Com dez anos, perdeu o pai. E passou sessenta anos da vida a
trabalhar numa máquina do tempo que lhe permitisse voltar para junto
dele. Nenhum obstáculo o consegue travar.
Mallett já construiu protótipos de uma máquina do tempo
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O físico que nasceu aos dez anos
Agora, Mallett procura apoiantes e investidores interessados em ajudar os seus planos a sair do papel. Já há uma luz de alento: os laboratórios da Universidade de Connecticut são explorados por Chandra Roychoudhuri, uma física de laser experimental que tem operado de acordo com os pressupostos de Mallett. Entre as quatro paredes daquela oficina da ciência já nasceu um engenho: uma série de anéis verdes sobrepostos e brilhantes que rodam à volta de um tubo de vidro, numa tentativa de distorcer o espaço dentro dele. O projeto pode avançar, mas apenas se os dois cientistas encontrarem um laboratório com melhores equipamentos.
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O físico que nasceu aos dez anos
O pai de Mallett morreu quando o físico tinha dez anos. Na altura, prometeu construir uma máquina do tempo para avisar o pai de que iria sofrer um ataque cardíaco fulminante na mesma noite em que Mallett completava onze anos. Como tal, Ron Mallett dedicou-se ao estudo do espaço e do tempo em busca de respostas. No seu percurso, cruzou-se com as teorias de Einstein e apaixonou-se por elas. “Toda a minha existência, quem eu sou, deve-se à morte do meu pai e ao juramento que fiz em descobrir como afetar o tempo com base no trabalho de Einstein”, explica à Bloomberg.
Agora, Mallett procura apoiantes e investidores interessados em ajudar os seus planos a sair do papel. Já há uma luz de alento: os laboratórios da Universidade de Connecticut são explorados por Chandra Roychoudhuri, uma física de laser experimental que tem operado de acordo com os pressupostos de Mallett. Entre as quatro paredes daquela oficina da ciência já nasceu um engenho: uma série de anéis verdes sobrepostos e brilhantes que rodam à volta de um tubo de vidro, numa tentativa de distorcer o espaço dentro dele. O projeto pode avançar, mas apenas se os dois cientistas encontrarem um laboratório com melhores equipamentos.
Percurso de vida
O primeiro protótipo que nasceu das mãos de Mallett foi construído na
Pensilvânia, onde viveu depois da morte do pai, com a mãe e os irmãos
mais novos. Era um brinquedo de crianças com motivações muito vincadas,
baseadas no livro “A Máquina do Tempo” de H. G. Wells. A ficção não
bastou. E o menino compreendeu que tinha de pôr a ciência a seu favor.
Não
foi um aluno brilhante. Depois da escola secundária, Mallett decidiu
ingressar na Força Aérea, que podia ser o seu passaporte para prosseguir
estudos. Entrou como técnico de computadores e preferiu o turno da
noite: queria estar sozinho para estudar física. E deixou-se inspirar
pelos filmes de ficção científica.
Quatro anos depois, Ron
Mallett entrou na Universidade de Pensilvânia. Doutorou-se em 1973: foi
um dos 79 negros que se tornaram físicos entre os 20 mil que existiam
nos Estados Unidos. Começou então a trabalhar na United Technologies, em
Connecticut. Sentiu que havia mais tolerância entre os profissionais da
ciência, mas a discriminação permanecia. Por isso, Mallett decidiu
manter os planos longe do julgamento dos colegas.
O segredo que viu a luz
A equação foi publicada em 2000 e expressa o modo como um neutrão
pode ser movido ou arrastado quando o espaço que ele ocupa é distorcido
pela luz laser. De acordo com a Teoria da Relatividade Geral, se o
espaço pode ser distorcido, o tempo também alterar-se: basta que deixe
de ser linear e se torne circular. E assim seria possível viajar tanto
para o passado, como para o futuro.
Em 2001, na sequência da
publicação do seu trabalho sobre distorção do espaço, falou pela
primeira vez em público sobre os seus projetos de física. A coragem
abriu-lhe as portas para ser ouvido pelos jornais científicos de
prestígio. Cinco anos mais tarde, Mallett lança uma autobiografia,
“Time Traveler”, que mereceu a atenção de Spike Lee e que por isso ainda
pode vir a dar um filme. “Nós somos compositores”, diz. E diz que
pretende sonhar com o dia em que voltará a ver o pai até aos seus
últimos dias.
Fonte: http://observador.pt/2015/04/ 03/busca-da-maquina-do-tempo- amor/
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