Os Estados Unidos impuseram sanções contra figuras políticas
venezuelanas. Caracas fala em tentativa de interferir nas eleições do
país.
A Venezuela acusou, esta sexta-feira, os Estados Unidos de tentarem
interferir nas eleições legislativas previstas para 6 de dezembro, ao
impor sanções contra quatro figuras públicas venezuelanas, duas delas relacionadas com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
“Com estas medidas ilegais, a administração de Donald Trump pretende
impedir o inevitável. Nenhuma pressão externa poderá impedir o povo
venezuelano de exercer o seu direito de votar e decidir o seu destino,
de maneira soberana”, garante um comunicado do ministério venezuelano de
Relações Exteriores.
O documento começa por explicar que a Venezuela “denuncia mais uma
vez, perante a comunidade internacional, as agressões intervencionistas
do Governo supremacista de Washington”.
Caracas acusa os EUA de “violação do Direito Internacional”,
ao pretender “impor ilegalmente medidas coercivas unilaterais contra as
instituições democráticas venezuelanas, em particular tentando
interferir na realização das eleições parlamentares”.
“O valor sagrado da democracia nada mais é do que uma retórica vazia
para um governo que se gaba de ser o seu principal defensor no mundo”,
acrescenta o Governo venezuelano.
“A agressão contra a presidente do CNE, dois dos seus principais
reitores e o procurador-geral da República [da Venezuela] não afetará o
compromisso das instituições do Estado venezuelano de garantir o
cumprimento das disposições constitucionais e legais, e a vontade
popular. Muito pelo contrário, representam um estímulo adicional para
avançar com maior eficácia e moral, em direção aos objetivos e
eleitorais”, afirma.
O comunicado conclui condenando “energicamente este atentado contra a soberania e integridade patrimonial venezuelana”.
“O povo venezuelano é um povo livre, independente e determinado a
construir o seu próprio futuro em democracia e paz. Nenhuma ameaça
ligada ao desespero e ao fracasso da Casa Branca travará o pleno exercício das nossas garantias democráticas”, conclui o Ministério das Relações Exteriores de Caracas.
Os Estados Unidos anunciaram a imposição de sanções contra várias
figuras políticas venezuelanas, argumentando que visavam responsáveis
que privaram os venezuelanos de “eleições livres e justas”.
A par da presidente do CNE, Indira Alfonzo, as sanções
norte-americanas abrangem José Luis Gutiérrez Parra, outro membro da
direção do órgão eleitoral venezuelano, assim como o procurador-geral da
Venezuela, Reinaldo Muñoz, e o ex-governador do estado de Anzoátegui,
David De Lima.
Num comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo,
esclareceu que decidiu aplicar sanções sobre estas quatro figuras,
devido à sua “participação” nos alegados esforços do Presidente
venezuelano, Nicolás Maduro, para “manipular” o Conselho Nacional
Eleitoral (CNE) e a Assembleia Nacional (Parlamento) com o objetivo de
“privar o povo venezuelano de eleições livres e justas”.
As eleições legislativas venezuelanas estão previstas para 6 de dezembro. No entanto, 27 partidos da oposição já anunciaram que não vão participar num processo que dizem ser “uma fraude eleitoral”.
Em 12 de junho, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (STJ)
nomeou novas autoridades do CNE, uma semana depois de retirar os poderes
da Assembleia Nacional para as eleger e depois de anunciar que
assumiria o processo.
Ainda em junho, o STJ suspendeu a direção dos partidos opositores
Vontade Popular, Primeiro Justiça e Ação Democrática, e também de
vários partidos afetos ao regime, entre eles Pátria para Todos e
Tupamaro. O STJ ordenou que fossem reestruturados e nomeou direções
provisórias para esses partidos.
A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos parcialmente
reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um
pró-regime, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor
Primeiro Justiça, mas que continua a dizer que é da oposição.
https://zap.aeiou.pt/venezuela-acusa-eua-interferencia-eleicoes-344788
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