Obama apelou à participação política dos jovens, mas muitos activistas lembraram as suas promessas quebradas sobre o combate às alterações climáticas.
Uma das intervenções mais marcantes na Cop26 até agora foi o discurso de Barack Obama esta segunda-feira. Durante a sua intervenção, o ex-Presidente norte-americano apelou à intervenção política dos jovens e deixou alfinetadas a Donald Trump, depois de Joe Biden já ter pedido desculpas pelo abandono do Acordo de Paris do anterior chefe de Estado.
Obama afirma que o mundo está longe de onde precisa de estar para evitar uma “futura catástrofe climática” e que “a maioria dos países falharam no cumprimento” dos objectivos definidos em 2015 e criticou a “hostilidade activa” contra a ciência do seu sucessor na Casa Branca.
O ex-Presidente reconhece também que o “progresso” dos EUA parou quando o seu sucessor “decidiu unilateralmente sair do Acordo de Paris no seu primeiro ano no cargo”. “Não fiquei muito feliz com isso“, criticou Obama.
“Eu reconheço que estamos a viver num momento em que a cooperação internacional está atrofiada — em parte por causa da pandemia, em parte por causa do crescimento do nacionalismo e de impulsos tribalistas pelo mundo, em parte por causa de uma falta de liderança da América durante quatro anos em muitos problemas multilaterais”, afirmou.
No entanto, apesar dos retrocessos da era Trump e do crescimento do nacionalismo, Obama ainda tem esperança, dizendo que “os norte-americanos cumpriram o seu compromisso original no Acordo de Paris”. “Não é só isso, mas o resto do mundo manteve-se no acordo. E agora com o Presidente Biden e a sua administração a reintegrar o acordo, o governo dos EUA está novamente envolvida e preparada para assumir um papel de liderança”, declarou.
A China e a Rússia também mereceram um raspanete do ex-chefe de Estado norte-americano, já que nem Xi Jinping nem Vladimir Putin marcaram presença na Cop26, algo que Obama considera “particularmente desencorajador“, visto que seus planos refletem uma “falta perigosa de urgência e uma tentativa de manter o status quo“.
Uma das intervenções mais marcantes na Cop26 até agora foi o discurso de Barack Obama esta segunda-feira. Durante a sua intervenção, o ex-Presidente norte-americano apelou à intervenção política dos jovens e deixou alfinetadas a Donald Trump, depois de Joe Biden já ter pedido desculpas pelo abandono do Acordo de Paris do anterior chefe de Estado.
Obama afirma que o mundo está longe de onde precisa de estar para evitar uma “futura catástrofe climática” e que “a maioria dos países falharam no cumprimento” dos objectivos definidos em 2015 e criticou a “hostilidade activa” contra a ciência do seu sucessor na Casa Branca.
O ex-Presidente reconhece também que o “progresso” dos EUA parou quando o seu sucessor “decidiu unilateralmente sair do Acordo de Paris no seu primeiro ano no cargo”. “Não fiquei muito feliz com isso“, criticou Obama.
“Eu reconheço que estamos a viver num momento em que a cooperação internacional está atrofiada — em parte por causa da pandemia, em parte por causa do crescimento do nacionalismo e de impulsos tribalistas pelo mundo, em parte por causa de uma falta de liderança da América durante quatro anos em muitos problemas multilaterais”, afirmou.
No entanto, apesar dos retrocessos da era Trump e do crescimento do nacionalismo, Obama ainda tem esperança, dizendo que “os norte-americanos cumpriram o seu compromisso original no Acordo de Paris”. “Não é só isso, mas o resto do mundo manteve-se no acordo. E agora com o Presidente Biden e a sua administração a reintegrar o acordo, o governo dos EUA está novamente envolvida e preparada para assumir um papel de liderança”, declarou.
A China e a Rússia também mereceram um raspanete do ex-chefe de Estado norte-americano, já que nem Xi Jinping nem Vladimir Putin marcaram presença na Cop26, algo que Obama considera “particularmente desencorajador“, visto que seus planos refletem uma “falta perigosa de urgência e uma tentativa de manter o status quo“.
Mas os jovens activistas foram o principal foco da atenção de Obama. “Como tenho a certeza de que é verdade para todos vocês, há tempos em que me sinto desencorajado, quando o futuro parece desolador, quando tenho dúvidas de que a humanidade se recomponha antes que seja tarde demais. E as imagens da distopia começam a entrar nos meus sonhos. E no entanto, quando sinto esse desânimo, lembro-me que esse cinismo é o recurso dos cobardes. Não podemos suportar o desalento“, apelou.
