Ficou conhecida como “Ivanna, a Terrível” pelos seus modos e
atitudes grotescas. Enquanto Imperatriz, Anna Ivanovna torturou e
prendeu todos aqueles que se opuseram às suas ordens ao longo dos 10
anos de poder absoluto.
Mesmo tendo nascido princesa, Anna Ivanovna não teve uma vida digna de um conto de fadas. O seu pai, o czar Ivan V,
era emocionalmente ausente. Já a sua mãe era infeliz e severa e, como
se não bastasse, Anna, era ridicularizada pela sua aparência, sendo
muitas vezes chamada de “presunto de Vestefália”.
No entanto, em 1710, tudo levava a querer que a vida de Anna estava
prestes a mudar para melhor. A jovem casou-se com o duque da Letónia,
mas a felicidade durou pouco tempo, pois o seu marido morreu logo após o casamento, deixando-a sozinha.
No decorrer de vários acontecimentos improváveis, Anna Ivanovna
acabou por se tornar Imperatriz da Rússia. Contudo, subiu ao trono
amargurada, solitária e vingativa.
O seu reinado de 10 anos foi classificado como uma “era negra” na história da Rússia.
“Ivanna, a terrível”
Anna Ivanovna nasceu em 1693, filha de Ivan V, que, embora fosse um czar, não tinha nenhum poder efetivo.
Incapacitado e denominado de “Ivan, o Ignorante”, o czar só
desempenhava funções cerimoniais pois o poder real estava nas mãos do
seu meio-irmão mais novo, Pedro I, mais conhecido como Pedro, o Grande.
Contudo, Anna também tem poucas memórias do seu pai. O czar morreu
quando esta tinha apenas três anos, o que consolidou o domínio de poder
de Pedro I.
Segundo o Ati, este acontecimento também pode ter apurado a personalidade de Anna, já que enquanto crescia a jovem era considerada má, obstinada e sombria, o que lhe valeu o apelido de “Ivanna, a Terrível”.
Apesar da sua personalidade, o seu tio conseguiu arranjar casamento
com Frederick William, o duque de Courland, onde atualmente se localiza a
Letónia, em 1710. Anna ficou emocionada e feliz com o enlace. Os noivos
tiveram direito a uma festa elaborada e luxuosa.
Contudo, ainda com 17 anos, Anna Ivanovna ficou viúva.
Após a morte repentina do seu marido, Anna Ivanovna, tornou-se
governante da Letónia em 1711. Durante 20 anos, a Imperatriz governou o
país estrangeiro com desânimo.
Infeliz, Anna escreveu mais de 300 cartas para a
família, pedindo que lhe encontrassem um novo marido, mas os seus apelos
não foram ouvidos. Embora nunca mais se casasse, acabou por se tornar
Imperatriz da Rússia.
A sua ascensão ao trono surgiu através de uma questão de sucessão. O
neto de Pedro, o Grande, Pedro II, morreu sem herdeiros, o que fez com
que Anna Ivanovna se torna-se numa das candidatas ao trono.
Anna assumiu o poder em 1730, demitiu o conselho, e aqueles que se opuseram à sua liderança foram mortos ou exilados na Sibéria.
Assim, Anna Ivanovna tornou-se a única governante do Império Russo.
Um palácio de gelo para torturar um homem
Ivanna, a Terrível, tornou-se ainda mais amarga e vingativa com o passar dos anos. No poder, focou as suas atenções no príncipe Mikhail Alekseevich Golitsyn.
O nobre pertencia a uma das famílias que tinham influenciado o antigo
Conselho Privado Supremo da Rússia – órgão que Anna Ivanovna tinha
extinto. O facto do príncipe estar feliz e apaixonado pela sua nova
esposa também estava a incomodar a Imperatriz.
Por isso, decidiu punir Golitsyn, mesmo depois da sua esposa morrer, fazendo com que este se tornasse bobo da corte imperial.
Em 1739, Anna foi ainda mais longe, casando Golitsyn com uma mulher
muito mais velha chamada Avdotya Ivanovna – a noiva foi descrita como
tão feia que “até os sacerdotes tinham medo dela”.
Todavia, o passo seguinte veio garantir o legado de Anna Ivanovna como uma governante particularmente fria: a construção de um palácio de gelo.
O palácio, construído com blocos de gelo, tinha 24 metros de
comprimento, 6 metros de largura e 9 metros de altura. Possuía uma
escadaria elaborada, tinha um quarto com uma cama feita de gelo –
incluindo almofadas de gelo – uma casa de banho de gelo e uma estátua
esculpida de um elefante.
Anna ordenou que o novo casal desfilasse em frente ao palácio
vestidos de palhaços dentro de uma gaiola amarrada às costas de um
elefante. Em seguida, estes foram obrigados a passar a noite no quarto de gelo nus.
Anna Ivanovna assegurou-lhes que, desde que fizessem sexo a noite
toda, poderiam ter a possibilidade de sobreviver. No entanto, estes
acabaram por morrer.
Morte lenta e dolorosa
O reinado de Anna é, para muitos, sinónimo de uma “era das trevas” na
história da Rússia. Para a ajudar nas suas práticas cruéis, a
Imperatriz teve a ajuda de um amante igualmente maquiavélico e poderoso.
Ernst Johann von Biron era um duque da Letónia e tornou-se grande camareiro da Rússia quando Ivanna, a Terrível, assumiu o trono em 1730.
Até à morte da Imperatriz em 1740, momento em que foi destituído do
poder e condenado à morte, Biron causou mais de 1.000 execuções.
Após a construção do palácio de gelo, Anna Ivanovna morreu. Durante o
seu reinado, que Ivanna, a Terrível, foi acusada de humilhar pessoas
com deficiência, lançar impostos paralisantes sobre a classe baixa e
supervisionar uma guerra com a Turquia que fez milhares de mortos.
Ao que se sabe, a Imperatriz teve uma morte lenta e dolorosa devido a uma doença renal. Anna não deixou herdeiros e tentou, sem sucesso, colocar o seu sobrinho-neto, Ivan VII, no poder antes de morrer.
Mas foi Elizabeth Petrovna quem assumiu o seu lugar. Ao contrário de Anna, Elizabeth era popular e amada pelo povo.
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