quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Em Singapura, quem escolheu não vacinar-se terá de pagar pelas suas despesas médicas !


Governo quer eliminar as despesas resultantes dos internamentos dos não vacinados, que neste momento constituem a maioria.

Em Singapura, 85% da população elegível para se vacinar contra a covid-19 decidiu fazê-lo, ao passo que 18% já recebeu as chamadas doses de reforço. Mesmo com estes números, o governo está apostado em deixar nenhum cidadão desprotegido, pelo que recorreu a mais uma medida para tentar convencer os indecisos: aqueles que, por vontade própria, optaram por não se vacinar terão que suportar os custos das suas próprias despesas médicas.

Desta forma, o Estado fica livre de pagar praticamente as despesas relacionadas com os internamentos motivados pela SARS-CoV-2, os quais se cingem praticamente, nesta fase, aos não vacinados.

“Neste momento, as pessoas não vacinadas constituem a maioria considerável dos que precisam de tratamento em unidades de cuidados intensivos e que contribuem de forma desproporcional para a pressão nos nossos recursos de saúde”, afirmou o ministro da Saúde do país na segunda-feira. “Os doentes covid-19 que não se vacinaram ainda dependem do sistema de saúde para, em termos monetários, se tratarem quando as despesas se aplicam”, completou o ministro.

A regra agora implementada pelo Governo vai aplicar-se aos cidadãos nacionais, residentes permanentes e detentores de vistos de trabalho de longo prazo que estão infetados com covid-19, a não ser que tenham testado positivo pouco tempo antes de viajarem para o país.

“Esta medida tem como objetivo evitar acrescentar gastos económicos desnecessários num momento em que a confiança da população está em incerta. Até a situação pandémica estar mais estável, iremos continuar a cobrir as despesas médicas das pessoas vacinadas, mas também dos que não são elegíveis: crianças com 12 ou menos anos e pessoas com complicações de saúde”, explicou o governante que explicou ainda que as pessoas parcialmente vacinadas terão as suas despesas asseguradas também até 31 de dezembro.

O sistema de saúde de Singapura é considerado um dos melhores do mundo, tendo ficado em primeiro lugar num ranking elaborado pela revista académica Lancet em 2017 e que ordenou 188 – com o objetivo de contribuir para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável estabelecidas pela Organização das Nações Unidas.

Ainda assim, e tal como nota o The Washington Post, o modelo singapuriano depende em grande escala de serviços disponibilizados pelos privados, o que significa que os não vacinados, muito provavelmente, já têm cobertura nestas instituições mesmo que fiquem doentes – em comparação com os Estados Unidos da América, onde um terço dos custos relativos à saúde acontecem no privados, em Singapura acontece o oposto. No país asiático, os profissionais são também obrigados a transferir parte do seu salário para contas poupanças destinadas a despesas com saúde.

Ao abrigo destas regras, as despesas dos não vacinados ainda serão, em grande medida, “suportadas e subsidiadas” pelo Estado, afirmou Ong Ye Kung, ministro da Saúde de Singapura. “Os hospitais prefeririam não ter despesas com estes pacientes de todo, mas temos de enviar este sinal importante para apelar a que todos se vacinem caso sejam elegíveis.

Ao longo dos últimos 28 dias, Singapura registou 91 mil novas infeções de covid-19, das quais 98.7% consistiam em casos assintomáticos ou de sintomas leves, revelou o ministro da saúde. A 7 de novembro, o território contabilizava 1725 pessoas internadas como sequência da SARS-CoV-2, das quais 301 precisava de oxigénio, 62 estavam sob monitorização atenta nas unidades de cuidados intensivos e 67 estavam em estado crítico e intubadas. Tudo isto resulta numa taxa de ocupação das UCI de 68,5%.

“Apesar de este ser um cenário aceitável e com o qual os profissionais de saúde conseguem lidar, não devemos baixar a nossa guarda e devemos evitar um ressurgimento dos casos que podem novamente ameaçar invadir o nosso sistema de saúde”, afirmou o mesmo governante.

https://zap.aeiou.pt/singapura-nao-vacinar-pagar-despesas-443740

 

Twitter lança serviço de subscrição para o mercado norte-americano !


Novidades introduzidas agora nos mercados norte-americanos neozelandeses já tinham sido testados na Austrália e no Canadá.

A rede social Twitter anunciou esta quarta-feira que terá um serviço de subscrição destinado ao mercado norte-americano, o qual terá um custo de 2,99 dólares. O Twitter Blue chega agora aos Estados Unidos e à Nova Zelândia, depois de já se ter estreado na Austrália e no Canadá.

Para além do tópico da publicidade, o novo modelo da plataforma terá uma pasta que organiza as publicações, a possibilidade de modificar as mensagens antes de estas serem publicadas e um modo leitura.

No que concerne à primeira, o Twitter explicou que os utilizadores podem organizar os tweets como uma biblioteca, ou seja, por categorias personalizáveis. 

No caso da segunda opção, a de modificar as mensagens, a rede social apelidou-a de “desfazer tweets”, já que permite a edição do texto até 30 segundos depois de este ser escrito, o que dá aos utilizadores tempo para o reler e fazer alterações.

Finalmente, o modo leitura replica uma opção que já é oferecida por muitos smartphones nos seus browsers e que determina a eliminação de todo o “ruído” visual presente no ecrã para além do texto, o que permite que as mensagens sejam lidas sem a interrupção de imagens, por exemplo.

De acordo com o Diário de Notícias, a versão norte-americana inclui ainda artigos gratuitos de mais de 300 portais noticiosos, que podem ser abertos sem anúncios publicitários, tendo o Twitter garantido que os órgãos de comunicação social irão receber uma percentagem da subscrição, baseando-se na popularidade das notícias.

https://zap.aeiou.pt/twitter-lanca-servico-de-subscricao-para-o-mercado-norte-americano-443746


quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Provocações crescentes - Os EUA continuam a desafiar a soberania da Rússia no Mar Negro !


Na última quinta-feira, a nau capitânia da 6ª Frota dos EUA, o USS Mount Whitney, entrou no Mar Negro enquanto as forças da OTAN se preparavam para exercícios militares de grande escala no Mediterrâneo. O USS Mount Whitney juntou-se ao destruidor de mísseis guiados USS Porter, que já estava presente na área, para realizar uma “patrulha de rotina” - a mais de 8.000 km do continente norte-americano.

Mais tarde, a fragata russa Almirante Essen conduziu exercícios simulando uma resposta a um ataque aéreo inimigo. A frota russa disse em um comunicado que "durante os exercícios, a equipe de defesa aérea da fragata [Almirante Essen] fixou os alvos em sua mira e os destruiu disparando mísseis antiaéreos". O exercício foi uma demonstração clara de que a Rússia está totalmente preparada para defender sua soberania no Mar Negro. Isso foi perfeitamente encapsulado por uma imagem do que parece ser a fragata Almirante Essen monitorando as ações do USS Porter, do USS Mount Whitney e do BGS Gordi da Bulgária no Mar Negro.
O navio de guerra russo é uma das três fragatas do Projeto 11356 que está operando no Mar Negro. Os navios desta série têm deslocamento de cerca de 4.000 toneladas, velocidade de 30 nós e autonomia de 30 dias. O Almirante Essen está equipado com mísseis de cruzeiro Kalibr, o sistema de defesa antiaérea Shtil-1 e baterias de artilharia de calibre 100 mm, entre outras coisas. Em suma, ao usar a fragata Almirante Essen, a Rússia está enviando uma mensagem poderosa à OTAN de que está levando a sério a defesa de seu espaço marítimo, especialmente porque o desastre de junho do HMS Defender da Grã-Bretanha ainda está fresco na memória.
A Rússia advertiu repetidamente a OTAN de que a crescente atividade do bloco perto das águas russas poderia resultar em incidentes indesejáveis. Ao enviar navios de guerra para o Mar Negro, Washington não está contribuindo para a estabilidade na região. Ao contrário, os EUA estão tentando empurrar os países regionais do Mar Negro, como a Bulgária e a Geórgia, para políticas de confronto contra Moscou.
Washington quer que a comunidade global se acostume com a ideia de que o Mar Negro está em sua esfera de influência. Devido às tentativas dos EUA de afirmar sua autoridade sobre o Mar Negro, a localização de vários portos russos sem gelo e o único acesso direto do país ao Mar Mediterrâneo, as tensões estão se desenvolvendo.
A Rússia já demonstrou sua determinação em defender seu território soberano quando o HMS Defender foi humilhado após tentar violar o espaço marítimo russo. Sabendo que a Rússia leva sua segurança a sério, Washington está provocando tensões entre duas potências nucleares. Há a impressão de que os EUA estão fornecendo apoio psicológico à Ucrânia e a outros parceiros periféricos da OTAN, como a Geórgia. No entanto, como foi demonstrado durante a Guerra da Ossétia do Sul de 2008 e a Guerra do Donbass de 2014, os EUA estão dispostos a encorajar e encorajar esses países a guerras que envolverão a Rússia, mas os deixarão abandonados e isolados quando enfrentarem os militares russos.
É importante notar, porém, que o exercício russo não é uma resposta direta à presença de navios de guerra americanos, mas sim porque as forças russas na área do Mar Negro precisam de treinamento constante à medida que a região está se tornando mais tensa. O último exercício russo ocorreu no momento em que navios de guerra americanos entraram no Mar Negro. É comum que um navio americano apareça no Mar Negro em uma base rotativa. O que torna diferente a situação atual com o USS Mount Whitney e o USS Porter é que desta vez dois navios entraram ao mesmo tempo. Isso é alarmante, especialmente se se tornar uma tendência regular ver vários navios de guerra americanos no Mar Negro.
Devido a essa escalada, a Rússia precisava responder de uma forma ou de outra, e seu último exercício no Mar Negro se alinhou com a rara entrada de vários navios de guerra dos EUA no Mar Negro. Ao responder dessa forma, mesmo que tenha sido um alinhamento acidental, os EUA e seus aliados da OTAN sempre precisarão considerar qual será a resposta russa se o bloco do Atlântico decidir se envolver em hostilidades. Apesar da humilhação da Grã-Bretanha em junho, as forças da OTAN lideradas pelos EUA evidentemente não desistiram de seus desafios contra a Rússia no mar. Recorde-se que, em outubro, o contratorpedeiro da Marinha dos EUA USS Chafee tentou violar a fronteira nacional da Rússia no Mar do Japão, mas foi forçado a se retirar sob pressão do grande navio anti-submarino russo Admiral Tributs. Embora os EUA estejam sem dúvida puxando seus recursos para se concentrar na oposição à China na região do Pacífico, isso não significa que os EUA tenham se retirado completamente de desafiar a Rússia em outros lugares. Na verdade, ao enviar o USS Mount Whitney e o USS Porter para o Mar Negro simultaneamente, os Estados Unidos apenas aumentaram as tensões e deixaram claras as suas intenções.

https://undhorizontenews2.blogspot.com/

Portugal e Espanha enviaram tropas para participar de exercícios provocatórios na Lituânia !


