A Eritreia é um dos dois únicos países do mundo que não estão a vacinar contra a covid-19. “É um caldeirão de ensopado de vírus”, diz um especialista.
Portugal conta quase 88% da sua população vacinada, destacando-se como um dos países com maior taxa de vacinação do mundo.
No outro lado da moeda está a Eritreia, o único país de África que ainda não começou a vacinar a sua população contra a covid-19. A par da Coreia do Norte é também o único país no mundo a não fazê-lo.
A Eritreia é governada pelo mesmo ditador, Isaias Afwerki, há quase três décadas, não tendo constituição, imprensa livre ou eleições.
“Se o Governo não gosta de ti, eles vão colocar-te num contentor na região de Afar e deixar-te morrer sozinho no calor de 50ºC na escuridão total”, disse Martin Plaut, investigador da Universidade de Londres que dedicou a sua carreira a estudar a Eritreia, em declarações à VICE.
O país rejeitou aderir à iniciativa COVAX, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que trabalha para a aquisição e distribuição de vacinas contra a covid-19 para os países mais pobres do planeta.
“Esta decisão torna o país inteiro um caldeirão de ensopado de vírus, com oportunidades essencialmente ilimitadas para o vírus se reproduzir e gerar novas variantes”, disse Emanuel Goldman, professor de Microbiologia, Bioquímica e Genética Molecular da New Jersey Medical School.
Teorias sugerem que as razões que levam Afwerki a não vacinar a população são meramente políticas e prendem-se com o conflito na região de Tigré, na Etiópia. Isto porque o atual diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, é um antigo membro da Frente Popular de Libertação do Tigré, contra quem Isaias Afwerki está agora a travar uma guerra.
“Há propaganda na Eritreia sobre a COVAX ser uma nova arma ocidental para destruir os africanos e tirar as riquezas do continente”, disse Samson Solomon, um ativista da resistência civil eritreia.
Afwerki também parece ser um ditador demasiado orgulhoso para aceitar a ajude de outros.
Em março do ano passado, quando a pandemia de covid-19 começou a brotar, o bilionário chinês Jack Ma enviou ventiladores, material médico e equipamento de proteção individual para vários países africanos. A Eritreia foi o único país a rejeitar a generosa doação.
“A covid é uma vaca leiteira para o presidente Isaias, pois a diáspora está disposta a dar o seu dinheiro para esse esforço sem fazer perguntas”, disse à VICE uma fonte que pediu anonimato.
Apesar de não haver vacinação, há uma task-force covid na Eritreia. O problema é, segundo Solomon, que “ninguém sabe quem está nela ou o que fazem”.
Neste país africano, onde a qualidade de vida é precária, um teste PCR custa cerca de 100 euros. “Pode imaginar quanto da população está a ser testada”, atira Solomon.
Os registos oficiais indicam que, desde o início da pandemia, registaram-se 7.713 casos e 65 mortes causadas pela covid-19. No entanto, estima-se que os valores possam ser maiores neste país com uma população de 3,2 milhões de habitantes.
https://zap.aeiou.pt/pais-nao-esta-vacinar-contra-covid-451126
Portugal conta quase 88% da sua população vacinada, destacando-se como um dos países com maior taxa de vacinação do mundo.
No outro lado da moeda está a Eritreia, o único país de África que ainda não começou a vacinar a sua população contra a covid-19. A par da Coreia do Norte é também o único país no mundo a não fazê-lo.
A Eritreia é governada pelo mesmo ditador, Isaias Afwerki, há quase três décadas, não tendo constituição, imprensa livre ou eleições.
“Se o Governo não gosta de ti, eles vão colocar-te num contentor na região de Afar e deixar-te morrer sozinho no calor de 50ºC na escuridão total”, disse Martin Plaut, investigador da Universidade de Londres que dedicou a sua carreira a estudar a Eritreia, em declarações à VICE.
O país rejeitou aderir à iniciativa COVAX, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que trabalha para a aquisição e distribuição de vacinas contra a covid-19 para os países mais pobres do planeta.
“Esta decisão torna o país inteiro um caldeirão de ensopado de vírus, com oportunidades essencialmente ilimitadas para o vírus se reproduzir e gerar novas variantes”, disse Emanuel Goldman, professor de Microbiologia, Bioquímica e Genética Molecular da New Jersey Medical School.
Teorias sugerem que as razões que levam Afwerki a não vacinar a população são meramente políticas e prendem-se com o conflito na região de Tigré, na Etiópia. Isto porque o atual diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, é um antigo membro da Frente Popular de Libertação do Tigré, contra quem Isaias Afwerki está agora a travar uma guerra.
“Há propaganda na Eritreia sobre a COVAX ser uma nova arma ocidental para destruir os africanos e tirar as riquezas do continente”, disse Samson Solomon, um ativista da resistência civil eritreia.
Afwerki também parece ser um ditador demasiado orgulhoso para aceitar a ajude de outros.
Em março do ano passado, quando a pandemia de covid-19 começou a brotar, o bilionário chinês Jack Ma enviou ventiladores, material médico e equipamento de proteção individual para vários países africanos. A Eritreia foi o único país a rejeitar a generosa doação.
“A covid é uma vaca leiteira para o presidente Isaias, pois a diáspora está disposta a dar o seu dinheiro para esse esforço sem fazer perguntas”, disse à VICE uma fonte que pediu anonimato.
Apesar de não haver vacinação, há uma task-force covid na Eritreia. O problema é, segundo Solomon, que “ninguém sabe quem está nela ou o que fazem”.
Neste país africano, onde a qualidade de vida é precária, um teste PCR custa cerca de 100 euros. “Pode imaginar quanto da população está a ser testada”, atira Solomon.
Os registos oficiais indicam que, desde o início da pandemia, registaram-se 7.713 casos e 65 mortes causadas pela covid-19. No entanto, estima-se que os valores possam ser maiores neste país com uma população de 3,2 milhões de habitantes.
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