se Teerã claramente quebrar os termos do acordo". Essas demandas foram essenciais para o apoio de Israel ao caminho diplomático que Biden defendeu para resolver a questão de um Irã com armas nucleares. No entanto, os signatários europeus do acordo nuclear original de 2015 (JCPOA) saudaram esta promessa como a chave para desbloquear o impasse diplomático alcançado na via de Viena. A chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Emmanuel Macron e o britânico Boris Johnson declararam: "Saudamos o compromisso claramente demonstrado do presidente Biden de retornar os EUA ao cumprimento total do JCPOA e de permanecer em conformidade total, desde que o Irã faça o mesmo." Não é de admirar que Teerã tenha se acomodado de repente e concordado em retomar as negociações no próximo mês. Visto de Israel, o governo Biden recuou de sua aceitação anterior da necessidade de conter a beligerância regional e os mísseis balísticos do Irã, junto com a busca por uma capacidade de arma nuclear:


O Irã já cometeu várias violações dos termos do acordo de 2015, privando-o de conteúdo por avanços em seu objetivo nuclear. O que Biden, Johnson, Merkel e Macron propõem fazer para atrasar o relógio nuclear do Irã e também o seu próprio?
Quanto valerá a promessa de Biden se sua presidência terminar em 2024? Não será vinculativo para seus sucessores, uma vez que o Senado nunca endossou o JCPOA e, na verdade, ele nunca foi formalmente assinado por Barack Obama e restou apenas sua promessa pessoal que Biden agora se oferece para renovar.
Ao voltar à posição de Obama, Biden também está pronto para dar rédea solta ao Irã em seu programa de mísseis balísticos e guerra regional usando organizações terroristas como o Hezbollah libanês, as milícias xiitas iraquianas e os rebeldes hutis do Iêmen.

Essas omissões da agenda de Washington para o Irã preocupam Israel não menos do que a questão nuclear.

Teerã, por sua vez, não deixou de aproveitar o momento como uma chance de voltar ao ponto de partida. O ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, disse sucintamente: “Não há necessidade de negociação e a solução mais simples é Biden emitir uma ordem executiva dizendo que estava voltando ao acordo nuclear e suspendendo as sanções”. Em outras palavras, eliminando a política de "pressão máxima" de Donald Trump e voltando ao modo conciliador de Barack Obama.

No entanto, ao presumir que Biden havia abandonado totalmente todas as opções militares, Teerã pode ter se precipitado - especialmente no que diz respeito à vida ou aos interesses dos americanos,
Em 30 de outubro, o presidente dos Estados Unidos também disse: “Com relação à questão de como vamos responder às ações tomadas por eles contra os interesses dos Estados Unidos - sejam ataques de drones ou qualquer outra coisa - somos nós vamos responder, e vamos continuar a responder. ”
Ele estava se referindo ao ataque combinado pró-iraniano de drone-artilharia armada de 20 de outubro contra a guarnição dos EUA em al-Tanf, no sul da Síria, nas fronteiras do Iraque e da Jordânia. Washington não respondeu até então. O atraso pode ter ocorrido devido à longa ausência do presidente de Washington na cúpula do G20 e na conferência do clima em Glasgow. No entanto, a impressão que se ficou em Teerã foi a de um presidente americano que vacilava em recorrer à ação militar diante da agressão. 

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A blackface moderna ? Entre Ariana Grande ou o clã Kardashian, várias celebridades foram acusadas de blackfishing !


A popularidade da cultura negra está a originar um fenómeno em que celebridades e influenciadores brancos estão a ser acusados de querem parecer etnicamente ambíguos — e de capitalizar com isso.

Já não é um fenómeno novo, mas tem ganhado mais tracção nos últimos tempos. Primeiro surgiu a blackface — o acto de pintar o rosto e propagar estereótipos racistas sobre negros — que era comum nos espectáculos teatrais conhecidos como minstrel shows nos Estados Unidos, onde as personagens negras eram retratadas como violentas, preguiçosas ou burras. Agora, há uma outra tendência que tem crescido nas redes sociais e entre as celebridades, o blackfishing, que muitos activistas consideram ser a versão moderna da blackface.

Com o crescimento da popularidade de redes sociais como o Instagram, a mudança nos padrões de beleza também se fez sentir. Se antes mulheres brancas, loiras e de olhos azuis eram vistas como o pináculo da beleza, aos poucos a tendência foi mudando para um aspecto mais exótico e ambíguo a nível racial, com o cabelo escuro, a pele bronzeada, os lábios carnudos e o corpo com curvas.

