O México recusa-se a mostrar recibos dos alegados gastos com custos de deslocação dos seus embaixadores. O uso de parte dos 21 milhões de euros pagos pela BP após o desastre do Deepwater Horizon continua um mistério.
No dia 20 de abril de 2010, a plataforma de petróleo Deepwater Horizon, no Golfo do México, explodiu. Depois de dois dias em chamas, afundou e uma enorme mancha de mais de três milhões de barris de petróleo espalhou-se pelo mar. Só no dia 17 de julho é que a BP, que operava a plataforma, conseguiu estancar o derrame.
Oito anos depois, o México assinou um controverso acordo com a BP, com a multinacional britânica a comprometer-se a pagar cerca de 21 milhões de euros de indemnização pelo desastre ambiental.
Milhares de pescadores mexicanos manifestaram-se em revolta pelo acordo, cujo valor envolvido consideraram insuficiente e não oferecia nenhuma compensação às populações costeiras afetadas. Comparativamente, os EUA receberam quase 50 mil milhões de euros, já que o desastre aconteceu na parte norte-americana do Golfo do México.
Desde então, os pescadores têm enviado numerosas cartas ao Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, pedindo que o caso seja revisto. De pouco lhe valeu, já que ainda não receberam dinheiro nenhum desde o desastre da Deepwater Horizon.
Uma investigação da VICE e da watchdog de transparência empresarial PODER questiona o uso de mais de 4 milhões de euros do acordo entre o Governo mexicano e a BP.
Embora os documentos sugiram que este dinheiro foi utilizado para cobrir as despesas de deslocação dos diplomatas mexicanos, o Governo recusa-se a divulgar faturas ou recibos dos gastos.
A VICE e a PODER tiveram acesso ao orçamento do Secretariado dos Negócios Estrangeiros mexicano, disponível aqui, que mostra aumentos astronómicos no orçamento das suas embaixadas. O gabinete recusou-se a minuciar o tipo de gastos, indicando apenas que se trataram de despesas de deslocação.
Os pescadores não se mostram dispostos a esquecer o assunto, principalmente após uma investigação de 2018 da PODER ter mostrado que o Governo do então presidente mexicano Enrique Peña Nieto potencialmente ignorou estudos sobre os efeitos do derramamento de petróleo nas águas do país.
Em vez disso, explica a VICE, o Governo avançou com uma reforma para privatizar o setor de energia, que permitiu vários acordos com a BP. Não só a empresa ganhou direitos de exploração petrolífera no Golfo do México, como também abriu 500 postos de gasolina, no México, nos últimos quatro anos.
https://zap.aeiou.pt/bp-deepwater-horizon-mexico-366517
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