Milhares de pequenas coisas acontecem conosco todos os dias. Da maioria
delas simplesmente nos esquecemos, porque não precisamos dessa
informação – por exemplo, geralmente não lembramos de todos os
ingredientes que estavam no almoço que comemos com um amigo na última
quarta-feira.
Mas e se, mais tarde, você ficar sabendo que esse mesmo amigo ficou doente depois daquele almoço?
Detalhes da refeição de repente se tornam muito relevantes: qual
restaurante foi e o que seu amigo pediu? Você comeu a mesma coisa?
Dada a nova informação – da doença -, os seres humanos têm uma incrível capacidade de fortalecer memórias fracas. Isso aponta para a natureza adaptativa da memória humana. E ela funciona de maneiras inacreditáveis.
Memória e emoção
O cérebro armazena memórias de eventos emocionalmente neutros que
mais tarde podem ganhar significado através de experiências
subsequentes. Como o cérebro registra todas essas informações? E como é
que a emoção fortalece essas memórias mundanas?
O estudo da área se concentra em grande parte em como nós nos
lembramos de estímulos ou eventos que despertam emoções. Claro que nos
lembramos de uma promoção, ou de um desastre como o ataque de 11 de
setembro.
A emoção aumenta a nossa capacidade de lembrar desses eventos por
afetar a atividade em regiões do cérebro envolvidas no processamento
emocional, particularmente a amígdala e o estriado, e também nas regiões
envolvidas na codificação de novas experiências, como o hipocampo.
Emoção também aumenta a força da nossa memória ao longo do tempo em um
processo chamado de consolidação.
Como estudar a memória?
Pesquisadores da Universidade de Nova York (EUA) mostraram que as
pessoas têm melhor memória para informações triviais quando elas são
apresentadas em um contexto emocional, independentemente de ser um
contexto gratificante ou negativo.
Por exemplo, as pessoas se lembram de imagens neutras se elas são
associadas a um choque elétrico no dia anterior, mesmo quando os
voluntários não sabiam que, mais tarde, sua memória seria testada.
Os cientistas também mostraram que as pessoas se lembram de imagens
neutras se são avisadas de que vão receber um choque se esquecê-las, no
dia seguinte. Da mesma forma, ser recompensadas com dinheiro para
lembrar certas imagens no dia seguinte é uma forma aumentar a memória
que as pessoas têm dessas fotos.
Estas experiências se concentraram em fatores emocionais criados no
momento em que a memória original foi desenvolvida. Ficou claro que ter
uma emoção ligada ao evento assim que ele ocorre – como descobrir que
seus amigos te fizeram uma festa surpresa – torna essa lembrança forte.
Mas o que acontece quando algo de relevante sobre um evento é descoberto
somente mais tarde?
A nossa memória de pequenos detalhes pode ser aumentada
Em um estudo recente, os mesmos pesquisadores americanos concluíram
que uma experiência emocional pode melhorar a memória de informações
neutras dadas anteriormente.
Em uma experiência, os voluntários viram uma série de fotos triviais
de duas categorias, animais ou ferramentas. Depois de um tempo, eles
viram um novo conjunto de imagens de animais e ferramentas, só que,
desta vez, receberam um choque elétrico.
Quando as novas imagens foram emparelhadas com choques, a memória dos
participantes das antigas imagens da mesma categoria (animais ou
ferramentas) foi reforçada – da mesma forma que as pessoas se lembram de
repente de detalhes do almoço da última quarta-feira quando são
avisados de que o amigo com o qual almoçaram ficou doente.
A memória é usada não só para lembrar o passado, mas para orientar
nossas decisões no futuro. E a emoção é chave para nos ajudar a lembrar
de informações relevantes para determinar nossas escolhas. Sem a
capacidade de fortalecer experiências passadas aparentemente triviais
com novas informações importantes, com certeza perderíamos recompensas
futuras ou repetiríamos os mesmos erros do passado.
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