Em centenas de voos por ano, produtos químicos perigosos escapam no suprimento de ar de um avião, envenenando pilotos, tripulantes e passageiros. E, de acordo com uma investigação do Los Angeles Times, durante anos, o problema foi varrido para debaixo do tapete.
O jornal norte-americano Los Angeles Times divulgou na quinta-feira passada uma investigação sobre a fuga de produtos químicos perigosos em centenas de voos, o que terá envenenado pilotos, tripulantes e passageiros. Apesar de ser conhecido, o problema foi varrido para debaixo do tapete durante vários anos.
Problemas mecânicos e fugas podem contaminar o ar conforme é sugado pelos motores, levando a doenças de longo prazo, danos cerebrais graves e até à morte. É um problema sério, mas só recentemente começou a chamar a atenção.
O LA Times estima que, em tempos de pré-pandemia, estes chamados “eventos de fumo” aconteciam em cerca de cinco voos por dia nos Estados Unidos em todas as companhias aéreas – e o problema não desapareceu com o surgimento da covid-19.
O jornal refere um caso que aconteceu em junho de 2019 no voo 3455 da Southwest Airlines em junho de 2019. Antes da descolagem, o avião foi evacuado e o piloto removido numa cadeira de rodas devido aos gases que o deixaram “embriagado”.
Quando os passageiros perguntaram o que aconteceu, a companhia aérea alegadamente atribuiu o cheiro podre à jaca que um passageiro transportava.
Até agora, não foram feitos estudos em grande escala sobre estes “eventos de fumo”. Dar conhecimento deles continua a ser voluntário, e as companhias aéreas têm ignorado ativamente os esforços para resolver o problema.
A Boeing, por exemplo, recusou-se a instalar sensores de qualidade do ar, argumentando que as suas medições poderiam ser usadas contra companhias aéreas num possível litígio, de acordo com a investigação do LA Times.
Segundo o jornal, apenas um avião moderno usa um novo sistema de distribuição de ar que já não leva o ar da cabine através dos motores: o Boeing 787 Dreamliner.
O problema parece estar a ser ignorado, em parte, porque, em muitos casos, os sintomas são leves e assemelham-se aos do jetlag – condição que leva a um conjunto de alterações físicas e psicológicas resultantes de uma longa viagem de avião através de vários fusos horários.
Assim, as consequências destes eventos passam despercebidas entre os viajantes cansados.
https://zap.aeiou.pt/avioes-defeito-terao-envenenado-passageiros-centenas-voos-367187
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