As tensões estão aumentando no Báltico. Os recentes exercícios militares da OTAN na Lituânia mostram que a organização realmente planeja manter uma estratégia de cerco constante, sem interrupções. Tropas dos Estados Unidos, Canadá, Portugal e Espanha participaram na última semana de outubro de operações militares extremamente complexas naquela região, realizando exercícios de guerra aérea com o objetivo de treinar forças ocidentais para uma possível situação de guerra. Curiosamente, os testes foram realizados com discrição, só tendo sido revelados no início de novembro. A intensa participação de militares portugueses e espanhóis revela um preocupante processo de adesão de países europeus sem grande potencial de defesa aos discursos anti-russos da NATO.
No dia 29 de outubro, foram realizados exercícios de guerra da OTAN no Mar Báltico, com a participação apenas de militares e equipamentos militares americanos, canadenses, portugueses e espanhóis. O objetivo principal da operação foi realizar um amplo teste de policiamento aéreo e treinar táticas de guerra “anti-superfície”, modalidade de combate com armas aéreas contra alvos no mar ou na terra. Dentre os diversos pontos dos testes, a mídia foi informada que os principais foram fortalecer técnicas de integração de veículos aéreos e navais e armas em situações de combate, otimizar procedimentos de localização e identificação e qualificar tropas da OTAN para o uso de armas anti-superfície. , que ainda é um tópico menos trabalhado do que o combate naval direto ou a guerra terrestre.
Para além dos habituais equipamentos e veículos americanos e canadianos, a utilização em larga escala de armas portuguesas e espanholas surpreendeu os especialistas. Os caças F-16M da Força Aérea Portuguesa atuaram em conjunto com a fragata portuguesa NRP Corte Real F332 em operações simulando um cenário de guerra aérea e naval. A fragata NRP é uma das armas mais poderosas da Marinha Portuguesa, possuindo extensos sistemas de guerra electrónica e anti-mísseis, equipamento de defesa e vigilância de longo alcance, para além de peças de artilharia pesada, mísseis Harpoon e Sea Sparrow e tubos de torpedo MK46. A tripulação da fragata inclui cerca de 200 pessoas e tem helicópteros Lynx Mk95 entre seus equipamentos.
A fragata espanhola ESPS Almirante Juan de Borbón também participou da operação. Os navios da classe F-100 da ESPS estão entre as armas mais avançadas de todo o arsenal naval espanhol, possuindo equipamentos semelhantes aos da fragata portuguesa. As fragatas USS Arleigh Burke DDG-51 e canadense HMCS Fredericton FFH-37 completaram o cenário dos exercícios.
Embora ocasionalmente ocorram exercícios restritos a alguns países, em geral, os testes da OTAN, em particular os realizados no Báltico, mobilizam tropas de muitos Estados. Esta prova, no entanto, parece ter-se limitado quase totalmente às tropas da Península Ibérica, com um papel de coordenação e liderança operado pelas forças de Washington e Ottawa. O caso é bastante curioso porque revela algo para além da mera intenção da NATO de manter constantemente tropas no Báltico, assinalando um possível interesse por parte de Lisboa e Madrid em manter uma participação activa no cenário militar europeu.
Obviamente, é justo que cada estado queira ampliar sua participação militar em seu espaço regional, mas a situação deve ser analisada levando-se em conta as intenções que estão por trás de tais operações. É sabido que as atitudes da OTAN nos Estados Bálticos e em todo o Leste Europeu se centram em provocar a Rússia, criando um ambiente de tensão e hostilidade, para além de uma política de sítio, nos países geograficamente mais próximos do maior rival geopolítico da os EUA.
Essas medidas são “justificadas” pelo discurso da suposta “ameaça russa”, que é cada vez mais reconhecida como fraude. O crescimento de uma visão crítica do papel da OTAN na Europa é evidente, com uma diminuição do interesse por parte dos maiores Estados europeus em participar em operações que atendem apenas aos planos estratégicos de Washington. Atualmente, a França, maior potência militar do espaço europeu, defende a criação de uma organização militar europeia, independente da OTAN. Em contraste, aparentemente, estados menores com baixo potencial militar estão agindo na direção oposta e buscando expandir seu papel na aliança ocidental.
É um processo natural que com a diminuição da participação das maiores potências europeias na OTAN, alguns Estados mais fracos procurem aumentar o seu papel, em busca de status internacional, ampliação da influência regional e investimentos na indústria militar por parte de Washington. Mas é claro que Portugal e Espanha têm mais a perder do que a ganhar ao se envolverem nestas disputas.

Historicamente, o espaço em que Portugal e Espanha tentam exercer influência é o Norte de África, procurando manter laços de amizade com nações do Mediterrâneo e sem envolvimento em conflitos no outro pólo do continente europeu. As rivalidades com a Rússia nunca fizeram parte da realidade ibérica. Portugal e Espanha são nações historicamente neutras em grandes conflitos globais, tendo até se recusado a participar da Segunda Guerra Mundial. Tentar um papel mais ativo na OTAN seria romper com uma tradição diplomática de neutralidade e amizade que faz desses países grandes lugares pacíficos na arena europeia. Além disso, é evidente que estes países não podem participar militarmente em operações de grande escala, visto que mesmo os seus equipamentos mais avançados - as fragatas vistas na Lituânia - estão muito aquém da atual tecnologia militar das grandes potências. Então, de fato, Lisboa e Madrid pensam que estão agindo estrategicamente, mas estão sendo usados ​​e prejudicados pela OTAN.

Lucas Leiroz é pesquisador em direito internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

https://undhorizontenews2.blogspot.com/

Bebé prematuro nasceu com cauda de 12 centímetros - Médicos não sabem porquê !


O caso é inesperado e surpreendente, mas ocorreu o ano passado em Fortaleza, no Brasil. O bebé nasceu com oito meses de gestação e tinha uma cauda de doze centímetros de comprimento e quatro de diâmetro, além de um material esférico na sua extremidade.

Podia ter sido mais um nascimento comum, mas este bebé surpreendeu a equipa médica que faz o parto. A criança nasceu com uma cauda de doze centímetros que estava posicionada no fundo das suas costas. De imediato, os médicos encaminharam o bebé para um hospital pediátrico onde o caso foi analisado e estudado.

Os especialistas concluíram que a cauda não representava nenhum tipo de risco para a saúde do bebé, sendo que optaram por fazer a sua remoção através de uma cirurgia de baixa complexidade.

A operação foi feita uma semana depois da avaliação e, segundo informações da Secretaria de Saúde do Ceara (Sesa), o procedimento foi um sucesso, refere o Canaltech.

O caso foi registado como uma alteração na regressão da cauda embrionária, uma vez que o feto, ainda como embrião, conta com essa peculiaridade. Conforme o feto se desenvolve e ganha a forma de bebé, a cauda retrai-se, o que não aconteceu neste caso.

“O laudo anatomopatológico revelou uma estrutura apendicular com anexos coberta por pele, evidenciando um eixo com tecido conjuntivo, adiposo, muscular e neural, além de grandes ramos vasculares e ausência de tecido ósseo ou cartilaginoso, classificado como uma verdadeira cauda humana“, detalha o estudo.

O estudo explica ainda que a cauda contava com veias sanguíneas, músculos e nervos, sendo então uma parte do corpo que poderia apresentar contrações e movimentos espontâneos ou reflexos. A esfera na ponta era composta apenas por gordura e tecido conjuntivo.

O caso é extremamente raro e, até então, apenas quarenta situações parecidas foram registadas na ciência. Os autores do estudo sublinham que estas anomalias consistem em protuberâncias cobertas de pele, localizadas na parte central inferior da coluna vertebral.

Ainda assim, não é possível confirmar o que levou o corpo da criança a manter a cauda até ao momento do nascimento. Em entrevista ao site UOL, o cirurgião pediátrico Humberto Forte, ressaltou a importância do estudo, já que existem poucos casos deste tipo.

Não podemos afirmar que é o primeiro caso ocorrido no Brasil, mas foi o primeiro caso publicado. A importância deste artigo para a ciência médica brasileira é trazer ao conhecimento de todos a patologia dessas crianças e mostrar a nossa experiência e trabalho no cuidado delas”, disse o médico.

Apesar da mãe do bebé ter admitido que continuou a fumar ao longo da gravidez, os médicos não encontram nenhuma relação entre este hábito e a anomalia.

Após a remoção da cauda, a equipa não relatou mais problemas, sendo que, atualmente, a criança encontra-se perfeitamente saudável, escreve o IFL Science.

https://zap.aeiou.pt/bebe-nasceu-cauda-12-centimetros-443599

 

Tribunal nega pedido de Trump para impedir acesso a documentos sobre assalto ao Capitólio !


Entre os documentos que Donald Trump quer impedir que sejam entregues à comissão de inquérito estão o diário da Casa Branca, um registo de atividades, viagens, ‘briefings’ e chamadas telefónicas.

A juíza do Tribunal Distrital dos Estados Unidos Tanya S. Chutkan, do tribunal do Distrito de Columbia, concluiu que a comissão de inquérito do Congresso norte-americano ao ataque ao Capitólio tem direito a receber os documentos, como sustentou o atual Presidente, Joe Biden.

Trump invocou um alegado “privilégio do executivo” para reclamar que as centenas de documentos, contendo informações sobre o que se passava na Casa Branca enquanto o assalto ocorria, não fossem transmitidos à comissão de inquérito.

“A posição [de Trump] de que pode sobrepor-se à vontade expressa do poder executivo parece basear-se na noção de que o seu poder existe em perpetuidade“, escreveu a juíza, citada pela agência Efe. “Mas os presidentes não são reis, e o queixoso não é Presidente”, acrescentou.

Taylor Budowich, um porta-voz de Trump, avançou na rede social ‘Twitter “que a equipa jurídica do antigo Presidente irá recorrer da decisão”, tornando provável que acabe por ser o Supremo Tribunal a decidir o caso.

Os advogados de Trump deverão tentar que o tribunal suspenda temporariamente a transmissão dos documentos à comissão pelo Arquivo Nacional, autorizada pelo atual presidente, Joe Biden.

Donald Trump pretendia impedir a divulgação de mais de 770 páginas, incluindo o diário da Casa Branca, um registo de atividades, viagens, ‘briefings’ e chamadas telefónicas.