Muitas destas características são comuns nas mulheres negras ou latinas — e muitas mulheres brancas estão a tentar saltar na moda. No geral, é disso que se trata o blackfishing; pessoas brancas que tentam imitar a aparência (e não só) dos negros. O termo é uma amálgama de black, que significa negro, e catfish, uma palavra que se refere a quando alguém finge ser alguém que não é e que ganhou popularidade graças ao documentário e programa televisivo da MTV que acompanha pessoas que usam identidades falsas em perfis de namoro ou nas redes sociais. Black + catfish = Blackfish, ou seja, alguém que não é negro e finge que o é.

Foi em Novembro de 2018 que a jornalista Wanna Thompson, que cunhou o termo, alertou para a tendência no Twitter. “Podemos começar uma thread e publicar todas as raparigas brancas que estão a fingir que são mulheres negras no Instagram? Vamos mostrá-las porque isto é preocupante“, escreveu.

Mas, afinal, qual é o problema? O que torna esta tendência perigosa, segundo muitos activistas, é a apropriação dos traços e da cultura negra, que são apenas vistos como desejáveis quando alguém que não é negro as populariza.

“Os traços negros são vistos como comercializáveis e desejáveis na sociedade apenas quando são representados por pessoas que não são negras. Por exemplo, quando uma pessoa não-negra decide usar tranças afro, isso é visto como moda e exótico, mas quando uma pessoa negra usa esses estilos é vista como despenteada ou pouco profissional”, começa a escritora Petiri Ira na An Injustice.

A autora continua, explicando que quem faz blackfishing tem assim direito a uma enorme plataforma devido à atenção mediática que recebem. “A atenção é boa mesmo se for negativa, continua a dar-lhes atenção e popularidade”, considera.

Petiri Ira chega mesmo a comparar o fenómeno com uma forma de blackface moderna, já que depois da performance, os blackfishers podem voltar à sua posição privilegiada enquanto pessoas brancas.

“Depois podem remover esta estética negra e ser brancos enquanto andam pelo mundo. Enquanto que nós, pessoas negras, somos negras 24/7 e temos de trabalhar duas vezes mais pelas oportunidades dadas a quem faz blackfishing. As mulheres negras não podem simplesmente remover os seus traços e trocá-los para serem aceites pela sociedade. Por isso, é justo as marcas promoverem influenciadoras brancas que tentam parecer negras, biraciais ou ambíguas quando as mulheres negras não têm essas mesmas oportunidades?”, questiona.

A escritora remata que o blackfishing não deve ser normalizado porque é outra forma de pessoas não negras “apropriarem e lucrarem” com uma etnia que não é deles. O blackfishing tem também lembrado o caso de Rachel Dolezal, uma mulher que durante anos fingiu ser negra e chegou a ser uma voz no activismo dos direitos dos negros, até se descobrir em 2015 que era branca.
“O blackfishing é uma forma de amor racista”

Já Wanna Thompson revela à CNN que a tendência mostra um desejo de “possuir” a cultura negra. “Em vez de valorizar a cultura como espectador, há a necessidade de possuí-la, de participar dela sem querer a experiência plena da negritude e da discriminação sistémica que vem com ela”, explicou.

As respostas ao primeiro tweet de Thompson inundaram-se com fotos de influenciadoras como a sueca Emma Halberg, que diz que a mudança na sua aparência se deve a um bronzeado natural, ou Jaiah Fern, que ganhou popularidade pela sua parecença com a rapper Nicki Minaj. Ambas as mulheres são brancas.

Leslie Bow, professora da Universidade do Wisconsin, descreve o blackfishing como uma “máscara racial que opera como uma forma de fetichismo racial” e fala numa dinâmica de poder na sociedade americana que implica que aspectos das culturas marginalizadas tenham de ser validados por quem tem um estatuto mais acima para poderem ser valiosos. “Na realidade, blackfishing reduz o estilo a uma mercadoria. Tem o efeito de reduzir um povo com uma história específica a uma série de objectos. O blackfishing é uma forma de amor racista“, explica à CNN.

Mas este não é só um problema com influenciadoras digitais — já várias celebridades mainstream e de maior dimensão foram acusadas do mesmo.
 
