Um dos maiores lagos salgados do mundo, o Lago Urmia, no
Irão, estava a morrer. Porém, contra todas as possibilidades, o vasto
corpo de água está a voltar à vida.
Uma combinação de esforços feitos pelo Homem e chuvas mais intensas
nos últimos anos está “lentamente, mas com certeza, a ressuscitar o que
já foi o segundo maior lago de água salgada do mundo”, disse Claudio Providas,
Representante Residente no Irão do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), que está envolvido num projeto para salvar o
lago, em declarações à Forbes.
Urmia tinha sido atingida por uma seca, um número cada vez maior de
barragens e o uso excessivo de de fontes de água subterrânea e rios
pelos agricultores locais.
O lago começou a recuar em meados dos anos 2000 e, em 2014, tinha encolhido para uma fração do seu tamanho anterior,
com relatos de que continha apenas 500 milhões de metros cúbicos de
água, em comparação com 30 mil milhões de metros cúbicos anteriores.
Imagens de satélite mostravam um corpo de água que tinha recuado para
uma bacia rasa ao norte de uma ponte que já tinha bifurcado o lago,
deixando a porção sul praticamente seca.
O Irão estava a enfrentar um desastre ambiental
semelhante ao que aconteceu com o Mar de Aral, na Ásia Central.
Estima-se que seis mil milhões de toneladas de sal e poeira ameaçavam
soprar ao redor da área circundante, devastando terras agrícolas e
apresentando riscos à saúde da população local.
O programa para salvar o lago começou em 2013. Na época, a superfície
de Urmia cobria apenas 500 quilómetros quadrados, uma fração dos 5.000
quilómetros quadrados no seu auge. Em 2017, já tinha expandido para
2.300 quilómetros quadrados e, de acordo com as informações mais
recentes da estação de monitorização do Lago Urmia, estava em 3.134
quilómetros quadrados em abril.
A superfície do lago está agora a 1.271,75 metros acima do nível do mar, tendo aumentado 0,3 metros no ano passado e 1,7 m desde 2014.
As agências de media iranianas comemoraram o progresso com
vários relatórios nas últimas semanas. As autoridades estão dispostas a
advogar os ganhos que foram alcançados, até porque o país passou por vários momentos maus nos últimos anos, desde movimentos de protesto brutalmente reprimidos; uma economia em tropeço atingida duramente por sanções, preços de petróleo em queda; e um dos piores surtos mundiais de covid-19.
No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para o lago. A meta é atingir um nível de água de pouco mais de 1.274 metros, algo que “ainda requer esforços substanciais”.
“Em relação à biodiversidade do lago, há sinais de esperança“,
disse Providas, acrescentando que o camarão da salmoura, que
desapareceu do ecossistema do lago devido à alta salinidade, está a
voltar. O número de aves aquáticas como flamingos também aumentou de
quatro mil durante o pior período para 60 mil no ano passado.
Resgatar o lago tem sido um esforço internacional.
Os ministérios do governo iraniano e o Programa de Restauração do Lago
Urmia foram apoiados pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD). As comunidades locais também foram fortemente
envolvidas e o governo japonês contribuiu com quase sete milhões de
dólares (6,4 milhões de euros). A imprensa local sugere que mais de mil
milhões foram gastos no projeto no total.
Um elemento crítico para o projeto envolveu convencer os agricultores a
mudar as suas práticas. Até ao momento, houve uma redução de 35% no uso
de água pelas quintas locais e uma redução de 40% no uso de pesticidas
tradicionais. Além disso, foi removido o lodo dos rios locais que
alimentam o lago e mais água foi libertada das barragens próximas.
As “condições climáticas favoráveis também aceleraram o processo de
restauração do lago”. A província do Azerbaijão Ocidental sofreu 20% mais chuva no ano passado do que a média de longo prazo. No ano passado, foi 71% superior à norma.
O ambiente de melhoria está a ajudar as novas indústrias a criar
raízes, o que pode ser um fator chave para garantir que o progresso
alcançado nos últimos anos não seja perdido no futuro.
https://zap.aeiou.pt/maiores-lagos-salgados-mundo-morrer-324533
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