Um balanço divulgado pela revista científica Nature
contabiliza 115 vacinas candidatas contra a doença infecciosa
respiratória covid-19, das quais 78 estão ativas e cinco em fase de
ensaios clínicos.
O balanço de vacinas candidatas, atualizado esta quarta-feira, foi
feito com base em dados recolhidos pela Coligação para a Inovação na
Preparação contra Epidemias.
A CEPI foi criada em 2017 para incentivar e acelerar o
desenvolvimento de vacinas contra doenças infecciosas emergentes e
torná-las acessíveis às pessoas durante os surtos.
Algumas das possíveis vacinas que são elencadas no artigo da Nature
têm financiamento desta coligação internacional, que reúne organizações
públicas, privadas, filantrópicas e civis e tem sede em Oslo, na
Noruega.
Das 115 vacinas candidatas, 37 não foram confirmadas como estando em situação ativa por falta de informação disponível. Entre as 78 candidatas ativas, 73 encontram-se em fase exploratória ou pré-clínica. As restantes cinco estão em ensaios clínicos, isto é, a ser testadas em pessoas.
A primeira vacina candidata contra a covid-19 começou a ser testada,
com uma “rapidez sem precedentes”, em 16 de março, nos Estados Unidos,
depois de ter sido publicada, em 11 de janeiro, a sequência genética do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença respiratória aguda.
A CEPI salienta que o “esforço global” na investigação e no desenvolvimento de uma vacina para a covid-19 não tem paralelo “em termos de escala e velocidade”.
A obter-se uma vacina no início de 2021, segundo as previsões das
autoridades sanitárias norte-americanas, tal significa uma alteração
significativa no padrão tradicional de desenvolvimento de uma vacina,
que pode demorar em média mais de 10 anos a ser produzida, assinala a CEPI. Mesmo a primeira vacina contra o vírus do Ébola levou cinco anos a ser criada, ressalva.
De acordo com o panorama traçado pela Coligação para a Inovação na
Preparação contra Epidemias, a maioria das vacinas candidatas, sobre as
quais existe informação disponível, pretende induzir a formação no organismo de anticorpos
(glicoproteínas) neutralizadores da proteína-chave do coronavírus, a
chamada proteína da espícula, que permite que o SARS-CoV-2 entre nas
células humanas ao ligar-se a uma enzima (substância proteica), a ACE2.
A indução da produção de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2
está a ser tentada com vários métodos, como vírus vivos atenuados,
vírus inativos, vírus manipulados geneticamente, proteínas
recombinantes, adjuvantes imunológicos, ácidos nucleicos (ADN e ARN),
moléculas semelhantes a vírus (mas sem material genético viral) e
péptidos (complexos de aminoácidos).
Alguns dos métodos já estão licenciados para a produção de vacinas.
Mais de metade das linhas ativas das vacinas candidatas (56) estão a
ser desenvolvidas pela indústria farmacêutica/setor privado e as
restantes (22) pela academia, organizações sem fins lucrativos e setor
público.
Apesar do envolvimento de grandes multinacionais farmacêuticas, como a
Janssen, a Sanofi, a Pfizer e a GlaxoSmithKine, muitos dos principais
promotores de vacinas contra a covid-19 são de dimensão mais pequena e ou inexperientes na produção a larga escala de uma vacina, destaca a CEPI.
Neste contexto, a CEPI defende uma “cooperação e coordenação
internacional forte” entre promotores, reguladores, decisores,
financiadores, autoridades de saúde e governos para que uma vacina
promissora possa ser fabricada em “quantidades suficientes” e ser “fornecida equitativamente a todas as áreas afetadas” pela pandemia, em particular as regiões mais pobres.
Segundo os dados recolhidos pela CEPI, nomeadamente através da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e laboratórios, a maioria das vacinas
candidatas em ativo está a ser desenvolvida na América do Norte (36), seguindo-se na China, Austrália e Europa (14 em cada).
Para garantir a eficácia da potencial vacina, modelos animais estão a
ser criados especificamente para a covid-19, incluindo ratos
geneticamente modificados que expressem a enzima humana ACE2, a porta de
entrada do SARS-CoV-2 nas células e da infeção.
A Coligação para a Inovação na Preparação contra Epidemias foi
fundada em Davos, na Suíça, pelos governos da Noruega e Índia, Fundação
Bill e Melinda Gates, pela organização britânica Wellcome Trust e pelo
Fórum Económico Mundial.
Além das entidades fundadoras, a CEPI é financiada pela Comissão Europeia e pelos governos do Reino Unido, Alemanha, Japão, Canadá, Etiópia, Austrália, Bélgica, Dinamarca e Finlândia.
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