A influência das Kardashian

Talvez o caso mais conhecido é o da família Kardashian, tendo já várias das irmãs sido acusadas de blackfishing e de serem as principais promotoras da tendência. Kim foi o primeiro alvo das críticas, quando em 2017, numa altura onde o termo blackfishing ainda nem tinha sido inventado, protagonizou uma capa de revista inspirada em Jaqueline Kennedy Onassis onde aparecia mais escura do que o costume. Pouco tempo depois, a campanha publicitária para a sua marca de maquilhagem também suscitou críticas semelhantes, com a socialite a ser acusada de estar a fazer blackface.

“Eu obviamente nunca quis ofender ninguém. Recorri a um fotógrafo incrível e tinha uma equipa de pessoas. Estava muito bronzeada quando tiramos as fotos e pode ter acontecido que o contraste estava fraco”, defendeu a empreendedora.

A sua famosa capa da revista Paper com Kim em 2014, onde a socialite aparece a equilibrar um copo de champanhe no rabo também causou controvérsia devido às semelhanças com as imagens de Saartjie Baartman, uma mulher sul-africana que no início do século XIX era transportada por toda a Europa devido às proporções do seu corpo, sendo exibida e obrigada a dançar para as cortes europeias.

“Nesta comparação problemática residem todas as raízes preocupantes com a obsessão com a estética das Kardashian. Baartman foi desfilada semi-nua, com o seu rabo exibido como um objecto intrigante para as audiências europeias que podiam, por um preço, tocar no seu corpo — um símbolo da exploração e degradação que as mulheres negras e os seus corpos sofreram durante séculos. Por contraste, Kim tem explicitamente beneficiado da sua figura muito falada, chegando a uma audiência que não a vê como uma mulher branca comum, mas antes uma exótica e interessante”, escreve a Time.

Para além de Kim, várias outras irmãs Kardashian têm sido alvo de críticas por representarem quase uma paródia das mulheres negras, seja através do recurso a cirurgias plásticas para terem os lábios mais carnudos ou um corpo mais curvilíneo — especialmente o rabo —, o uso de tranças e penteados típicos das comunidades afro-americanas ou as acusações de copiarem criações de estilistas negras.

Khloé Kardashian, por exemplo, foi acusada de roubar ideias da estilista Destiney Bleu para a sua marca de ganga Good American sem a creditar ou pagar, depois de Bleu ter revelado que já tinha estado em contacto com a equipa da socialite desde 2016. O caso acabou por ir a tribunal.

A mais nova do clã, Kylie Jenner, também já teve as suas polémicas com a comunidade negra. Em 2015, a jovem foi criticada por usar tranças no cabelo conhecidas como cornrows, que os negros usam para manter o cabelo limpo e penteado.

Kylie também já foi acusada de copiar a marca indie Plugged NYC na sua linha de roupa com padrão de camouflagem e foi inclusivamente processada devido à ao lançamento de t-shirts, em parceria com a irmã Kendall, que usavam imagens de várias bandas e músicos, incluindo os rappers como Biggie e Tupac, sem terem autorização.

A cantora Ariana Grande também já foi acusada de apropriar a cultura negra com a canção 7 rings, que tem uma sonoridade inspirada pelo trap e pelo hip-hop e uma letra com referências e temas popularizados na música afro-americana. O estilo de roupa mais atlético, o tom de pele escuro e o chamado blaccent — sotaque típico das comunidades negras — e uso de expressões típicas do AAVE (Inglês vernáculo afro-americano) da cantora numa entrevista à Billboard também se empilharam nas críticas.

O uso de um blaccent por parte da rapper australiana Iggy Azalea também tem sido criticado desde o início da sua carreira. Recentemente, o seu tom de pele escuro no vídeo para a música I Am The Strip Club causou um frenesim nas redes sociais.

No seu vídeo dedicado ao tema, a fundadora da plataforma para mulheres negras For Harriet mostra-se “mais preocupada com a questão da apropriação cultural” quando considera “quem está a lucrar com isto, há exploração, há citação, estão a tirar o lugar a alguém” e mostra-se preocupada com a tendência de “separação” dos negros dos produtos culturais das comunidades afro-americanas. 
O cantor Bruno Mars também se defendeu de acusações de que se aproveita da sua ambiguidade racial enquanto descendente de um pai meio judeu e meio porto-riquenho e uma mãe filipina para apropriar a cultura negra na sua música. “Não podem encontrar uma entrevista onde eu não fale dos entertainers que viveram antes de mim. A única razão pela qual estou aqui é por causa do James Brown, do Prince, do Michael Jackson”, respondeu o artista.

