A necessidade de combater, ainda que de forma momentânea, os momentos de tédio leva a que os indivíduos recorram às redes sociais e a sites de notícias, onde consomem conteúdos que potenciam a sua ansiedade, apesar de não se aperceberem que tal está a acontecer.
Ao longo dos meses de julho e setembro de 2021, a pergunta ‘por que me sinto sempre cansado?’ bateu recordes de pesquisa no Google nos Estados Unidos – e não só, havendo várias justificações imediatas possíveis. Seja a pandemia, que já durava há um ano e meio, a falta de interações sociais ou até uma crise política e social, todas as justificações são válidas. No entanto pode haver outra explicação, um fenómeno subtil e que os psicólogos começam agora a estudar: a substituição do entusiasmo pela ansiedade.
Tal como descreve a Time, até as pessoas mais calmas beneficiam de pelo menos alguns períodos de excitação – não é por acaso que a acalmia excessiva é frequentemente associada à morte. É suposto o ser humano ter algumas oscilações na sua vida no que respeita às emoções, pelo que as restrições à liberdade impostas pela pandemia fizeram com que muitos dos momentos propícios às alegrias – e também às tristezas – deixassem de existir.
Programas como concertos, eventos desportivos, cinema ou até jantar fora – já para não falar em férias – deixaram de ser tão óbvios como eram anteriormente. Até durante o verão, quando grande parte da população adulta estava vacinada, mas as crianças não, estas atividades foram adiadas, por tempo indeterminado, e quando realizadas eram também fonte de stress. De facto, todos os planos sociais desde o início da pandemia acarretam a toma de decisões, um balanço dos riscos e dos benefícios, que estragam o propósito do plano. Como tal, o resultado é um menor número de momentos de fruição e a falta de entusiasmo nas vidas dos indivíduos.
Este problema, por si só, é difícil, mas torna-se mais grave quando a falta de entusiasmo é preenchida – ou substituída – por ansiedade, o que no momento podem parecer semelhantes, mas que têm efeitos extremamente diferentes no longo prazo.
Por exemplo, alguém que esteja em casa, num momento de tédio e decide recorrer ao seu telemóvel para atualizar as suas redes sociais ou visitar um site de notícias. A intenção do sujeito não é informar-se sobre nenhum tópico em específico, apenas distrair-se e, talvez, encontrar algo importante com o qual se entreter durante alguns minutos. No entanto, o que acaba por acontecer é que esse entretenimento se materializa no contacto com notícias sobre política, covid-19, o Afeganistão ou outros temas negativos.
Apesar de essa necessidade por algum ‘preenchimento’ ser momentaneamente concretizada e até confundida com entusiasmo, a verdade é que se está perante ansiedade, a qual, em níveis elevados, pode ter consequências negativas. Se se juntar a este processo todas as lacunas de positividade que têm marcado os últimos, poderemos estar perante uma receita perigosa para a saúde mental.
Então, qual poderá ser a receita para pôr termo a este problema? De acordo com a mesma fonte, primeiramente será preciso parar de substituir a necessidade humana de entusiasmo por ansiedade. Parece fácil e na realidade até pode ser, caso se pare, por exemplo, com os infinitos scrolls nas redes que não têm qualquer finalidade, o chamado doom scroll. Posteriormente, cada indivíduo deverá também perguntar-se o que pode estar na origem desta necessidade de entusiasmo. Caso a resposta remeta para algo como o tédio, é melhor resistir e encontrar outra distração.
Em segundo lugar, é fazer todos os possíveis para inserir positividade na nossa vida, de uma forma em que a segurança prevaleça. De acordo com Brad Stulberg, investigador, coach na área do bem-estar e autor do artigo da Time, há uma inércia no cansaço. Se é verdade que o descanso muitas vezes ajuda a curar as dores e o cansaço físico, quando a degradação é mental, mais ação pode ser vantajosa. Noutras palavras, não é necessário alguém sentir-se bem para continuar, mas pode ser preciso continuar para ter hipóteses de se sentir melhor.
