As redes sociais farão o encontro alienígena muito mais complicado.
Em 1990, a Academia Internacional de Astronáutica (sigla IAA em inglês) publicou uma edição especial de seu periódico, Acta Astronautica, dedicada ao problema do que fazer caso o SETI (Instituto para Procura por Inteligência Extraterrestre) detectasse um sinal alienígena. Estes “protocolos pós-detecção”, como delineados na Declaração de Princípios da IAA em 1989, foram inspirados pelos avanços tecnológicos rápidos no campo do SETI, os quais fizeram a probabilidade de detecção de um sinal mais provável do que em qualquer outro ponto de sua história de 30 anos.
Mas o desenvolvimento tecnológico que seus colaboradores não puderam prever foi a ascensão das redes sociais, a qual poderia complicar seriamente a habilidade do governo e das instituições privadas de pesquisa de controlarem as consequências sociais resultantes da detecção de uma mensagem extraterrestre.
Les Tennen da cidade de Fênix (EUA), um advogado especializado em assuntos do espaço e membro do Comitê SETI da IAA disse:
A declaração de princípios da IAA foi baseada no uso formal de mídias tradicionais, imprensa, rádio, TV. Agora temos comunicação instantânea, onde seu telefone notificará você de algo importante que esteja acontecendo; você nem mesmo precisa procurar por isto. Milhões, se não forem bilhões de pessoas, poderiam ficar informadas [de um sinal ET em potencial] quase que instantaneamente.
Como detalhado no texto do protocolo pós-detecção original de 1990, após a detecção de um possível sinal alienígena, a instituição ou indivíduo responsável pela descoberta deverá tentar verificar se o sinal é mesmo artificial e extraterrestre em origem, antes de fazer qualquer tipo de anúncio público. Além disso, antes de informar a população sobre o sinal, a instituição que descobriu o mesmo deverá primeiro informar outras instituições relevantes e atores do governo sobre o sinal, para que assim sua veracidade seja independentemente verificada.
Se o sinal for na verdade de alienígenas, a descoberta pode se tornar pública através do Bureau Central para Telegramas Astronômicos (um serviço de notícias gerenciado pela União Astronômica Internacional) e o descobridor deverá informar o Secretário Geral das Nações Unidas. Na verdade, a força legal do protocolo pós-detecção está na autoridade do Artigo XI do Tratado das Nações Unidas sobre a governança da exploração e uso do espaço, o qual requer que os países “informem o Secretário Geral das Nações Unidas, bem como o público e a comunidade científica internacional…da natureza, comportamento, localizações e resultados” da ciência espacial.
No final, estes protocolos foram projetados como um tipo de controle de dano, tanto para limitar o alastramento de ‘falsos positivos’, quando para prevenir a histeria da população. Como detalhado no relatório de uma oficina de trabalho conduzida pela NASA após o lançamento da High Resolution Microwave Survey (Pesquisa Microondas de Alta Resolução) em 1993 (a pesquisa mais poderosa já conduzida pelo SETI naquele momento), “as reações à uma detecção podem abranger desde a indiferença… através de entusiasmo milenar, ou ansiedade catastrófica, até uma paranóia em grande escala…algumas poucas reações provavelmente poderiam ser extremamente irracionais ou até mesmo violentas”.
A NASA identificou a educação como sendo o fator mais importante para limitar os impactos negativos da detecção de um sinal alienígena. Nos dias antes da ascensão da Internet, e muito antes do advento das plataformas de redes sociais como o Facebook e o Twitter, limitar as informações falsas (que poderiam disparar o pânico da população) era muito mais simples. Todas as notícias seriam canalizadas através de um punhado de agências oficiais, e liberadas somente após rigorosa análise e revisão por pares.
Todavia, na era das redes sociais, notícias falsas excessivas e Wikileaks é difícil imaginar que uma notícia tão grande quanto a detecção da primeira mensagem de uma civilização extraterrestre seria mantida escondida por muito tempo.