Nas últimas semanas, a cantora Jesy Nelson também tem trazido o tema do blackfishing de volta às notícias. Já enquanto membro da girl band Little Mix, a cantora já tinha suscitado críticas devido ao seu bronze escuro, mas a polémica explodiu depois do lançamento da sua primeira canção a solo com a rapper Nicki Minaj.

No vídeo para Boyz, Jesy Nelson aparece com um tom de pele escuro e cabelo encaracolado e inspira-se na cultura afro-americana do hip-hop, chegando a usar grills. As referências a “bad boys” também suscitaram críticas por perpetuarem o estereótipo de que os homens negros são perigosos.

“A minha intenção nunca foi ofender as pessoas de cor. Esta foi a música com que cresci e sempre achei que os vídeos eram os melhores. Para mim, o hip hop e o R&B dos anos 90 e 2000 são os melhores géneros musicais. Eu só queria celebrar a música que eu adoro. Eu adoro a cultura negra, adoro a música negra. Mas tenho a noção de que sou uma mulher branca britânica, nunca disse o contrário”, afirmou a cantora, em resposta às críticas.

A controvérsia também causou uma divisão entre Nelson e as suas ex-colegas de banda. Leigh-Anne Pinnock, membro das Little Mix que até já fez um documentário sobre a sua experiência enquanto mulher negra na indústria da música, já afirmou que o blackfishing é “prejudicial” para a comunidade. “Não queremos falar sobre o vídeo ou deixar críticas, mas uma coisa que vamos clarificar sobre a situação é que a Jesy foi abordada pelo grupo de uma forma muito amigável e educacional”, respondeu o grupo sobre a polémica, citado pela Sky News.

https://zap.aeiou.pt/blackface-moderna-blackfishing-442051


Elon Musk voltou a confundir o Twitter – Desta vez, em chinês !

Elon Musk, o bilionário visionário fundador do PayPal, Tesla e SpaceX
O bilionário sul-africano Elon Musk é conhecido por “incendiar” a Internet com os seus tweets. Desta vez, fê-lo noutra língua.

O homem mais rico do mundo, que é também bastante polémico no Twitter, quer agora alguma paz – pelo menos, segundo o poema chinês que publicou, recentemente, nesta rede social.

Na segunda-feira, Elon Musk escreveu “A Humanidade”, seguido do poema chinês The Quatrain of Seven Steps, um poema clássico muito conhecido, utilizado para descrever lutas entre pessoas próximas. 

Feijões em lume brando numa chama de pé de feijão
De dentro do pote expressaram a sua ira:
“Vivos nós brotamos numa única raiz…
Qual é a pressa para nos cozinhar na fogueira?”

De acordo com a Vice, os versos foram atribuídos a Cao Zhi, filho do famoso senhor da guerra Cao Cao Cao, que viveu entre 192 e 232 durante o período dos Três Reinos.

Apesar de ser contestado, o conto popular diz que após a morte de Cao Cao Cao, o seu filho mais velho Cao Pi lhe sucedeu para se tornar imperador.

Cao Pi tinha ciúmes do talento literário do seu irmão mais novo, Cao Zhi, e queria encontrar uma desculpa para o matar. Certo dia, Cao Pi ordenou a Cao Zhi que fizesse um poema sobre a sua relação fraterna em sete passos, e prometeu que o irmão mais novo seria executado se falhasse.

Zhi escreveu os versos, numa alusão à cruel tentativa de Pi de assassinar o seu próprio irmão. Envergonhado, Cao Pi acabou por deixar Cao Zhi viver.

Na China, o poema é ensinado a estudantes do ensino primário e é frequentemente citado por pessoas para descrever rivalidades desnecessárias.

Após a publicação de Musk, a Internet ficou num alvoroço para saber o motivo que levou o bilionário a fazer este post.

A Vice escreve que o CEO da Tesla pode estar a referir-se a uma discussão recente com o diretor do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas.

Após David Beasley ter afirmado que 2% da fortuna de Musk (cinco mil milhões de euros) resolveria o problema da fome no mundo, o dono da Tesla escreveu no Twitter que está disposto a doar essa verba se o PAM provar que isso é verdade.

