Em Janeiro de 1999, os cientistas observaram movimentos misteriosos dentro de uma erupção solar. Ao contrário das típicas erupções que mostram uma energia forte a sair do Sol, esta mostrou uma energia em sentido descendente, como se esta estivesse a cair de volta dentro da estrela, lembra o Phys.
Desde então que este fenómeno intrigou os astrónomos. Agora, um estudo publicado na Nature Astronomy deu a resposta a este mistério, que foi agora apelidado supra-arcade downflows (SADs) pela comunidade científica.
Desde a sua descoberta nos anos 90 que se assumiu que os SADs estão ligados à reconexão magnética. O processo ocorre quando um campo magnético se quebra, libertando radiação energética rápida e que se movimenta, sendo que depois se volta a formar.
“No Sol, o que acontece é que temos muitos campos magnéticos que estão todos a apontar para direcções diferentes. Eventualmente, os campos magnéticos são puxados de forma unida até ao ponto em que se reconfiguram e libertam muita energia sob a forma de uma erupção solar. É como puxar um elástico e cortá-lo no meio. Está esticado até ficar fino, por isso vai ressaltar de volta“, revela Kathy Reeves, co-autora do estudo e astrónoma.
Por esta razão, os cientistas assumiram que as explosões de energia em sentido descendente eram um sinal da resposta dos campos magnéticos quebrados depois de uma erupção solar — mas escapou-lhes um detalhe, já que a maioria destes fluxos energéticos move-se muito devagar.
“Isto não é o que está previsto nos modelos de reconexão clássicos, que mostram que os fluxos descendentes deviam ser muito mais rápidos. É um conflito que requere alguma outra explicação”, revela o astrónomo Bin Chen, co-autor do estudo.
Para encontrar esta resposta, a equipa analisou as imagens capturadas pelo Observatório de Dinâmica Solar da NASA, que recolhe imagens do Sol a cada doze segundos em sete comprimentos de onda diferentes para medir as variações na atmosfera solar. Os investigadores fizeram depois de simulações 3D de erupções solares e compararam-nas com as observações.
Os resultados mostram que os SADs não são gerados por reconexão magnética, mas sim que se formam no seu próprio ambiente turbulento e são o resultado da interacção de dois fluidos com densidades diferentes.
De acordo com Reeves, o fenómeno é semelhante ao que acontece quando misturamos água e óleo, já que as densidades diferentes dos dois fluidos se tornam instáveis e levam à sua separação. Os “dedos” são na verdade causados pela ausência de plasma“.
A equipa está a planear continuar a estudar os SADs e outros fenómenos solares recorrendo a simulações em 3D para entender melhor as reconexões magnéticas.
https://zap.aeiou.pt/misteriosos-dedos-erupcoes-solares-459885
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