Numa entrevista à BBC, que ocorreu no Palácio Presidencial, em Minsk, Lukashenko admitiu que é “absolutamente possível” que as suas tropas tivessem ajudado os migrantes a atravessar a fronteira para a Polónia. “Talvez alguém os tenha ajudado. Eu nem vou olhar para isso”, referiu.
Apesar das declarações, o líder bielorrusso nega ser o principal responsável pela atual crise migratória que se vive no país.
“Eu disse-lhes [à UE] que não vou deter migrantes na fronteira, ou mantê-los na fronteira, e se daqui em diante eles continuarem a chegar, não vou impedi-los. Eles não estão a vir para o meu país, estão a ir para os vossos”, afirmou Lukashenko.
No seguimento da crise migratória, esta sexta-feira, a Polónia acusou a Bielorrússia de estar a levar de autocarro centenas de migrantes de volta à fronteira e de os incentivar a tentarem passar para a Polónia, horas depois de terem retirado as pessoas que estavam acampadas na floresta perto da fronteira, escreve o Público.
A União Europeia acusa a Bielorrússia de ter atraído estas pessoas, sobretudo oriundas de países do Médio Oriente, para o país e de as ter transportado para a fronteira com a Polónia para provocar uma crise migratória, vingando-se assim das sanções ocidentais impostas ao regime de Lukashenko, após as eleições fraudulentas que o levaram de volta ao poder.
A UE recusou-se a reconhecer Lukashenko como o presidente legítimo da Bielorrússia por causa da repressão contra a oposição que ocorreu no ano passado.
Na entrevista à emissora britânica, Lukashenko acabou por admitir que os seus serviços de segurança espancaram severamente as pessoas que foram presas por protestar contra as eleições que o reconduziram ao poder.
“Ok, ok, eu admito, eu admito. Algumas pessoas foram espancadas no centro de detenção de Okrestina. Mas também havia polícias espancados e ninguém não mostrou isso”, argumentou.
No ano passado, a Human Rights Watch disse ter conversado com vários opositores que foram detidos e que descreveram um ambiente de “espancamentos, posições de stress prolongado, choques elétricos e, pelo menos um caso, de violação. Referiram ainda ter visto outros detidos a sofrerem abusos piores, em situações que resultaram em ferimentos graves, o que incluiu ossos partidos, dentes rachados, feridas na pele, queimaduras elétricas e lesões cerebrais traumáticas leves”, transcreve o jornal britânico The Guardian.
https://zap.aeiou.pt/lukashenko-ajudado-migrantes-entrar-ue-445977
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