A riqueza dos 80 mais ricos do mundo é aproximadamente a mesma dos 3,5 mil milhões das pessoas mais pobres, disse o relator da ONU sobre pobreza extrema e direitos humanos.
Num discurso feito esta segunda-feira no Conselho de Direitos Humanos, Philip Alston defendeu tratar-se de um “motivo de vergonha”.
Super-ricos
O especialista citou a proporção após dizer que o aumento dramático dos níveis de desigualdade foi “a maior mudança social nas últimas décadas”. Para ele, isso não ocorreu apenas entre ricos e pobres, mas entre super-ricos e o resto.
Alston afirmou que os 40% dos menores beneficiários da distribuição de renda em muitos casos regrediram. Para o perito, a situação deve-se às atuais escolhas políticas e “as tendências continuam a aumentar dramaticamente”.
Ele disse que deve-se reconhecer que a preocupação não é apenas com a desigualdade da renda, mas com uma “série de desigualdades extremas em relação à riqueza como acesso à educação, à saúde, à habitação” e outras.
Desigualdade
Alston propôs uma resposta impulsionada não apenas por essas ameaças profundas para os direitos económicos, sociais e culturais mas também “pelo fato do gozo dos direitos civis e políticos ser prejudicado pela extrema desigualdade”.
Por último, o relator declarou que para o fim da desigualdade o Conselho deve tomar várias medidas mas pediu que o órgão fizesse mais do que apenas adotar “belas palavras”.
Para o especialista, as instituições económicas internacionais preocupam-se com o desgaste do tecido social, o enfraquecimento da confiança nas instituições, a ameaça à justiça e a instabilidade macroeconómica. Outros fatores apontados foram o subaproveitamento de recursos humanos e os riscos da captura dos sistemas económicos e políticos.
Investimento na Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau foi mencionada na nota onde o relator destacou a visita da sua predecessora Magdalena Sepúlveda, no ano passado. Os fatores críticos do país incluem a queda do investimento público em serviços sociais vitais como saúde e educação.
Na deslocação foi também constatado que os recursos naturais do país estão em risco de esgotar devido à pesca ilegal extensiva e à exploração madeireira, com graves repercussões sobre o gozo de ampla variedade de direitos humanos.
O relator observou que mulheres e meninas guineenses em especial enfrentam desafios consideráveis para sair da situação da pobreza. No país, o aprofundar da desigualdade de género ocorre quando comparadas aos homens, estas têm menor acesso aos serviços de saúde.
Desemprego
As outras áreas onde ocorre a desigualdade são na maior incidência de HIV/Sida, nos níveis mais baixos de escolarização e de alfabetização, nos rendimentos mais baixos, e nas taxas de desemprego mais elevadas.
O relator disse que as últimas eleições presidenciais abriram uma janela para a mudança na Guiné-Bissau. A expectativa é que com a eleição de José Mário Vaz seja garantida a alocação dos recursos adequados aos serviços sociais em particular à saúde, à educação e ao combate às causas profundas da pobreza.
Fonte: http://www.ultimosacontecimentos.com.br/ultimas-noticias/riqueza-dos-80-mais-ricos-equivale-35-mil-mi-dos-mais-pobres.html
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