Sobre a frustração de muitos dos mais novos, o ex-Presidente disse simplesmente que têm o direito de se sentirem assim — “Durante a maior parte das vossas vidas, vocês foram bombardeados com avisos sobre como o futuro será se não respondermos às alterações climáticas. E cresceram a ver muitos dos adultos que estão numa posição para fazer algo ou a fingir que o problema não existe ou a recusarem-se a adoptar as decisões necessárias para o resolver”.
“Votem como se a vossa vida dependesse disso. O facto duro e cru é que não vamos ter planos para as alterações climáticas mais ambiciosos a não ser que os governos os apoiem”, apelou Obama, num discurso no tom do que fez quando apoiou a campanha de Joe Biden, mas alerta de que os jovens têm de repensar na sua abordagem e mostrar-se dispostos a fazer concessões.
Os protestos e as campanhas nas redes sociais são “necessários para atrair atenção”, mas para construir uma coligação que defenda as mudanças “arrojadas” necessárias, é preciso “persuadir as pessoas que ou actualmente não concordam ou são indiferentes ao problema”. “Temos de ouvir mais. Não podemos simplesmente gritar com eles ou mandar-lhes tweets — não chega ser inconveniente ao bloquear o trânsito durante os protestos. Temos de ouvir das objecções e a hesitação das pessoas normais e entender a sua realidade”, pediu.
“Não têm de ficar felizes com isso, mas não podem ignorar isso. Não podem ser demasiado puros para a política. Para todos os jovens — quero que fiquem zangados. Quero que fiquem frustrados. Mas usem essa raiva. Aproveitem essa frustração. Continuem a puxar por mais e mais e preparem-se para uma maratona, não um sprint”, concluiu, lembrando que os jovens têm também uma responsabilidade de apoiar negócios sustentáveis com o seu poder de consumo.
Obama gabou-se de tornar os EUA os principais produtores de combustíveis fósseis
A intervenção de Barack Obama terminou com uma ovação em pé, mas muitos dos jovens activistas a quem o ex-chefe de Estado se dirigiu não ficaram convencidos com o seu apelo, sendo Obama um dos alvos da frustração dos mais novos. Pelos vistos, o ex-Presidente dos Estados Unidos precisa de ter a memória refrescada, visto ter sido um dos adultos que teve poder para fazer mais que referiu no seu discurso.
Uma das críticas apontadas é a promessa quebrada da sua administração de que os países desenvolvidos iriam doar 100 mil milhões de dólares, cerca de 86 mil milhões de euros, anuais a nações mais pobres para o combate às alterações climáticas.
A activista Vanessa Nakate também liderou um protesto na Sala de Acção sobre esta promessa quebrada. Acompanhada por quatro outros ativistas, cada um com uma palavra nas mãos que juntas formavam a frase “Show us the money” (Mostrem-nos o dinheiro), a jovem queniana criticou as palavras vazias dos líderes em Glasgow. “Continuamos à espera que cumpram a promessa dos 100 mil milhões de dólares, foram prometidos por líderes, como Obama em 2009. Continuamos à espera e agora dizem que devemos esperar até 2023”, condenou.
“Financiar a adaptação é critico. Não nos podemos adaptar à fome, à extinção, não nos podemos adaptar à perda de biodiversidade. Temos de pôr o pacote de perdas e danos no centro das negociações da Cop26. Um adiamento ou uma promessa quebrada só trazem mais perdas e danos”, afirmou e virou para Obama no final: “Mostre-nos o dinheiro”.
Muitos activistas também lembraram as palavras do ex-Presidente, quando em 2018 se gabou do boom na produção de combustíveis fósseis nos Estados Unidos.
Sobre a frustração de muitos dos mais novos, o ex-Presidente disse simplesmente que têm o direito de se sentirem assim — “Durante a maior parte das vossas vidas, vocês foram bombardeados com avisos sobre como o futuro será se não respondermos às alterações climáticas. E cresceram a ver muitos dos adultos que estão numa posição para fazer algo ou a fingir que o problema não existe ou a recusarem-se a adoptar as decisões necessárias para o resolver”.