O poema publicado pelo empresário podia também ser uma alusão à rivalidade entre a Dogecoin e a Shiba Inu, duas criptomoedas que, como o poema dizia, “brotaram numa única raiz”.

Musk é apoiante da Dogecoin, mas a Shiba Inu, lançada em 2013, acabou de a ultrapassar em valor de mercado.

https://zap.aeiou.pt/elon-musk-confundir-twitter-em-chines-442157


A outra face da tragédia - Turismo vulcânico invade La Palma !

Pessoas a ver a erupção do Vulcão Cumbre Vieja, em La Palma
A maior tragédia vulcânica dos últimos 100 anos na Europa tem atraído vários turistas curiosos a La Palma.

O debate interno angustia muitos turistas: se, por um lado, querem desfrutar e ver de perto um fenómeno natural extraordinário, também compreendem que algumas pessoas que perderam as suas casas na sequência da catástrofe podem achar a atitude fútil.

No entanto, segundo o El País, as próprias instituições da ilha não só aproveitam o fluxo de turistas, como também encorajam o turismo vulcânico.

“Estamos gratos por tantos turistas estarem a chegar a La Palma. Pedimos apoio – e isto é apoio – para resolver alguns dos problemas que temos na ilha. Isto confirma o que temos vindo a dizer todos os dias, que a ilha é segura“, disse Miguel Ángel Morcuende, diretor técnico do Plano de Emergência Vulcânica das Ilhas Canárias, numa conferência de imprensa, no passado sábado, afirmando que o número de turistas já ascendeu a 10.000.
A igreja de Tajuya, em El Paso, é um dos pontos turísticos mais famosos por esta altura, por ser o ponto a partir do qual o vulcão pode ser melhor observado. No último fim de semana, que foi seguido por um feriado, vários turistas dirigiram-se a este local para ver a erupção.

“Estamos aqui há uma hora”, disse ao diário espanhol Juan Antonio Herrera, que vive em Tenerife.

“Os autocarros demoram meia hora a chegar ao outro lado. Há muito tempo que pensamos em vir, mas estávamos um pouco relutantes porque as pessoas estão a passar um mau bocado. Mas quando se vê que o resto da ilha está a convidar as pessoas a virem ver o vulcão, decidimos vir. É também uma forma de apoiar“, justificou.

Carmen Justiniana, uma boliviana de 50 anos, residente de Los Llanos de Aridane, discorda desta abordagem, depois de a lava ter engolido as quintas do seu irmão e as residências de vários amigos.

“Podem chamar-lhe espetáculo, mas para nós não é. Quanto dinheiro é que todas estas pessoas gastam e onde? Eu venho de Los Llanos e o centro está vazio, não se vê ninguém”, disse, em declarações ao El País.

“As pessoas que perderam as suas casas estão a tentar alugar“, mas os preços dispararam e agora é “mais difícil para elas”.

Um olhar sobre as plataformas de reserva de hotéis, como o Booking, confirma que o alojamento na ilha é quase inexistente.

Segundo Alejandro Herrera, um trabalhador do hotel Valle de Aridane, os hotéis que podem abrir na área mais próxima do vulcão estão cheios: “85% dos nossos quartos são para pessoas evacuadas pelo vulcão, os outros 15% são preenchidos por turistas que vêm para ver a erupção”.

No passado fim de semana, a curiosidade dos turistas também obrigou os bombeiros e outros serviços de emergência a levar a cabo uma operação para tentar impedir que o fluxo de pessoas interrompesse as rotas de evacuação. O objetivo era evitar que o turismo atrapalhasse os resgates.

Os visitantes, ávidos por chegarem o mais perto possível da lava, podem também ser um perigo e aumentar o movimento nos hospitais, sobretudo por problemas respiratórios decorrentes da inalação de cinzas e gases.

https://zap.aeiou.pt/a-outra-face-da-tragedia-turismo-vulcanico-442401




Republicanos ganham na Virgínia e disputam Nova Jérsia num revés para Biden !

Glenn Youngkin
Os republicanos ganharam o governo do estado norte-americano da Virgínia e estão a disputar Nova Jérsia, num revés para o Presidente dos Estados Unidos, na primeira eleição depois de ter chegado à Casa Branca.

Após a meia-noite de terça-feira, as principais estações de televisão de todo o país declararam o republicano Glenn Youngkin, um empresário sem experiência política, vencedor na Virgínia contra o democrata Terry McAuliffe, que governou o estado de 2014 a 2018.

