As autoridades da Cidade do México anunciaram que estão a
investigar um suposto mercado negro de atestados de óbito relacionado
com a covid-19, no dia em que o país registou 625 mortes nas últimas 24
horas.
Esta sexta-feira, o México superou os 110 mil casos e as 13 mil mortes por covid-19, ao registar nas últimas 24 horas 625 óbitos e 4.346 contágios.
No mesmo dia, a autarca da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, disse que vários médicos são suspeitos de emitirem atestados de óbito falsos.
À medida que as mortes aumentam no México, a necessidade de se libertarem os cadáveres aparentemente levou a um mercado negro de atestados de óbito.
Ao descrever a investigação, a autarca alegou que os médicos “estavam envolvidos na cobrança desses serviços”. Apesar de os atestados de óbito serem gratuitos, o processo pode ser demorado e burocrático.
“Eles venderam esses certificados quando não o deveriam”, disse Sheinbaum.
O esquema terá envolvido pelo menos um funcionário do governo da
cidade e cerca de 10 médicos, nenhum dos quais era funcionário do
hospital da cidade, acrescentou.
Há também indicações de que os médicos podem ter assinado outras causas de morte além do covid-19 para corpos que nunca examinaram, embora os motivos não sejam claros, disseram as autoridades.
Os corpos estavam a acumular-se em hospitais na Cidade do México, à
medida que a pandemia piorava, e alguns familiares podem simplesmente
ter querido que os familiares falecidos fossem libertados mais
rapidamente.
Além disso, os corpos das pessoas que morreram com a covid-19
precisam ser cremados ou enterrados sob regras mais rígidas. Para evitar
isso ou o estigma social que o vírus carrega, algumas famílias terão comprado um atestado falso.
Este não é o primeiro escândalo no México a envolver empresas que cresceram em torno da pandemia.
Em maio, as autoridades encontraram 3,5 toneladas de lixo hospitalar
ilegalmente despejadas na floresta, nos arredores da Cidade do México.
As autoridades também descobriram resíduos médicos empilhados até ao
teto de um armazém no estado de Puebla, enquanto pilhas de caixões
descartados se amontoavam do lado de fora dos crematórios
sobrecarregados da Cidade do México.
O México é atormentado por problemas comuns com empresas não
regulamentadas, tanto na indústria de eliminação de resíduos quanto na
de funerais.
Segundo o Senado, 60% das agências funerárias no México ou não estão registadas ou o processo de registo está incompleto.
Esta sexta-feira, o México superou os 110 mil casos e as 13 mil
mortes por covid-19, ao registar nas últimas 24 horas 625 óbitos e 4.346
contágios.
Se o número de mortes baixou (1.092 na quarta-feira e 816 na
quinta-feira), o balanço diário revelou o segundo dia em que foram
identificados mais casos desde o início da pandemia.
https://zap.aeiou.pt/mexico-mercado-negro-atestados-obito-328721
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