A Coreia do Norte está a distribuir reservas militares de arroz para enfrentar a atual crise alimentar, ao mesmo tempo que uma onda de calor e a seca atingem o país, revelou na terça-feira a agência de espionagem sul-coreana.
O Serviço Nacional de Inteligência (NIS) de Seul informou que a Coreia do Norte está a fornecer aos cidadãos arroz reservado para ocasiões de conflito, disse à Associated Press Ha Tae-Keung, um dos legisladores que compareceu numa reunião do comité. Já o legislador Kim Byung-kee disse que os norte-coreanos estão a ficar sem reservas de grãos.
A atual crise alimentar está a ser potenciada por uma onda de calor contínua, pela seca e por anos de má gestão económica. O NIS referiu que a Coreia do Norte vê o combate à seca como “uma questão de existência nacional” e está a concentrar forças para aumentar a consciencialização pública, referiu Ha Tae-Keung.
Na terça-feira, o NIS avançou igualmente que a Coreia do Norte quer que sejam levantadas as sanções internacionais que proíbem as exportações de metais e as importações de combustível refinado antes de reiniciar as negociações de desnuclearização com os Estados Unidos (EUA).
Na semana passada, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul concordaram em reabrir uma linha direta de comunicações, cortada no ano passado por Pyongyang. Acredita-se que as sanções económicas impostas pela comunidade internacional e o encerramento da fronteira com a China devido à pandemia de covid-19 tenham intensificado a crise alimentar.
Estima-se que a Coreia do Norte tenha produzido cerca de 4,4 milhões de toneladas de grãos em 2020, cerca de 240 mil toneladas a menos que no ano anterior, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento da Coreia. Este referiu que o país precisa de pelo menos 5,7 milhões de toneladas para alimentar a sua população de 26 milhões de pessoas.
O preço dos grãos subiu nas últimas semanas, com o milho a aumentar 22% e o arroz – a produção mais importante da Coreia do Norte – a duplicar em relação ao início de 2021.
Num relatório divulgado em junho, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação disse que as importações não serão suficientes para fechar a lacuna alimentar.
Em junho, o líder da Coreia do Norte pediu às autoridades que criassem formas de aumentar a produção agrícola. Anteriormente, Kim Jong Un já havia comparado as dificuldades relacionadas à pandemia com a fome da década de 1990.
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