Dois militares que desertaram do exército de Myanmar (antiga
Birmânia) confirmaram a prática de atrocidades sobre a minoria rohingya,
anunciou esta terça-feira um grupo de defesa de direitos humanos.
Segundo noticiou o Expresso, ambos afirmaram, em relatos gravados em vídeo, ter recebido dos seus superiores ordens para “atirar a tudo o que vissem e ouvissem”
em aldeias habitadas pela minoria muçulmana. Os vídeos foram filmados
em julho, quando os soldados estavam sob custódia do Exército Arakan.
De acordo com a ONG Fortify Rights, esses relatos podem ser usados
como provas na investigação sobre a violência contra os rohingya,
conduzida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Win Tun, 33 anos, e
Zaw Naing Tun, 30, fugiram no mês passado e estão atualmente sob
custódia do tribunal, na Holanda.
Desde 2017, mais de 700 mil rohingya fugiram de Myanmar
para o vizinho Bangladesh. Apesar das denúncias sobre violações,
assassinatos e outros crimes, o país tem negado sempre as acusações.
Depois de identificar o seu nome, número de série e unidade militar,
Myo Win Tun afirmou ter participado numa operação em que morreram 30
pessoas. Disse ainda que o comandante da sua unidade ordenou o
extermínio de “todos os Kalar” – nome depreciativo para os rohingya –,
atirando os seus corpos para um buraco. Os militares violaram as
mulheres antes de as matar, inclusive o soldado.
Zaw Naing Tun, por sua vez, contou que a sua unidade dizimou 20 aldeias rohingya
e cerca de 80 pessoas foram mortas, incluindo crianças, adultos e
idosos, atos autorizados pelo comandante do seu batalhão, que identifica
como o tenente-coronel Myo Myint Aung.
https://zap.aeiou.pt/atrocidades-rohingya-desertores-exercito-myanmar-345810
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