quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Sócrates acusa Justiça de plano para impedir vitória do PS

José Sócrates diz ter a "legítima suspeita" de ter sido colocado e mantido em prisão preventiva para travar uma possível vitória do Partido Socialista nas eleições legislativas.
A acusação surge numa carta ao JN e à estação televisiva SIC alusiva aos nove meses que amanhã se completam desde o dia em que foi detido no aeroporto de Lisboa, à chegada de um voo de Paris.
"Ao fim destes longos nove (9) meses, creio que é tempo de todos tirarem uma conclusão: fui preso sem que existissem quaisquer provas contra mim. A interpretação mais benigna, embora ainda assim intolerável, é a de que me prenderam "para investigar". Mas há outra. À medida que o tempo passa cresce a legítima suspeita de que este processo tem como verdadeira motivação condicionar as próximas eleições e impedir a vitória do PS. Acontece que isso não compete à justiça, mas à política", lê-se na carta, a publicar na íntegra na edição do JN de amanhã.
Pela primeira vez, afirmando que "a Justiça cometeu mesmo neste caso um erro monstruoso", o ex-primeiro-ministro refere-se com mais detalhe aos indícios de corrupção e de fraude fiscal e branqueamento de capitais que lhe são imputados pelo Ministério Público. Classifica o processo como "saltitão", dizendo que a investigação "já 'acreditou' em tudo e no seu contrário", passando "de uma teoria para a outra cada vez que a anterior esbarra contra a verdade".
Em concreto, critica ser suspeito de corrupção praticada alternativamente em Portugal, Angola, Venezuela, "talvez na Argélia" e "de novo em Portugal mas no Algarve (oscilando aqui entre o PROTAL, umas operações urbanísticas nunca identificadas do Empreendimento de Vale de Lobo e um empréstimo concedido pela Caixa Geral de Depósitos, a que sou totalmente alheio) e, ao que parece, está agora em trânsito para o Brasil".
"Já 'acreditaram' também que ela aconteceu nas PPP rodoviárias, na Parque Escolar, no T.G.V. e até no Aeroporto que nunca foi feito, embora sem nunca esclarecer com que intervenção minha nem indicar em concreto o acto que consideram ilícito. Finalmente e sempre segundo a 'fezada' da investigação, o 'agente corruptor' começou por ser o conjunto das empresas do Engº Carlos Santos Silva, a seguir foi o Grupo Lena, mas evoluiu depois, sem pestanejar, para promotores turísticos e imobiliários com interesses no Algarve, explorando agora novas oportunidades no filão do mercado brasileiro", enumera, concluindo que "este enorme desnorte da investigação revela é que todo este processo foi, desde o início, uma enorme precipitação e uma incrível leviandade".
Já quanto à propriedade dos 23 milhões de euros detidos na Suíça em nome do alegado testa de ferro Carlos Santos Silva, Sócrates volta a classificar a tese como "absurda". E questiona a "lógica" da acusação, uma vez que, se fosse verdadeira, estaria sempre sujeito à "boa-vontade e cooperação para conseguir aceder, sempre por esquemas complicadíssimos" para aceder à sua "fortuna".
Além disso, acrescenta que, em caso de "fatalidade" ou "incapacidade" de Santos Silva, não teria qualquer forma de aceder ao dinheiro, dado que não consta como beneficiário das contas bancárias. "O dinheiro não é, nem nunca foi meu".
O ex-primeiro-ministro dá ainda um remoque ao Ministério Público por ter aberto uma investigação ao negócio de compra e venda do seu andar, na Rua Braancamp, Lisboa, a um advogado e ex-procurador do Paquistão. "A única razão parece residir no facto desse apartamento ter sido meu. Já não se trata, apenas, do respeito que deve às pessoas e aos seus direitos, mas de perder o respeito que o Ministério Público deve a si próprio".

Fonte: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Justica/Interior.aspx?content_id=4737081&page=-1

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