O Senado dos Estados Unidos aprovou hoje por unanimidade a
nomeação do general Charles Brown Jr. para responsável máximo da Força
Aérea norte-americana, o primeiro cidadão afro-americano a liderar um
dos ramos das Forças Armadas daquele país.
O vice-Presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, considerou o momento “histórico”, citado pela Associated Press, uma vez que os 98 elementos do Senado votaram favoravelmente o nome de Charles Brown Jr.
A votação surgiu no momento em que a administração do Presidente
norte-americano, Donald Trump, e o Senado, de maioria Republicana e
cujos elementos são maioritariamente brancos, tentam lidar com o rescaldo da contestação a nível nacional em repúdio pela morte de George Floyd.
O novo responsável da Força Aérea norte-americana é piloto de caças,
com mais de 2.900 horas de voo, incluindo 130 em combate, e serviu
recentemente nas forças destacadas no Oceano Pacífico.
Na sexta-feira, Brown Jr. tinha utilizado as redes sociais para
descrever a desigualdade racial com a qual lidou ao longo da carreira.
“Estou a pensar na minha carreira na Força Aérea, onde,
frequentemente, era o único afro-americano no meu esquadrão ou, enquanto
membro sénior, o único afro-americano na sala. Estou a pensar quando
utilizava o mesmo fato de voo, com as mesmas asas ao peito, que os meus
pares, e ser questionado por outros militares: és um piloto?”, escreveu o general.
Os cidadãos afro-americanos constituem apenas 17% dos elementos
ativos das Forças Armadas dos Estados Unidos, o que, ainda assim,
representa um rácio de diversidade racial acima da média no país, que é
de 13%, de acordo com os censos de 2019.
O Exército é o que integra mais elementos afro-americanos
(21% do total de efetivos no ativo), seguido pela Marinha (17%) e a
Força Aérea (15%). Apenas 10% do total de elementos do Corpo de
Fuzileiros são afro-americanos.
George Floyd, de 46 anos, morreu em 25 de maio
depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho
durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd
dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os
protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades
norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin,
que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em
segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.
Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário