Os navios das águas chinesas estão a desaparecer dos sistemas de localização. É a mais recente dor de cabeça da cadeia de abastecimento global.
Os navios são equipados com um sistema de identificação automática (AIS), que permite às empresas de dados de transporte rastrear as embarcações de todo o mundo.
O sistema permite que os navios enviem certas informações para estações localizadas ao longo da costa de um país, através de um rádio de alta frequência. Se a embarcação estiver fora do alcance dessas estações, as informações podem ser obtidas via satélite.
Isto é exatamente o que não está a acontecer na China. Segundo a CNN, que cita dados de navegação da VesselsValue, o número de navios que enviam sinais a partir deste país asiático caiu quase 90% nas últimas três semanas.
Quando confrontado com a situação, o Ministério das Relações Exteriores da China recusou-se a comentar. Analistas consultados pela cadeia norte-americana acreditam que a Lei de Proteção de Informações Pessoais da China, que entrou em vigor a 1 de novembro, é a culpada.
De acordo com esta lei, as empresas que processam este tipo de dados têm de receber aprovação do Governo chinês antes de permitir que as informações pessoais deixem o território chinês.
Ainda que a legislação não mencione dados de navegação, é possível que os provedores de dados chineses estejam a reter informações por precaução. É este o entendimento da Anastassis Touros, líder da equipa da rede AIS da Marine Traffic.
Há ainda especialistas que afirmam terem sido retirados alguns transponders AIS de estações localizadas ao longo da costa chinesa no início do mês.
De qualquer das formas, a emissora salienta que os satélites ainda podem ser usados para captar sinais de navegação. No entanto, quando uma embarcação se encontra perto da costa, as informações não são tão exatas quanto as que podem ser recolhidas no solo.
A cadeia de abastecimento global está sob pressão este ano devido à pandemia, numa altura em que muitos portos congestionados lutam para acompanhar a rápida recuperação da procura por produtos.
A falta dos dados chineses pode impactar negativamente a visibilidade da cadeia de abastecimento dos oceanos na China. “À medida que avançamos para o período de Natal, isto terá um impacto realmente grande nas [cadeias de abastecimento]”, disse Georgios Hatzimanolis, da Marine Traffic, à CNN.
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