Outros documentos que o ex-Presidente não quer que o Congresso veja incluem um memorando manuscrito sobre os acontecimentos de 6 de janeiro e um esboço do seu discurso no comício “Save America”, que precedeu o ataque.

A comissão de inquérito ao assalto ao Capitólio foi iniciada pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e é composta por uma maioria de democratas do Congresso e apenas dois republicanos, Liz Cheney e Adam Kinzinger, que estão em desacordo com Trump.

Um dia antes da decisão em relação aos documentos, a comissão de inquérito intimou mais 10 membros da equipa de Donald Trump, procurando determinar o seu papel neste no caso.

Os membros do painel solicitaram, entre outros, testemunhos e pedidos de documentos de Stephen Miller, conselheiro sénior de Trump, e da diretora de comunicação Kayleigh McEnany, ambos parte do circulo próximo do ex-Presidente. Ainda não é claro se a comissão irá intimar Donald Trump.

Em outubro, a comissão convocou outros ex-conselheiros de Trump, incluindo o ex-chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, e o antigo aliado de ultra-direita Steve Bannon. A Câmara dos Representantes decidiu acusar o antigo conselheiro de desacato criminal, após este ter rejeitado a intimação da comissão de inquérito.

https://zap.aeiou.pt/tribunal-nega-pedido-de-trump-para-impedir-acesso-a-documentos-sobre-assalto-ao-capitolio-443757


Astroworld - Espectadores processam Travis Scott e Drake depois de oito pessoas terem morrido !


Travis Scott, o rosto do festival Astroworld, Drake e as empresas responsáveis pela produção e gestão do recinto estão a ser processados. Ainda não se sabe ao certo o que se passou no concerto, mas a polícia não descarta a possibilidade das vítimas terem sido injectadas com drogas.

Os rappers Travis Scott e Drake vão ser processados por pessoas que atenderam o concerto no festival Astroworld, depois de pelo menos oito pessoas terem perdido a vida e centenas ficado feridas. Em causa estão acusações de que os artistas terão sido negligentes e incitado o público a ter comportamentos perigosos e a instaurar o caos.

O festival, cujo nome se baseou no parque de diversões que existiu em Houston e fechou em 2005 e que é também o nome do terceiro álbum de Travis Scott, estava marcado para os dias 5 e 6 de Novembro na cidade natal do rapper, no Texas. No entanto, o segundo dia foi cancelado depois de na sexta-feira a multidão de 50 mil pessoas ter derrubado as barreiras de segurança e ter começado a correr em debandada.

A firma de advogados Thomas J. Henry Law diz ter vários processos em preparação. A Live Nation Entertainment Inc., empresa que produziu o concerto, e a Harry County Sports and Convention Corporation, responsável pelo recinto onde o evento aconteceu, também estão a ser processadas.

As idades das oito vítimas mortais variam entre os 14 e 27 anos e 25 pessoas foram hospitalizadas, tendo o paciente mais novo apenas 10 anos de idade. Mais de 60 ambulâncias foram chamadas ao local.

Um dos processos foi aberto por Kristian Paredes, um jovem texano de 23 anos que alega ter ficado “gravemente ferido” e exige mais de um milhão de dólares de indemnização, lembrando que nem os artistas nem a organização pararam o concerto mesmo depois de já ser claro que algo se estava a passar e de haver ambulâncias a socorrer pessoas no recinto.

O advogado de Houston Tony Buzbee anunciou na segunda-feira que a sua firma também estava a abrir um processo em nome de 35 queixosos devido à “negligência grosseira” e à falta de condições de segurança. Buzbee quer também uma ordem temporária que obrigaria Travis Scott, cujo nome verdadeiro é Jacques Bermon Webster II, e todos os envolvidos na organização a preservar mensagens, emails e todas as provas que possam indicar o que falhou e quem são os responsáveis.

A família de Axel Acosta, um jovem de 21 anos que morreu no concerto, integra o grupo de 35 queixosos. “Quando o Axel colapsou, os espectadores que tentavam escapar ao seu próprio sufocamento esmagaram o corpo dele como um pedaço de lixo“, revela Buzbee.

O conhecido advogado norte-americano Ben Crump, que representou as famílias de George Floyd e Breonna Taylor, também já anunciou que vai representar legalmente mais pessoas que atenderam o concerto, tendo aberto um processo em nome de Noah Gutierrez, de 21 anos. “Vamos procurar justiça para todos os nossos clientes que sofreram com este evento trágico e evitável”, afirmou.

Várias imagens circulam nas redes sociais a mostrar o caos que se seguiu ao início do concerto de Travis Scott, por volta das 21h, e pessoas a tentar alertar os seguranças, operadores das câmaras e o próprio rapper para pararem o concerto. O artista parou momentaneamente o espectáculo quando reparou que alguém inanimado estava a ser transportado pelo público, mas retomou rapidamente a música.

Meia hora depois de ter começado, o concerto já tinha sido declarado um evento com várias mortes, mas a performance só foi interrompida por volta das 22h10, quase 40 minutos depois da declaração. 
As autoridades de Houston já disseram que estão a averiguar o que causou a tragédia. “Vai haver uma investigação muito, muito activa, e vamos provavelmente demorar algum tempo para determinar exactamente o que aconteceu”, revelou o Presidente da Câmara Municipal da cidade, Sylvester Turner.

“Esta é agora uma investigação criminal que vai envolver a nossa divisão de homicídios, assim como narcóticos, e vamos descobrir o que se passou”, acrescentou Troy Finner, chefe do Departamento de Polícia de Houston. Finner também afirmou no Twitter que já se tinha encontrado com o rapper e o responsável da segurança antes do evento para manifestar as suas preocupações com a segurança.

Numa publicação no Twitter, Travis Scott respondeu à tragédia no sábado. “Estou completamente devastado por aquilo que aconteceu ontem à noite. As minhas preces estão com as famílias e todos os que foram impactados por aquilo que aconteceu no festival Astroworld. A polícia de Houston tem o meu apoio total enquanto continuam a investigar esta perda de vidas trágica. Estou comprometido a trabalhar com a comunidade de Houston para apoiar as famílias que precisam. Obrigado à polícia de Houston, aos bombeiros e ao parque NRG pela sua resposta imediata”, escreveu.

No Instagram, Drake, que também actuou no festival, disse estar “de coração partido por todas as famílias e amigos daqueles que perderam a vida e por quem está a sofrer”.
Podem as vítimas ter sido injectadas com drogas?

Até agora, ainda não se sabe ao certo o que causou as mortes. A principal suspeita é de que as vítimas terão sido esmagadas ou ficado sem ar no meio da multidão, mas a polícia pôs também em cima da mesa a possibilidade de os espectadores terem sido drogados sem consentimento, depois de um segurança no concerto ter supostamente “sentido uma picada no pescoço” enquanto tentava restringir alguém.

“Quando ele foi examinado, ficou inconsciente. Deram-lhe Narcan (nome da substância usada para reverter overdoses). Ele foi ressuscitado e a equipa médica reparou numa picada que é semelhante àquela com que alguém fica quando se tenta injectar. Esssa é uma parte. A outra parte que é muito importante: há alguns indivíduos que foram esmagados”, explicou Finner.

Apesar das suspeitas, o porta-voz da polícia de Houston, Victor Sentis, revelou à VICE que o departamento ainda não tem a certeza de que foram as drogas a causar as mortes. “Ainda não confirmamos nada. Temos uma investigação activa a decorrer. Têm de entender que milhares e milhares de pessoas estavam lá, ainda há muito trabalho a fazer“, lembrou.

A teoria de que podem ter sido drogas a causar as mortes não é muito credível para a enfermeira Madeline Eskins, que também estava presente. “Estão a tentar culpar as drogas. Mas vou dizer o que penso: acho que isto não foi causado por drogas. Pode isso ter sido um factor que contribuiu. Claro. Vão encontrar drogas nos corpos das vítimas? Se calhar. Mas as pessoas estavam a ser sufocadas. As pessoas estavam a ser esmagadas. Um rapaz tinha a cara desfigurada e estava a sangrar do nariz, cara, e boca”, revela à Rolling Stone.

Já Claire Zagorski, coordenadora de um programa médico da Universidade de Austin, refere que lá por alguém ter respondido depois de ter recebido Narcan, isso não quer necessariamente dizer que estava a sofrer uma overdose e que pode ser um “efeito placebo“.

Esta não é a primeira vez que os concertos de Travis Scott ficaram marcados por incidentes e falta de segurança, tendo o artista já tido problemas com a justiça por incitar comportamentos inseguros. Em 2015, declarou-se culpado por ter incentivado fãs a saltar as barreiras que protegia o palco no festival Lollapalooza, em Chicago. Dois anos mais tarde, Scott apelou a que os fãs contornassem a segurança num concerto no Arkansas, tendo um caído de uma varanda e ficado paralisado. Já em 2019, três pessoas ficaram feridas durante uma debandada.

As imagens de promoção, que usavam clips de concertos em 2019 onde a audiência derrubou as barreiras, também já indicam o padrão de incidentes perigosos nos espectáculos do rapper.

Entretanto, o QAnon e outros grupos de teorias da conspiração já estão a alegar que o evento era satânico e um “sacrifício de sangue“, apontando o simbolismo “demónico” que o rapper já usou e para o slogan do festival “See you on the other side” — Vemo-nos do outro lado — que já daria a entender que havia um plano para pessoas morrerem no concerto. Circulam também vários vídeos online onde os utilizadores das redes sociais acusam o artista de ver o que se estava a passar e não fazer nada.

https://zap.aeiou.pt/astroworld-processam-travis-scott-drake-443387


Depois de um período de calmaria, Sergio Moro vai oficializar entrada na política partidária !


Na quarta-feira, Sergio Moro, antigo juiz federal e ex-ministro da Justiça brasileiro, vai filiar-se no partido Podemos (sem relação com o homónimo espanhol).

Sergio Moro vai oficializar a sua entrada na política partidária esta semana, filiando-se no partido Podemos. Segundo o jornal Público, a grande dúvida é sobre o que virá depois.

O cenário de uma eventual candidatura presidencial poderá estar a ser equacionado, mas a verdade é que o antigo juiz federal e ex-ministro da Justiça não tem muitos aliados para o apoiarem localmente durante a campanha. Além disso, há outra desvantagem relacionada com a falta de experiência política.

O diário salienta ainda que uma alternativa seria uma candidatura ao Senado federal, provavelmente pelo estado do Paraná, que alcançaria com relativa facilidade.

