O antigo primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill,
estava a planear uma guerra nuclear preventiva contra a União
Soviética, mesmo depois de Moscovo ter criado as suas próprias bombas
atómicas.
De acordo com o jornal britânico The Times,
Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido entre 1940 e 1945,
período em que o país lutou contra o nazismo, antes de regressar ao
cargo entre 1951 e 1955, propôs uma guerra nuclear preventiva contra a
União Soviética em 1951.
Esta informação foi encontrada num memorando escrito pelo então editor-chefe do The New York Times, Julius Ochs Adler,
após uma reunião com o famoso político britânico em 29 de abril de
1951, seis meses antes de se tornar primeiro-ministro do Reino Unido
pela segunda vez.
No texto, encontrado pelo historiador Richard Toye
nos arquivos do jornal novaiorquino, Adler recorda a forma como o então
líder da oposição britânica o recebeu na sua casa em Kent, onde bebeu
champanhe com uma taça “moldada e tamanhos incomuns”.
Em certo momento, Churchill mudou o tema da conversa e falou das
relações entre o Ocidente e a URSS, chamando a política conjunta Estados
Unidos-Reino Unido em relação ao país euroasiático de “mais fraca do que agressiva”.
“De forma um tanto abrupta, perguntou-me o número oficial do nosso arsenal de bombas atómicas e a nossa estimativa do suprimento disponível da Rússia“, escreveu o jornalista norte-americano.
“Respondi que, felizmente, não fazia parte dos círculos internos do
Governo e, portanto, não conhecia esse segredo impressionante. Depois,
surpreendeu-nos uma segunda vez, afirmando que, se fosse
Primeiro-Ministro e pudesse obter um acordo do nosso Governo, imporia certas condições para a Rússia na forma de um ultimato“, lembrou Adler.
“Perante uma recusa, o Kremlin deve ser informado de que, a menos que reconsidere, bombardearíamos uma em cada 20 ou 30 cidades.
Ao mesmo tempo, devemos alertá-los de que é imperativo que a população
civil de todas as cidades escolhidas seja evacuada imediatamente”,
disse.
“Ele acreditava que se recusariam novamente a considerar os nossos
termos. Então, tínhamos de bombardear um dos alvos e, se necessário,
outros. Seria tal o pânico que se seguiria (certamente por causa do
terceiro ataque) não só entre o povo russo, mas também dentro do
Kremlin, que os nossos termos seriam cumpridos”, disse Adler.
O jornalista acrescenta que se opõe à ideia, argumentando que nem o povo norte-americano nem “muitos sócios” em Washington apoiariam tal guerra preventiva.
Os planos de Churchill de realizar bombardeamentos nucleares não se
limitaram à União Soviética – o político britânico também considerou atacar a China. Em particular, estava a pensar em atacar bases militares e concentrações de tropas chinesas ao norte do rio Yalu.
Toye indicou que, embora já fossem conhecidos planos semelhantes de
Churchill antes de 1949 – o ano em que a URSS testou a sua primeira
bomba nuclear, não havia evidências de que tivesse continuado a
desenvolvê-los dois anos depois.
O historiador reconheceu que a ideia não era “brilhante” e
afirmou que a estratégia que Churchill promoveu quando era
primeiro-ministro era “muito melhor”. “Quando se tornou
primeiro-ministro novamente, não andava a comportar-se de uma forma
incrivelmente ameaçadora”, disse.
https://zap.aeiou.pt/guerra-preventiva-churchill-atacar-urss-346154
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