Vários países africanos estão a plantar uma barreira de dezenas de milhões de árvores para impedir o avanço do deserto do Saara na região do Sahel.
O Saara é o maior deserto quente do mundo, ocupando uma área de 9,2 milhões de quilómetros quadrados. Se há 6 mil anos era um local cheio de vida, agora é pouco mais do que uma imensidão de areia. Para as comunidades que vivem no Sahel – uma fina faixa de esperança na fronteira sul do deserto – a subsistência e o futuro estão sob ataque.
O Sahel é uma faixa de 500 a 700 km de largura e 5.400 km de extensão, entre o deserto do Saara, ao norte, e a savana do Sudão, ao sul; e entre o oceano Atlântico, a oeste, e o mar Vermelho, a leste.
O sucesso desta região dependia das frágeis pastagens e das árvores dispersas, mas agora o futuro das suas nações está em jogo, escreve o portal Big Picture. As alterações climáticas e o sobrepastoreio são os principais responsáveis pela dizimação do Sahel, que está a desertificar gradualmente.
No entanto, a solução pode passar pelo mais arrojado plano ecológico alguma vez idealizado: a Grande Muralha Verde.
Djibuti, Eritreia, Etiópia, Sudão, Chade, Níger, Nigéria, Mali, Burkina Faso, Mauritânia e Senegal estão a unir forças para proteger os seus territórios contra o avança do Saara. A ideia é plantar uma barreira de dezenas de milhões de árvores.
O plano partiu do capitão do ex-Presidente de Burkina Faso Thomas Sankara, que nos anos 80 propôs a criação de um parque com 10 milhões de árvores.
Mas o pior é mesmo que 80% as árvores plantadas provavelmente já morreram.
“Se todas as árvores plantadas no Saara desde o início dos anos 80 tivessem sobrevivido, seria parecido com a Amazónia”, disse Chris Reij, investigador do World Resources Institute e especialista em gestão sustentável.
O plano para plantar árvores estava condenado desde o início, já que era mais uma manobra política do que uma ação contra a desertificação.
Ainda assim, o plano serviu um propósito: incentivar os povos do Sahel a conceber soluções práticas e baratas. Foi criada uma paisagem em mosaico, controlando-se cuidadosamente o uso de água e a vida das plantas para melhorar o rendimento das colheitas e mitigar as alterações climáticas.
Em 2004, o Vale Zinger, no Níger, tinha 50 vezes mais árvores do que em 1975. Uma grande diferença que se olharmos para o exemplo da Árvore de Ténéré, dos anos 60, a única em centenas de quilómetros e conhecida como a árvore mais solitária do mundo.
https://zap.aeiou.pt/grande-muralha-verde-africa-379172
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