Moro rompeu com o Governo de Jair Bolsonaro em abril do ano passado e, durante vários meses, manteve-se em silêncio. Nos últimos dias, o ex-juiz passou a acompanhar assuntos da atualidade nas redes sociais, comentando temas orçamentais, criticando o Governo e lamentando publicamente a morte da cantora Marília Mendonça.

Há quem acuse o programa de Sergio Moro de ser monotemático, por se concentrar quase em exclusivo no combate à corrupção. A imprensa brasileira sublinha, por isso, a tentativa de Moro em alargar o espetro de assuntos em que pretende tomar posição.
Deltan Dallagnol também entra na política

O procurador Deltan Dallagnol também pediu para abandonar o Ministério Público para entrar na carreira política.

Depois de ter chefiado a equipa de procuradores responsáveis pela Lava-Jato, Dallagnol disse que os esforços pela promoção do combate à corrupção estão a ser postos em causa, no anúncio que marcou o fim da sua ligação ao Ministério Público.

Moro e Dallagnol são dois rostos fortes do combate à corrupção, mas são também os protagonistas do escândalo Vaza-Jato.

Em 2019, foram reveladas comunicações entre ambos durante as operações de investigação que mostravam uma relação muito próxima entre a acusação e o juiz que iria julgar muitos dos casos da Lava-Jato, alguns dos quais com grande impacto político.

Este é um dos obstáculos dos juristas, que entram agora na política partidária.

https://zap.aeiou.pt/sergio-moro-entrada-na-politica-partidaria-443418


Bielorrússia avisa Polónia sobre eventuais provocações na fronteira !


A Bielorrússia alertou hoje a Polónia contra qualquer “provocação” na fronteira entre os dois países onde milhares de migrantes e refugiados se juntam na esperança de entrar na União Europeia.

“Queremos alertar a Polónia com antecedência contra o uso de qualquer provocação” contra a Bielorrússia, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do regime de Minsk.

Na segunda-feira, a Polónia bloqueou centenas de pessoas que tentavam passar a fronteira da Bielorrússia, sobretudo refugiados do Médio Oriente.

Do lado polaco, a zona de fronteira está vedada por arame farpado e fortemente guardada.

Hoje, ​​​​​​o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, disse mesmo que a crise migratória na fronteira com a Bielorrússia ameaça a “estabilidade e a segurança de toda a União Europeia”.

“Fechar a fronteira polaca é uma questão de interesse nacional. Mas atualmente é a estabilidade e a segurança de toda a União Europeia que está em jogo“, escreveu o chefe do Governo polaco através da rede social ‘Twitter’.

A União Europeia acusa o regime de Alexandr Lukashenko de orquestrar a pressão da vaga migratória e de refugiados em resposta contra as sanções impostas por Bruxelas contra a Bielorrússia.

Washington e Bruxelas já apelaram a Minsk no sentido de pôr termo ao que consideram ser uma “vaga migratória organizada” pela Bielorrússia.

Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, admitiu a possibilidade de imposição de novas sanções contra Minsk.

A Aliança Atlântica disse na segunda-feira que a forma como a Bielorrússia está a “utilizar” a questão migratória é “inaceitável“.

O Ministério da Defesa da Bielorrússia reiterou as acusações contra a Polónia – sobre a forma como Minsk está a lidar com a vaga migratória – e que considera “sem fundamento” acrescentando que Varsóvia está a tentar “deliberadamente” provocar o incremento da tensão.

“O Ministério da Defesa polaco não procura uma solução construtiva sobre o assunto e procura de forma deliberada uma situação de conflito elevando-a a um nível político”, disse ainda o Ministério da Defesa da Bielorrússia.

Por outro lado, o ministro do Interior da Bielorrússia, Ivan Koubrakov, citado pela agência oficial Belta, os “migrantes”, principalmente os que são originários do Médio Oriente, encontram-se “legalmente” em território bielorrusso.

https://zap.aeiou.pt/bielorussia-avisa-polonia-fronteira-443443


Pandemia ressuscitou retórica anti-semita – E deu origem a “novos mitos que culpam os judeus” !


A pandemia de covid-19 “ressuscitou” a retórica anti-semita e deu origem a “novos mitos e teorias, culpando os judeus” pela atual crise sanitária, de acordo com um relatório da União Europeia (UE), divulgado esta terça-feira.

“O anti-semitismo, especialmente na internet, aumentou durante a pandemia”, apontou a Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA), num relatório realizado com base em estatísticas oficiais e elementos recolhidos por organizações civis, citado pela agência France-Presse (AFP).

Na Alemanha, segundo a rede de associações RIAS, 44% dos incidentes anti-semitas registados nos primeiros meses da pandemia foram “associados ao coronavírus”.

Na República Checa, a Federação das Comunidades Judaicas registou “um aumento do discurso de ódio” na internet, alimentado pelo movimento conspiracionista contra as vacinas para combater a covid-19 e as restrições impostas para travar a pandemia.

Portugal não dispõe de dados

A situação pode ainda ser mais grave que a revelada pelos dados disponíveis, apontou a agência, afirmando que “as lacunas” de informação “continuam a mascarar a realidade”, com poucos países da UE a registarem de forma “eficaz” os incidentes anti-semitas. Alguns, como Portugal e a Hungria, não dispõem de quaisquer números oficiais sobre o fenómeno, apontou a agência, com sede em Viena.

Em muitos países, “a esmagadora maioria dos incidentes não é relatada, nem à polícia nem a qualquer outra instituição”, sublinhou o organismo. Também por essa razão, é impossível fazer “comparações significativas”, indicou.

Espanha registou apenas três incidentes no ano passado, em comparação com 339 em França, enquanto a Alemanha registou 2351, o número “mais elevado no período 2010-2020”.

“O anti-semitismo é um problema grave, mas sem dados não sabemos quão grave é”, disse o diretor da agência, Michael O’Flaherty, citado em comunicado, apelando aos países europeus para “intensificarem esforços” para recolher mais dados. “Poderemos então lutar melhor contra o ódio e os preconceitos”, instou.

O comunicado foi divulgado no dia em que se assinala o 83.º aniversário da Noite de Cristal, que marcou o início da perseguição da Alemanha nazi aos judeus, a 9 de novembro de 1938.

Bruxelas apresentou em outubro a primeira estratégia de combate ao anti-semitismo, destinada a combater as mensagens de ódio na internet, reforçar a proteção de sinagogas e promover a transmissão da história da Shoah.

https://zap.aeiou.pt/pandemia-ressuscitou-retorica-anti-semita-443412


Polónia alerta para escalada armada com a Bielorrússia - UE avança com mais sanções contra política de “gangster” de Minsk !


Em resposta aos confrontos de segunda-feira e trocas de acusações diplomáticas, a União Europeia anunciou mais sanções contra Minsk. A Polónia avisa que a situação pode chegar a um conflito armado.

A tensão entre a Bielorrússia e a Polónia continua a subir de tom. Em causa está a crise na fronteira entre os dois países, com Varsóvia a acusar o governo de Lukashenko de orquestrar a situação ao acolher migrantes maioritariamente de países do Médio Oriente e depois obrigá-los a ir para a fronteira para tentar pedir asilo na Polónia. A Bielorrússia estará a fazer isto como retaliação às sanções aplicadas pela União Europeia, que não reconhece Lukashenko como vencedor das últimas eleições no país em Agosto de 2020.

No entanto, a situação só está a aumentar a hostilidade entre o bloco dos 27 e a Bielorrússia. Na terça-feira, o porta-voz da Comissão Europeia acusou Minsk de ter uma “abordagem desumana e à gangster” ao instrumentalizar os migrantes como arma de arremesso político e fazer falsas promessas sobre a entrada na UE. A Bielorrúsia tem sempre negado as acusações.

“Quando chegam estão a ser empurrados para a fronteira e forçados a entrar ilegalmente na União Europeia”, afirmou Peter Stano. Segundo a Reuters, a UE já está a planear mais sanções a 30 entidades, incluindo o Ministro dos Negócios Estrangeiros do país e a empresa de aviação Belavia.

Os 27 avançaram já com a suspensão parcial de um acordo para a facilitação de emissão de vistos para UE para trabalhadores do governo de Lukashenko. A Bielorrúsia tem sempre negado o envolvimento e acusa o Ocidente de abusar dos direitos humanos dos migrantes.

Pelo menos 2000 migrantes estão agora presos na fronteira, segundo a União. Já o governo polaco estima que o valor estará entre três e quatro mil pessoas.

Para responder à crise, a Polónia está a construir um muro, impôs o estado de emergência na zona da fronteira, enviou mensagens onde avisava os migrantes que podiam ser presos se atravessassem ilegalmente e chegou a legalizar a práctica da expulsão directa, o que viola a lei internacional.

Várias ONGs também já deixaram duras críticas à resposta do governo polaco, acusando Varsóvia de impedir que jornalistas e organizações reportem os abusos aos direitos humanos através do estado de emergência e de negar cuidados médicos aos migrantes. A UE também tem sido alvo das críticas, com a ONG polaca Fundação Ocalenie a acusar os 27 de aceitarem que um dos seus estados-membros “use tácticas igualmente desumanas” às da Bielorrússia.

Para além da Polónia, a Lituânia e a Letónia também reportaram grandes aumentos no número de migrantes. As autoridades polacas afirmaram em Outubro que já 11 500 pessoas tentaram atravessar a fronteira ilegalmente só este ano, incluindo 6000 só em Setembro, enquanto que o número total em 2020 foi cerca de 100.

Os migrantes ficam em campos improvisados perante temperaturas negativas, tendo até já havido oito mortes. Muitos dizem que as autoridades bielorrussas lhes tiraram os telemóveis e obrigaram a ir para a fronteira polaca.

“Ninguém nos deixa ir a lado nenhum, Bielorrússia ou Polónia”, revela Shwan Kurd, iraquiano de 33 anos à BBC. “Não há forma de escapar. A Polónia não nos deixa entrar. Todas as noites sobrevoam com helicópteros. Não nos deixam dormir. Temos tanta fome. Não há água ou comida aqui. Temos crianças pequenas, idosos, mulheres e famílias”, relata.
Putin é o “mentor” da crise, acusa a Polónia

Na segunda-feira, a confusão chegou a causar confrontos entre os migrantes e as forças de segurança polacas, com as pessoas que foram empurradas pelo governo bielorrusso a tentar entrar na Polónia.

O Ministro da Defesa, Marius Blaszczak, descreveu a tentativa de travessia como um “ataque” que acredita que “certamente se vai repetir”. Varsóvia já chegou mesmo a falar numa possível escalada armada do conflito e reforçou o número de tropas no terreno.

