A cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, planeava contratar seis influencers para ajudar a partilhar informações durante o julgamento de Derek Chauvin, o ex-polícia acusado de assassinar George Floyd.
De acordo com a CNN, o plano foi aprovado na sexta-feira passada pelo Conselho Municipal de Minneapolis, que autorizou 1.181.500 dólares em financiamento para contratos com várias organizações comunitárias durante o julgamento de Derek Chauvin, o ex-polícia acusado de assassinar George Floyd.
O plano incluía a contratação de influencers, definidos como tendo uma “grande presença nas redes sociais”, e teria exigido que partilhassem “mensagens geradas e aprovadas pela cidade”, afirma o plano.
Segundo o programa, que tinha como alvo comunidades negras, nativas americanas, hmong, somalis e latinas, cada influencer iria receber 2.000 dólares para neutralizar a desinformação que pudesse surgir durante o julgamento.
De acordo com o site da Câmara Municipal de Minneapolis, o programa tinha como objetivo fornecer informações e perceções às comunidades “que normalmente não seguem as principais fontes de notícias ou canais de comunicação da cidade e/ou que não consomem informações em inglês.”
“Families Supporting Families Against Police Violence”, um grupo que apoia famílias em Minnesota que perderam entes queridos devido à violência policial, denunciou o programa como um método para “controlar a narrativa” em torno do julgamento.
Segundo o fundador Toshira Garraway, a cidade deveria alocar recursos e alcançar famílias que foram afetadas diretamente pela violência policial. “Estas são as pessoas que têm algumas das respostas que procuram na comunidade”, disse. “Não confiamos neles porque quebraram a confiança das nossas famílias, quebraram a confiança das nossas comunidades.”
“Nunca se tratou de tentar mudar ou persuadir a opinião pública sobre qualquer mensagem em particular, mas sim de divulgar informações importantes de forma rápida e equitativa”, disse David Rubedor, diretor de relações comunitárias e de bairro da cidade.
Rubebor sublinhou que a a palavra “influenciador” não representava com precisão o objetivo da cidade. “Lamentamos e reconhecemos que teremos de trabalhar para reparar os danos causados”, disse.
A porta-voz da cidade, Sarah McKenzie, disse que houve um “mal-entendido” sobre a motivação por trás da iniciativa. “Reconhecemos que estamos num ambiente onde há muita desconfiança do governo e de tudo o que passamos na cidade no ano passado”.
O plano acabou por ser descartado esta segunda-feira devido às duras críticas do público.
Apesar ter sido cancelado, a cidade vai avançar com outras iniciativas para alcançar várias comunidades, incluindo programação de rádio cultural mais frequente, bem como ofertas de contratos de até 175 mil dólares a organizações comunitárias que podem ser ativadas “durante períodos de maior tensão na comunidade”, disse Gretchen Musicant, comissária de saúde de Minneapolis.
George Floyd, 46 anos, morreu a 25 de maio depois de ter sido detido e imobilizado no chão, sufocado pelo joelho de Chauvin.
A morte provocou um movimento de cólera, inédito desde os anos 1960 nos Estados Unidos contra o racismo e a violência policial, que se propagou por todo o mundo, com manifestações cuja principal palavra de ordem foi a frase “Black Lives Mater” (“As vidas dos Negros Importam”).
Demitido da polícia juntamente com três outros agentes que presenciaram os factos, Chauvin será julgado por homicídio e os ex-colegas por cumplicidade.
https://zap.aeiou.pt/morte-george-floyd-minneapolis-quis-contratar-influencers-384636
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