O primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, disse, esta quinta-feira, que o Ocidente impôs este ano mais de 6.000 sanções contra o país, um número “sem precedentes”, devido à invasão da Ucrânia.
“A pressão externa sobre o nosso país não abrandou por um único dia, mesmo durante a pandemia. Mas as sanções adicionais impostas este ano são realmente sem precedentes“, disse o chefe do Governo russo perante a Duma (a câmara baixa do Parlamento), onde apresentou esta quinta-feira o relatório anual do executivo.
Segundo Mishustin, o número de restrições impostas à Rússia excede o de qualquer outro país, com mais de 6.000 sanções individuais e setoriais.
“Os nossos ex-parceiros estão praticamente a competir entre si para ver quem pode impor as sanções mais rapidamente. As sanções são anunciadas quase todos os dias. O objetivo é espalhar o pânico e causar danos a todas as pessoas”, denunciou Mishustin.
O primeiro-ministro russo observou que, com o primeiro golpe no sistema financeiro da Rússia, o Ocidente recorreu à “pirataria”, “praticamente roubando o país, bloqueando os seus ativos”.
De acordo com a plataforma Castellum.AI, um banco de dados de risco global, que abrange sanções e controles de exportação, entre outras categorias, a comunidade internacional impôs 2.754 sanções à Rússia antes de 22 de fevereiro e 5.398 após essa data.
Em 21 de fevereiro, o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk em Donbass e, em 24 de fevereiro, lançou o que apelida de “operação militar especial” na Ucrânia.
Mishustin argumentou que o Ocidente planeava “destruir a economia russa” em poucos dias, mas que isso não aconteceu porque o sistema financeiro sobreviveu e o Governo e o Banco Central russos conseguiram evitar o seu colapso.
“Os pagamentos dentro do país estão a funcionar normalmente e o mercado de ações e a taxa de câmbio do rublo estão a estabilizar”, defendeu o primeiro-ministro russo.
No entanto, Mishustin reconheceu indiretamente que há problemas, já que “tudo está a ser feito [por parte do Ocidente] para subir a inflação, criar uma escassez de bens de consumo e, finalmente, criar tensão social”.
A inflação anual da Rússia disparou no início deste mês para 16,6%, a taxa mais alta desde março de 2015.
“As cadeias logísticas foram interrompidas, as entregas de produtos importados de alta tecnologia são limitadas. O tráfego aéreo foi suspenso e houve tentativas de nos privar do uso de aviões. A exportação das nossas mercadorias para muitos países foi restringida”, admitiu o chefe do Governo russo.
Mishustin disse que as multinacionais que saem do mercado russo “devem continuar a funcionar, porque o padrão de vida das pessoas não pode depender dos caprichos de políticos estrangeiros”.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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