Vários vídeos divulgados nas redes sociais mostravam centenas de pessoas a caminhar em direcção à fronteira polaca perto da aldeia de Kuznica, enquanto outras tentavam atravessar a vedação usando pás, tesouras e outras ferramentas para abrir caminho pela vedação. A polícia terá usado gás lacrimogénio para dispersar a multidão. A Polónia afirma que muitos migrantes chegam acompanhados por indivíduos bielorrussos armados e com cães.

Lukashenko telefonou ao aliado russo Vladimir Putin depois dos confrontos de segunda-feira. Segundo a presidência de Minsk, os dois debateram “perspectivas sobre a situação dos refugiados na fronteira” e a “especial preocupação” de ambos com a “concentração de tropas polacas na fronteira”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Minsk alertou esta terça-feira a “Polónia contra o uso de qualquer provocação” contra o país.

Também ontem, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, avisou a Bielorrússia. “Proteger a fronteira polaco é o nosso interesse nacional. Mas hoje a estabilidade e a segurança de toda a UE estão em risco. Este ataque híbrido do regime de Lukashenko tem como alvo todos nós. Não seremos intimidados e vamos defender a paz na Europa com os nossos parceiros da NATO e da UE”, alertou, acusando também Putin de estar por detrás da crise.

Tanto a NATO como a ONU também já condenaram Minsk por usar os migrantes como peões políticos. Os Estados Unidos mostraram-se preocupados e apelaram a Lukashenko que acabasse com a crise. A Alemanha, que faz fronteira com a Polónia, pediu também que a comunidade internacional agisse em conjunto, dizendo que os dois países não podem lidar com a crise sozinhos.

https://zap.aeiou.pt/polonia-escalada-armada-bielorrussia-ue-443673


Mais de 25 mil de toneladas de plásticos usados no combate à pandemia foram parar aos oceanos !


Resíduos chegaram ao mar através dos principais rios e o a maioria do lixo teve origem no meio hospitalar. Estudo indica que países não tiveram capacidade de gerir os plásticos de forma adequada face ao elevado volume de resíduos.

Parte dos materiais de plásticos usados na luta contra a covid-19, estimados em algo como 25,900 toneladas, o equivalente a mais de dois mil autocarros de dois andares, foram parar aos oceanos, apontam os cientistas. A má gestão destes resíduos, sobretudo equipamento de proteção individual (tal como máscaras e luvas), juntamente com a incapacidade de os países os processarem devidamente, fez com que tivessem este destino.

Desde o início da pandemia, estima-se que cerca de 8.4 milhões de toneladas de resíduos de plástico tenham sido geradas em 193 países, de acordo com um relatório publicado esta segunda-feira.
A pandemia da covid-19 levou a um aumento na procura por plásticos de uso único, os quais intensificam a pressão sobre o problema do consumo de plástico, já fora de controlo”, explicaram Yimming Peng e Peipe Wu, da Universidade de Nanjing e autores do estudo, publicado no jornal online PNAS. “A libertação de plásticos pode ser transportada por longas distâncias no oceano, encontrar a vida selvagem marinha e, potencialmente, levar a lesões ou até mortes”, explica a dupla.

Um outro estudo, publicado em março, apresentou o primeiro caso de um peixe encurralado numa luva médica, um fenómeno retratado durante a limpeza de um canal em Leiden, nos Países Baixos. No Brasil, uma máscara PFF-2 foi encontrada no estomago de um pinguim Magellanic. De acordo com as piores previsões dos cientistas, no final do século todos os plásticos associados à pandemia acabarão nos oceanos ou nas praias.

O estudo em causa aponta também que 46% do plástico em causa teve origem na Ásia, talvez devido ao maior uso de equipamentos de proteção individual por parte daquela população. Na tabela, segue-se a Europa (24%) e a América do Norte e do Sul (22%).

Os investigadores dizem que a partir da investigação é possível apontar que 87.4% dos resíduos provinha de hospitais, e não se uso individual – neste caso, os plásticos correspondem a apenas 7.6% do total. As embalagens constituem 4.7% e os testes de despiste 0.3%. “A maioria do plástico é proveniente de desperdícios resultante da atividade hospitalar, o qual anula a contribuição do equipamento de proteção individual e do material da embalagem. Isto constitui um problema duradouro para o ambiente oceânico, já que os resíduos ficam sobretudo acumulados nas praias e noutros sedimentos costeiros.”

A investigação sugere ainda que as milhares de toneladas de máscaras, luvas, testes e viseiras chegaram aos oceanos a partir de 369 grandes rios. Entre os principais canais de transporte de resíduos está o rio Shatt al-Arab, no sudeste do Iraque, o rio Indus, no oeste no Tibete, e o rio Yantze, na China. Entre os cursos de água europeus, destaca-se o Danúbio.

Para a totalidade de resíduos de plástico no mar, 73% teve origem em rios asiáticos, 11% em rios europeus, com os estantes continentes a representarem apenas contribuições minoritárias. “Estas conclusões destacam os rios mais complicados, assim como outros pontos que merecem especial atenção no que respeita à gestão dos resíduos de plástico” e onde é preciso intervir, avançam os autores.

“Descobrimos o impacto a longo prazo destes resíduos nos oceanos. No final do século, o modelo que desenhamos sugere que quase todo o plástico associado à pandemia vai terminar no leito do mar (28.8%) ou nas praias (70.5%), explicam os especialistas. Os autores afirmam ainda que as conclusões mostram ainda a necessidade de uma melhor gestão do lixo hospitalar nos epicentros da pandemia, sobretudo nos países mais desenvolvidos.

https://zap.aeiou.pt/cerca-de-8-4-milhoes-de-toneladas-de-plasticos-usados-no-combate-a-pandemia-foram-parar-aos-oceanos-443543


terça-feira, 9 de novembro de 2021

NATO X RÚSSIA-CRISE AGORA ENVOLVE MOVIMENTAÇÃO NO MAR NEGRO E UCRÂNIA !


 https://undhorizontenews2.blogspot.com/

De fato e gravata, ministro de Tuvalu discursa com a água pelos joelhos para alertar para a subida do mar !


O ministro dos Negócios Estrangeiros de Tuvalu, uma ilha que se situa no Pacífico Sul, gravou um discurso onde se mostra a falar com a água pelos joelhos. O objetivo é mostrar como o país é vulnerável ao aquecimento global.

O discurso de Simon Kofe será apresentado esta terça-feira na COP26, que está a decorrer em Glasgow. Atrás de um púlpito, de fato e gravata, o governante discursa nas águas da capital do país, Funafuti.

De pé no mar, com as calças arregaçadas e a água pelos joelhos, a mensagem pretende mostrar como a sua nação insular do Pacífico está na linha da frente das alterações climáticas.

As imagens de Simon Kofe, de pé num estrado montado no mar e com as calças arregaçadas, foram amplamente partilhadas nos meios de comunicação social, chamando a atenção para a luta de Tuvalu contra a subida do nível do mar.

“A declaração destaca a atitude arrojada que Tuvalu está a tomar para abordar as muito prementes questões da mobilidade humana sob as alterações climáticas”, disse Kofe sobre a sua mensagem em vídeo.

O vídeo foi filmado pela emissora pública TVBC no extremo de Fongafale, o principal ilhéu da capital Funafuti, disse uma fonte do governo. Ao que se sabe, deverá ser exibido na cimeira sobre o clima na terça-feira, numa altura em que os líderes regionais pressionam para uma postura mais agressiva para limitar o impacto das alterações climáticas.

Alguns dos países mais poluidores prometeram intensificar os cortes de carbono nas próximas décadas, com alguns a assumirem o objetivo de atingirem a meta de zero emissões líquidas de carbono até 2050. No entanto, os líderes das ilhas do Pacífico exigiram uma ação imediata, salientando que está em jogo a própria sobrevivência dos seus países de baixa altitude.

Tuvalu é composta por nove pequenas ilhas e tem uma população de cerca de 12.000 pessoas. O seu site de turismo, Timeless Tuvalu, alerta que até ao final do século as ilhas podem ficar submersas.

Atualmente, os alunos das escolas já estão a aprender mais sobre os efeitos das mudanças climáticas para puderem ajudar a travar esta batalha, porém teme-se que esta possa ser “a última geração de crianças a crescer em Tuvalu”, refere o site, acrescentando que muitas pessoas já emigraram para a Nova Zelândia.

De acordo com o Banco Mundial, os níveis do oceano Pacífico ocidental aumentaram duas a três vezes mais rápido do que a média global. A previsão é que subam entre 0,5 e 1,1 metros antes do final do século, escreve a CNBC.

https://zap.aeiou.pt/ministro-tuvalu-discursa-agua-joelhos-443420


Casal denuncia clínica por troca de embriões, depois de descobrir que teve uma filha de outra família !


Na segunda-feira, um casal de Los Angeles apresentou uma denúncia contra uma clínica especializada em fertilização in vitro, após descobrir que dois óvulos fecundados foram trocados e que eles tiveram uma filha de outra família.

Quando Daphna e Alexander Cardinale viram o seu bebé recém-nascido pela primeira vez, em setembro de 2019, perceberam que a menina tinha a pele e o cabelo mais escuros do que a restante da família, descreveram os advogados do casal.

“Testes genéticos revelaram que o bebé que Alexander e Daphna criaram durante meses não tinha relação genética com o casal“, acrescentou o escritório Peiffer Wolf.

De acordo com o processo, aberto nesta segunda-feira num tribunal de Los Angeles, os embriões de dois casais foram trocados, supostamente por negligência. Após descobrirem o erro, os dois casais conheceram-se e decidiram recuperar a guarda dos seus filhos biológicos, numa troca formalizada pela Justiça.

O erro, no entanto, deixou marcas e causou sofrimento, argumenta o casal Cardinale na denúncia efetuada. “O nascimento da nossa filha deveria ter sido um dos momentos mais felizes da minha vida. Mas senti-me imediatamente abalado e confuso por não reconhecê-la“, descreveu Alexander Cardinale.

“Quando a verdade veio à tona, trocar as crianças foi ainda mais doloroso. Perder a criança que se conhece por uma criança que ainda não se conhece é um pesadelo impossível”, acrescentou.

https://zap.aeiou.pt/casal-denuncia-clinica-troca-embrioes-443436


Obama quer jovens “zangados” com a crise climática – Mas muitos jovens estão é zangados com ele !

Obama apelou à participação política dos jovens, mas muitos activistas lembraram as suas promessas quebradas sobre o combate às alterações climáticas.

Uma das intervenções mais marcantes na Cop26 até agora foi o discurso de Barack Obama esta segunda-feira. Durante a sua intervenção, o ex-Presidente norte-americano apelou à intervenção política dos jovens e deixou alfinetadas a Donald Trump, depois de Joe Biden já ter pedido desculpas pelo abandono do Acordo de Paris do anterior chefe de Estado.

