Apontada como a favorita à sucessão a um Boris Johnson abatido e com a popularidade pelas ruas da amargura, Liz Truss tem sido muito comparada a uma figura feminina incontornável da política britânica — Margaret Thatcher.
Em Novembro, Liz Truss voltou a suscitar comparações a Margaret Thatcher, ao recriar a sua famosa foto num tanque — mas não que estas comparações desagradem à Ministra dos Negócios Estrangeiros, que confessa ser uma admiradora da antiga primeira-ministra britânica.
A sua postura dura, crenças conservadoras, guerras à cultura “woke” e desdém pela União Europeia já lhe valeram a alcunha “nova dama de ferro“. De acordo com um antigo membro do executivo britânico, a estratégia de Truss é “dizer liberdade tantas vezes quanto possível e parecer-se com a Margaret Thatcher tanto quanto puder”.
Agora, com a demissão de David Frost, Truss assumiu também a pasta do Brexit e está na calha como uma possível sucessora de Boris Johnson, que está com a popularidade em baixa e acumula escândalos.
“Há muitas razões que explicam o crescimento de Liz Truss, a recém-promovida Ministra dos Negócios Estrangeiros, mas uma salta à vista: ela é extremamente popular com os membros do partido Conservador“, aponta o colunista Robert Shrimsley no Financial Times.
E é mesmo. No blog Conservative Home, Truss é o membro do governo mais popular e tem consistentemente subido nas sondagens no último ano, estando agora à frente de Rishi Sunak nas escolhas dos utilizadores sobre quem deve suceder a Boris na liderança do partido e em Downing Street, depois de um anúncio de um aumento de impostos ter feito estragos na popularidade de Sunak.
No entanto, outros inquéritos mostram que o Ministro das Finanças, que foi durante muito tempo apontado como o herdeiro mais óbvio de Boris, ainda é mais popular com a população em geral, pelo que a corrida entre os possíveis sucessores pode ser mais renhida do que se antecipa.
A sua popularidade entre a base Conservadora é fácil de explicar. “Ela é vista como a principal defensora da economia de mercado livre que os membros do partido pensavam que defendiam. Enquanto outros Tories se retraíram na face do intervencionismo de Johnson, Truss mantém-se uma defensora sem remorsos desses princípios”, explica Shrimsley.
Se o Brexit foi o tema que pendeu a balança para o lado de Johnson na última eleição, na próxima, pode ser a economia a ditar o vencedor. Mas há também o perigo da liderança do partido se afastar muito das visões da população britânica ao apenas ter em conta a opinião da base, e há ainda dúvidas sobre a aposta na Ministra. Afinal, quem é Liz Truss?
De “Maggie, out!” até à idolatração a Thatcher
Nascida em Leeds em 1975, Truss é um exemplo de que filho de peixe nem sempre sabe nadar. Filha de pais esquerdistas, durante a infância até chegou a protestar contra a sua grande inspiração actual, lembrando os tempos em que gritava “Maggie, out!” sobre Thatcher, mas não tardou muito a quebrar o molde.
Viveu no Canadá e na Escócia enquanto era criança e estudou Filosofia, Política e Economia em Oxford. Desde 1996 que integra o Partido Conservador, tendo passado anteriormente pelos Liberais-Democratas. Trabalhou como economista e contabilista.
Em 2006, foi eleita conselheira em Greenwich e tornou-se deputada por South West Norfolk em 2010, com o pai a opor-se publicamente à sua campanha. Esta não tinha sido a primeira vez que tinha tentado ir para o parlamento, tendo já concorrido em 2001 e 2005.
A sua reputação foi abalada por um escândalo de adultério que veio a público, mas Truss sobreviveu — assim como o seu casamento, que resiste desde 2000 e do qual nasceram duas filhas.
Desde então que já tutelou vários cargos no governo. Foi subsecretária de Estado para a Infância e Educação de David Cameron antes de se tornar Ministra do Ambiente, da Alimentação e dos Assuntos Rurais. Tornou-se também a primeira Ministra da Justiça do Reino Unido durante o governo de Theresa May, assumindo a Secretaria do Tesouro mais tarde.
Descreve-se como uma “disruptora no comando” e apesar de agora ser a Ministra do Brexit, em 2016 apoiou a permanência do Reino Unido na União Europeia. Apoiou Boris Johnson depois dos Conservadores terem corrido com Theresa May, que recompensou a sua lealdade ao nomeá-la Ministra do Comércio Internacional e Secretária de Estado para as Mulheres e a Igualdade.
A mais recente nomeação para as negociações do Brexit, no entanto, têm sido apontadas como alguns analistas como um possível presente envenenado de Boris para Truss, que pode estar a tentar arrumar como uma potencial rival, especialmente com a sua recente galopada nas sondagens dentro do partido.