As eleições na Virgínia e em Nova Jérsia são consideradas um referendo sobre os primeiros meses do mandato de Joe Biden e são também um primeiro indicador relativamente às eleições parlamentares de 2022, nas quais os democratas receiam perder a maioria no Congresso.

Num comício de campanha em Chantilly, Youngkin subiu ao palco enquanto a multidão gritava: “Glenn, Glenn, Glenn!”.

Ao ritmo da canção “Spirit in the Sky”, Youngkin dançou e aplaudiu para celebrar a primeira vitória republicana pera governar a Virgínia desde 2009. “Isto já não é uma campanha, isto é um movimento”, gritou o empresário, de 54 anos.

Os republicanos do Congresso reclamaram imediatamente a vitória de Youngkin e afirmaram tratar-se de um sinal da “onda vermelha” [a cor do Partido Republicano] com a qual querem recuperar a maioria no Congresso, no próximo ano, e na Casa Branca, em 2024.

Numa declaração, o ex-Presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) proclamou: “o meu movimento é maior e mais forte do que nunca”.

No entanto, Youngkin tentou manter alguma distância do ex-Presidente, num complicado ato de equilíbrio para mobilizar os apoiantes de Trump, mas sem afugentar os eleitores republicanos tradicionais que estão concentrados nos subúrbios.

Para apelar aos dois grupos de eleitores, Youngkin apresentou-se como um pai preocupado com a educação dos filhos, criticou o encerramento de escolas devido à covid-19 e comprometeu-se a banir das escolas a teoria racial crítica, uma doutrina académica que vê o passado escravo no país como a fonte do racismo ainda existente.

McAuliffe, uma figura centrista que está no Partido Democrata há décadas, ainda não admitiu a derrota. “Ainda temos muitos votos para contar. Vamos continuar a contar os votos porque cada eleitor merece que a sua voz seja ouvida”, disse, rodeado pela família.

Com 95% dos votos contados a nível estatal, Youngkin ganhou 51% (mais de 1.655.000 votos), enquanto McAuliffe obteve 48,3% (1.570.000), de acordo com o jornal The New York Times.

Entretanto, em Nova Jérsia ainda não há um vencedor claro. Com 87% dos votos contados, o candidato democrata Phil Murphy tem 49,5% atrás do adversário republicano, Jack Ciattarelli, com 49,6%.

Murphy foi eleito pela primeira vez em Nova Jérsia, em 2017, por uma margem de 14 pontos. Também neste estado, Biden derrotou Trump por 16 pontos há um ano. Todas as sondagens previram uma vitória confortável do democrata.

Os resultados provisórios apontam, nestes dois estados, para uma mobilização significativa da base republicana, em paralelo com a frustração dos democratas.

https://zap.aeiou.pt/republicanos-ganham-na-virginia-reves-biden-442251


“Vamos ser esquecidos outra vez”: Desde activistas a países insulares, muitas vozes de peso não estão a ser ouvidas na Cop26 !


A Cop26 está a reunir mais de 120 representantes de países em Glasgow, na Escócia, mas muitos dos países mais afectados pelas alterações climáticas não estão a ser devidamente ouvidos na cimeira.

O Presidente da Cop26 garantiu que esta vai ser a “Cop mais inclusiva de sempre“, mas apesar desta ser a maior conferência relacionada com o clima desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, há muitos nomes de peso que não estão em Glasgow.

Entre os 25 mil delegados de muitos países que estão na Escócia, vários políticos e activistas importantes ficaram de fora, seja por causa da pandemia, dos custos da viagem e estadia ou outros problemas logísticos.

As regiões MAPA — Áreas e Pessoas Mais Afectadas — são das que menos contribuem para as alterações climáticas e das que mais vão ser afectadas, mas estão pouco representadas tendo em conta o impacto da crise climática que vão sofrer.

Segundo a Island Innovation, um terço dos países insulares do Pacífico anunciaram que não tinham possibilidades para enviar delegações pela primeira vez na história da Cop.

Conhecidos como Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS), apenas as Fiji, Papua Nova Guiné, Palau e Tuvalu enviaram os seus líderes para Glasgow. Os restantes países tem uma representação bastante mais limitada ou até nenhuma, principalmente devido à pandemia. Por contraste, só os Estados Unidos enviaram uma delegação de mil pessoas.