Obama afirma que o mundo está longe de onde precisa de estar para evitar uma “futura catástrofe climática” e que “a maioria dos países falharam no cumprimento” dos objectivos definidos em 2015 e criticou a “hostilidade activa” contra a ciência do seu sucessor na Casa Branca.

O ex-Presidente reconhece também que o “progresso” dos EUA parou quando o seu sucessor “decidiu unilateralmente sair do Acordo de Paris no seu primeiro ano no cargo”. “Não fiquei muito feliz com isso“, criticou Obama.

“Eu reconheço que estamos a viver num momento em que a cooperação internacional está atrofiada — em parte por causa da pandemia, em parte por causa do crescimento do nacionalismo e de impulsos tribalistas pelo mundo, em parte por causa de uma falta de liderança da América durante quatro anos em muitos problemas multilaterais”, afirmou.

No entanto, apesar dos retrocessos da era Trump e do crescimento do nacionalismo, Obama ainda tem esperança, dizendo que “os norte-americanos cumpriram o seu compromisso original no Acordo de Paris”. “Não é só isso, mas o resto do mundo manteve-se no acordo. E agora com o Presidente Biden e a sua administração a reintegrar o acordo, o governo dos EUA está novamente envolvida e preparada para assumir um papel de liderança”, declarou.

A China e a Rússia também mereceram um raspanete do ex-chefe de Estado norte-americano, já que nem Xi Jinping nem Vladimir Putin marcaram presença na Cop26, algo que Obama considera “particularmente desencorajador“, visto que seus planos refletem uma “falta perigosa de urgência e uma tentativa de manter o status quo“. 
Mas os jovens activistas foram o principal foco da atenção de Obama. “Como tenho a certeza de que é verdade para todos vocês, há tempos em que me sinto desencorajado, quando o futuro parece desolador, quando tenho dúvidas de que a humanidade se recomponha antes que seja tarde demais. E as imagens da distopia começam a entrar nos meus sonhos. E no entanto, quando sinto esse desânimo, lembro-me que esse cinismo é o recurso dos cobardes. Não podemos suportar o desalento“, apelou.

Sobre a frustração de muitos dos mais novos, o ex-Presidente disse simplesmente que têm o direito de se sentirem assim — “Durante a maior parte das vossas vidas, vocês foram bombardeados com avisos sobre como o futuro será se não respondermos às alterações climáticas. E cresceram a ver muitos dos adultos que estão numa posição para fazer algo ou a fingir que o problema não existe ou a recusarem-se a adoptar as decisões necessárias para o resolver”.

“Votem como se a vossa vida dependesse disso. O facto duro e cru é que não vamos ter planos para as alterações climáticas mais ambiciosos a não ser que os governos os apoiem”, apelou Obama, num discurso no tom do que fez quando apoiou a campanha de Joe Biden, mas alerta de que os jovens têm de repensar na sua abordagem e mostrar-se dispostos a fazer concessões.

Os protestos e as campanhas nas redes sociais são “necessários para atrair atenção”, mas para construir uma coligação que defenda as mudanças “arrojadas” necessárias, é preciso “persuadir as pessoas que ou actualmente não concordam ou são indiferentes ao problema”. “Temos de ouvir mais. Não podemos simplesmente gritar com eles ou mandar-lhes tweets — não chega ser inconveniente ao bloquear o trânsito durante os protestos. Temos de ouvir das objecções e a hesitação das pessoas normais e entender a sua realidade”, pediu.

“Não têm de ficar felizes com isso, mas não podem ignorar isso. Não podem ser demasiado puros para a política. Para todos os jovens — quero que fiquem zangados. Quero que fiquem frustrados. Mas usem essa raiva. Aproveitem essa frustração. Continuem a puxar por mais e mais e preparem-se para uma maratona, não um sprint”, concluiu, lembrando que os jovens têm também uma responsabilidade de apoiar negócios sustentáveis com o seu poder de consumo.

Obama gabou-se de tornar os EUA os principais produtores de combustíveis fósseis

A intervenção de Barack Obama terminou com uma ovação em pé, mas muitos dos jovens activistas a quem o ex-chefe de Estado se dirigiu não ficaram convencidos com o seu apelo, sendo Obama um dos alvos da frustração dos mais novos. Pelos vistos, o ex-Presidente dos Estados Unidos precisa de ter a memória refrescada, visto ter sido um dos adultos que teve poder para fazer mais que referiu no seu discurso.

Uma das críticas apontadas é a promessa quebrada da sua administração de que os países desenvolvidos iriam doar 100 mil milhões de dólares, cerca de 86 mil milhões de euros, anuais a nações mais pobres para o combate às alterações climáticas.

A activista Vanessa Nakate também liderou um protesto na Sala de Acção sobre esta promessa quebrada. Acompanhada por quatro outros ativistas, cada um com uma palavra nas mãos que juntas formavam a frase “Show us the money” (Mostrem-nos o dinheiro), a jovem queniana criticou as palavras vazias dos líderes em Glasgow. “Continuamos à espera que cumpram a promessa dos 100 mil milhões de dólares, foram prometidos por líderes, como Obama em 2009. Continuamos à espera e agora dizem que devemos esperar até 2023”, condenou.

“Financiar a adaptação é critico. Não nos podemos adaptar à fome, à extinção, não nos podemos adaptar à perda de biodiversidade. Temos de pôr o pacote de perdas e danos no centro das negociações da Cop26. Um adiamento ou uma promessa quebrada só trazem mais perdas e danos”, afirmou e virou para Obama no final: “Mostre-nos o dinheiro”.

Muitos activistas também lembraram as palavras do ex-Presidente, quando em 2018 se gabou do boom na produção de combustíveis fósseis nos Estados Unidos. 
Muitos críticos, incluindo o Instituto Petrolífero Americano, argumentarem que esse crescimento ocorreu apesar das políticas de Obama, e não por causa delas. No entanto, Obama, que disse estar “extremamente orgulhoso do Acordo de Paris”, defendeu que o país precisa de energia produzida internamente.

Durante os dois mandatos de Obama, a produção de petróleo nos EUA subiu 88%, algo de que o anterior chefe de Estado se vangloriou e assumiu os créditos várias vezes.

“Nem sempre se soube isso, mas subiu todos os anos enquanto fui Presidente. Aquela conversa toda sobre de repente a América ser o maior produtor de petróleo e de gás, fui eu que fiz isso“, gabou-se Obama, sendo aplaudido durante uma gala em 2018.

https://zap.aeiou.pt/cop26-obama-jovens-zangados-climatica-443449


O novo homem forte das finanças alemãs é um liberal capaz de fazer t(r)emer meia Europa !


Christian Lindner é um liberal que cedo se afirmou na vida política alemã — fazendo, por vezes, uso dos desastres eleitorais do próprio partido. Gabam-lhe a exímia capacidade de ler o xadrez política, a qual poderá ter sido determinante, no pós eleições federais, para se posicionar ao lado dos Verdes e do SPD e começar a negociar uma nova solução governativa.

Os últimos anos do longo mandato de Angela Merkel ao leme dos destinos germânicos ficaram marcados marcados por políticas que a distanciaram da linha dura que adotou durante os tempos mais gravosos da crise do sistema financeiro mundial que se iniciou em 2008.

Nessa altura, a chanceler tornou-se um símbolo das medidas de austeridade impostas aos países mais frágeis e que se viram na necessidade de pedir ajuda internacional, não permitindo que estes se excedessem nos gastos internos e que cumprissem com as obrigações financeiras externas. A sua figura tornou-se altamente controversa em países como a Grécia, Portugal ou Espanha, com as populações a culpá-la — e às principais figuras europeias — pelos duros cortes orçamentais que os governos nacionais foram obrigados a implementar.

Anos mais tarde, perante uma nova crise, desta feita com origem no fluxo de refugiados que chegava às costas europeias, a postura de Merkel de abrir as fronteiras alemãs, em clara oposição às políticas adotadas por outros países, valeu-lhe muitas críticas internas — e alguns votos a menos nas eleições federais que se seguiram —, mas a chanceler manteve-se intransigente. Do exterior, paradoxalmente, chegavam elogios que sublinhavam o seu caráter humanista e solidário, em linha com os princípios fundadores da própria União Europeia. 

Anunciada a sua reforma da política — apesar de se manter no poder de forma interina —, é caso para dizer que da Alemanha pode chegar uma nova figura capaz de fazer tremer as pernas dos responsáveis políticos dos mesmos países referidos anteriormente, sobretudo num contexto pós-pandemia. O seu nome é Christian Lindner, líder dos liberais alemães (FDP), um dos partidos que integra as negociações, juntamente com o os sociais-democratas do SPD e dos Verdes, para o próximo governo alemão. O seu cargo provável? Ministro das Finanças — com tudo o que isso significa no contexto europeu.

Com apenas 16 anos, Lindner filiou-se no FDP e, em menos de um ano, já dirigia o grupo do partido na sua escola secundária, localizada no estado da Renânia do Norte-Vestfália, onde nasceu, bem perto da fronteira com a Bélgica e dos Países Baixos. A sua precocidade política não se fica por aqui. Aos 21 anos, tornou-se o deputado mais jovem de sempre a integrar o parlamento do seu estado — por essa altura adotou também a alcunha de Bambi, uma referência à histórica personagem da Disney.

Em 2009, novo avanço — precoce — na carreira de político: é eleito para o parlamento federal da Alemanha, tornando-se, aos 34 anos anos e poucos anos depois, líder do FDP. Curiosamente, foi no rescaldo de um dos piores resultados da história do partido — em grande parte devido às posições controversas que assumiu durante a crise financeira, alegando que os alemães não deveriam ter que suportar os erros dos restantes países europeus — que Lindner’s garantiu a sua ascensão, quer a nível partidário quer a nível nacional.

Em 2013, o FDP obteve menos de 5% da votação nas eleições federais, o que ditou o seu afastamento do parlamento alemão, algo inédito desde a função do partido e um resultado que deixava o partido à beira da irrelevância político. Um descalabro, disseram uns, uma oportunidade, viu Lindner. De facto, o meu resultado foi aproveitado para uma reconstrução interna, algo que os mais próximos de Christian lhe louvam. Gerhart Baum, um histórico do FDP, trabalhou com Lindner durante grande parte da carreira, pelo que, quando o intitula de “um dos dos talentosos jovens políticos da Alemanha” e com “capacidade de lançar luz sobre os assuntos mais complexos”, deve saber minimamente do que fala.

