A temperatura controla a determinação do sexo na maioria das tartarugas, em muitos peixes, em crocodilos e, até, em alguns lagartos. Se o mesmo acontecesse nos seres humanos, seria um problema.
Segundo explica Karla Moeller, bióloga da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, dentro de uma janela de tempo durante o desenvolvimento embrionário de vários animais, a temperatura pode influenciar a produção de hormonas sexuais e, consequentemente, o destino de uma cria.
Uma das causas para a determinação do sexo é a presença de uma enzima conhecida como aromatase, que converte as hormonas sexuais masculinas em femininas.
Em muitos casos, como na tartaruga-de-orelhas-vermelhas, o calor aplicado durante a fase de desenvolvimento pode aumentar a presença da enzima e, assim, dar origem a mais fêmeas. No entanto, os especialistas ainda não sabem por que é que a determinação sexual de algumas espécies está dependente da temperatura, embora existam várias teorias sobre o fenómeno.
Ao Live Sicence, Jennifer Graves, geneticista da Universidade La Trobe, na Austrália, disse que a melhor hipótese é que a determinação do sexo dependente da temperatura se originou porque os répteis carecem de cuidados parentais – um mecanismo de defesa segundo o qual os progenitores utilizam estratégias que aumentam a sobrevivência dos seus descendentes -, estando os ovos em estreita interação com o meio ambiente.
Todas as determinações sexuais dependentes da temperatura acontecem em espécies ovíparas, o que significa que as temperaturas internas mudam consoante o ambiente.
Os seres humanos não são uma dessas espécies pelo que é altamente improvável que o fenómeno se repita, uma vez que o corpo mantém consistentemente uma temperatura corporal de 37 graus Celsius.
No entanto, se fosse possível determinar o sexo de um ser humano consoante a temperatura, tal traria inúmeros problemas, a começar pelo facto de os pais se sentirem tentados a escolher o sexo dos filhos.
Outro grande risco seria o potencial desequilíbrio entre os sexos numa sociedade. “Infelizmente, em muitos lugares deste planeta, o sexo preferido seria o masculino”, sustentou Diego Cortez, biólogo da Universidade Nacional Autónoma do México.
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