“É vital considerar os desafios climáticos únicos que os SIDS enfrentam, que experienciam uma vulnerabilidade extrema a desastres ambientais e ao aumento do nível dos mares. É por isto que a influência de organizações como a Aliança de Pequenos Estados Insulares (AOSIS) é tão crucial na ajuda para o reconhecimento das necessidades únicas do SIDS. Já que 20% dos membros da ONU integram a AOSIS, há muitas discussões ao mais alto nível relacionadas com o efeito das alterações climáticas nestas ilhas. Membros da AOSIS têm uma voz forte enquanto bloco e vão colaborar juntos para garantir que os seus interesses são protegidos”, escreve a Island Innovation.

A própria existência destes pequenos países está ameaçada em alguns casos, como nas Ilhas Marshall. Um relatório do Banco Mundial concluiu que este país será um dos primeiros no mundo cuja existência estará em risco devido à subida do nível das águas do mar. O estudo visualizou como o aumento entre 0,5 e dois metros que está previsto pode levar a que as ilhas tenham de enfrentar um difícil processo para protegerem serviços como escolas e hospitais e de deslocação de várias comunidades.

A investigação aponta infraestruturas específicas que podem ficar submersas nos próximos 100 anos, mas realça que o impacto será dependente da proximidade do mundo às metas definidas no Acordo de Paris. “Acho que não pode ser aceitável para qualquer pessoa neste mundo a eliminação de um país“, revelou Tina Stege, representante do pequeno país insula com 60 mil habitantes, à Sky News, falando já num “plano de sobrevivência”.

As Ilhas Marshall foram também essenciais para a criação da coligação High Ambition das Nações Unidas, que foi o grupo que pressionou os líderes a comprometerem-se em não deixar subir a temperatura global mais que 1.5ºC no Acordo de Paris. Na altura, o chefe das negociações foi Tony de Brum, tendo o representante do país insular passado meses a reunir-se com os responsáveis políticos dos países mais desenvolvidos e mais poluidores.

Os SIDS estão também muito mais em risco do que qualquer país do hemisfério Norte. Para além da subida do nível das águas do mar, o aumento das temperaturas e a maior frequência de fenómenos meteorológicos extremos, como furacões ou incêndios, também ameaçam afectar ainda mais estas nações insulares, que já estão em desvantagem devido ao pequeno tamanho e poder económico.

Mas apesar de terem sido essenciais vitais no compromisso dos 1.5ºC, estamos já nos 1.1ºC — e muitos dos que mais estão a sofrer não estão a ser ouvidos em Glasglow.

“A nossa soberania e mera sobrevivência está em risco“, afirma o primeiro-ministro das Fiji, Frank Bainimaram, que considera que a Cop26 pode ser a “última oportunidade” para se prevenir o pior.

Há também uma sensação entre muitos activistas que não estão na Escócia de que a ausência dos países MAPA vai levar a que as conclusões da cimeira fiquem muito aquém do necessário dada da gravidade e urgência das adopção de medidas sérias contra as alterações climáticas, escreve a Euronews.

“Sinto que perdi a minha voz e da minha comunidade. Somos os mais afectados pelas alterações climáticas porque a nossa comunidade depende de recursos naturais”, afirma Aqli Farah, um ambientalista da Somália. Numa publicação no Twitter, Farah deixa também um apelo a que de “oiçam os MAPA”.

O activista acredita também que há muitas conversas e trocas de ideias que só podem ser feitas através da ida presencial à Cop26. “Trocar informações é tão importante, para se ter o conhecimento extra da experiência de outras nações na luta contra as alterações climáticas”, acrescenta à Euronews.

Já Lidy Nacpil, uma activista que coordena o Movimento das Pessoas Asiáticas sobre Dívida e Desenvolvimento, já enviou grupos para as Cops desde a 13ª edição em Bali. No entanto, esta é a primeira cimeira desde 2007 onde não vai marcar presença, o que considera “muito frustrante“, tendo de acompanhar o evento online.

