Nas manifestações de Paris associadas à greve geral já houve confrontos
com a polícia, gás lacrimogéneo e tiros de morteiro. As autoridades
temem que grupos radicais provoquem mais confrontos.
A polícia francesa identificou 500 radicais numa das três
manifestações simultâneas em Paris, que causaram os primeiros confrontos
na Praça da República, protestos associados à greve geral de
transportes da região de Paris. A manifestação terminou por volta das
6h45 (5h45 em Lisboa).
Relatos apontam para a utilização de gás lacrimogéneo na mesma praça, e o jornal francês Le Mond destaca 71 detenções, segundo fontes da polícia francesa.
Mas esta não foi a única manifestação a decorrer em França. Em Marselha a
polícia diz que estiveram 25 mil pessoas na rua, mas os números são
diferentes de órgão para órgão, com os sindicatos a reivindicar 150 mil
franceses em protesto nas ruas da cidade. Ao todo, em França terão saído
à rua 1,5 milhões cidadãos em 100 cidades e as autoridades temem que
grupos radicais como os Coletes Amarelo ou os Black Blocs provoquem a
violência e o caos. De Nantes, Lyon e Marselha surgem também relatos de
confrontos entre os manifestantes e a polícia.
Ao mesmo tempo, o sindicato de trabalhadores ferroviários e dos
transportes públicos de Paris decidiu também prolongar a greve geral até
segunda-feira, e esta pode ser alargada a cada dia que passa caso assim
seja decidido em assembleia geral dos trabalhadores, avança o jornal Público.
De acordo com agência noticiosa France Press, as manifestações estão a
acontecer em 70 cidades por toda a França e reúnem cerca de 510 mil
pessoas. Os trabalhadores da SNCF (empresa de caminhos de ferro
francesa) prolongaram a sua greve até dia 6 de dezembro e levando a que
fossem cancelados cerca de 70% dos serviços de comboio regionais, 90%
dos nacionais, 70% das viagens de TGV e 85% dos comboios suburbanos. Já
os trabalhadores da RATP (empresa de transportes públicos rodoviários de
Paris) continuarão também em greve até ao dia 9.
A greve geral também se fez sentir no setor da aviação, com 20% dos voos que partem ou chegam a Paris cancelados.
A
greve e os protestos surgem contra a possibilidade da reforma que
Emmanuel Macron tenciona introduzir nos mais de 40 sistemas de pensões
existentes em França. O presidente francês encomendou um relatório que
aponta para a unificação de todos estes subsistemas num único, que
prejudicaria sobretudo os trabalhadores das ferrovias e dos transportes —
o maior grupo de manifestantes. Ainda assim, não está formulada
qualquer proposta-lei, por enquanto.
Sibeth Ndiaye, porta-voz do
governo francês teceu algumas declarações à luz das manifestações, que
Macron estaria “calmo e determinado a liderar essa reforma, em escuta e
consulta”, adiantando que o presidente se pronunciaria pessoalmente
durante a próxima semana e que “ainda há espaço para negociações”.
O
protesto abrange ainda outras questões: manifestações feministas, de
estudantes ou de médicos que têm vindo a realizar manifestações desde há
meses.
Sexta-feira prevê-se um dia complicado, sobretudo no
sector dos transportes públicos, com muitas das empresas a manterem a
greve até 6 e 9 de dezembro.
Fonte: https://observador.pt/2019/12/05/confrontos-em-paris-e-greve-prolongada-ate-segunda-feira/
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