Em 1730, o vulcão Timanfaya entrou em erupção, um evento geológico que durou seis anos. O azar foi, afinal, uma sorte – pelo menos, para a economia de Lanzarote.
No dia 1 de setembro de 1730, as bocas do vulcão Timanfaya, em Lanzarote, abriram-se para vomitar lava. Assim se mantiveram durante seis anos: enterrou onze municípios, levantou montanhas onde era impensável e criou uma linha de fendas com quilómetros de comprimento que devastou quase metade da ilha das Canárias.
A maioria dos habitantes fugiu de Lanzarote. Na altura, a população era de 2.000 pessoas, sendo que 25% viviam nas aldeias que mais sofriam com a lava.
Importantes municípios do ponto de vista económico, rodeados de terras férteis, tiveram consequências terríveis. Não há registo de um fenómeno semelhante na ilha: provocou uma reestruturação do território, da hierarquia social e do modelo de produção.
Por outro lado, e porque nem tudo é azar, os corajosos que se atreveram a permanecer em Lanzarote foram muito recompensados.
As áreas cobertas pela areia vulcânica e cinzas finas – como é o caso do vulcão Cumbre Vieja, em La Palma – tornaram-se mais férteis e as plantas começaram a crescer, um provável resultado da capacidade deste material de absorver e reter humidade. Na altura, falava-se de um milagre.
O cultivo da vinha impulsionou a zona rica de La Geria, no centro da ilha. Assim nasceu o vinho característico da região, que ainda hoje é produzido como uma das forças motrizes de Lanzarote.
A agricultura da região deixou de depender dos cereais. Lanzarote começou a exportar para diferentes partes do mundo a planta da qual se extraía o sódio para fazer sabão, conhecida como barrilla.
A pesca também melhorou à medida que a lava penetrava no mar e transforma uma linha costeira insular rica em recursos marinhos.
O fenómeno desenhou também uma paisagem tão inovadora que se tornou uma grande atração turística. O Parque Nacional de Timanfaya, com 25 vulcões ativos, é o mais visitado de Espanha, com quase dois milhões de visitantes por ano.
Depois da tempestade, vem a bonança. Depois da catastrófica erupção de 1730, a economia da ilha ganhou um novo ímpeto.
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