Jair Bolsonaro voltou a mostrar desprezo pelas restrições recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e seguidas por governadores e autarcas brasileiros ao participar num desfile motorizado com milhares de pessoas e a proclamar que “não vai obrigar o povo a ficar em casa”.
Acompanhado por inúmeros agentes de segurança, o desfile motorizado foi acompanhado por vários manifestantes que o cumprimentavam ao longo do trajeto, agitando bandeiras nacionais, e transmitido ao vivo através da conta de Facebook de Jair Bolsonaro.
Após meia hora de trajeto, as motos pararam por alguns minutos e Bolsonaro, com capacete e sem máscara, ficou à frente do seu veículo de duas rodas para cumprimentar a multidão. Os gritos de “mito!” eram ouvidos entre o barulho dos motores.
O desfile partiu do Parque Olímpico que recebeu os Jogos Olímpicos de 2016 e, durante uma hora e meia, percorreu cerca de 40 quilómetros ao longo das praias do Rio, principalmente as mais turísticas, Ipanema e Copacabana.
Ao chegar à praia do Flamengo, próxima do centro da cidade, o presidente parou a moto para dar um passeio entre os milhares de manifestantes que o esperavam. Estendeu a mão e posou para fotos, todos com os rostos descobertos.
“O meu exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa”, disse o chefe de Estado brasileiro num breve discurso. “Sem qualquer evidência científica, governadores e prefeitos decretaram lockdown ou toques de recolher (…). Estamos dispostos a tomar todas as medidas necessárias para garantir a sua liberdade”, disse aos seguidores.
Há uma semana, Bolsonaro chegou a cavalo numa manifestação de agricultores em Brasília. Na sexta-feira, Bolsonaro foi multado pelo governo do Maranhão por provocar aglomerações e não usar máscara numa cerimónia, quando o uso da máscara é obrigatório nesse estado e é proibido organizar reuniões de mais de 100 pessoas.
Bolsonaro tem sido criticado pela sua gestão caótica da pandemia, num país onde a covid-19 reclama quase 450 mil mortes.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado foi instaurada há três semanas para escrutinar as “omissões” do governo durante a crise sanitária, e já recebeu vários depoimentos nas suas primeiras audiências.
Durante a manifestação deste domingo, o presidente estava acompanhado pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, acusado por muitos senadores de ter mentido nesta semana na CPI, quando minimizou a responsabilidade do governo.
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