O Governo britânico está a ser pressionado para manter as escolas fechadas em janeiro, decisão que já foi tomada pela Escócia. Tudo devido a uma variante do novo coronavírus, que parece ser mais contagiosa.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, Neil Ferguson, “arquiteto” do confinamento britânico durante a primeira vaga e agora membro do Grupo de Aconselhamento de Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes (Nervtag), disse que dados preliminares sugeriam que a nova variante poderia infetar crianças de forma mais eficaz, embora a causalidade não tenha sido estabelecida.
“Acho que veremos nas próximas duas semanas, enquanto as escolas ainda estão fechadas, que provavelmente todas as variantes do vírus em circulação estarão a diminuir, mas estaremos a rastrear com muito cuidado se podemos ver diferenças nessa taxa de declínio”, disse o especialista, em entrevista à BBC Radio 4.
Wendy Barclay, outro membro do Nervtag, explicou como é que as mutações na proteína spike da variante – a parte do vírus que permite que se infiltre nas células dos pulmões, garganta e cavidade nasal ao interagir com um recetor chamado ACE-2 – poderiam explicar o potencial ligação em crianças.
Muitos alunos do ensino secundário de Inglaterra regressam às escolas a 4 de janeiro para fazer testes em massa para isolar os casos de covid-19 em crianças. Os dados mais recentes do Office of National Statistics mostraram que a taxa de positividade era mais alta entre crianças em idade escolar.
A National Education Union (NEU) pediu aulas online para substituir o ensino presencial para todos, exceto os alunos vulneráveis e os filhos de funcionários importantes nas escolas de Inglaterra.
Numa carta aberta a Boris Johnson e Gavin Williamson, o secretário de educação, o NEU disse que um atraso de duas semanas para o ensino presencial deveria ser usado para começar a vacinar os funcionários e os profissionais de saúde.
Na Escócia, a decisão já foi tomada. Para a maioria dos alunos, as férias serão prolongadas uma semana até 11 de janeiro, seguindo em ensino à distância até ao dia 15 de janeiro.
Na Irlanda, será reposto o confinamento geral entre 24 de dezembro e 12 de janeiro, não sendo ainda certo se o regresso às escolas é adiado ou não.
Porém, em Londres, Boris Johnson não dá sinais de mudar de opinião: “Queremos, se for possível, ter as escolas de volta no início de janeiro”, defendeu.
Fauci diz que variante pode ter chegado aos EUA
O epidemiologista norte-americano Anthony Fauci, nomeado conselheiro sobre a covid-19 pelo Presidente eleito Joe Biden, considerou esta terça-feira que se deve assumir que a nova variante do coronavírus, mais contagiosa, já está nos Estados Unidos.
Fauci, que integrou o grupo de crise criado pelo Presidente Donald Trump para a pandemia, disse numa entrevista ao programa televisivo matinal “Good Morning America” ser “certamente possível” que a variante detetada no Reino Unido já esteja no seu país.
“Quando se dá o nível de contágio que ocorreu no Reino Unido, deve-se presumir que já está aqui, embora não sendo a variante dominante, não ficaria surpreendido que já cá estivesse”, indicou.
O imunologista recomendou que não se exagere na reação ao aparecimento desta nova variante, considerando “draconianas” as medidas de suspensão de voos com o Reino Unido tomadas por vários países europeus.
Em alternativa, Fauci apoiou medidas como as propostas pelo governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, de reforçar os testes aos viajantes vindos daquele país, defendendo que “o mais importante é vigiar”.
O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu esta terça-feira que os “dias mais escuros na batalha” contra a pandemia ainda não chegaram, “por mais frustrante que seja de ouvir”, e que muitas pessoas ainda poderão morrer, apesar de haver vacinas.
Entre as primeiras medidas que deverão ser implementadas pelo executivo liderado por Joe Biden está a obrigatoriedade de utilização de equipamentos de proteção individual.
França autoriza regresso de pessoas do Reino Unido
França vai autorizar, a partir de quarta-feira, o regresso de algumas pessoas provenientes do Reino Unido, mas apenas com um teste para detetar o SARS-CoV-2 que seja negativo nas 72 horas anteriores, foi anunciado esta terça-feira.
A autorização vai permitir o regresso de cidadãos franceses e de outros países europeus que estejam a voltar do Reino Unido, cidadãos britânicos e de outras nações que residam habitualmente em França ou em outros países europeus e também pessoas que tenham de “fazer viagens essenciais”, indicou o gabinete do primeiro-ministro francês, Jean Castex, citado pela France-Presse (AFP).
Contudo, as pessoas que queiram regressar vão estar “sistematicamente sujeitas à obrigação de ter, antes da partida, o resultado negativo de um teste [à presença do SARS-CoV-2] inferior a 72 horas”. São aceites testes de reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla inglesa) ou antigénio, desde que sejam sensíveis à variante que foi detetada em território britânico.
Vários países da União Europeia (UE) suspenderam as ligações com o Reino Unido depois de identificada uma variante do SARS-CoV-2 que pode ser até 70% mais contagiosa. Portugal optou por possibilitar a chegada de voos provenientes do Reino Unido apenas para cidadãos portugueses ou residentes em Portugal, sendo, no entanto, exigido um teste negativo.
Venezuela desenha plano para combater variante
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou na terça-feira que as autoridades sanitárias estão a desenhar um plano para evitar a propagação local da variante.
“A Venezuela está a preparar-se para travar esta nova onda de coronavírus, produto de um vírus mutante”, disse à televisão estatal venezuelana.
O Presidente da Venezuela explicou que “está a começar uma nova etapa do coronavírus no mundo”, que é “tão perigosa e alarmante” como a anterior. “A mutação que houve em Inglaterra, na Europa, ameaça com uma onda pavorosa da covid-19“, frisou.
Maduro avançou que nos próximos dias anunciará medidas de biossegurança que vão ser ativadas a partir de janeiro de 2021, já que há um aumento de casos confirmados no país.
Essas medidas, disse, vão modificar o atual esquema venezuelano de sete dias de flexibilização seguidos por sete dias de confinamento restrito.
https://zap.aeiou.pt/boris-pressionado-fechar-escolas-367785
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