Dezenas de petroleiros estão a acumular-se nas costa da
Califórnia (Estados Unidos) e Singapura. Carregam o petróleo que ninguém
quer.
A situação é fruto da baixa procura. À boleia da covid-19, que parou
indústrias em todo o mundo e confinou milhões de pessoas em causa, o
consumo de petróleo baixou, fazendo com que esta matéria prima se
acumulasse em armazéns.
Neste momento, escasseiam espaços para armazenar o produto, enquanto se aguarda que a economia mundial retome e alavanque as vendas de petróleo.
Foi esta mesma situação – falta de procura aliada à escassez
de espaços de armazenamento da matéria prima – que fez com que o barril
de petróleo americano – West Texas Intermediate (WTI) – pisasse terreno
negativo.
Num dia inédito, que foi o pior da história para o crude de referência nos Estados Unidos, este produto chegou a fundar 300%, sendo cotado a -37 dólares.
Nesta segunda-feira, noticia a agência Bloomberg,
estavam no Estreiro de Cingapura cerca de 60 navios-tanques, em vez das
habituais 30 ou 40 embarcações. Alguns destes navios são utilizados
para armazenar petróleo que já não “cabe” na Terra, ao passo que outros
aguardam que surja um comprador oriundo da Ásia.
Estes navios carregados com produtos petrolíferos – gasolina e
combustíveis para a viação – vão para o Estreito de Singapura depois de
saírem das principais refinarias da Coreia do Sul e da China. Precisam de esperar agora semanas para descarregar as matérias. Antes da pandemia de covid-19, bastavam quatro a cinco dias.
Também a costa da Califórnia está a sentir os efeitos da pandemia.
Cerca de 30 navios-tanques carregados com 20 milhões de barris de
petróleo bruto foram observados entre Los Angeles e Long Beach, segundo
avançou a NPR.
Em declarações aos jornalistas, o economista Reid I’Anson revelou
que, normalmente, existem 5 milhões de barris “a flutuar” na área, dando
conta que o aumento da carga está diretamente relacionado com os
efeitos da pandemia.
O mar e os navios não são melhor local para armazenar esta matéria
prima, até porque é extremamente caro. No entanto, sustentou, agora quase não existem alternativas.
“Não podemos guardar este petróleo bruto para nenhum outro lugar (…)
globalmente, ninguém precisa desta matéria prima neste momento”.
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