Isto é um problema, por várias razões. Não somente poderia dar início à histeria da população, mas também poderia levar à uma briga interna do governo, como visto no filme A Chegada, ou tentativas de enviar respostas aos alienígenas sem um consenso global sobre o que dizer, ou se a mensagem deveria mesmo ser enviada. O protocolo de pós-detecção da IAA proíbe o envio de respostas aos ETs sem um consenso global sobre o conteúdo da mensagem e, nesse caso, os cientistas do SETI estão tremendamente divididos se o envio de mensagens aos alienígenas seria uma ação inteligente.
Por agora, Tennen está focado no desenvolvimento de ideias que atualizariam o protocolo pós-detecção da IAA para o nosso mundo conectado. Algumas de suas sugestões incluem a atualização da declaração, para que assim permita uma confidencialidade rígida entre os pesquisadores envolvidos na verificação de que um sinal recebido é mesmo extraterrestre em origem, bem como no estabelecimento de uma organização central que seria responsável por gerencia todas as comunicações para o público relacionadas à detecção de um sinal.
Curiosamente, algumas formas destes protocolos foram incluídas na Declaração de Princípios original de 1989, mas foram omitidas na revisão de 2010. Por exemplo, a declaração de 1989 disse que o mundo deveria ser informado do sinal através do Bureau Central de Telegramas Astronômicos da União Astronômica Internacional. Por outro lado, a revisão de 2010 também estabeleceu um Grupo Tarefa de Pós Detecção, sob o comitê IAA SETI, o qual seria responsável por lidar com “assuntos que poderiam surgir no evento de um sinal confirmado”.
No Congresso Astronáutico Internacional do ano passado, que ocorreu no México, Tennen palestrou sobre os problemas que as redes sociais apresentam ao protocolo de pós detecção, e algumas de suas soluções propostas. Tennen disse que teve uma reação positiva dos membros do comitê IAA SETI na audiência, os quais concordaram que era hora de começar a considerar seriamente como atualizar os protocolos de pós detecção.
Tennen disse:
O perigo, se isto não for atualizado, é que [caso haja uma detecção de um sinal] a declaração seria ignorada, porque é obsoleta. Não haverá tempo para ter estes tipos de discussões e deliberações que os protocolos originais anteviam.
Em 1990, a Academia Internacional de Astronáutica (sigla IAA em inglês) publicou uma edição especial de seu periódico, Acta Astronautica, dedicada ao problema do que fazer caso o SETI (Instituto para Procura por Inteligência Extraterrestre) detectasse um sinal alienígena. Estes “protocolos pós-detecção”, como delineados na Declaração de Princípios da IAA em 1989, foram inspirados pelos avanços tecnológicos rápidos no campo do SETI, os quais fizeram a probabilidade de detecção de um sinal mais provável do que em qualquer outro ponto de sua história de 30 anos.
Mas o desenvolvimento tecnológico que seus colaboradores não puderam prever foi a ascensão das redes sociais, a qual poderia complicar seriamente a habilidade do governo e das instituições privadas de pesquisa de controlarem as consequências sociais resultantes da detecção de uma mensagem extraterrestre.
Les Tennen da cidade de Fênix (EUA), um advogado especializado em assuntos do espaço e membro do Comitê SETI da IAA disse:
A declaração de princípios da IAA foi baseada no uso formal de mídias tradicionais, imprensa, rádio, TV. Agora temos comunicação instantânea, onde seu telefone notificará você de algo importante que esteja acontecendo; você nem mesmo precisa procurar por isto. Milhões, se não forem bilhões de pessoas, poderiam ficar informadas [de um sinal ET em potencial] quase que instantaneamente.
Como detalhado no texto do protocolo pós-detecção original de 1990, após a detecção de um possível sinal alienígena, a instituição ou indivíduo responsável pela descoberta deverá tentar verificar se o sinal é mesmo artificial e extraterrestre em origem, antes de fazer qualquer tipo de anúncio público. Além disso, antes de informar a população sobre o sinal, a instituição que descobriu o mesmo deverá primeiro informar outras instituições relevantes e atores do governo sobre o sinal, para que assim sua veracidade seja independentemente verificada.
