A organização de defesa da liberdade Freedom House publicou hoje o
seu relatório sobre a liberdade de imprensa no mundo e considerou, entre
outros aspectos, que as condições de trabalho para jornalistas no mundo
decaíram muito, tendo chegado ao seu ponto mais baixo numa década.
O
estudo diz que jornalistas enfrentam maiores restrições de governos,
grupos rebeldes, criminosos e donos das grandes empresas de mídia.
Hoje em dia, é possível comprar um jornal em praticamente todos os lugares, ou conferir as últimas manchetes num smartphone.
Entretanto, enquanto o acesso às notícias é fácil, os jornalistas
enfrentam cada vez mais julgamentos, prisões, intimidações e são até
silenciados, segundo a Freedom House.
A vice-presidente do departamento de análises, Vanessa Tucker, explica:
“Infelizmente, as notícias não são boas. A liberdade de imprensa
sofreu um declínio global em 2014.
É a pior queda na última década. As
coisas estão a ficar muito difíceis, estão a piorar mais rapidamente do
que no ano passado”.
De acordo com o documento “Liberdade da imprensa em 2015”, o México
intimidou jornalistas e aprovou uma controversa lei de comunicação.
Enquanto a maior parte da imprensa da América do Norte foi
classificada livre, um grande número das agências de notícias dos países
da América Latina entrou na categoria de parcialmente livre ou não
livre.
Os Estados Unidos foram criticados pelo duro tratamento dado pela
polícia aos jornalistas durante os protestos em Ferguson, Missouri, no
ano passado.
Já na região da Ásia e do Pacífico, apenas cinco por cento da população tem acesso à imprensa livre.
No resto do mundo, a maior parte dos países se divide entre parcialmente livres e não livres.
A classificação da China foi a pior desde 1990, fruto das prisões de
jornalistas e o grande controlo do país sobre as agências de notícia.
Vanessa Tucker explica a difícil situação da China:
“Uma das áreas em que identificamos um problema regional e global é o
impacto que países como a China tem sobre os seus vizinhos. Percebemos
que acções como as que a China tiveram um impacto muito negativo em Hong
Kong, em Taiwan, e noutros países vizinhos”.
Na Síria, uma brutal guerra civil gerou graves perigos para jornalistas.
O relatório da Freedom House diz que apenas dois por cento das
pessoas do Médio Oriente e do norte da África vivem em ambientes com uma
imprensa livre, enquanto a vasta maioria vive em nações classificadas
como não livres.
Na África Subsaariana, apenas três por cento da população está
exposta a informações geradas pela imprensa livre, enquanto mais de
metade da imprensa é considerada parcialmente livre e quase 40 por cento
é não livre.
O documento afirma ainda que os países da Eurásia continuam a ter a
pior nota média entre todas as regiões do planeta. Mais de 80 por cento
da imprensa foi considerada não não livre e menos de 20 por cento como
parcialmente livre.
Na Rússia, o relatório diz que houve uma repressão de vozes independentes dentro do país e nas nações vizinhas.
A Freedom House conclui o seu relatório de 2015 referente ao ano
passado, dizendo que as crescentes ameaças contra a imprensa livre são
um duro desafio para os valores democráticos em todo o mundo.
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