O impacto das notificações constantes na produtividade é óbvio, com as interrupções ao nosso trabalho, mas o efeito também se nota nas nossas relações pessoais e na nossa saúde mental.
Notificações do Facebook, do Instagram, do Messenger, do WhatsApp, do YouTube, do Skype, do email, dos jornais, do TikTok. Há uma maneira de escapar-mos? São tantos os “sininhos” que recebemos nos nossos dispositivos que parece que nos afundamos neles, sendo que muitas delas nem nos interessam.
No YouTube, são inúmeros os tutoriais que prometem livrar-nos deste inferno de notificações irritantes, que parece estar sempre um passo à frente.
Sophie Leroy é uma especialista em interrupções do trabalho, e divide as notificações em duas categorias. “Notificações como emails do trabalho, onde se espera uma resposta imediata por causa das normas corporativas, e outras coisas que não exigem atenção, como o Wall Street Journal, ou a sua loja favorita”, explica ao The Guardian. Ambas são desafiadoras.
Receber uma notificação de uma mensagem de um amigo que não precisamos de ler imediatamente pode também ser surpreendentemente cansativas. “Ficamos do género: “Ok, o que é que o meu amigo quer?” Há incerteza e não lidamos com a incerteza muito bem”, afirma.
A especialista refere também que ignorar estas notificações é “cognitivamente difícil”, já que exige muito auto-controlo várias vezes a cada hora, o que deixa o nosso cérebro exausto, especialmente se a tarefa que temos for exigente. Mesmo que tentemos ao máximo manter o foco no trabalho, “quando usamos o recurso do auto-controlo, ele esgota-se ao longo do tempo e é ser difícil ignorar as notificações”.
Será que a solução é ver logo a notificação para que o bichinho da curiosidade passe? Pode ser que sim, mas também tem o seu custo, já que perdemos o raciocínio quando interrompemos as tarefas e quando “retomamos o que estávamos a fazer, o cérebro tem dificuldades em lembrar-se exactamente de onde estávamos” e voltar ao mesmo nível de concentração exige tempo.
Este problema pode afectar um pouco a produtividade em certos empregos, mas há outros trabalhos onde as consequências das distrações podem ser bem mais graves. “Se um enfermeiro for interrompido durante a administração de um medicamento a um paciente, nem que seja poucos segundos, há o risco de dar a dose errada ou esquecer-se se a deu ou não”, explica Leroy.
Apesar das pessoas entenderem a gravidade deste exemplo, há muitas que consideram que este problema não se aplica a elas. Uma experiência mostrou que, perante a tarefa de revisão de currículos, as pessoas que são interrompidas têm uma probabilidade 17% maior de não escolher o melhor candidato devido à mudança constante no foco da atenção.
A redução na produtividade leva a que se chegue ao fim do horário com trabalho por acabar, o que depois nos obriga a esticar o período laboral e roubar horas ao nosso tempo de descanso. “Isso tem um impacto directo no bem-estar e na saúde mental, porque não há tempo para desligar”, alerta.
E mesmo quando deixamos o trabalho, o inferno das notificações mete-se no meio do nosso tempo pessoal. “Normalizamos isto, nem percebemos que estamos a passar um bom bocado com os nossos filhos ou amigos e de repente recebemos uma notificação e estamos a trocar de mundo sem nunca estarmos verdadeiramente no momento e a aproveitá-lo”, revela Leroy.
Um estudo já mostrou que a ansiedade e a depressão aumentam nas pessoas que prestam mais atenção aos telemóveis do que aos seus amigos quando estão a socializar e outro concluiu que a satisfação com a vida é menor.
No entanto, uma outra pesquisa de 2017 apontou que, quando não recebem notificações durante 24 horas, os participantes notaram um aumento na ansiedade por se sentirem menos ligados ao seu grupo social. Apesar disto, dois terços das pessoas disseram que iam mudar a forma como geriam as notificações e, dois anos depois, metade destes tinham aderido a estes planos.
Afinal, quais são as soluções para não sermos constantemente bombardeados com notificações? A Microsoft já deu conta do problema e criou uma nova definição chamada Focus Assist que pretende bloquear as notificações das redes sociais durante o horário de trabalho. As horas em que este bloqueio está activo podem ser definidas na aplicação do relógio.