Baum, contudo, também aponta ao prodígio do FDP um defeito que lhe é especialmente caro: a facilidade com que pode perder o seu “compasso liberal“. Um exemplo? Quando, em 2015, se opôs à referida política de acolhimento de refugiados adotada por Angela Merkel, aponta Baum — um “verdadeiro liberal” aos olhos de muitos.

Após as eleições federais de setembro, Christian Lindner voltou a ler o livro diante dos seus olhos como ninguém. Enquanto muitos liberais estavam à espera de chegar a acordo com o seu tradicional parceiro de coligação, a CDU de Merkel, o habilidoso político estava de olhos postos num outro alvo, os Verdes, tradicionalmente longe da mesa de diálogo. A abordagem, notam admiradores e críticos, consiste no “típico Lindner”: repensar o equilíbrio de poder no cenário político alemão e concluir rapidamente que o único caminho para o FDP chegar ao poder seria através de uma coligação tripla, precisamente com os Verdes e com o SPD.

Isto traria o partido para um lugar que conhecera durante décadas, o de peça determinante no xadrez das coligações – muito frequentes – alemãs, tendo viabilizado acordos tanto com os sociais-democratas e com os democratas cristãos. Por isso, não deixou de ser surpreendente que, em 2017, Lindner tenha batido com a porta nas negociações para a formação de uma nova solução governativa. A justificação? O entendimento de que o seu partido não estava a ser tratado de forma justa – uma visão que não terá sido partilhada por muitos comentadores e analistas políticos que formaram um autêntico coro de críticas.

Se terá servido, ou não, como lição, nunca se saberá, mas a verdade é que Lindner está ciente de que as negociações que atualmente decorrem na Alemanha para a formação de um novo governo poderão ser a sua última oportunidade – não estando, por isso, em cima da mesa a hipótese de falhanço. Ao eleitorado, o líder dos liberais apresenta-se como um político reinventado, apostado numa imagem de progressista, determinado em modernizar a maior potência europeia.

Essa imagem passa-a também, por exemplo, através das indumentárias que escolha para as suas aparições durante a campanha eleitoral, onde se apresentava irrepreensivelmente vestido e acompanhado de apoiantes jovens, sobretudo homens. Não terá constituído, por isso, uma surpresa para muitos que o FDP, juntamente com os Verdes, tenham sido as duas forças partidárias que tenham conquistado mais jovens votantes.

Entre eles, Lindner é a principal estrela, seja através da imagem de indivíduo bem-sucedido, da facilidade com que se move nas redes sociais – mostrando alguns momentos da sua vida privada ou a fazer atividade física. Como se escreve na imprensa germânica, Lindner é “cool”.

No que respeita à governação, o político afirmou, de forma quase insistente, que não estava interessado num ministério só para si – algo que deverá sempre ser relativizado. Manifestou ainda que ficaria satisfeito por ver “um, dois ou três jovens” como ministros: “homens e mulheres”. Uma declaração que, no que respeita a Lindner, tem especial peso. Ao longo da sua carreira como líder partidário tem sido frequentemente acusado de negligenciar a promoção de mulheres para cargos importantes, nomeadamente em comissões parlamentares, mas também na esfera interna do partido, sobretudo em comparação com os outros principais partidos germânicos.

Gerhart Baum, elogia-lhe, ainda assim, os esforços para inverter a imagem de que o FDP se trata de um partido de um homem só. “Ele está a fazer o que pode para encorajar os membros mais novos do partido, sejam homens ou mulheres. Ele está determinado em dispersar a imagem de que o FDP é o partido de um homem”, apontou Baum.

Apesar das declarações de Lindner que davam conta da sua não intenção de ficar responsável por um ministério no governo alemão, tal deverá mesmo acontecer – durante a campanha referiu que a sua intenção, talvez a longo prazo, seria tornar-se Ministro das Finanças. Um cargo talvez demasiado exigente para alguém sem qualquer experiência na área dos negócios ou das finanças, mas também para alguém que nunca esteve à frente de um ministério.

Frank Decker, cientista político alemão, diz que é fácil perceber o porquê de Lindner querer arriscar em voos tão altos, numa fase tão inicial da sua carreira. “O cargo de ministro das Finanças é a posição mais importante do Governo alemão depois da chancelaria”, como tal, seria fácil para o líder dos liberais exercer a sua influência pelas mais diferentes áreas de governação. Simultaneamente, “é uma posição igualmente ideal para o FDP trazer para o Governo os seus principais quadros em áreas como a economia ou a política fiscal”.

Nas entrelinhas desta explicação está também um poder quase imensurável no que respeita às políticas económicas europeias.

https://zap.aeiou.pt/__trashed-8-441437

Seguidores de Musk votam para que o empresário venda 10% das suas ações da Tesla para pagar impostos !


Os seguidores de Elon Musk decidiram que o empresário deveria vender 10% das suas ações da Tesla, depois de este ter perguntado se o deveria fazer na rede social Twitter.

Elon Musk, presidente executivo da Tesla, pode estar prestes a vender 10% das suas ações. Tudo porque, no fim de semana, deixou uma votação na rede social Twitter sobre esse assunto e mais de metade das pessoas votou “sim”.

“Tem-se falado muito ultimamente sobre as mais-valias potenciais serem um meio de evasão fiscal, por isso, proponho vender 10% das minhas ações na Tesla. Concordam?”, questionou o multimilionário, comprometendo-se a fazer aquilo que a maioria escolhesse.

A votação durou 24 horas e, dos 3,5 milhões que responderam, 57,9% responderam que sim.

Num outro tweet, Musk explicou aos seus seguidores que só tem ações, não recebendo um salário em dinheiro ou bónus de qualquer sítio. O que significa que “a única forma de pagar os impostos pessoalmente é vendendo ações”, escreveu.

Mas, segundo a Business Insider, não especificou como é que os 10% seriam utilizados para pagar impostos.

“Eu estava preparado para aceitar qualquer um dos resultados”, disse Musk, após o encerramento da votação.

De acordo com a Reuters, a percentagem de ações que Musk pondera vender está avaliada em cerca de 21 mil milhões de dólares (cerca de 18 mil milhões de euros), com base no fecho de mercado da semana passada. Ao todo, o fundador da Tesla detém ações naquela empresa que, em conjunto, valem mais de 200 mil milhões de dólares.

A proposta de Musk surge na sequência de uma proposta dos democratas, que querem criar um imposto sobre os bilionários para aumentar os impostos sobre os mais ricos taxando as suas ações, que geralmente só são tributadas quando são vendidas.

Mas a atitude já levantou críticas por parte do Senado dos EUA, mais especificamente do presidente do Comité das Finanças, Ron Wyden, responsável pelo “imposto aos bilionários”.

“Se o homem mais rico do mundo paga ou não algum imposto, não deve depender dos resultados de uma pesquisa do Twitter”, disse Wyden.

Uma análise da Casa Branca concluiu que quando os ganhos não realizados são contabilizados como rendimento, os bilionários pagam uma média de apenas 8,2% em impostos sobre o rendimento, muito menos do que o americano médio.

Com as suas participações noutras empresas, como a Neuralink e a SpaceX, Musk tem uma fortuna estimada em mais de 338 mil milhões de dólares (292 mil milhões de euros), que o torna o homem mais rico do mundo.

Recorde-se que o diretor do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas disse, recentemente, que 2% da fortuna de Elon Musk, equivalente a cinco mil milhões de euros, poderia ajudar a acabar com a fome mundial. Em resposta, Musk afirmou estar preparado para doar esse valor, se a ONU conseguir provar que resolve o problema.

https://zap.aeiou.pt/seguidores-de-musk-votam-para-que-o-empresario-venda-10-das-suas-acoes-da-tesla-para-pagar-impostos-443145


Partido Comunista Chinês reúne-se para aprovar resolução e abrir caminho a um lugar na história para Xi Jinping !


Em 2018, o presidente da República Democrática da China pôs fim ao limite de mandatos, pelo que no final de 2022 entrará no seu terceiro.

O Partido Comunista Chinês iniciou esta segunda-feira uma histórica reunião, na qual analisará e aprovará uma resolução sobre as “principais conquistas e experiências históricas” dos primeiros 100 anos do partido. No entanto, esta reunião é distinta de todas as outras realizadas no seio do partido, já que pretende cimentar o papel de Xi Jinping como grande líder chinês, ao nível de Mao Tsetung e de Deng Xiaoping.

Estes foram, de resto, os únicos líderes chineses a usar o mesmo processo para reafirmar o seu poder, mas também para colocar um ponto final na contestação interna relativa ao rumo que o partido e o país deveriam seguir. No caso de Xi, trata-se sobretudo aprovar uma estratégia que rompe com o passado – sobretudo com as estratégias definidas pelos seus antecessores mais recentes –, mas também de se colocar no centro do partido e das reformas que pretende implementar no futuro. No que respeita à trajetória que país deverá seguir no futuro, não são esperadas muitas mudanças para além das anunciadas por Xi num passado recente.

As últimas semanas que antecederam a reunião foram marcadas por um aumento da propaganda do regime nos meios oficiais. Por exemplo, no Diário do Povo, o jornal oficial do partido, foi possível ler as conquistas feitas por Xi, foram marcadas por “escolhas cruciais”, ao mesmo tempo que o presidente chinês “planeava, concretizava e avançava pessoalmente” em políticas importantes. A luta contra o coronavírus também não foi esquecida. “Cada parecer científico, cada avaliação, cada decisão de reverter a situação – tudo precisava de grande coragem política e sabedoria. Ao deste navio pesado estava um homem.”

A aprovação da resolução não tem como objetivo clarificar a visão oficial do partido perante qualquer tipo de contestação interna, já que, ao longo dos últimos anos, Xi Jiping tratou de assegurar que esta não existe. A sua filosofia pessoal passou a estar presente na formulação de políticas, da política, no exército e até nas escolas, onde os manuais usados pelas crianças têm referências às suas ideias.

No entanto, o foco do dirigente parece estar não na implementação das suas visões à força, o que poderia despoletar movimentos de contestação, mas por via da construção de instituições partidárias em seu redor, mas também por via da lei. A ideia é construir um novo sistema jurídico em que as regras partidárias e as leis do Estado coexistam, escreve o jornal Público.

Para trás, neste novo caminho que XI Jinping pretende traçar fica o modelo económico das últimas décadas, que tinha como objetivo fazer da sociedade chinesa uma sociedade “moderadamente próspera” – o líder chinês é da opinião que esta meta já foi atingida, com a pobreza extrema a ser erradicada por completo. Espera-se, assim, que ao nível da política económica, Xi Jinping continue a intervir na economia com medidas regulatórias e altamente politizadas, numa rutura com o pensamento de Deng.

