O Supremo Tribunal espanhol decidiu investigar as suspeitas
de delito de corrupção do rei emérito, Juan Carlos, na construção do
comboio de alta velocidade entre Medina e Meca, na Arábia Saudita.
De acordo com o Ministério Público, a investigação, que passa para o
Supremo Tribunal, irá concentrar-se em “delimitar ou descartar” a
relevância criminal dos acontecimentos ocorridos desde junho de 2014,
quando Juan Carlos deixou de ser Chefe de Estado e, com isso, perdeu a
imunidade que a Constituição espanhola lhe concedia.
A procuradoria-geral considera ser necessário realizar “novas diligências que afetam diretamente o rei emérito”, que está a ser investigado pelo Supremo Tribunal.
A investigação tem por base um processo
iniciado pela procuradoria anticorrupção no final de 2018 para indagar
sobre possíveis comissões pagas na adjudicação da construção do comboio
de alta velocidade a um consórcio de empresas espanholas em 2011.
“Dada a importância institucional desta investigação”, a procuradora-geral do Estado, Dolores Delgado, encarregou o procurador da Câmara de Crimes Económicos,
Juan Ignacio Campos, de conduzir a investigação, assistido por três
outros procuradores, “que assumirão a inegável complexidade técnica” do
processo.
O Ministério Público enviou há alguns meses uma comissão rogatória à Suíça para aceder a dados sobre uma alegada doação de 65 milhões de euros
de uma fundação com sede no Panamá – chamada Lucum e alegadamente
ligada a Juan Carlos – a uma conta de uma amiga deste, Corinna Larsen.
Uma conversa entre Larsen e um ex-comissário da polícia, José
Villarejo, a cumprir pena de prisão desde 2017, deu origem a este
processo, que está a decorrer em simultâneo com as investigações do Ministério Público de Genebra (Suíça) contra as movimentações de alegados testas de ferro em contas bancárias neste país.
Segundo o jornal La Tribune de Genève, há alguns meses, o Ministério Público suíço encontrou alegadas provas da movimentação de 100 milhões de dólares
por vários gestores de contas na Suíça e suspeita que esse dinheiro,
que chegou a uma conta no Panamá da Fundação Lucum, seria proveniente do
rei saudita Abdul Aziz Al Saud, sendo o único beneficiário desta
fundação Juan Carlos.
Em 2012, segundo o jornal, o dinheiro foi para uma conta de Corinna Larsen, embora o monarca tivesse reservado um milhão para uma outra “antiga amante” residente em Genebra.
Os advogados de Larsen explicaram, numa declaração, que em 2012 a sua cliente tinha recebido um presente “não solicitado” do Rei Emérito, “que o descreveu como uma forma de doação para ela e para o seu filho”.
O jornal britânico The Telegrah também publicou que o Rei Filipe VI é o segundo beneficiário de uma conta da fundação panamenha ligada ao seu pai.
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