Portugal vai começar a utilizar o sangue de doentes de
Covid-19 recuperados para tratar outros pacientes que sofram da
infecção. Trata-se de um tratamento experimental que deverá arrancar em
Maio, como confirma o Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda.
“Os ensaios clínicos podem começar no mês que vem”, refere António Lacerda em declarações divulgadas pela TSF.
O tratamento com plasma de doentes curados de Covid-19 integra a lista das terapias experimentais que estão autorizadas pelo Infarmed, numa altura em que ainda não há um fármaco específico para debelar a doença provocada pelo coronavírus.
Mas este tratamento experimental não se destinará a todos os doentes com Covid-19, apenas a casos seleccionados, até porque implica riscos, como explica à TSF a presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação, Maria Antónia Escoval.
“Esse risco é comum a todas pessoas que fazem transfusões. Neste caso concreto, os benefícios são largamente superiores aos riscos”, considera Maria Antónia Escoval.
O tratamento experimental deverá ser usado em pessoas que estejam a
enfrentar maiores dificuldades em ultrapassar a Covid-19, nomeadamente
para “minimizar o risco de TRALI (Transfusion-Related Acute Lung
Injury), uma espécie de falência pulmonar que pode levar à morte”, como
aponta a TSF.
“Os critérios estão a ser definidos por uma equipa de especialistas
também da Direcção Geral de Saúde, do Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge e do Infarmed”, destaca Maria Antónia Escoval, referindo
que o médico que segue o doente será sempre o responsável por determinar
se ele será ou não candidato a receber o tratamento.
Quanto aos dadores do plasma, não podem ser todos os doentes recuperados. É preciso que tenham “o segundo testes negativo à Covid-19 há mais de 14 dias“, de acordo com a mesma fonte. Além disso, precisam de cumprir os critérios habituais dos dadores de sangue.
O recurso ao plasma de doentes curados para tratar epidemias é usado há décadas e está também a ser utilizado no Reino Unido e nos EUA contra a Covid-19.
Estes tratamentos para o coronavírus são feitos a título experimental
já que não há ainda provas de que sejam de facto eficientes no combate à
infecção.
Num ensaio clínico que está a decorrer, neste momento, nos EUA, constatou-se que “uma única dose de 200 mililitros (apenas cerca de 13 colheres de sopa cheias)”
de plasma de pacientes recuperados de Covid-19 “mostrou benefícios em
alguns pacientes, levando a melhorias”, como refere o protocolo do
programa, citado pela ABC News.
As pessoas infectadas com coronavírus e que recuperam da Covid-19
criam anti-corpos feitos à medida para a infecção pelo sistema
imunitário. Acredita-se que esses anticorpos possam fornecer alguma protecção contra o vírus, embora ainda não seja certo que garantam a imunidade.
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