A evolução da tecnologia, mais concretamente dos Telescópios, abriu
um novo olhar sobre o espaço. Antes desta revolução tecnológica, pouco
era conhecido e, desse pouco, o nosso Sistema Solar estava sozinho no
Universo. Posteriormente, com a chegada dos telescópios mais avançados, o
Homem percebeu que existe um tesouro de planetas em órbita de estrelas
distantes.
Com o equipamento mais desenvolvido nalguns observatórios espaciais,
foram “trazidos para Terra” centenas de novos planetas. Contudo, nessa
altura foi revelada uma realidade intrigante.
Telescópio Kepler da NASA, revelou centenas de planetas
A sonda Kepler
era um observatório espacial projetado pela NASA que procurou planetas
com características habitáveis fora do Sistema Solar durante nove anos e
meio. Lançado em 2009, este telescópio varreu o espaço como nunca outro
o havia feito.
Em 2014, esta sonda americana entregou aos cientistas mais de 700
planetas distantes “novinhos em folha” para estudarem. Muitos deles
tinham características totalmente diferentes do que havia sido observado
anteriormente. Em vez de gigantes gasosos como Júpiter, que as
investigações anteriores haviam captado primeiro porque são mais fáceis
de observar, estes planetas eram mais pequenos e, na maioria, rochosos
em termos de massa.
A Terra como medida certa
Com os dados compilados e mais escrutinados, os cientistas notaram
que existiam muitos destes planetas de tamanho idêntico ou pouco
superior ao da Terra. Contudo, perceberam que havia também um corte
acentuado antes dos planetas alcançarem o tamanho de Neptuno.
É como se fosse um ‘precipício’ nos dados, e é bastante dramático. O que temos discutido é o porquê de os planetas tenderem a parar de crescer além do triplo do tamanho da Terra.
Referiu o cientista planetário Edwin Kite da Universidade de Chicago.
Num artigo publicado dia 17 de dezembro na revista The Astrophysical
Journal Letters, Kite e colegas da Universidade de Washington, da
Universidade de Stanford e da Universidade Estatal da Pensilvânia
fornecem uma explicação inovadora para esta queda: os oceanos de magma à
superfície destes planetas absorvem rapidamente as suas atmosferas
assim que os planetas atingem cerca de três vezes o tamanho da Terra.
Kite, que estuda a história de Marte e os climas de outros mundos,
estava bem posicionado para estudar a questão. Ele pensou que a resposta
podia depender de um aspeto pouco estudado de tais exoplanetas.
Pensa-se que a maioria dos planetas um pouco mais pequenos do que a
queda de tamanho tenham oceanos de magma às suas superfícies – grandes
mares de rocha derretida como os que outrora cobriram a Terra. Mas, em
vez de solidificarem como o nosso, são mantidos quentes por uma espessa
camada atmosférica rica em hidrogénio.
Até agora, quase todos os modelos que temos ignoram este magma, tratando-o como quimicamente inerte, mas a rocha derretida é quase tão líquida quanto a água e muito reativa.
Explicou Kite.
Planetas que comem os seus próprios céus
A questão que agora estava a ser levantada foi se, à medida que os
planetas adquiriam mais hidrogénio, o oceano podia começar a “comer” o
céu. Neste cenário, à medida que o planeta adquire mais gás, este
acumula-se na atmosfera e a pressão em baixo, onde a atmosfera encontra o
magma, começa a aumentar. A princípio, o magma absorve o gás adicionado
a um ritmo constante, mas à medida que a pressão aumenta, o hidrogénio
começa a dissolver-se muito mais facilmente no magma.
Não apenas isso, mas o pouco gás adicionado que permanece na atmosfera faz subir a pressão atmosférica e, assim, uma fração ainda maior do gás que chega mais tarde dissolve-se no magma.
Explicou Kite.
Assim sendo, o crescimento do planeta para antes de atingir o tamanho
de Neptuno (porque a maioria do volume destes planetas está na
atmosfera, o encolhimento da atmosfera encolhe os planetas).
Os autores chamam a isto a “crise de fugacidade”, que pega no termo
que mede quanto mais facilmente um gás se dissolve numa mistura do que
seria de esperar com base na pressão.
Pistas para se encontrarem novos planetas no futuro
Existem vários marcadores que os astrónomos podem procurar no futuro.
Por exemplo, se a teoria estiver correta, os planetas com oceanos de
magma que são frios o suficiente para se cristalizarem à superfície
devem exibir perfis diferentes, pois isso impediria o oceano de absorver
tanto hidrogénio.
As investigações atuais e futuras do TESS da NASA, e de outros
telescópios deverão fornecer aos astrónomos mais dados com que
trabalhar.
No nosso Sistema não há nada como estes mundos. Embora o nosso trabalho sugira uma solução para um dos quebra-cabeças dos exoplanetas sub-Neptuno, ainda têm muito para nos ensinar!
Concluiu Edwin Kite.
Em suma, ainda há muita informação que pode servir como indicadores
sobre esses novos planetas descobertos. Dessa forma, estão abertas
muitas hipóteses para perceber como acontece o crescimento dos planetas.
A Terra parece ser a medida certa.
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