Finalmente, é preciso ter paciência. Apesar de existirem muitas coisas que podemos fazer e que são seguras, também há atividades que são impossíveis – não vale a pena tentar normalizar o mundo no qual vivemos atualmente. É importante cada um ter em mente que a pandemia não irá durar para sempre e que, passado este inverno, são elevadas as probabilidades de a crise sanitária melhorar.
https://zap.aeiou.pt/quase-dois-anos-apos-o-inicio-da-pandemia-os-niveis-de-cansaco-e-stress-batem-recordes-mas-como-os-combater-454722
Ao longo dos meses de julho e setembro de 2021, a pergunta ‘por que me sinto sempre cansado?’ bateu recordes de pesquisa no Google nos Estados Unidos – e não só, havendo várias justificações imediatas possíveis. Seja a pandemia, que já durava há um ano e meio, a falta de interações sociais ou até uma crise política e social, todas as justificações são válidas. No entanto pode haver outra explicação, um fenómeno subtil e que os psicólogos começam agora a estudar: a substituição do entusiasmo pela ansiedade.
Tal como descreve a Time, até as pessoas mais calmas beneficiam de pelo menos alguns períodos de excitação – não é por acaso que a acalmia excessiva é frequentemente associada à morte. É suposto o ser humano ter algumas oscilações na sua vida no que respeita às emoções, pelo que as restrições à liberdade impostas pela pandemia fizeram com que muitos dos momentos propícios às alegrias – e também às tristezas – deixassem de existir.
Programas como concertos, eventos desportivos, cinema ou até jantar fora – já para não falar em férias – deixaram de ser tão óbvios como eram anteriormente. Até durante o verão, quando grande parte da população adulta estava vacinada, mas as crianças não, estas atividades foram adiadas, por tempo indeterminado, e quando realizadas eram também fonte de stress. De facto, todos os planos sociais desde o início da pandemia acarretam a toma de decisões, um balanço dos riscos e dos benefícios, que estragam o propósito do plano. Como tal, o resultado é um menor número de momentos de fruição e a falta de entusiasmo nas vidas dos indivíduos.
Este problema, por si só, é difícil, mas torna-se mais grave quando a falta de entusiasmo é preenchida – ou substituída – por ansiedade, o que no momento podem parecer semelhantes, mas que têm efeitos extremamente diferentes no longo prazo.
Por exemplo, alguém que esteja em casa, num momento de tédio e decide recorrer ao seu telemóvel para atualizar as suas redes sociais ou visitar um site de notícias. A intenção do sujeito não é informar-se sobre nenhum tópico em específico, apenas distrair-se e, talvez, encontrar algo importante com o qual se entreter durante alguns minutos. No entanto, o que acaba por acontecer é que esse entretenimento se materializa no contacto com notícias sobre política, covid-19, o Afeganistão ou outros temas negativos.
Apesar de essa necessidade por algum ‘preenchimento’ ser momentaneamente concretizada e até confundida com entusiasmo, a verdade é que se está perante ansiedade, a qual, em níveis elevados, pode ter consequências negativas. Se se juntar a este processo todas as lacunas de positividade que têm marcado os últimos, poderemos estar perante uma receita perigosa para a saúde mental.
Então, qual poderá ser a receita para pôr termo a este problema? De acordo com a mesma fonte, primeiramente será preciso parar de substituir a necessidade humana de entusiasmo por ansiedade. Parece fácil e na realidade até pode ser, caso se pare, por exemplo, com os infinitos scrolls nas redes que não têm qualquer finalidade, o chamado doom scroll. Posteriormente, cada indivíduo deverá também perguntar-se o que pode estar na origem desta necessidade de entusiasmo. Caso a resposta remeta para algo como o tédio, é melhor resistir e encontrar outra distração.
Em segundo lugar, é fazer todos os possíveis para inserir positividade na nossa vida, de uma forma em que a segurança prevaleça. De acordo com Brad Stulberg, investigador, coach na área do bem-estar e autor do artigo da Time, há uma inércia no cansaço. Se é verdade que o descanso muitas vezes ajuda a curar as dores e o cansaço físico, quando a degradação é mental, mais ação pode ser vantajosa. Noutras palavras, não é necessário alguém sentir-se bem para continuar, mas pode ser preciso continuar para ter hipóteses de se sentir melhor.
Finalmente, é preciso ter paciência. Apesar de existirem muitas coisas que podemos fazer e que são seguras, também há atividades que são impossíveis – não vale a pena tentar normalizar o mundo no qual vivemos atualmente. É importante cada um ter em mente que a pandemia não irá durar para sempre e que, passado este inverno, são elevadas as probabilidades de a crise sanitária melhorar.
https://zap.aeiou.pt/quase-dois-anos-apos-o-inicio-da-pandemia-os-niveis-de-cansaco-e-stress-batem-recordes-mas-como-os-combater-454722
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