Christopher Pissarides diz que a idade de reforma devia aumentar em ligação com a esperança média de vida.
Christopher Pissarides diz que "a população está mais
envelhecida, mas também cada vez mais saudável". E conclui que, por
isso, "deviam aumentar a idade da reforma". Em, entrevista ao jornal
online Observador, o Nobel da Economia em 2010 acrescenta que "não há
razão para não continuar a trabalhar até aos 70 anos".
Para Pissarides, "se alguém se reformar mais cedo deve ser mais
penalizado". "Se ficarem têm um incentivo para receber uma pensão maior e
não há razão para não continuar a trabalhar até aos 70 anos. As pessoas
com 70 anos são saudáveis, muitas pessoas importantes que estão aqui
hoje têm 70 e estão a trabalhar", indicou o especialista que marcou
presença no encontro anual do Banco Central Europeu (BCE), em Sintra.
O economista lembra que a esperança média de vida tem vindo a
aumentar. "A OCDE calcula que o tempo de vida saudável se estenda por
sete ou a oito anos depois dos 65. Por isso, se continuarmos com as
actuais idades de reforma temos algo perto de 10 anos de vida saudável e
muito capaz que não estamos a usar no mercado laboral", refere.
Pissarides defende assim uma indexação da idade da reforma à esperança
média de vida.
O Nobel de Economia também diz que "não há forma de escapar" a
mercados de trabalho "mais flexíveis". "É preciso um contrato laboral
único para os trabalhadores em toda a Europa, mais competitividade, mais
produtividade, em especial nos países periféricos", defende.
Apontando o exemplo americano no que toca a medidas económicas,
Pissarides também sublinha que é possível chegar a "um sistema
flexível", com "um sistema de apoio social verdadeiramente europeu". "A
única questão que é fundamental é que o apoio social tem de ser pago
pelas receitas dos impostos, não através de dívida", acrescenta.
Questionado sobre a forma como se pagaria esse sistema, Christopher
Pissarides diz: "a decisão que temos de fazer enquanto europeus é quanto
estamos dispostos a pagar de impostos, e quanto apoio estamos preparado
para dar. Se dissermos que não gostamos de impostos elevados e não
vamos para um sistema de mercado livre, mas tentarmos fazer com que as
empresas dêem protecção social aos seus empregados, teremos o pior
resultado possível, porque irá resultar em menos produtividade, menos
rendimentos e o rendimento que levaremos para casa será mais baixo do
que se estivéssemos num ambiente de mercado e a pagar impostos mais
altos".
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