Se o sinal for na verdade de alienígenas, a descoberta pode se tornar pública através do Bureau Central para Telegramas Astronômicos (um serviço de notícias gerenciado pela União Astronômica Internacional) e o descobridor deverá informar o Secretário Geral das Nações Unidas. Na verdade, a força legal do protocolo pós-detecção está na autoridade do Artigo XI do Tratado das Nações Unidas sobre a governança da exploração e uso do espaço, o qual requer que os países “informem o Secretário Geral das Nações Unidas, bem como o público e a comunidade científica internacional…da natureza, comportamento, localizações e resultados” da ciência espacial.
No final, estes protocolos foram projetados como um tipo de controle de dano, tanto para limitar o alastramento de ‘falsos positivos’, quando para prevenir a histeria da população. Como detalhado no relatório de uma oficina de trabalho conduzida pela NASA após o lançamento da High Resolution Microwave Survey (Pesquisa Microondas de Alta Resolução) em 1993 (a pesquisa mais poderosa já conduzida pelo SETI naquele momento), “as reações à uma detecção podem abranger desde a indiferença… através de entusiasmo milenar, ou ansiedade catastrófica, até uma paranóia em grande escala…algumas poucas reações provavelmente poderiam ser extremamente irracionais ou até mesmo violentas”.
A NASA identificou a educação como sendo o fator mais importante para limitar os impactos negativos da detecção de um sinal alienígena. Nos dias antes da ascensão da Internet, e muito antes do advento das plataformas de redes sociais como o Facebook e o Twitter, limitar as informações falsas (que poderiam disparar o pânico da população) era muito mais simples. Todas as notícias seriam canalizadas através de um punhado de agências oficiais, e liberadas somente após rigorosa análise e revisão por pares.
Todavia, na era das redes sociais, notícias falsas excessivas e Wikileaks é difícil imaginar que uma notícia tão grande quanto a detecção da primeira mensagem de uma civilização extraterrestre seria mantida escondida por muito tempo.
Isto é um problema, por várias razões. Não somente poderia dar início à histeria da população, mas também poderia levar à uma briga interna do governo, como visto no filme A Chegada, ou tentativas de enviar respostas aos alienígenas sem um consenso global sobre o que dizer, ou se a mensagem deveria mesmo ser enviada. O protocolo de pós-detecção da IAA proíbe o envio de respostas aos ETs sem um consenso global sobre o conteúdo da mensagem e, nesse caso, os cientistas do SETI estão tremendamente divididos se o envio de mensagens aos alienígenas seria uma ação inteligente.
Por agora, Tennen está focado no desenvolvimento de ideias que atualizariam o protocolo pós-detecção da IAA para o nosso mundo conectado. Algumas de suas sugestões incluem a atualização da declaração, para que assim permita uma confidencialidade rígida entre os pesquisadores envolvidos na verificação de que um sinal recebido é mesmo extraterrestre em origem, bem como no estabelecimento de uma organização central que seria responsável por gerencia todas as comunicações para o público relacionadas à detecção de um sinal.
Curiosamente, algumas formas destes protocolos foram incluídas na Declaração de Princípios original de 1989, mas foram omitidas na revisão de 2010. Por exemplo, a declaração de 1989 disse que o mundo deveria ser informado do sinal através do Bureau Central de Telegramas Astronômicos da União Astronômica Internacional. Por outro lado, a revisão de 2010 também estabeleceu um Grupo Tarefa de Pós Detecção, sob o comitê IAA SETI, o qual seria responsável por lidar com “assuntos que poderiam surgir no evento de um sinal confirmado”.
No Congresso Astronáutico Internacional do ano passado, que ocorreu no México, Tennen palestrou sobre os problemas que as redes sociais apresentam ao protocolo de pós detecção, e algumas de suas soluções propostas. Tennen disse que teve uma reação positiva dos membros do comitê IAA SETI na audiência, os quais concordaram que era hora de começar a considerar seriamente como atualizar os protocolos de pós detecção.
Tennen disse:
O perigo, se isto não for atualizado, é que [caso haja uma detecção de um sinal] a declaração seria ignorada, porque é obsoleta. Não haverá tempo para ter estes tipos de discussões e deliberações que os protocolos originais anteviam.
Fonte: http://ovnihoje.com/2017/02/23/protocolos-de-contato-alienigena-obsoletos-pelas-redes-sociais/
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