“Apesar de não termos ilusões de que as soluções para a justiça climática saiam principalmente de negociações, as Cops são arenas muito importantes para discutir, desafiar a pressionar os governos. As Cops são dominadas pelos governos ricos e interesses corporativos, por isso é sempre preciso um grande esforço para amplificar as vozes, perspectivas e apelos das pessoas e comunidades, especialmente do hemisfério Sul. Com uma presença do Sul tão reduzida na Cop26, vai ser um processo ainda mais desigual e pouco democrático”, critica.
“Precisamos de líderes que oiçam as nossas histórias”

Muitos países em desenvolvimento vão ser os mais prejudicados com a crise climática e, dado o seu poder económico reduzido, os activistas acreditam que os seus apelos vão ser ignorados. “Vamos ser esquecidos outra vez”, revela a activista filipa Mitzi Jonelle Tan, à AFP. “Precisamos de líderes que oiçam as nossas histórias; eles não sabem como é ter medo de morrer por causa das cheias”, acrescenta a jovem de 24 anos, que vive em Marikina, uma região das Filipinas que sofre regularmente com tufões cada vez mais fortes.

Tan está também ligada ao movimento Fridays For Future, criado pela sueca Greta Thunberg, que inspirou greves de jovens e protestos nas ruas um pouco por todo o mundo. No entanto, a mesma pandemia que limitou o acesso dos activistas à Cop26 devido à falta de vacinas, restrições sanitárias ou financiamentos mais pequenos, também obrigou os jovens a passarem as manifestações das ruas para a internet.

“Nos espaços online, as distâncias entre o Norte global e o Sul global tornam-se menos relevantes”, explica Joost de Moor, professor na Universidade de Paris, à AFP. Mitzi Jonelle Tan criou depois um grupo no WhatsApp onde jovens de todos os cantos do mundo começaram a trocar experiências e ideias sobre o activismo climático

Foi até criado um segmento para as regiões MAPA dentro do Fridays For Future, que quer que se encare a luta climática num contexto holístico que englobe outras injustiças relacionadas com a classe económica, o racismo, as deficiências ou a discriminação de género. “Para jovens ambientalistas no Sul, as alterações climáticas afectam directamente a sua qualidade de vida, habitação e capacidade de se alimentarem”, afirma Sarah Pickard, investigadora sobre a participação política dos jovens.

Outro problema que muitos acreditam que vai ser varrido para debaixo do tapete na Cop26 é o impacto da exploração de recursos para a produção de energias renováveis. As estimativas do Banco Mundial apontam para que mais de três mil milhões de toneladas de minerais e metais sejam precisas para se criar a energia eólica, solar e geotérmica necessária para haver uma transição total para a produção energética renovável. Mas há abusos a decorrer na exploração destes recursos.

“Não é só sobre a redução das emissões de carbono, mas também sobre a forma como isso é feito. A verdadeira mudança vem das ruas. Temos de fazer tanto barulho que eles não nos possam ignorar”, remata Tan.

Uns não vão porque não podem, outros porque não querem

Apesar da maioria dos países estarem representados nas conversas da Cop26, há alguns líderes de países grandes e muito poluidores que são faltas notórias na cimeira. O Presidente russo Vladimir Putin, assim como o líder chinês Xi Jinping e o chefe de Estado brasileiro Jair Bolsonaro estão entre os pesos pesados que não estão em Glasgow.

O Presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, o Presidente da África do Sul Cyril Ramaphosa e o Presidente iraniano Ebrahim Raisi também não participaram na Cop26. Do lado português e a braços com uma crise política, António Costa também não esteve presente, o que lhe valeu críticas da associação Zero.

A Zero acredita que a cimeira “justificava uma participação presencial” também devido ao “papel de Portugal e do próprio primeiro-ministro, que sempre elegeu, e bem, a relevância das alterações climáticas e da descarbonização”.

A ONG refere que se entende a ausência dada “a situação que o país atravessa”, mas realçou que “este é um momento decisivo para a luta contra as alterações climáticas, na qual Portugal tem demonstrado um papel activo e deve assumir uma liderança forte e ambiciosa ao nível da União Europeia”, insistindo, que está em causa “a imagem, reputação e credibilidade das políticas desenvolvidas em nome do país”.

Joe Biden também deixou algumas alfinetadas aos líderes russo e chinês por não marcarem presença. O Presidente dos EUA considera as ausências de Xi Jinping, enquanto líder do país que é o maior poluidor do mundo, e de Putin “um enorme erro”.

O chefe de Estado norte-americsno afirma que as alterações climáticas são uma “questão gigantesca”, lamentando que os principais responsáveis russos e chineses se tenham alheado de um evento onde estão presentes líderes de 120 países.

https://zap.aeiou.pt/esquecidos-outra-vez-insulares-cop26-442221


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