quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Polónia alerta para escalada armada com a Bielorrússia - UE avança com mais sanções contra política de “gangster” de Minsk !


Em resposta aos confrontos de segunda-feira e trocas de acusações diplomáticas, a União Europeia anunciou mais sanções contra Minsk. A Polónia avisa que a situação pode chegar a um conflito armado.

A tensão entre a Bielorrússia e a Polónia continua a subir de tom. Em causa está a crise na fronteira entre os dois países, com Varsóvia a acusar o governo de Lukashenko de orquestrar a situação ao acolher migrantes maioritariamente de países do Médio Oriente e depois obrigá-los a ir para a fronteira para tentar pedir asilo na Polónia. A Bielorrússia estará a fazer isto como retaliação às sanções aplicadas pela União Europeia, que não reconhece Lukashenko como vencedor das últimas eleições no país em Agosto de 2020.

No entanto, a situação só está a aumentar a hostilidade entre o bloco dos 27 e a Bielorrússia. Na terça-feira, o porta-voz da Comissão Europeia acusou Minsk de ter uma “abordagem desumana e à gangster” ao instrumentalizar os migrantes como arma de arremesso político e fazer falsas promessas sobre a entrada na UE. A Bielorrúsia tem sempre negado as acusações.

“Quando chegam estão a ser empurrados para a fronteira e forçados a entrar ilegalmente na União Europeia”, afirmou Peter Stano. Segundo a Reuters, a UE já está a planear mais sanções a 30 entidades, incluindo o Ministro dos Negócios Estrangeiros do país e a empresa de aviação Belavia.

Os 27 avançaram já com a suspensão parcial de um acordo para a facilitação de emissão de vistos para UE para trabalhadores do governo de Lukashenko. A Bielorrúsia tem sempre negado o envolvimento e acusa o Ocidente de abusar dos direitos humanos dos migrantes.

Pelo menos 2000 migrantes estão agora presos na fronteira, segundo a União. Já o governo polaco estima que o valor estará entre três e quatro mil pessoas.

Para responder à crise, a Polónia está a construir um muro, impôs o estado de emergência na zona da fronteira, enviou mensagens onde avisava os migrantes que podiam ser presos se atravessassem ilegalmente e chegou a legalizar a práctica da expulsão directa, o que viola a lei internacional.

Várias ONGs também já deixaram duras críticas à resposta do governo polaco, acusando Varsóvia de impedir que jornalistas e organizações reportem os abusos aos direitos humanos através do estado de emergência e de negar cuidados médicos aos migrantes. A UE também tem sido alvo das críticas, com a ONG polaca Fundação Ocalenie a acusar os 27 de aceitarem que um dos seus estados-membros “use tácticas igualmente desumanas” às da Bielorrússia.

Para além da Polónia, a Lituânia e a Letónia também reportaram grandes aumentos no número de migrantes. As autoridades polacas afirmaram em Outubro que já 11 500 pessoas tentaram atravessar a fronteira ilegalmente só este ano, incluindo 6000 só em Setembro, enquanto que o número total em 2020 foi cerca de 100.

Os migrantes ficam em campos improvisados perante temperaturas negativas, tendo até já havido oito mortes. Muitos dizem que as autoridades bielorrussas lhes tiraram os telemóveis e obrigaram a ir para a fronteira polaca.

“Ninguém nos deixa ir a lado nenhum, Bielorrússia ou Polónia”, revela Shwan Kurd, iraquiano de 33 anos à BBC. “Não há forma de escapar. A Polónia não nos deixa entrar. Todas as noites sobrevoam com helicópteros. Não nos deixam dormir. Temos tanta fome. Não há água ou comida aqui. Temos crianças pequenas, idosos, mulheres e famílias”, relata.
Putin é o “mentor” da crise, acusa a Polónia

Na segunda-feira, a confusão chegou a causar confrontos entre os migrantes e as forças de segurança polacas, com as pessoas que foram empurradas pelo governo bielorrusso a tentar entrar na Polónia.

O Ministro da Defesa, Marius Blaszczak, descreveu a tentativa de travessia como um “ataque” que acredita que “certamente se vai repetir”. Varsóvia já chegou mesmo a falar numa possível escalada armada do conflito e reforçou o número de tropas no terreno.

Vários vídeos divulgados nas redes sociais mostravam centenas de pessoas a caminhar em direcção à fronteira polaca perto da aldeia de Kuznica, enquanto outras tentavam atravessar a vedação usando pás, tesouras e outras ferramentas para abrir caminho pela vedação. A polícia terá usado gás lacrimogénio para dispersar a multidão. A Polónia afirma que muitos migrantes chegam acompanhados por indivíduos bielorrussos armados e com cães.

Lukashenko telefonou ao aliado russo Vladimir Putin depois dos confrontos de segunda-feira. Segundo a presidência de Minsk, os dois debateram “perspectivas sobre a situação dos refugiados na fronteira” e a “especial preocupação” de ambos com a “concentração de tropas polacas na fronteira”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Minsk alertou esta terça-feira a “Polónia contra o uso de qualquer provocação” contra o país.

Também ontem, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, avisou a Bielorrússia. “Proteger a fronteira polaco é o nosso interesse nacional. Mas hoje a estabilidade e a segurança de toda a UE estão em risco. Este ataque híbrido do regime de Lukashenko tem como alvo todos nós. Não seremos intimidados e vamos defender a paz na Europa com os nossos parceiros da NATO e da UE”, alertou, acusando também Putin de estar por detrás da crise.

Tanto a NATO como a ONU também já condenaram Minsk por usar os migrantes como peões políticos. Os Estados Unidos mostraram-se preocupados e apelaram a Lukashenko que acabasse com a crise. A Alemanha, que faz fronteira com a Polónia, pediu também que a comunidade internacional agisse em conjunto, dizendo que os dois países não podem lidar com a crise sozinhos.

https://zap.aeiou.pt/polonia-escalada-armada-bielorrussia-ue-443673


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