No que respeita à união do território, dos planos do líder para atingir a “rejuvenescimento nacional” faz também parte Taiwan, a qual considera uma parte inevitável e crucial da China.

https://zap.aeiou.pt/partido-comunista-aprovar-resolucao-443228


segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Cop26 - O que foi alcançado até agora e as decisões que ainda estão pendentes !

Presidente dos EUA, Joe Biden, fala durante o evento Global Methane Pledge na COP26
Entre acordos sobre a desflorestação e redução de emissões do metano, já foram feitos alguns avanços na Cop26. No entanto, muitos activistas dizem que não chegam.

Com muitas expectativas de um lado e cepticismo do outro, os líderes mundiais já alcançaram alguns acordos na cimeira climática Cop26. A nível de compromissos com a redução das emissões de carbono, a Índia fez o anúncio mais ambicioso. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, comprometeu-se a gerar metade da electricidade para a Índia através de fontes renováveis até 2030 e conseguir chegar às zero emissões líquidas até 2070.

Esta segunda parte é bastante ambiciosa e, segundo a Nature, é mais provável que o plano indiano para chegar às zero emissões se refira apenas ao dióxido de carbono e não a todos os gases de efeito de estufa. A iniciativa da Índia vai muito além dos compromissos bem mais contidos de outros países, como a Rússia ou a Arábia Saudita, que são grandes poluidores.

Em relação ao metano, também já há desenvolvimentos. O dióxido de carbono é o principal responsável pelo aquecimento do planeta, mas o metano também é um importante gás com efeito de estufa que precisa de ser tido em conta, visto as suas emissões terem subido na última década e ser o causador de um terço da subida da temperatura causada pelas actividades humanas. 

Um grupo de 90 países que equivalem a dois terços da economia mundial, concordaram em reduzir as emissões de metano em pelo menos 30% relativamente aos níveis actuais até 2030. No entanto, a Rússia, a China e a Índia são três países grandes e importantes que ficaram de fora.

A iniciativa partiu dos Estados Unidos e da União Europeia. Segundo a Casa Branca, as indústrias do petróleo e gás são responsáveis por 30% das emissões de metano nos EUA, e as novas regulações mais apertadas vão ter estes sectores como alvo, com um maior controlo sobre vazamentos em oleodutos e gasodutos.

“Cortar nas emissões de metano é uma das coisas mais eficazes que podemos fazer para reduzir o aquecimento global a curto-prazo e mantê-lo a 1.5ºC”, afirmou a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Também já foi alcançado um acordo relativamente à desflorestação, visto que as florestas são os pulmões do planeta e essenciais para a absorção do dióxido de carbono. A desflorestação, que está a ocorrer a um ritmo de abate que equivale à destruição de um campo de futebol a cada minuto, deve acabar até 2030. Mais de 100 líderes mundiais assinaram este primeiro grande acordo da Cop26, incluindo o Brasil, onde a Amazónia tem sofrido bastante com a desflorestação para a agricultura e exploração pecuária.

Outros signatários incluem o Canadá, a Rússia, a China, a Indonésia, a República Democrática do Congo ou os Estados Unidos. No total, 85% das florestas mundiais localizam-se nos países que assinaram o compromisso. O acordo prevê também o investimento de 16.6 mil milhões de euros de fundos públicos e privados, sendo uma parte destinada à restauração de terras afectadas, ao combate a incêndios e ao apoio a comunidades indígenas em países em desenvolvimento.

Os especialistas elogiaram o progresso feito, mas lembraram que um acordo semelhante alcançado em 2014 não tem sido cumprido. Os governos de 28 países também se comprometeram a remover a desflorestação do comércio mundial de comida e outros produtos agrícolas, como o óleo de palma.

Já os gases emitidos pela queima de carvão são aqueles que individualmente contribuem mais para as alterações climáticas, sendo um corte drástico nestas emissões urgente para se limitar o aumento das temperaturas. “Acho que podemos dizer que o fim do carvão está à vista“, afirmou Alok Sharma, presidente britânico da Cop26, após o anúncio de que 46 países e várias instituições, incluindo bancos, tinham alcançado um compromisso para começar a abandonar o seu uso e cortar o financiamento.

Alguns dos principais utilizadores de carvão, como a Polónia, o Vietname ou o Chile, assinaram o acordo. No entanto, os Estados Unidos, a China, a Índia e a Austrália ficaram de fora, o que motivou críticas. “O ponto principal neste anúncio decepcionante é que o uso do carvão é basicamente deixado na mesma durante anos”, condenou Jamie Peters, director de campanhas na organização ambientalista Friends of the Earth.

Os signatários do acordo comprometeram-se a acabar com todos os investimentos na nova produção de energia gerada a carvão domesticamente e internacionalmente. A diminuição gradual do seu uso até 2030 para as maiores economias e 2040 para os países em desenvolvimento também ficou decidida. Num outro acordo à parte, 20 países, incluindo os EUA, garantiram que vão acabar com o financiamento público para projectos de combustíveis fósseis internacionais “que não diminuem” até ao fim de 2022.

Cerca de 37% da energia mundial em 2019 foi produzida usando carvão. O chefe da delegação da Greenpeace na Cop26 afirma que este acordo “fica aquém da ambição precisa” para cortar nos combustíveis fósseis “nesta década crítica”. “As letras pequenas aparentemente dão aos países uma margem enorme para escolherem a sua data de eliminação gradual, apesar das manchetes bonitas”, remata.

As instituições que detêm dois quintos dos activos financeiros mundiais, incluindo bancos, seguradoras e fundos de pensões, também assinaram um acordo para que até 2050 se consiga alcançar o objectivo de limitar as emissões e o aquecimento global até 1.5ºC. O plano define que estas instituições comecem a financiar projectos tecnológicos que diminuam ou erradiquem as emissões e que acabem com os investimentos no carvão, petróleo e gás natural.

Os compromissos alcançados até agora agradaram à Agência Energética Internacional. Faith Birol, director executivo da agência, afirmou que os acordos assinados limitariam o aquecimento até 1.8ºC. No entanto, essa ideia foi refutada por Selwin Hart, conselheiro sobre acção climática de António Guterres nas Nações Unidas, que refere que “o mundo está no caminho para um aumento de 2.7ºC“, o que seria “catastrófico”.
O que ainda falta decidir

Apesar de já ter havido alguns avanços, há ainda muita coisa por fazer. Os países mais pobres querem que as nações que ainda não têm planos nacionais para cortarem as emissões de gases com efeito de estufa para que se alcance o objectivo do 1.5ºC sejam obrigadas a negociar todos os anos a partir de agora.

Os cálculos da ONU apontam para um aumento de 2.7ºC — bastante acima dos 1.5ºC prometidos no Acordo de Paris. No entanto, os países signatários do Acordo de Paris apenas são obrigados a aumentar os seus compromissos, conhecidos como contribuições nacionais determinadas (NDC), a cada cinco anos, com o próxima data a cair em 2025. Os países em desenvolvimento afirmam que nessa altura, já será tarde demais.

“Os maiores poluidores têm de aumentar a sua acção climática agora, não em 2025, apoiada em passos concretos, como acabar com os subsídios a combustíveis fósseis nos próximos anos. O financiamento climático acessível e ampliado tem de acontecer agora para haver mais acções climáticas nos países em desenvolvimento, através de concessões e não de dívidas. Está na hora de trabalhar e concretizar-mos os nossos compromissos de concessões”, afirma Lia Nicholson, negociadora da Aliança de Pequenos Países Insulares, ao The Guardian.

Christiana Figueres, ex-chefe climática das Nações Unidas que supervisionou o Acordo de Paris, afirma que é possível os países terem de voltar às negociações todos os anos e que a Cop26 devia garantir esse compromisso. O Fórum Climático Vulnerável, que inclui 55 países pobres que vão sofrer com as crise climática, também quer que os países sejam obrigados a reportar anualmente a redução das suas emissões.

“Os países mais vulneráveis pediram um relatório anual sobre a ambição crescente de todos os governos, especialmente dos principais poluidores. Isto pode ser feito como um novo componente regular das Cops anuais e é permitido dentro do Acordo de Paris”, refere ao jornal britânico.

No entanto, já se antecipa muita resistência a esta iniciativa. A Greenpeace já acusou a Arábia Saudita de liderar os esforços para que o aumento da frequência dos relatórios sobre as emissões seja bloqueado.

A falta de compromissos e responsabilização legal para quem falha com eles também está a suscitar críticas entre os civis e activistas que protestam à porta da cimeira, em Glasgow. Sapna Agarwal é voluntária na Cimeira das Pessoas e acredita que tem havido “muito greenwashing” na Cop26. “Em Quioto fizeram-se compromissos obrigatórios, em Paris falava-se de promessas para serem revistas e agora é suposto haver essa revisão, mas o que vemos é que não há responsabilização [pelo que não foi feito]”, revela ao Público.

Estas preocupações também são partilhadas por Niklas Höhne, do Novo Instituto Climático. “Nenhum dos países que tem um objectivo de zero emissões tem implementado políticas suficientes a curto-prazo para essa trajectória. Agora é mais uma visão ou imaginação. E não coincide com a realidade“, critica.

Depois dos acordos conseguidos na semana passada, espera-se que as regulações sobre as medidas usadas nos relatórios de cada país sejam debatidas esta semana. A possível troca de carvão e o seu impacto no alcance dos compromissos e os planos de adaptação à crise climática também vão estar em cima da mesa.

O Adaptation Gap Report do Programa das Nações Unidas para o Ambiente foi apresentado na semana passada e detalhou a diferenças nos planos de adaptação às alterações climáticas em diversos países. A conclusão foi de que “o crescimento dos impactos climáticos está a ultrapassar largamente os nossos esforços para nos adaptarmos a eles”.

No entanto, há alguns sinais promissores, tendo havido um crescimento de 7% em 2021 dos países que adoptaram pelo menos um instrumento com o objectivo de melhorar a adaptação a nível nacional. Desta forma, 79% já têm um plano, estratégia ou lei destinada a lidar com os efeitos da crise climática, enquanto que 9% dos que ainda não fizeram algo parecido estão a preparar algo neste momento.

“151 das NDC entregues incluem informações sobre adaptação. 126 de 154 países em vias de desenvolvimento estão a trabalhar nos seus planos nacionais de adaptação”​, referiu o representante na conferência de imprensa da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla inglesa), Ovais Samard. Antecipa-se assim que os planos de adaptação sejam o grande tópico de discussão no que ainda falta da Cop26.

https://zap.aeiou.pt/cop26-alcancado-decisoes-pendentes-443141


LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...