Os ucranianos tentam evitar que a capital caia nas mãos dos russos, mantendo-se confrontos nas ruas de Kiev e em vários pontos do país.
De acordo com o Observador, foi uma noite dura com sirenes e explosões a serem ouvidos por toda a Ucrânia. A manhã começou com Volodymyr Zelensky a publicar um novo vídeo para os ucranianos.
“Estou aqui. Não vamos baixar as armas. Vamos defender o nosso país”. Ao longo da manhã publicou vários tweets e insistiu na ideia de que é tempo da Ucrânia aderir à UE.
Zelensky, garantiu hoje que “quebrou o plano” da Rússia ao terceiro dia da invasão do seu país, pedindo aos russos que digam a Vladimir Putin para parar a guerra.
“Mantivemos a nossa posição e repelimos com sucesso os ataques inimigos. Os combates continuam em muitas cidades e regiões do país, mas… é o nosso exército que controla Kiev e as principais cidades ao redor da capital”, disse Zelensky, num vídeo publicado no Facebook.
Banir a Rússia do SWIFT?
Numa das suas publicações, Zelensky dá conta de que Mario Draghi, primeiro-ministro italiano, apoia decisão de banir a Rússia do SWIFT.
Minutos antes, tinha sido o ministro dos Negócios Estrangeiros da
Ucrânia a dizer ter conseguido confirmar com o Chipre que o país não
bloqueará a decisão de banir a Rússia da SWIFT.
O pedido para retirar a Rússia do chamado sistema SWIFT tem sido
reiterado pela Ucrânia, mas embora o Ocidente tenha apertado as sanções a
Moscovo, essa arma poderosa — “nuclear”, apelidam mesmo alguns
analistas financeiras — ainda não saiu da algibeira.
Tanto os EUA como os seus aliados ocidentais (UE incluída) têm estudado a opção, mas mostrado relutância — até porque também eles sofreriam consequências.
O SWIFT (sigla de Society for Worldwide Interbank Financial
Telecommunication) é um sistema utilizado internacionalmente que permite
aos bancos fazer transações transfronteiriças e trocar mensagens e
informação sobre transferências.
É para ali que vai toda a informação da transação — desde o beneficiário, o ordenante e o montante, explica Duarte Líbano Monteiro, diretor regional da Ebury para o sul da Europa.
Adesão da Ucrânia à UE
“É um momento crucial para encerrar de uma vez por todas a discussão de longa data e decidir sobre a adesão da Ucrânia à UE“,
escreveu Zelensky, depois de ter falado com Charles Michel, presidente
do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão
Europeia e ainda com Emmanuel Macron.
O Presidente ucraniano disse ter discutido com Charles Michel a
“ajuda efetiva e a luta heroica dos ucranianos pelo seu futuro livre”.
Volodymyr Zelensky falou também com o Presidente francês, Emmanuel
Macron, garantindo, num outro ‘tweet’ sobre este telefonema, “que as
armas e equipamento dos nossos parceiros estão a caminho da Ucrânia”.
“A aliança contra a guerra está a funcionar“, referiu depois de uma noite difícil de luta do exército ucraniano contra as tropas russas.
“Esta guerra vai durar”
O presidente francês afirmou que a guerra na Ucrânia “vai durar”
e que todos “devem estar preparados”. Macron disse que o governo
francês está a preparar um “plano de resiliência” para lidar com as
consequências económicas desta crise.
“A guerra voltou à Europa (…). Se tivesse de vos dar
uma convicção esta manhã é a de que esta guerra vai durar”, disse o
Presidente francês, dirigindo-se aos participantes da Feira Agrícola
Internacional de Paris, que inaugurou.
Citado pela agência France Presse (AFP), Macron referiu que “esta
guerra foi escolhida unilateralmente pelo Presidente Putin” e falou das
consequências que o conflito poderá ter nas exportações francesas,
nomeadamente de produtos agrícolas.
“Certamente haverá consequências nas nossas exportações das grandes fileiras” como o vinho, cereais e rações para animais, estimou o Presidente francês.
Segundo a
TSF, Macron indicou que o governo está a desenhar um “plano de resiliência” com o objetivo de, primeiro, “garantir os fatores de produção para as nossas fileiras” e, depois, para “criar proteções” contra o aumento de custos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano exigiu ao mundo que
pare o ataque da Rússia à Ucrânia. “Exijo ao mundo: isolem totalmente a
Rússia, expulsem embaixadores, embargo de petróleo, arruínem a sua
economia. Parem os criminosos de guerra russos”, escreveu Dmytro Kuleba
no Twitter.