Caso o seu aparente favoritismo se verifique e Truss acabe por suceder a Boris, seria a terceira mulher a comandar os destinos do Reino Unido, depois de Margaret Thatcher, que esteve no poder entre 1979 e 1990, e Theresa May, que foi primeira-ministra entre 2016 e 2019.
https://zap.aeiou.pt/a-dama-de-ferro-moderna-que-pode-suceder-a-boris-quem-e-liz-truss-453025
Em Novembro, Liz Truss voltou a suscitar comparações a Margaret Thatcher, ao recriar a sua famosa foto num tanque — mas não que estas comparações desagradem à Ministra dos Negócios Estrangeiros, que confessa ser uma admiradora da antiga primeira-ministra britânica.
A sua postura dura, crenças conservadoras, guerras à cultura “woke” e desdém pela União Europeia já lhe valeram a alcunha “nova dama de ferro“. De acordo com um antigo membro do executivo britânico, a estratégia de Truss é “dizer liberdade tantas vezes quanto possível e parecer-se com a Margaret Thatcher tanto quanto puder”.
Agora, com a demissão de David Frost, Truss assumiu também a pasta do Brexit e está na calha como uma possível sucessora de Boris Johnson, que está com a popularidade em baixa e acumula escândalos.
“Há muitas razões que explicam o crescimento de Liz Truss, a recém-promovida Ministra dos Negócios Estrangeiros, mas uma salta à vista: ela é extremamente popular com os membros do partido Conservador“, aponta o colunista Robert Shrimsley no Financial Times.
E é mesmo. No blog Conservative Home, Truss é o membro do governo mais popular e tem consistentemente subido nas sondagens no último ano, estando agora à frente de Rishi Sunak nas escolhas dos utilizadores sobre quem deve suceder a Boris na liderança do partido e em Downing Street, depois de um anúncio de um aumento de impostos ter feito estragos na popularidade de Sunak.
No entanto, outros inquéritos mostram que o Ministro das Finanças, que foi durante muito tempo apontado como o herdeiro mais óbvio de Boris, ainda é mais popular com a população em geral, pelo que a corrida entre os possíveis sucessores pode ser mais renhida do que se antecipa.
A sua popularidade entre a base Conservadora é fácil de explicar. “Ela é vista como a principal defensora da economia de mercado livre que os membros do partido pensavam que defendiam. Enquanto outros Tories se retraíram na face do intervencionismo de Johnson, Truss mantém-se uma defensora sem remorsos desses princípios”, explica Shrimsley.
Se o Brexit foi o tema que pendeu a balança para o lado de Johnson na última eleição, na próxima, pode ser a economia a ditar o vencedor. Mas há também o perigo da liderança do partido se afastar muito das visões da população britânica ao apenas ter em conta a opinião da base, e há ainda dúvidas sobre a aposta na Ministra. Afinal, quem é Liz Truss?
De “Maggie, out!” até à idolatração a Thatcher
Nascida em Leeds em 1975, Truss é um exemplo de que filho de peixe nem sempre sabe nadar. Filha de pais esquerdistas, durante a infância até chegou a protestar contra a sua grande inspiração actual, lembrando os tempos em que gritava “Maggie, out!” sobre Thatcher, mas não tardou muito a quebrar o molde.
Viveu no Canadá e na Escócia enquanto era criança e estudou Filosofia, Política e Economia em Oxford. Desde 1996 que integra o Partido Conservador, tendo passado anteriormente pelos Liberais-Democratas. Trabalhou como economista e contabilista.
Em 2006, foi eleita conselheira em Greenwich e tornou-se deputada por South West Norfolk em 2010, com o pai a opor-se publicamente à sua campanha. Esta não tinha sido a primeira vez que tinha tentado ir para o parlamento, tendo já concorrido em 2001 e 2005.
A sua reputação foi abalada por um escândalo de adultério que veio a público, mas Truss sobreviveu — assim como o seu casamento, que resiste desde 2000 e do qual nasceram duas filhas.
Desde então que já tutelou vários cargos no governo. Foi subsecretária de Estado para a Infância e Educação de David Cameron antes de se tornar Ministra do Ambiente, da Alimentação e dos Assuntos Rurais. Tornou-se também a primeira Ministra da Justiça do Reino Unido durante o governo de Theresa May, assumindo a Secretaria do Tesouro mais tarde.
Descreve-se como uma “disruptora no comando” e apesar de agora ser a Ministra do Brexit, em 2016 apoiou a permanência do Reino Unido na União Europeia. Apoiou Boris Johnson depois dos Conservadores terem corrido com Theresa May, que recompensou a sua lealdade ao nomeá-la Ministra do Comércio Internacional e Secretária de Estado para as Mulheres e a Igualdade.
A mais recente nomeação para as negociações do Brexit, no entanto, têm sido apontadas como alguns analistas como um possível presente envenenado de Boris para Truss, que pode estar a tentar arrumar como uma potencial rival, especialmente com a sua recente galopada nas sondagens dentro do partido.
Caso o seu aparente favoritismo se verifique e Truss acabe por suceder a Boris, seria a terceira mulher a comandar os destinos do Reino Unido, depois de Margaret Thatcher, que esteve no poder entre 1979 e 1990, e Theresa May, que foi primeira-ministra entre 2016 e 2019.
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