Um email, ao qual as autoridades bielorrussas tiveram acesso, revela que a suposta ameaça de bomba no voo foi enviada depois do avião da Ryanair ter sido desviado para Minsk. O novo detalhe desafia a versão dos eventos apresentada pelo regime bielorrusso.
A intercetação do voo da Ryanair, que viajava de Atenas para Vilnius no domingo, provocou uma vasta onda de condenação internacional e novas sanções da União Europeia – que descartou a explicação de perigo de bomba para o desvio do avião.
Ao longo dos últimos dias, vários líderes europeus e ativistas têm afirmado que o incidente foi orquestrado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, para conseguir prender Roman Protasevich – jornalista que se encontrava a bordo e que estava em exílio – e que se arrisca a 15 anos de prisão.
Agora, um novo email vem enfraquecer ainda mais as justificações apresentadas pelo regime bielorrusso, que alertou a tripulação de cabine após receber uma suposta ameaça de bomba por email que teria sido enviada pelo Hamas. No entanto, um porta-voz do grupo militante palestino negou o envolvimento.
“Não encontramos evidências confiáveis de que as alegações bielorrussas são verdadeiras”, referiu a ProtonMail, uma provedora que trabalha com assuntos de privacidade, em comunicado.
Segundo o The Washington Post, a hora presente no email indica que este foi enviado 24 minutos depois de ter sido dada ordem para o avião pousar em Minsk.
Na segunda-feira, os líderes europeus proibiram as companhias aéreas de sobrevoar a Bielorrússia e impediram a companhia aérea nacional do país, a Belavia, de sobrevoar ou aterrar em território europeu.
Por sua vez, o Kremlin, um aliado fundamental de Lukashenko, classificou as medidas punitivas como “lamentáveis” e “precipitadas”.
Na quinta-feira, a Rússia deu sinais mais visíveis como forma de apoio à Bielorrússia, um país que Moscovo considera vital para a sua esfera de influência.
De acordo com o The Guardian, o país recusa agora permitir que aviões europeus voem para Moscovo. As autoridades da aviação russa forçaram a Austrian Airlines a cancelar o seu voo de Viena para a capital russa. Já a Air France também se viu obrigada a cancelar o voo Paris-Moscovo pelo segundo dia consecutivo.
Ao WP, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou comentar os cancelamentos, direcionando as responsabilidades para as autoridades da aviação porque “a administração presidencial não controla o tráfego aéreo”.
Num momento de grande tensão com a Europa, Lukashenko planeia encontra-se esta sexta-feira com o presidente russo Vladimir Putin em Sochi, um resort russo no Mar Negro. Esta é mais uma demonstração do apoio russo ao regime da Bielorrússia.
https://zap.aeiou.pt/ameaca-bomba-aviao-desviado-405737
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