A vice-primeira-ministra da Ucrânia pediu à Cruz Vermelha que leve
milhares de corpos de soldados para a Rússia. “A Federação Russa deve
saber quantos desses corpos jazem em solo ucraniano”, disse Iryna
Vereshchuk.
Quase 200 ucranianos, incluindo três crianças, morreram nos confrontos. A informação original é da agência russa Interfax e citada pela Reuters.
Em Vasylkiv, a autarca da cidade disse que ucranianos conseguiram defender base aérea militar. Já Melitopol “ainda está em mãos ucranianas”, disse o secretário de Estado das Forças Armadas britânico, rejeitando a ideia difundida pela Rússia de que tomou a cidade.
Em Kiev, um prédio foi atingido por míssil sem fazer vítimas mortais.
Na cidade, contaram-se 2 crianças entre um número total de 35 feridos.
Também a área perto do aeroporto internacional de Zhulhany foi atingida
por míssil.
Para além de anunciar a captura da cidade de Melitopol e das aldeias
de Bakhmutovka e Grechishkino, os russos dizem ter abatido “821 objetos
da infraestrutura militar da Ucrânia”.
Foram atingidos, entre outros, 14 aeródromos militares, 19 postos de comando e abatidos sete aviões, sete helicópteros e nove veículos aéreos não tripulados, além de 87 tanques e outros veículos de combate blindados.
Dmitry Medvedev, antigo presidente russo, sugere o regresso da pena de morte ao seu país, depois de a Rússia ter sido suspensa do Conselho da Europa.
“Uma injustiça selvagem. Embora seja uma boa razão para bater a porta
e esquecer para sempre esses asilos sem sentido, é uma boa oportunidade
para restaurar uma série de instituições importantes como a pena de
morte para os criminosos mais perigosos”, escreveu na rede social
Vkontakte.
Cazaquistão vira costas a Putin
A Rússia pediu ajuda ao Cazaquistão para que enviasse tropas para a Ucrânia. País da Ásia Central rejeitou, bem como recusou reconhecer independência das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.
A Rússia parece estar a tentar reunir aliados na comunidade internacional para lutar na Ucrânia. O Kremlin pediu ajuda ao Cazaquistão,
um dos países com melhores relações com Moscovo e um dos seus vizinhos,
para que enviasse tropas para o território ucraniano. De acordo com um
oficial ouvido pela NBC, o país da Ásia Central rejeitou o pedido de Vladimir Putin.
O Cazaquistão não só recusou enviar tropas para a Ucrânia, como
também decidiu rejeitar o pedido da Rússia para reconhecer as repúblicas
populares de Donetsk e Lugansk enquanto Estados independentes.
Além de países como a Bielorrússia, Cuba ou Venezuela — que já
demonstraram publicamente o apoio a Putin, embora não enviando tropas — a
maioria da comunidade internacional não apoia a invasão russa à Ucrânia. O Cazaquistão juntou-se, este sábado, a esta lista.
Aliás, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Rússia sofreu
uma vitória com sabor amargo. Apesar de a moção contra a invasão da
Ucrânia tenha sido rejeitada, a China absteve-se na condenação ao ataque do Kremlin a Kiev.
Ainda segundo a NBC, os EUA já reagiram à decisão do Cazaquistão. O
Conselho de Segurança Nacional norte-americano saudou o anúncio do país
“em não reconhecer” as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, assim
como elogiou a recusa cazaque em “enviar tropas para se juntarem à
guerra de Putin na Ucrânia”.
Biden aprova apoio militar de emergência a Kiev
O Presidente dos Estados Unidos assinou um memorando a autorizar o envio de até 350 milhões de dólares em apoio militar de emergência a Kiev.
Joe Biden autorizou o Departamento de Estado norte-americano a
direcionar até 250 milhões de dólares (222 milhões de euros) em ajuda
geral à Ucrânia e até 350 milhões de dólares (310,5 milhões de euros) em
“itens e serviços de defesa”, incluindo educação e treino militar.
No entanto, o memorando não esclarece quando é que o apoio militar
poderá chegar à Ucrânia, atualmente sob um ataque militar da Rússia,
cujas tropas já estão a combater na capital, Kiev.
O anúncio surgiu depois de uma conversa telefónica com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para discutir ajuda militar às forças de Kiev e sanções.
“Reforço das sanções, assistência concreta à defesa e uma coligação
antiguerra acabaram de ser discutidos com Joe Biden”, escreveu Zelensky
na rede social Twitter, acrescentando estar grato pelo apoio dos Estados Unidos.
A Polónia também anunciou hoje que não jogará a eliminatória do
Mundial de Futebol contra a Rússia devido à guerra no território
ucraniano.
O futebolista português Nélson Monte já saiu da Ucrânia e entrou na Roménia. Deve chegar a Portugal este sábado.
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