Já Leroy aconselha activar apenas os alertas nos emails e nas mensagens e escolher quando as vemos através da estratégia “pronto a retomar“. Antes de vermos a notificação, aconselha a especialista, devemos anotar rapidamente o que estamos a fazer e o que íamos fazer a seguir. Depois de verificarmos a notificação, é assim mais fácil retomarmos o nosso trabalho e ficamos focados mais rapidamente.
https://zap.aeiou.pt/notificacoes-constantes-concentracao-450965
Notificações do Facebook, do Instagram, do Messenger, do WhatsApp, do YouTube, do Skype, do email, dos jornais, do TikTok. Há uma maneira de escapar-mos? São tantos os “sininhos” que recebemos nos nossos dispositivos que parece que nos afundamos neles, sendo que muitas delas nem nos interessam.
No YouTube, são inúmeros os tutoriais que prometem livrar-nos deste inferno de notificações irritantes, que parece estar sempre um passo à frente.
Sophie Leroy é uma especialista em interrupções do trabalho, e divide as notificações em duas categorias. “Notificações como emails do trabalho, onde se espera uma resposta imediata por causa das normas corporativas, e outras coisas que não exigem atenção, como o Wall Street Journal, ou a sua loja favorita”, explica ao The Guardian. Ambas são desafiadoras.
Receber uma notificação de uma mensagem de um amigo que não precisamos de ler imediatamente pode também ser surpreendentemente cansativas. “Ficamos do género: “Ok, o que é que o meu amigo quer?” Há incerteza e não lidamos com a incerteza muito bem”, afirma.
A especialista refere também que ignorar estas notificações é “cognitivamente difícil”, já que exige muito auto-controlo várias vezes a cada hora, o que deixa o nosso cérebro exausto, especialmente se a tarefa que temos for exigente. Mesmo que tentemos ao máximo manter o foco no trabalho, “quando usamos o recurso do auto-controlo, ele esgota-se ao longo do tempo e é ser difícil ignorar as notificações”.
Será que a solução é ver logo a notificação para que o bichinho da curiosidade passe? Pode ser que sim, mas também tem o seu custo, já que perdemos o raciocínio quando interrompemos as tarefas e quando “retomamos o que estávamos a fazer, o cérebro tem dificuldades em lembrar-se exactamente de onde estávamos” e voltar ao mesmo nível de concentração exige tempo.
Este problema pode afectar um pouco a produtividade em certos empregos, mas há outros trabalhos onde as consequências das distrações podem ser bem mais graves. “Se um enfermeiro for interrompido durante a administração de um medicamento a um paciente, nem que seja poucos segundos, há o risco de dar a dose errada ou esquecer-se se a deu ou não”, explica Leroy.
Apesar das pessoas entenderem a gravidade deste exemplo, há muitas que consideram que este problema não se aplica a elas. Uma experiência mostrou que, perante a tarefa de revisão de currículos, as pessoas que são interrompidas têm uma probabilidade 17% maior de não escolher o melhor candidato devido à mudança constante no foco da atenção.
A redução na produtividade leva a que se chegue ao fim do horário com trabalho por acabar, o que depois nos obriga a esticar o período laboral e roubar horas ao nosso tempo de descanso. “Isso tem um impacto directo no bem-estar e na saúde mental, porque não há tempo para desligar”, alerta.
E mesmo quando deixamos o trabalho, o inferno das notificações mete-se no meio do nosso tempo pessoal. “Normalizamos isto, nem percebemos que estamos a passar um bom bocado com os nossos filhos ou amigos e de repente recebemos uma notificação e estamos a trocar de mundo sem nunca estarmos verdadeiramente no momento e a aproveitá-lo”, revela Leroy.
Um estudo já mostrou que a ansiedade e a depressão aumentam nas pessoas que prestam mais atenção aos telemóveis do que aos seus amigos quando estão a socializar e outro concluiu que a satisfação com a vida é menor.
No entanto, uma outra pesquisa de 2017 apontou que, quando não recebem notificações durante 24 horas, os participantes notaram um aumento na ansiedade por se sentirem menos ligados ao seu grupo social. Apesar disto, dois terços das pessoas disseram que iam mudar a forma como geriam as notificações e, dois anos depois, metade destes tinham aderido a estes planos.
Afinal, quais são as soluções para não sermos constantemente bombardeados com notificações? A Microsoft já deu conta do problema e criou uma nova definição chamada Focus Assist que pretende bloquear as notificações das redes sociais durante o horário de trabalho. As horas em que este bloqueio está activo podem ser definidas na aplicação do relógio.
Já Leroy aconselha activar apenas os alertas nos emails e nas mensagens e escolher quando as vemos através da estratégia “pronto a retomar“. Antes de vermos a notificação, aconselha a especialista, devemos anotar rapidamente o que estamos a fazer e o que íamos fazer a seguir. Depois de verificarmos a notificação, é assim mais fácil retomarmos o nosso trabalho e ficamos focados mais rapidamente.
https://zap.aeiou.pt/notificacoes-constantes-concentracao-450965
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