quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Menina violada é acusada de ser uma predadora sexual

Um advogado britânico está a ser criticado depois de, durante o julgamento, ter acusado uma menina de 13 anos, vítima de violação, de ter uma atitute "predadora sexual" e "sexualmente experiente".
O caso está a chocar o Reino Unido e levou à criação de uma petição que pede a reaveriguação do caso. No centro do enredo, está uma menina de 13 anos, vítima de abusos sexuais, de acordo com a BBC, apelidada, em tribunal, pelo advogado de defesa do violador como "predadora" e "sexualmente experiente".
"Ela parece ter 14 ou 15 anos e tem uma idade mental de uma rapariga de 14 ou 15, apesar de ser muito nova", disse o advogado, Robert Clover, para justificar as ações de Neil Wilson, um homem de 41 anos que, entretanto, admitiu ter sido o autor dos abusos sexuais.
As declarações sofreram uma avaliação por parte do Ministério Público britânico que classificou a linguagem usada como "inapropriada". Não se verificará, no entanto, para já a abertura de um processo judicial por ofensas de cariz sexual por parte do advogado enquanto a situação não for considerada na totalidade.

Uma pena "excessivamente branda"

O argumento foi tido em consideração pelo juiz, Nigel Peters, que atribuiu ao violador apenas oito meses de pena suspensa. Em resposta, o gabinete da procuradoria geral do Ministério Público reagiu, alertando para a possibilidade da pena ser "excessivamente branda".
"Isto significa que [a sentença] será considerada por um agente da lei (advogado ou procurador geral) que decidirá se a decisão final deverá ser alvo de apelo em tribunal", afirmou um representante do ministério, citado pela BBC. A decisão deverá ser anunciada quando todos os dados forem analisados por um grupo de especialistas criado para lidar com casos complexos de abusos infantis.
Neil Wilson vive agora, em Iorque, a norte de Inglaterra e admitiu ter duas contas de pornografia infantil na internet, depois de imagens de crianças terem sido encontradas no seu computador.

"A culpa nunca é da criança"

"É triste que esta atitude seja banal na sociedade e nas instituições legais. Temos de tomar uma decisão e deixar clara a mensagem: a culpa nunca é da criança". As declarações são de Jo, uma uma vítima de abusos sexuais na infância, que revoltada com a situação tomou a iniciativa de criar uma petição. Com mais de 4 mil signatários, o documento impulsionou a a avaliação da linguagem pelo Ministério Público.
Na sociedade inglesa, são várias as vozes que têm contestado quer do advogado quer do tribunal. Alan Wardle, da "National Society for the Prevention of Cruelty to Children" (NSPCC), salienta a importância do mediatismo atribuído ao caso. Acrescenta, ainda a necessidade de vincar os limites em que se considera violação, estabelecidos no Reino Unido nos 16 anos de idade. "No caso, a criança tinha 13 anos e o homem 41 - é muito claro quem era o predador", afirma sem qualquer dúvida.
O responsável pela NSPCC salienta, ainda, que é comum aqueles que foram abusados na infância iniciarem uma vida sexual de risco durante a adolescência e de necessitarem de mais atenção por parte de adultos.
"É necessária imensa coragem para os mais todos para reviver o passado em tribunal e não podemos esquecer que o culpado é o violador e não a vítima", disse Alison Worsley, da associação de caridade infantil, "Barnardo"s".

"Não sabemos como a palavra foi dita"

Clive Coleman, um especialista da BBC, salienta a necessidade de ter cuidado na linguagem usada em tribunal, embora "não seja incomum" que algumas expressões sejam usadas para expor os factos e para chamar a atenção da corte, na tentativa de "mitigar" o crime cometido.
Por sua vez, Carl Gardner, antigo advogado e conselheiro governamental, refere que a maioria das pessoas que comentam o caso não conhecem a totalidade dos factos. "O uso da palavra "predatória" e os outros comentários parecem-me maus, mas não sei como foram apresentados em tribunal", disse.

Fonte: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3361862&page=-1

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