“Votem como se a vossa vida dependesse disso. O facto duro e cru é que não vamos ter planos para as alterações climáticas mais ambiciosos a não ser que os governos os apoiem”, apelou Obama, num discurso no tom do que fez quando apoiou a campanha de Joe Biden, mas alerta de que os jovens têm de repensar na sua abordagem e mostrar-se dispostos a fazer concessões.
Os protestos e as campanhas nas redes sociais são “necessários para atrair atenção”, mas para construir uma coligação que defenda as mudanças “arrojadas” necessárias, é preciso “persuadir as pessoas que ou actualmente não concordam ou são indiferentes ao problema”. “Temos de ouvir mais. Não podemos simplesmente gritar com eles ou mandar-lhes tweets — não chega ser inconveniente ao bloquear o trânsito durante os protestos. Temos de ouvir das objecções e a hesitação das pessoas normais e entender a sua realidade”, pediu.
“Não têm de ficar felizes com isso, mas não podem ignorar isso. Não podem ser demasiado puros para a política. Para todos os jovens — quero que fiquem zangados. Quero que fiquem frustrados. Mas usem essa raiva. Aproveitem essa frustração. Continuem a puxar por mais e mais e preparem-se para uma maratona, não um sprint”, concluiu, lembrando que os jovens têm também uma responsabilidade de apoiar negócios sustentáveis com o seu poder de consumo.
Obama gabou-se de tornar os EUA os principais produtores de combustíveis fósseis
A intervenção de Barack Obama terminou com uma ovação em pé, mas muitos dos jovens activistas a quem o ex-chefe de Estado se dirigiu não ficaram convencidos com o seu apelo, sendo Obama um dos alvos da frustração dos mais novos. Pelos vistos, o ex-Presidente dos Estados Unidos precisa de ter a memória refrescada, visto ter sido um dos adultos que teve poder para fazer mais que referiu no seu discurso.
Uma das críticas apontadas é a promessa quebrada da sua administração de que os países desenvolvidos iriam doar 100 mil milhões de dólares, cerca de 86 mil milhões de euros, anuais a nações mais pobres para o combate às alterações climáticas.
A activista Vanessa Nakate também liderou um protesto na Sala de Acção sobre esta promessa quebrada. Acompanhada por quatro outros ativistas, cada um com uma palavra nas mãos que juntas formavam a frase “Show us the money” (Mostrem-nos o dinheiro), a jovem queniana criticou as palavras vazias dos líderes em Glasgow. “Continuamos à espera que cumpram a promessa dos 100 mil milhões de dólares, foram prometidos por líderes, como Obama em 2009. Continuamos à espera e agora dizem que devemos esperar até 2023”, condenou.
“Financiar a adaptação é critico. Não nos podemos adaptar à fome, à extinção, não nos podemos adaptar à perda de biodiversidade. Temos de pôr o pacote de perdas e danos no centro das negociações da Cop26. Um adiamento ou uma promessa quebrada só trazem mais perdas e danos”, afirmou e virou para Obama no final: “Mostre-nos o dinheiro”.
Muitos activistas também lembraram as palavras do ex-Presidente, quando em 2018 se gabou do boom na produção de combustíveis fósseis nos Estados Unidos.
Muitos críticos, incluindo o Instituto Petrolífero Americano, argumentarem que esse crescimento ocorreu apesar das políticas de Obama, e não por causa delas. No entanto, Obama, que disse estar “extremamente orgulhoso do Acordo de Paris”, defendeu que o país precisa de energia produzida internamente.
Durante os dois mandatos de Obama, a produção de petróleo nos EUA subiu 88%, algo de que o anterior chefe de Estado se vangloriou e assumiu os créditos várias vezes.
“Nem sempre se soube isso, mas subiu todos os anos enquanto fui Presidente. Aquela conversa toda sobre de repente a América ser o maior produtor de petróleo e de gás, fui eu que fiz isso“, gabou-se Obama, sendo aplaudido durante uma gala em 2018.
https://zap.aeiou.pt/cop26-obama-jovens-zangados-climatica-443449
Durante os dois mandatos de Obama, a produção de petróleo nos EUA subiu 88%, algo de que o anterior chefe de Estado se vangloriou e assumiu os créditos várias vezes.
“Nem sempre se soube isso, mas subiu todos os anos enquanto fui Presidente. Aquela conversa toda sobre de repente a América ser o maior produtor de petróleo e de gás, fui eu que fiz isso“, gabou-se Obama, sendo aplaudido durante uma gala em 2018.
https://zap.aeiou.pt/cop26-obama-jovens-zangados-climatica-443449
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